Tópicos | Jean-Michel Jarre

Com fins de beneficentes, ou festivos, em forma de avatar, ou com guitarras: as estrelas da música Kiss, David Guetta, Kylie Minogue e Jean-Michel Jarre farão shows de fim de ano em "livestream", devido à proibição dos concertos físicos pela crise sanitária global.

Buscador incansável de avanços tecnológicos, o pioneiro da música eletrônica Jean-Michel Jarre se apresentará em realidade virtual em uma catedral de Notre-Dame digitalizada, um evento que se poderá ser acompanhado pelo YouTube e Facebook.

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Patrocinado pela Unesco, este concerto imersivo, chamado "Bem-vindos ao outro lado", é uma "mensagem de esperança para 2021 nos tempos difíceis que enfrentamos, mas também uma oportunidade para homenagear a debilitada Notre-Dame [após o incêndio de abril de 2019] e todos nós", explica o artista que se propõe a "contribuir, apesar desses tempos difíceis para fazer ressoar Paris na meia-noite de 31 de dezembro".

 "Espetáculo impressionante" em Paris

Também em Paris, o show transmitido ao vivo de David Guetta será de caridade, como os que fez em Miami e em Nova York durante a crise sanitária. Com 50 milhões de visitas acumuladas, arrecadou-se US$ 1,5 milhão. Agora, este terceiro evento tem como objetivo apoiar as ações do Unicef.

"Transmitido de um dos lugares mais mágicos de Paris, que será anunciado nessa mesma noite", promete Guetta em um comunicado, antecipando um "espetáculo impressionante" para assistir no Facebook, YouTube, Instagram, entre outras redes.

Em um ano que não teve muita luz, Kylie Minogue fará os holofotes brilharem com "Infinite Disco". Não será uma performance ao vivo, mas de um espetáculo em streaming que poderá ser visto apenas quando for anunciado o dia, com a compra de ingressos pelo aplicativo Dice.

Este espetáculo, que dura cerca de 50 minutos, focará nas faixas de seu último álbum "Disco" e em novas versões de seus sucessos passados. Já foi divulgado em novembro com ingressos comprados em mais de 100 países.

Dubai e Brooklyn

Como no caso da diva australiana, este tipo de encontro virtual pago é a resposta dos artistas para a ausência de shows há dez meses, devido à pandemia.

"É sobre administrar esta pausa até que os shows físicos possam voltar normalmente e seja possível viver da música", explica à AFP Emily Gonneau, professora do Centro de Informação e Recursos para a Música Atual (IRMA).

"Durante o confinamento, foi preciso manter o vínculo com o público com conteúdos gratuitos. Agora, a questão é como encontrar um modelo econômico", completou.

A transição para o novo ano oferecerá opções para todos os gostos, desde o hard-rock pirotécnico do Kiss, com um "livestream" de Dubai (via Tixr), até o icônico hip-hop de J. Period (que colaborou, entre outros, com The Roots) e Rakim nos telhados do Brooklyn (via Stageit).

Outra artista que apostará no "streaming" é Patti Smith, que vai comemorar seus 74 anos em 30 de dezembro com um show, conforme sua tradição.

Este ano, porém, ela tocará em Nova York com sua banda, em um "livestream" pago (via Veeps) que coincidirá com 31 de dezembro em determinadas regiões do planeta, devido à diferença de horários.

O músico francês Jean-Michel Jarre quer recorrer à Corte Europeia de Direitos Humanos (TEDH) depois que a Justiça de seu país decidiu privá-lo da herança de seu pai, Maurice Jarre, ganhador de três Oscars pelas trilhas sonoras de "Lawrence de Arabia", "Doutor Jivago" e "Passagem para a Índia".

"Minha irmã, Stéphanie, e eu levamos nosso caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos pela falta de respeito aos direitos da família e pela violação excessiva do nosso sistema de segurança jurídica", escreveu o pioneiro da música eletrônica em uma coluna, publicada na sexta-feira o jornal Le Parisien.

