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A primeira vitória da PEC do Teto, a inclinação pró-mercado do governo Temer e as recentes mudanças nos negócios da Petrobrás têm estendido a "lua de mel" do investidor com a Bolsa brasileira. O desempenho positivo do mercado acionário tem forte influência dos investidores estrangeiros, que aplicaram R$ 15,2 bilhões em recursos neste ano no mercado local e, só nos onze primeiros dias de outubro, aportaram outros R$ 2,2 bilhões.

Entre 12 importantes bolsas do mundo, como os mercados dos Estados Unidos, Europa, Ásia e Brics, a Bolsa lidera a valorização do ano, com ganho de 42,5%. Só no último pregão, ela atingiu 61.767 pontos e especialistas acreditam que há espaço para avanço maior ainda este ano, na faixa entre 63 mil a 65 mil pontos.

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Para Rafael Ohmachi, analista da Guide, a melhora do cenário trouxe o estrangeiro de volta ao País. "Antes do impeachment tinha um cenário escuro, mas hoje há uma melhora da confiança, que ainda é gradual, e esses investimentos vão voltando", afirma.

Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos, pondera que os números não refletem um "céu de brigadeiro", mas que o País está mais próximo de um cenário econômico seguro mesmo diante de um mercado externo instável com a possível alta de juros e eleições nos Estados Unidos. "Gera um pouco de volatilidade, mas não afeta muito.

Outros pontos que pesam a favor dos papéis brasileiros são a onda de desinvestimentos promovida pelas companhias e a entrada de novos parceiros nos negócios. Esses fatores, diz Ohmachi, diminuem os riscos e ajudam a valorizar as ações.

Apesar dos ganhos da Bolsa serem em parte graças aos primeiros passos de Temer, o mercado financeiro ainda aguarda como será aprovada, na prática, a PEC do Teto e se a reforma da Previdência conseguirá avançar.

"O mercado precificou o otimismo, mas o salto representa mais a saída da Dilma do que as ações do Temer, que ainda estão no papel", destaca André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Entre os destaques da Bolsa está a Petrobrás, que acumula alta de 142,8% (PN) e de 108,9% (ON) no ano. A valorização da estatal se deu pelo fim da obrigatoriedade de explorar o pré-sal, a mudança de gestão e a valorização do petróleo, segundo o analista da Spinelli, Samuel Torres.

A decisão de baixar os preços da gasolina e do diesel, definida na última sexta-feira, também é uma sinalização positiva. Mas é preciso ter cautela. "Em comparação com a valorização da empresa ao longo do ano, seu potencial de valorização hoje é muito menor e, consequentemente, o risco é maior", explica Torres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As companhias brasileiras estão mais baratas que há anos, o que representa uma oportunidade de compra para os caçadores de barganhas. Investidores estrangeiros, inclusive, parecem acompanhar com mais atenção as perspectivas da nação que os brasileiros, muitos dos quais estão assustados com a turbulência política que piora a desaceleração econômica do país.

Mais cedo neste mês, a Coty de Nova York concordou em pagar US$ 1 bilhão pela unidade de cosméticos da Hypermarcas, sediada em São Paulo, em uma expansão de sua presença na maior economia da América Latina.

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Até outubro, investidores internacionais como a Coty fecharam 285 fusões e aquisições no Brasil, uma alta de 5% na comparação com igual período de 2014, segundo dados da PricewaterhouseCoopers. Os brasileiros, por outro lado, fecharam 275 acordos neste ano, uma queda de 26% na mesma comparação.

É a primeira vez desde 2000 que os estrangeiros superam os brasileiros, segundo Rogério Gollo, sócio e diretor de fusões e aquisições no Brasil na Pricewaterhouse. "Se você me perguntasse em janeiro, não preveria que isso fosse acontecer."

O que muda a maré para muitos investidores é o enfraquecimento da moeda brasileira em mais de 30% ante o dólar neste ano, o que beneficia os investidores estrangeiros. Além disso, o aprofundamento dos problemas econômicos do Brasil, exacerbados pelo enfraquecimento da liderança política, prejudica as companhias locais.

Alguns altos e baixos cíclicos são comuns nos mercados emergentes e investidores esperam que o Produto Interno Bruto (PIB) do maior país da América do Sul reaja, diante da força de sua classe média ascendente e de suas riquezas em commodities. Para aqueles dispostos a aceitar certa volatilidade, apostar no Brasil pode compensar bastante, disse Gollo. "O comprador que está de olho no Brasil com um horizonte maior que de três anos consegue um bom negócio."

