Tópicos | Lucetta Scaraffia

Em uma intervenção durante o Sínodo dos Bispos sobre a Família, a historiadora italiana Lucetta Scaraffia criticou a Igreja por exaltar "uma família perfeita que não existe", baseada, segundo ela, "na exploração da capacidade de sacrifício das mulheres".

"Fala-se muito pouco das mulheres no Sínodo, como se pudéssemos continuar (...) a agir como se as mulheres não existissem", criticou Lucetta, lembrando que, na realidade, "as mulheres são as grandes especialistas na família". A intervenção de Lucetta Scaraffia foi publicada pelo Vaticano nesta terça-feira (20).

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"A Igreja precisa ouvir a realidade e os assuntos reais da família, sobretudo, as mulheres", cujo papel mudou bastante no século XX, insistiu Lucetta, que coordena a publicação mensal do "Mulher Igreja Mundo" de "L'Osservatore Romano".

Crítica de um Vaticano dominado por homens, a historiadora foi uma das poucas mulheres já convidadas a ter voz entre os padres sinodais. "Quando falamos de famílias, não deveríamos falar sempre e apenas do casamento", defendeu Lucetta, referindo-se ao número cada vez maior de mães solteiras.

"Essas mulheres praticamente nunca seguiram cursos de Teologia, frequentemente não são casadas, mas dão um exemplo admirável de comportamento cristão", elogiou.

"Se vocês, padres sinodais, não ouvirem essas mulheres, correm o risco de fazê-las se sentir ainda mais infelizes, porque sua família é apenas diferente daquela sobre a qual vocês falam! Vocês falam de uma família abstrata, de uma família perfeita que não existe", criticou.

A historiadora disse ainda que é preciso "estabelecer as bases de uma família aberta em relação a todos os seus membros, e não mais baseada na exploração da capacidade de sacrifício das mulheres".

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