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O Ministério Público Estadual recomendou que a gestão João Doria (PSDB) inabilite empresas que formam a ViaMobilidade, concessionária que opera a Linha 5-Lilás do metrô de São Paulo. Na prática, segundo o MPE, o pedido é que a concessão da linha, em vigor desde agosto do ano passado, seja suspensa por desclassificação das empresas. A Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos informou que ainda não foi notificada.

Os alvos do promotor Marcelo Milani são as empresas RuasInvest e Andrade Gutierrez. A RuasInvest tem cerca de 17% da ViaMobilidade. O restante é da CCR, que tem na Andrade Gutierrez uma de suas proprietárias. A recomendação não tem força de decisão judicial e pode não ser acatada - se isso ocorrer, o MPE avalia o ingresso de uma ação civil, pedindo condenação por improbidade administrativa dos responsáveis.

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A ViaMobilidade ofereceu R$ 553 milhões para operar a linha. Com recebimento de R$ 1,73 por passageiro transportado, a empresa tem direito de operar o ramal por 20 anos.

O MPE diz que o Grupo Ruas, do qual a RuasInvest faz parte, tem uma dívida previdenciária de R$ 2,6 bilhões, o que o impediria de fazer contratos com o poder público até que a dívida seja negociada. O Grupo Ruas é controlador de parte das linhas de ônibus de São Paulo, de onde a dívida teria se originado. No documento, o promotor afirma que, para continuar fazendo contratos com o poder público, o grupo "vem utilizando-se de estratégia fraudulenta de abrir novas empresas" e essa ação "nada mais é que uma tentativa de driblar a legislação".

No caso da Andrade, o MPE argumenta que a empresa liderou outro consócio, de obras, que em março abandonou a construção da Linha 17-Ouro (o monotrilho da zona sul), "causando prejuízos enormes aos cofres públicos". O abandono, para o MPE, "pode constituir violação do princípio da moralidade administrativa".

Processo

A Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos informou que ainda não recebeu a representação e as exigências legais para a contratação do consórcio foram cumpridas. Na nota, o governo diz que a concessionária é uma Sociedade de Propósito Específico, "pessoa jurídica autônoma". A ViaMobilidade informou que "desconhece a iniciativa e as argumentações" do MPE e que assinou o contrato de concessão da linha "após cumprir todas as determinações do poder concedente, do edital e da comissão especial de licitação".

O texto afirma ainda que o grupo tem disposição de colaborar com as autoridades. A RuasInvest diz não possuir nenhuma dívida com a Fazenda nacional. "A dívida apontada se refere a empresas dedicadas à atividade de transporte rodoviário de passageiros, na qual a RuasInvest não tem participação." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Planejada para ser finalizada em 2014 e a 650 dias sem ter uma estação entregue, a Linha 5-Lilás do Metrô ficou mais de R$ 1 milhão mais cara por dia só entre maio e novembro deste ano. Entre o início das obras (em 2011) e este mês, o Estado deve gastar quase R$ 1 bilhão a mais para construir o trecho de 11,5 quilômetros da extensão da Linha 5-Lilás do Metrô, na zona sul da capital. A companhia culpa o solo, imprevistos e até investigações.

O custo previsto inicialmente era de R$ 4,2 bilhões apenas com a parte de engenharia civil. Agora está em R$ 5,1 bilhões, por causa de uma série de aditivos contratuais entre o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e os consórcios responsáveis pela construção do ramal entre as Estações Adolfo Pinheiro e Chácara Klabin. Foram 60 somente os relatados no Diário Oficial do Estado nesses quase cinco anos. Só neste ano, entre maio e novembro, a companhia fez revisões de contratos que chegam a R$ 450,8 milhões.

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O investimento total, contando outros contratos para a instalação de sinalização e compra de trens, é de R$ 9 bilhões. A última expansão da linha para os passageiros foi concluída em 12 de fevereiro de 2014, quando a Estação Adolfo Pinheiro, na zona sul, foi inaugurada.

Adutora 'invisível'

Os engenheiros da companhia dizem que o custo maior envolve dificuldades no subsolo que não foram detectadas na fase de projeto básico, anterior à licitação, por falta de sondagem em terrenos que não haviam sido desapropriados. Isso ocorreu, por exemplo, em uma área com 355 imóveis comerciais e residenciais. "Não é porque o projeto básico não estava bom, é que se usou como premissa o conhecimento que ele tinha da obra. Depois que desapropria, demole as casas e o Metrô entra é que termina a sondagem", alega o engenheiro da companhia responsável pela extensão, Luís Bastos.

Ele liga os aditivos a imprevistos e observa que sondagens mais precisas após a fase de desapropriação revelaram interferências como tubulações de serviço telefônico e de abastecimento de água. No projeto básico, não se sabia, por exemplo, da existência de uma adutora de 200 metros. Dessa forma, ao mexer na estrutura, a empresa precisou substituir 800 metros de tubos e comprar novos equipamentos, o que encareceu o trecho, provocando atualização no valor.

O presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô de São Paulo (Aeamesp), Emiliano Affonso, afirma que atrasos e encarecimento das obras são decorrentes de falhas nos projetos. "As obras são contratadas em cima de um projeto básico que deveria quantificar a obra", diz.

Ele explica que os projetos básicos fazem apenas algumas sondagens no terreno e o projeto executivo, mais detalhado, é feito com a obra. "No caso da Linha 5, sabemos que o projeto executivo é de uma empresa de fora do Brasil, que não tem conhecimento prévio do solo nem das técnicas e equipamentos aos quais estamos mais acostumados. Assim, conforme são feitas exigências que precisam de aumento de eficiência por parte das empresas, vão sendo feitos os aditivos."

Ele afirma que obras de metrô, no Brasil, estão sujeitas às mesmas regras de licenciamento de shoppings. E o atendimento dessas exigências, segundo o engenheiro, não entra no começo das contas.

De acordo com Paulo Sérgio Meca, diretor de Engenharia e Obras do Metrô, os contratos não devem mais receber aditivos porque "os projetos executivos estão se consolidando" no decorrer das obras. "O projeto executivo está sendo finalizado. Isso nos permite fazer um levantamento adequado de todos os materiais e quantitativos de materiais e serviços que não faziam parte do contrato, fazendo os aditamentos correspondentes", disse.

Investigação

Além dos problemas com o subsolo, o Metrô culpa uma investigação do Ministério Público Estadual (MPE) para apurar um suposto conluio entre as empreiteiras contratadas pelo atraso. A suspeita dos promotores é de que as empresas tenham combinado propostas na fase de licitação para nenhuma delas deixar de receber pela construção.

Monotrilho

O secretário Nacional de Mobilidade do Ministério das Cidades, Dario Rais Lopes, disse nesta segunda-feira, 23, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), temer que as linhas de monotrilho virem "esqueletos" e o modal não seja a "solução mais adequada" para a capital e a região metropolitana. Ele é o responsável por destinar recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para as obras de mobilidade da gestão Alckmin (PSDB).

"Em São Paulo não temos esqueletos, mas duas obras em andamento", rebateu o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni. Segundo ele, ainda neste ano a Linha 15-Prata terá o horário de atendimento expandida e, em 2015, funcionará como o Metrô. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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