O atual cenário, porém, é sombrio. O envolvimento estatal em setores cruciais e a política monetária frouxa desenvolvida no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff deixaram o governo endividado e lutando para cobrir um grande déficit orçamentário. As reformas ficaram em segundo plano no Congresso brasileiro, que se concentra em um grande escândalo de corrupção na gigante estatal Petrobras e nos esforços de impeachment contra a presidente.

"Quando você tem uma crise desta magnitude, é necessário uma visão, mas o governo não tem isso", disse Ricardo Lacerda, sócio fundador da BR Partners, banco de investimentos sediado em São Paulo.

Como resultado, a confiança das empresas, dos consumidores e dos investidores entrou em colapso. O PIB do país deve encolher mais de 3% neste ano. O desemprego urbano atingiu recentemente a máxima em mais de cinco anos, em 7,9%. A inflação está em perto de 10% e a produção industrial recuou quase 11% em setembro na comparação anual.

Entre as mais atingidas está a indústria automotiva do Brasil. As vendas de veículos até outubro totalizaram 2,15 milhões de unidades, queda de 24% ante igual período de 2014.

Milhares de trabalhadores do setor foram dispensados ou receberam licenças. Algumas companhias que apostam alto no Brasil colocam o pé no freio.

A montadora chinesa Chery Automobile está adiando um investimento planejado de US$ 300 milhões em sua fábrica já existente de Jacareí, disse Luis Curi, vice-presidente da companhia no Brasil. Até outubro, as vendas da Chery no Brasil totalizaram 4.704 veículos, queda de 38% ante igual período de 2014, segundo a associação nacional de fabricantes de veículos, a Fenabrave.

Curi disse que a companhia foi afetada pela queda na demanda e a alta nos preços das partes importadas, diante da fraqueza do real. "Nós estamos vivendo uma tempestade perfeita no Brasil", afirmou.

Por outro lado, as vendas no Brasil da Honda Motor aumentaram 15%, para 125.061 veículos até agora neste ano, segundo a Fenabrave. Mas a montadora japonesa também revê planos de investimento, em meio aos temores sobre a economia fraca e a política imprevisível do país.

A Honda disse no fim de outubro que adiaria os planos para lançar uma segunda fábrica no Brasil que abriria no primeiro semestre de 2016. A nova fábrica, construída em Itirapina, no interior de São Paulo, abrirá "conforme os acontecimentos do mercado", disse a companhia em comunicado. O diretor de relações institucionais da Honda na América do Sul, Paulo Takeuchi, disse que a montadora segue confiante no Brasil no longo prazo, mas por ora mantém a cautela. "O que mais nos preocupa é a incerteza, tanto política quanto econômica" afirmou Takeuchi. Fonte: Dow Jones Newswires.

O avanço das ações de estatais na bolsa de valores leva a crer que os investidores estrangeiros estão apostando fortemente na derrota da candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT). Mas a verdade é que uma eventual vitória da petista não os surpreenderia. Independentemente do resultado, eles não devem perder dinheiro, pois estariam protegidos com operações em outros mercados.

Um indício disso é que os investidores que não residem no País são os únicos comprados em opções de venda do Índice Bovespa Futuro, com 47.994 contratos, considerando a posição em aberto de todos os vencimentos. Os bancos e outras instituições jurídicas financeiras estão vendidos em 41.155 contratos, enquanto os investidores institucionais em 4.251 contratos e as pessoas físicas em 2.290 contratos, de acordo com o último dado disponibilizado pela BM&FBovespa.

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A conclusão é que os estrangeiros estariam preparados para uma eventual vitória da presidente Dilma. Se isso ocorrer e o Ibovespa cair, eles exerceriam a opção de venda ao preço de exercício do contrato (mais popularmente conhecido por strike). Assim, mesmo que comprados nas estatais, ficariam protegidos de uma possível queda das ações.

Nesse contexto, um dado chamou a atenção do mercado: a posição de investidores comprados em opções de venda do Índice Bovespa Futuro que vencem em dezembro - o primeiro vencimento após o provável segundo turno das eleições presidenciais. São 361.518 contratos em aberto, mais de três vezes os 105.707 contratos de outubro.

