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Legisladores, ativistas, filantropos e ambientalistas exigiram nesta quinta-feira, em frente ao Congresso dos Estados Unidos, uma reforma migratória para regularizar milhares de "dreamers", jovens sem documentos que estão apreensivos após a derrogação de um programa que evita temporariamente sua deportação.

"Eles acreditam nesse país, em seus ideais, em sua Constituição. Sonham em ser parte do futuro deste país", disse a senadora democrata Kamala Harris, diante de dezenas de manifestantes reunidos nos jardins do Capitólio.

O pedido não é novo, mas se tornou urgente há um mês, quando o presidente Donald Trump derrogou o decreto de Ação Diferida para os Chegados na Infância (Daca, em inglês), que desde 2012 outorga estatuto legal temporário a 700.000 imigrantes sem documentos chegados ao país ainda crianças, a maioria da América Latina.

A resolução, que abriu uma janela de seis meses para o cancelamento definitivo do programa, marcou esta quinta-feira, 5 de outubro, como data limite para renovar as permissões que vencem entre 5 de setembro e 5 de março de 2018.

Harris urgiu a todos os envolvidos a ter suas solicitações entregues até meia-noite e pediu que não cruzem os braços diante de uma luta maior: conseguir finalmente que aprovem o "DREAM Act", acrônimo de "Lei de Fomento para o Progresso, Alívio e Educação para Menores Estrangeiros", um polêmico projeto que não obteve os votos em 2010 em um Congresso dominado pelos republicanos, o qual deu lugar à criação do Daca pelo então presidente Barack Obama.

A veterana senadora Elizabeth Warren e o representante Luis Gutiérrez, ambos do Partido Democrata, também advogaram por uma solução definitiva para os jovens sem documentos.

Gutiérrez anunciou que não votará a lei de orçamento que o governo necessita para 9 de dezembro se não resolver a situação migratória dos "dreamers".

"Os republicanos não têm os votos para o orçamento. A questão é se (os democratas) vamos permitir sermos usados novamente para aprová-lo ou se vamos parar e dizer 'não'", explicou depois o legislador à AFP.

Segundo fontes da organização United We Dream, que patrocina a causa dos "dreamers", cerca de dois milhões de pessoas poderiam ser beneficiadas pelo "DREAM Act" de um total estimado de 11 milhões de imigrantes em situação ilegal.

O presidente americano, Barack Obama, visitou nesta segunda-feira o estado de Iowa, o primeiro que votará para eleger os candidatos dos partidos para as presidenciais de 2016, e lançou um pedido de criação de um sistema migratório tolerante e justo.

Com a campanha para sucedê-lo já avançada, Obama foi a Des Moines para promover uma nova iniciativa educacional e participar de um debate com estudantes e pais sobre os custos da universidade. Lá voltou a falar sobre imigração e sobre a necessidade de sua regulação de forma favorável, atacando seu críticos.

Segundo Obama, o discurso contra a imigração desenvolvido na atual campanha das primárias não representa o espírito americano, uma crítica ao multimilionário Donald Trump, candidato às primárias republicanas.

"Todo o sentimento contra a imigração que está presente no debate político neste momento é contrário ao que somos", disse Obama, afirmando depois que "a menos que você seja um 'nativo americano', sua família chegou de fora".

"Muita gente veio de todas as partes da Europa, da Ásia, da América Central e da África", insistiu frente aos alunos, se contrapondo, sem mencioná-lo, ao discurso de Trump, que gerou polêmica com fortes declarações sobre este vital tema da campanha nas quais associava os imigrantes mexicanos com a criminalidade.

"Podemos ter um debate legítimo sobre um sistema de imigração que seja justo e assegure o respeito à lei", declarou Obama.

- Apontando para a classe média -

Obama chegou a Iowa com o objetivo de enviar uma mensagem à classe média que os democratas esperam que influencie a eleição de 2016, mas também porque os cidadãos deste estado serão em janeiro os primeiros a votar nas primárias que definirão os candidatos que disputarão a Casa Branca.

Muitos dos candidatos visitam há meses o estado, apertando mãos e saudando os eleitores acostumados a serem cortejados pessoalmente pelos candidatos.

Pouco antes da visita, a Casa Branca lançou uma nova iniciativa para ajudar os americanos a decidir se vale a pena embarcarem na volumosa dívida que implica obter um diploma universitário.

A iniciativa classifica cada universidade com base em uma série de medidas, que incluem a possibilidade real de os graduados pagarem sua dívida universitária.

O plano ecoa a mensagem da campanha de Hillary Clinton, que segundo as últimas pesquisas perde apoio no Partido Democrata, enquanto cresce o de seu adversário interno, Bernie Sanders.

Na véspera da visita de Obama, Clinton lançou uma nova propaganda de campanha que a apresenta como a campeã da classe média.

Na segunda-feira, ela visitará dois campi universitários de Iowa para reforçar essa mensagem.

Os republicanos, no entanto, também se somam ao debate.

Marco Rubio publicou um artigo no jornal local, Des Moines Register, no dia da chegada de Obama.

Rubio classificou o sistema de educação superior como "desatualizado e basicamente quebrado" e argumentou a favor de um maior envolvimento do setor privado.

"Não há motivos para que nosso povo tenha que gastar dezenas de milhares de dólares em quatro anos em um campus para obter um diploma", afirmou.

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