Tópicos | Maldição de Iemanjá

Os advogados Pedro Josephi e Danielle Portela, ambos do PSOL, protocolaram, nesta quinta-feira (8), uma representação contra a vereadora Michele Collins (PP) na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara do Recife. O pedido punição disciplinar contra a progressista é em reação a uma postagem feita por ela no Facebook no último domingo (4), quando divulgou um evento evangélico que acontecia na Orla de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, para, segundo ela, clamar e quebrar “toda maldição de Iemanjá lançada contra nossa terra”. 

Michele Collins se retratou, por meio de nota, e pediu desculpas aos representantes de religiões de matrizes africanas, mas nem por isso escapou das críticas. No documento apresentado à Casa José Mariano, os advogados demonstram que Michele Collins cometeu crimes contra o sentimento religioso (art. 208 do Código Penal), de injúria (art.  140, § 3º do Código Penal) e de intolerância religiosa (previsto nos arts. 1º e 20 da Lei 7.716/89).

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A peça diz que a vereadora, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, infringiu o Código de Ética Parlamentar e está sujeita a pena de censura. A Comissão de Ética da Câmara Municipal tem sete dias para analisar e decidir pela abertura do Procedimento Disciplinar contra a vereadora. Os requerentes solicitaram ainda expedição de cópia ao Ministério Público de Pernambuco para que averigue a prática dos crimes citados.

Segundo os advogados, “a iniciativa de representar contra Michele Collins é um grito de respeito e contra o preconceito, em especial, que atinge as religiões de matriz africana. Se a Câmara ficar silente, passará uma imagem de complacência com atitudes e ações de intolerância como estas”.

A vereadora do Recife Michele Collins (PP) divulgou uma nota, nesta terça-feira (6), pedindo desculpas por clamar contra "toda maldição de Iemanjá" durante um evento na Orla de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, no último domingo (4). Em reação a isso, a comunidade Terreiro Axé Talabi, espaço de preservação do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, divulgou uma nota de repúdio a parlamentar por “propagação ao racismo, ódio e desrespeito às tradições de matriz africana e suas divindades”.

"Diante do exposto sobre uma postagem realizada em suas redes sociais, a vereadora Missionária Michele Collins esclarece que em nenhuma momento teve a intenção de ofender ou propagar qualquer mensagem de ódio religioso. Todos sabem que a Missionária é veementemente contra qualquer intolerância religiosa, inclusive já deletou a postagem de suas redes sociais, diante dessa falha na elaboração do texto. A vereadora Missionária Michele Collins pede desculpas aos que se ofenderam", declara nota encaminhada pela progressista ao LeiaJá.

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O texto em questão foi divulgado pela parlamentar no Facebook no domingo (4). Na ocasião, ela divulgava uma “noite de intercessão pelo Brasil” que acontecia na orla de Boa Viagem e, de acordo com a postagem, estava “clamando e quebrando toda maldição de Iemanjá lançada contra nossa terra em nome de Jesus”. 

Na nota emitida nessa segunda (5), o Terreiro convoca outras entidades a procurar providências legais sobre a postura e rebate dizendo que “Iemanjá nunca amaldiçoou ninguém”. “A mensagem postada pela missionária reforça não só a intolerância religiosa, mas principalmente rompe com o direito tão importante de nossa liberdade de fé em um país laico. Iemanjá nunca amaldiçoou ninguém, muito pelo contrário, ela representa o nosso direito a vida, as águas e ao equilíbrio. Exigimos respeitos as nossas práticas, as nossas divindades e aos nossos territórios sagrados”, declara. 

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