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A família dos Lyra, hoje representado em Pernambuco pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), e pelo seu pai João Lyra Neto (PSDB), filho do ex-político e advogado João Lyra Filho, silenciam quando se trata de falar sobre os planos para a disputa eleitoral de 2018. Aliás, a postura adotada pela prefeita, de silenciar e se tornar menos acessível, após assumir a cidade do agreste pernambucano, não parece com o mesmo perfil quando discursava, durante a campanha eleitoral, prometendo que faria uma gestão participativa e democrática. 

O vice-governador de Eduardo Campos e governador durante nove meses, João Lyra Neto, segue a mesma linha da filha: nega ser candidato em 2018 e pouco fala, no entanto, teria confidenciado a amigos que desejaria, caso convocado, concorrer à vaga de senador ou de deputado federal na chapa da oposição. 

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No entanto, ele nega. Em entrevista recente ao LeiaJá, em agosto passado, disse que “pessoalmente” não tem esse objetivo. “Não tem nada definido [sobre candidatura]. Nós dependemos das alianças nacionais, que só vão se definir depois da reforma política. Mas, pessoalmente não tenho esse objetivo. Poderei ser, mas o que quero mesmo é participar da construção de um projeto alternativo para Pernambuco”, desconversou. 

A questão é que dificilmente os dois tucanos irão esquecer “as mágoas” passadas a começar pela própria Raquel: foi preterida pelo PSB, que preferiu ter como candidato à prefeito de Caruaru na eleição do ano passado o vice-prefeito Jorge Gomes em troca do apoio do PDT, comandando pelo prefeito de Caruaru, José Queiroz, à reeleição do prefeito da capital pernambucana, Geraldo Julio (PSB). Depois disso, Raquel se filiou ao PSDB para ser candidata à prefeita de Caruaru. Em discurso na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), meses antes do pleito que sairia vencedora, Raquel chegou a desabafar. “Eu não saí do PSB, me tiraram de lá”, disparou na época. 

Por sua vez, Lyra Neto, vice-governador na chapa de Eduardo Campos na eleição de 2006, vencendo o então governador Mendonça Filho, se filiou ao PSB em 2014, possivelmente, com o desejo de ser o candidato de Eduardo, mas a escolha de Campos foi Paulo Câmara. No entanto, na época, ao passar o cargo para Câmara, no dia 1 de janeiro de 2015, João Lyra minimizou em suas palavras declarando que tinha certeza que o pessebista iria “honrar” os compromissos com o povo pernambucano porque “tinha competência e é bem formado tecnicamente”. 

Pouco mais de dois anos depois, em março passado, em entrevista ao LeiaJá, Lyra mudou o tom das palavras e disparou contra o socialista afirmando que o governador não cumpriu nem 20% das promessas feitas na campanha. “Não adianta justificar apenas a crise econômica. Ela é um fato real que nós entendemos, interfere, mas também falta uma questão muito importante: a liderança política. Isso tem feito com que o pernambucano não alcance os índices pretendidos e apresentados em 2014”, alfinetou durante cerimônia realizada no Palácio do Campo das Princesas, em comemoração ao Bicentenário da Revolução de 1817. 

Raquel chegou a deixar um recado, na semana passada, durante entrevista à Rádio Folha: que tem a intenção de participar do pleito de 2018 e continuará cuidando de Caruaru. Dessa forma, caso seja confirmado a candidatura do pai, ela deverá se juntar a ele na luta pela vitória. “Discuto política porque não sou uma alienígena. Mas estou cuidando de Caruaru e, sem dúvida, participarei da campanha que vem porque tenho um compromisso com Caruaru e com Pernambuco”. Mas, garantiu que não disputaria nenhum cargo porque o desafio é “gigantesco”. 

Tradição da família Lyra

Entre altos e baixos, a família Lyra se tornaria com o tempo um forte nome na política pernambucana a começar por João Lyra Filho, pai de João Lyra Neto e Fernando Lyra. Lyra Filho assumiu pela primeira vez a prefeitura do município em 1959. Depois, foi deputado federal e voltou para comandar uma segunda gestão em Caruaru no ano de 1973. Ele também foi, por dois mandatos consecutivos, deputado estadual vindo a falecer em 1988. 

Já Fernando Lyra, irmão de Lyra Neto, também foi um quadro político que muito fortaleceu o sobrenome da família. Um fato impressiona: Fernando, ex-ministro da Justiça, foi deputado federal por oito mandatos consecutivos [1971-1999], além de ter sido deputado estadual. Seu último cargo presidente da Fundação Joaquim Nabuco. Ele morreu de falência múltipla de órgãos, no ano de 2013, após sofrer por 20 anos de uma insuficiência cardíaca congestiva grave.

João Lyra Neto não fica por trás para corroborar a força dos Lyra. Foi prefeito de Caruaru por duas vezes, vice-governador e governador de Pernambuco, deputado estadual, tendo sido vice-líder do governo Arraes, além de secretário estadual de saúde.  

A prefeita Raquel Lyra, formada em Direito, deixou a carreira bem sucedida como delegada da Polícia Federal, onde atuou até 2005, para seguir na política. Ela foi deputada estadual e chegou a assumir a Secretaria da Criança e da Juventude (SCJ), a convite do então governador Eduardo Campos, no ano de 2011. 

Polêmicas à parte

Nem mesmo a postura mais distante e discreta que Raquel Lyra que tem tomado no comando de Caruaru tem a livrado de polêmicas. A mais recente aconteceu, na última terça-feira (3), quando a Justiça decidiu bloquear os bens e valores da tucana. De acordo com o texto, houve “fraude ao processo licitatório e dano ao erário” no São João de 2017. Outros agentes públicos e empresa que realizou a festa foram atingidas e também abrange o São João de 2016. Raquel negou, por meio de nota, afirmando que não houve bloqueio dos seus bens e que não existe qualquer irregularidade. 

Com uma atuação ainda tímida diante do extenso e duvidoso programa de governo divulgado que incluía, entre outros pontos, capacitar 100% dos profissionais de saúde, bem como universalizar a pré-escola para crianças de 4 e 5 anos, a população espera frase dita por ela durante a disputa e que não será esquecida: “Serei a melhor prefeita que Caruaru já viu”. 

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