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Após realizar uma megaoperação envolvendo mais de 600 agentes contra o tráfico de drogas na Cracolândia, no centro da capital, o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou nesta segunda-feira, 8, que o Estado não tem obrigação de avisar previamente a Prefeitura de São Paulo sobre ações policiais na região. "A ação era contra o tráfico de entorpecente, não contra as pessoas que estão no local chamado de 'fluxo'", disse.

Os policiais chegaram ao local por volta das 6 horas. Eles entraram em hotéis e comércios para fazer buscas e prender suspeitos. A ação pegou de surpresa a Guarda Civil Metropolitana (GCM), que tem base fixa na Cracolândia, além de equipes de saúde e assistência social da Prefeitura que trabalham no programa De Braços Aberto, de redução de danos para os usuários de drogas.

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GCMS e profissionais da saúde ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo criticaram a "operação-surpresa" na sexta, com argumento de que a presença dos policiais agitava os usuários e também colocava em risco a "relação de confiança" com os agentes municipais. "Não existe obrigação do Estado de avisar que vai realizar uma operação contra o tráfico de entorpecente", afirmou Alves, que integra a gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

Batizada de Operação Marrocos, a ação foi coordenada pelo Departamento de Narcóticos (Denarc) e acabou com a prisão de 32 pessoas - 5 delas em flagrante. Entre os presos, estavam líderes do Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS), acusados de agir em parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC) para consolidar o tráfico de drogas na Cracolândia. Segundo as investigações, eram movimentados 10 quilos de droga por dia, que rendem cerca de R$ 4 milhões por mês.

O secretário da Segurança Pública também comentou a ação simultânea ocorrida no Cine Marrocos, no centro, ocupado pelo MSTS em 2013. "É bom deixar bem claro tudo isso: não precisávamos avisar também do ingresso no prédio do Cine Marrocos porque, apesar de ser uma área da Prefeitura, a Prefeitura pediu suspensão da reintegração", disse. "É uma operação policial que tem de ser executada dentro de um sigilo, dado até o tamanho da operação".

Em coletiva na última sexta-feira, 5, o prefeito Fernando Haddad (PT) evitou emitir opinião sobre o caso. "O combate ao tráfico de drogas é assunto do governo do Estado", disse. O jornal O Estado de S. Paulo apurou, no entanto, que a gestão municipal avaliou que a operação foi menos repressiva do que em ocasiões anteriores. Houve registro de três feridos.

"O prefeito (Haddad) entendeu perfeitamente essa situação", afirmou Alves. "Eu conversei com o prefeito no dia da operação, não há nenhum tipo de mal entendido."

A declaração do recém-empossado secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves, relacionando a crise econômica com o estupro, foi criticada por defensoras dos direitos da mulher. Em entrevista à coluna Direto da Fonte, publicada ontem, Alves disse que uma das "causas" do estupro é o desemprego.

Para Heloísa Buarque de Almeida, professora de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP) e estudiosa de gênero, o secretário revelou "desinformação" e "despreparo" para assuntos como violência contra a mulher. Segundo ela, vários estudos comprovam que esse tipo de violência "sempre aconteceu, independentemente de crise". "Em 2015 (ano crítico da crise econômica), por exemplo, foram feitas menos denúncias de violência sexual do que em 2014. E, se fosse culpa da crise, países desenvolvidos não teriam estupro", destacou.

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Luíse Bello, publicitária e gerente de conteúdo e comunidade do Think Olga, grupo feminista, reforçou que a declaração foi "absolutamente irresponsável". "É muito preocupante que uma pessoa que tenha capacidade de falar isso esteja no comando das polícias de São Paulo."

Para Luíse, a explicação do secretário revelou ainda a "ignorância" de autoridades no assunto. "Estupro é um crime que é feito, na maioria das vezes, por pessoas que fazem parte do círculo da família, dos amigos, dos pais. Há certa ignorância sobre esses dados, mas o Brasil tem estudos sobre o assunto." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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