Não é possível identificar se os investidores comprados nessas opções são locais ou estrangeiros, mas operadores e gestores ouvidos acreditam que a maior parte da posição foi montada por não residentes. Um dos motivos para essa suspeita é que os estrangeiros estão comprados em contratos de Ibovespa Futuro, com cerca de 74.000 contratos em aberto. Além disso, no mercado à vista eles carregam uma posição comprada na bolsa de valores de R$ 20,5 bilhões neste ano. "O mercado de opções parece ser a porta de saída deles", opinou um gestor de fundos.

A indicação de que os investidores não estão confiantes na derrota de Dilma na corrida presidencial é que ao mesmo tempo em que o Índice Bovespa se valorizou, avançou a compra de contratos em aberto de opções de venda. Em meados de julho deste ano, quando o Ibovespa estava no patamar dos 55.000 pontos, a posição comprada em opções de venda do Ibovespa Futuro para dezembro era de 262.375 contratos.

Já em 15 de agosto, pouco após o falecimento do Eduardo Campos que levou Marina Silva à disputa pelo PSB, o Ibovespa atingiu 56.963 pontos e a posição comprada nesses derivativos atingiu 355.643 contratos.

O preço de exercício do contrato de opção de venda com vencimento em dezembro com maior posição comprada é de 44.000 pontos. Trata-se de uma opção europeia, que pode ser exercida apenas na data de vencimento do contrato. Isso significa que se o Ibovespa Futuro ficar abaixo de 44.000 pontos, o investidor detentor da opção de venda poderá exercer seu direito de vender.

O segundo contrato para dezembro mais demandado tem strike de 50.000 pontos. "A verdade é que muitos participantes do mercado não estão apostando na vitória da oposição. Eles estão comprados em uma ponta e vendidos em outra, podendo ter ganhos independentemente do resultado", explicou um gestor.

O Brasil subiu da quarta para a terceira posição em ranking global de atração para investidores estrangeiros em operações de investimento de capital e fusões e aquisições, de acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela empresa de auditoria e consultoria Ernst & Young. O Brasil está atrás da China e da Índia, respectivamente. Os Estados Unidos, que ocupavam o segundo lugar na pesquisa anterior, caíram para quarto.

"O otimismo em relação aos investimentos no Brasil vem à tona num momento de confiança renovada na recuperação econômica após um período de incertezas", apontou o estudo. Conforme a Ernst & Young, atualmente, 87% dos entrevistados no mundo dizem acreditar na melhoria da atividade econômica global, dos lucros das empresas e da disponibilidade de crédito, ante 22% do levantamento anterior.

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De acordo com a atual sondagem, 72% dos empresários globais consultados dizem acreditar no crescimento do número de fusões e aquisições pelo próximos 12 meses. Boa parte deste movimento poderá ocorrer no Brasil, diz o estudo. Isso porque 45% dos empresários brasileiros afirmam que operações de fusões e aquisições estão nos planos, com destaque para os setores de tecnologia (67%) e petróleo e gás (50%). No mundo, essa média é de 29%.

Segundo a Ernst & Young, embora a reputação do Brasil esteja em alta aos olhos dos investidores internacionais, os empresários brasileiros contam com uma certa dose de precaução em relação aos investimentos previstos. Em abril de 2011, 81% dos executivos consultados afirmavam que a prioridade era o crescimento, ante 37% do levantamento mais recente. Atualmente, 42% dos empresários brasileiros pretendem cortar custos e aumentar a eficiência operacional. O 8.º Capital Confidence Barometer, estudo da Ernst & Young, referente ao período de outubro de 2012 a abril de 2013, consultou 1,6 mil executivos de 50 países, entre fevereiro e março.

Os investidores estrangeiros retiraram R$ 501,396 milhões da Bolsa na quinta-feira, 29. Naquele pregão, o Ibovespa fechou em baixa de 0,32%, aos 64.871,99 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 6,9 bilhões.

Com o resultado, o saldo de capital externo na Bovespa em março está negativo em R$ 1,279 bilhão até esta data. A cifra é resultado de compras de R$ 54,665 bilhões e vendas de R$ 55,944 bilhões no período.

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No ano, a Bovespa acumula superávit de R$ 4,794 bilhões em recursos estrangeiros.

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