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Mari Tupiassu, ou simplesmente Mary, lançou recentemente seu primeiro single nas plataformas digitais. Paraense, a cantora inicia um novo ciclo na vida. Jornalista formada, ela já trabalhou em diversos meios de comunicação e atuou em várias funções.

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No Dia da Mulher, a feminista Mary contou ao portal LeiaJá uma experiência pessoal de violência que sofreu no passado. O single “Garota Popular” relata a força e a coragem da mulher empoderada em um relacionamento abusivo e machista. O clipe oficial da música tem mais de 30 mil visualizações no Youtube. Confira agora essa entrevista.

O que te fez entrar no ramo da música mesmo tendo uma carreira no jornalismo?

A primeira coisa que precisamos falar sobre isso é que o jornalista precisa entender a natureza da sua atividade. Ele trabalha com criação, a matéria-prima do seu trabalho é a ideia. Outro ponto importante: o jornalista hoje precisa ser produtor de conteúdo multimídia. Então, quem faz comunicação social está fazendo economia criativa, e música também é economia criativa. É como se eu estivesse no mesmo mar, só que num barco diferente, entende? Só pulei para o entretenimento. Agora, o que me fez mergulhar nesse ramo foi uma vontade ardente no meu coração, e uma dose extrema de coragem que nem eu sei de onde tiro. 

No que o jornalismo de certa forma influencia o seu trabalho musical?

Tudo. Meu senso crítico não me permite fugir do meu propósito. No jornalismo aprendi a prestar um serviço para a sociedade. Eu tinha um compromisso. É isso que faço na música hoje. Quero mudar o mindset machista, através das minhas canções. Quero tocar a alma das pessoas, denunciar o machismo enraizado e ajudar mulheres, bichas, trans, a se libertarem da opressão.

Como foi seu processo de se lançar como cantora?

Difícil. Foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. Fiz tudo escondida. Acredito hoje que se você tem um plano, faça-o em silêncio. E assim eu fiz. Mas quando comuniquei as pessoas ao meu redor, foi um Deus nos acuda. Minha mãe ficou preocupada, afinal, ela ficaria mais tranquila se eu seguisse uma carreira estável. Mas a vida é isso mesmo, ciclos precisam se fechar para que outros se abram. Eu senti medo, mas tem uma máxima que me guia: se vier do coração, vá em frente. O coração da gente sabe o que faz.

Como você define seu estilo musical?

Faço música pop. Acho que o pop hoje no Brasil é uma mistura de ritmos. Embora esteja sofrendo preconceitos pelas minhas escolhas musicais, estou muito feliz com o resultado do meu primeiro single. Eu amo o Norte. Eu amo o Nordeste. Não existe povo de cultura mais rica e forte do que esse. E vou defendê-los onde quer que eu esteja. Por isso usei na minha música muito tecnomelody e forró. E vou seguir com essa linha. Quero fazer um som universal, mas com o meu sotaque. 

Como e por que você começou a trabalhar com o empoderamento feminino?

Sofri uma relação abusiva há quase dez anos. Escondi as agressões da minha família. Quando tomei consciência de tudo pelo qual eu tinha passado, decidi que dedicaria meu trabalho e minha vida para que mulher nenhuma passasse pelo mesmo sofrimento.

O empoderamento feminino foi o termo mais buscado no Brasil no ano de 2016. A Mary vai seguir a linha empoderada e feminista ou apenas uma das duas?

“Empoderamento feminino” está na moda. É legal fazer marketing hasteando essa bandeira, mas na hora de se posicionar publicamente a favor das minorias, ninguém quer correr o risco de perder patrocinadores. Eu corro riscos todos os dias porque esse é o propósito que conduz o meu trabalho. Pago um alto preço, mas isso não é uma escolha, é uma missão de vida.

Como você aplica o empoderamento para o público feminino?

Nas minhas letras, no meu trabalho visual, nas minhas palestras, em cada postagem que faço nas minhas redes. O feminismo permeia a minha vida. E tento fazer isso de forma fácil. Não adianta querer que todas as mulheres leiam Simone De Beauvoir. Isso não vai acontecer. O que quero é que a massa tenha acesso a esse conteúdo transformador, e que eu seja fio condutor desse processo. Por isso, tudo o que leio e aprendo diariamente sobre o feminismo transformo em conteúdo fácil de ser digerido. Exemplo: linguagem coloquial, música pop. 

O clipe tem relação com alguma experiência vivida?

Tem, sim. Um namorado meu numa crise de posse, tal qual o personagem que eu coloco na primeira cena do clipe, saiu cortando os sinais vermelhos dizendo que se eu não voltasse com ele, íamos morrer juntos. Foi horrível. Naquela época eu era uma menina, não se falava sobre empoderamento feminino. Não se falava sobre feminismo. Eu achava que aquilo era amor. Eu poderia ter morrido naquele dia, como muitas mulheres morrem porque não têm coragem de descer do carro na hora certa.

No que você acredita que as mulheres hoje em dia estão mais empoderadas do que antes?

Elas estão mais empoderadas porque falamos sobre esse assunto o tempo todo. Como eu disse, na época em que sofri um relacionamento abusivo, ninguém falava sobre feminismo. Eu tinha uma enorme vergonha de contar pras pessoas. Hoje, esse assunto está na televisão quando você assiste uma novela, está nos portais de notícia quando você rola o feed do facebook. Temos Lady Gaga, Madonna, Beyoncé, Iza, divas verdadeiramente comprometidas com o feminismo e que difundem a crença de que “sim, nós podemos”.

Mary, e quais são os próximos projetos?

Na área da música, o próximo passo é gravar o próximo single. E montar o show com urgência, pois será um show performático e terá dançarinos. Mas as pessoas também podem esperar o retorno de um canal falando de feminismo, de empoderamento feminino e um programa de TV.

Por Thiago Maia.

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