Em tempos de pandemia, a incerteza dos pequenos empresários cresce em relação à manutenção de suas atividades. A baixa frequência de grandes clientes, que também vivem o momento de insegurança, diminui o fluxo financeiro e praticanente anula qualquer possibilidade de investimento a curto ou longo prazo.
Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que 89% dos pequenos negócios registraram queda no faturamento desde o início do período de isolamento social. Entretanto, algumas soluções podem servir para a faturar um pouco e não sentir todos os impactos causados pela pandemia, além de colaborar para a não disseminação do novo coronavírus.
##RECOMENDA##Máscaras são alternativa de renda para alguns pequenos empresários. Foto: divulgação
Na cidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, a empreendedora Ediléia Mendes, de 54 anos, teve que refazer o planejamento de seu negócio. Após uma década e meia atendendo no ramo de corte e costura para casamentos, a proprietária tenta se segurar produzindo máscaras cirúrgicas laváveis. "Devido ao fechamento obrigatório, tivemos que mudar o planejamento e a organização da empresa, mudamos o foco e agora produzimos máscaras de proteção contra o Covid-19", relata.
Mesmo com a confecção diária de cerca de 200 exemplares e algumas encomendas, o faturamento não chega perto do necessário para fechar as contas. "A produção acompanha a demanda, porém não atende o necessário para manter os pagamentos e gastos em dia", explica. Ainda de acordo com a empresária, a proteção feita de tricoline e TNT visa apenas o consumidor final, mas não descarta a sequência do trabalho dedicado às máscaras quando tudo voltar ao normal. "Caso a demanda permaneça podemos direcionar tempo e energia para a fabricação", afirma.
Outra que está investindo na produção de máscaras caseiras é a artesã Flavia Pontes de Aguiar. Em seu cotidiano, a empresária de 41 anos produz laços que enfeitam animais de estimação mas, em meio à pandemia, recebeu de amigos enfermeiros a missão de produzir máscaras. "Com a crise, as vendas caíram e dois amigos enfermeiros pediram que eu 'tentasse' fazer máscaras para eles trabalharem, pois os hospitais não estavam disponibilizando materiais", conta. Foi um sucesso. A famosa "propaganda boca-a-boca" surtiu efeito e, por enquanto, Flavia se dedica de forma única à confecção dos produtos de tricoline. "São feitas 100% deste tecido, com dupla camada e tenho um catálogo bem variado que atende todos os gostos, infantis, clássicos, senhoras, rockeiros, geeks e mocinhas", diverte-se a artesã. "Quando tudo voltar ao 'normal' pretendo continuar com as máscaras e quero fazer também as toucas cirúrgicas", planeja.
A artesã Flavia Pontes começou a fazer máscaras para atender amigos que trabalham em hospitais. Foto: acervo pessoal
Já na região leste de São Paulo, o encarregado de produção Denis Condi, de 25 anos, decidiu colocar a solidariedade em evidência sem visar o lucro. "Ouvi relatos de pessoas que estão com a família inteira contaminada e que não encontravam máscaras, quando encontraram estava muito caro", conta. Morador do bairro da Vila Formosa, Condi passou a confeccionar as máscaras laváveis e vender a preços populares que vão de R$ 4 a R$ 6. "A intenção nem é ganhar dinheiro porque o custo para fazer uma máscara como eu faço é muito alto, então vendo a um preço acessível e ganho centavos em cima", destaca. Proprietário da empresa Condii Ecológico, que tem como carro chefe a fabricação de canudos e escovas reutilizáveis, Condi afirma que para ele o importante é ter o mínimo de pessoas correndo risco de contrair o coronavírus. "Quanto mais máscaras eu conseguir vender mais pessoas vão estar protegidas", ressalta.
Denis Condi e sua produção de máscaras. Foto: acervo pessoal
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