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A questionada sucessão veio à tona no começo da disputa judicial em torno da herança do cantor francês Johnny Hallyday entre sua viúva e os dois filhos mais velhos do astro do rock, que questionam o testamento feito nos Estados Unidos por seu pai, que os deserdou em virtude da lei californiana.

Em setembro de 2017, a Corte de cassação decidiu, em um caso que apresenta muitas analogias, deserdar Jean-Michel Jarre e sua irmã, sabendo que seu pai tinha organização sua sucessão segundo o direito californiano.

Falecido em 2009, Maurice Jarre deixou todos os seus bens para sua última esposa através de um "family trust", uma estrutura jurídica prevista no direito californiano.

"O direito dos herdeiros não é unicamente um caso de dinheiro, afeta âmbitos muito mais importantes como a proteção dos laços familiares e, para os criadores, o direito moral dos artistas", indicou Jean-Michel Jarre em sua missiva.

"A proibição de ter acesso, se assim o quisermos, a uma foto, a um bem pessoal do seu pai ou da sua mãe. Isso é o que me surpreende", lamenta o músico, de 69 anos.

Entre seus argumentos, ele insiste na perda de renda para o Estado francês, devido a "montagens jurídicas" no exterior.

Quando Jean-Michel Jarre ajudou a criar a música eletrônica, nos anos 70, seu som foi revolucionário. Agora que o gênero se estabilizou e é parte da cultura pop, Jarre tenta rastrear esta evolução.

Em um álbum que será lançado nesta sexta-feira - primeiro conteúdo novo de Jarre em oito anos -, o artista francês convoca colegas que considera fundamentais para a música eletrônica e os reuniu em estúdios para exibir seus estilos únicos.

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"Electronica 1: The Time Machine", que será seguido por um volume dois no ano que vem, contêm composições de Jarre com artistas plurais, como os trip-hop Massive Attack e Vince Clark, a sensação do synth-pop Erasure, além do DJ Moby e Pete Townshend.

Jarre, ansioso para falar filosoficamente sobre sua música e atualizado acerca das últimas tendências, zomba da ideia de seu álbum ser apenas um pout-purri de celebridades, que é atualmente a fórmula da indústria para lançar "singles pegajosos".

Na maioria dessas colaborações, "alguém enviou um arquivo para outro alguém completamente desconhecido e tudo aconteceu de maneira abstrata, às vezes mais por razões de mercado do que por qualquer outro motivo", disse Jarre à AFP durante uma visita à Nova York.

"Para este projeto tomamos por base a ideia de viajar fisicamente para nos conhecer, unir nossos DNA's no estúdio, e não através de representantes ou advogados", explicou.

Jarre afirmou que elegeu para seu álbuns artistas "que têm um elemento atemporal, esse tipo de som orgânico que se reconhece instantaneamente".

O músico se tornou uma sensação internacional com seu álbum de 1976 "Oxygene", que contém seis faixas baseadas em sintetizadores melódicos e gravadas em casa.

Logo atraiu enormes multidões a suas elaboradas atuações cheias de efeitos de luz. Seu show de 1997 para celebrar o 850° aniversário de Moscou atraiu 3,5 milhões de pessoas e foi transmitido ao vivo na estação espacial russa.

Aos 67 anos, Jarre passou a maior parte das últimas quatro décadas trabalhando sozinho em seu estúdio nos subúrbios de Paris, rodeado por computadores, teclados e outros instrumentos de sua carreira, exceto sua famosa "harpa laser".

Para a faixa mais importante do álbum, Jarre viajou à Áustria para trabalhar com Tangerine Dream, o grupo alemão também pioneiro da música eletrônica nos anos 1970.

O líder de Tangerine Dream, Edgar Froese, morreu em janeiro aos 70 anos e seu trabalho com Jarre é o último de sua carreira.

A música "Zero Gravity" remonta aos clássicos tanto de Tangerine Dream quanto de Jarre, com suas progressões eletrônicas estáveis que se transformam em um tipo diferencial de "música ambiente".

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