Tópicos | Michael Fasbender

Fui assistir a “X-men: Primeira Classe”, em 2011, sem muitas expectativas. O desastroso terceiro capítulo da franquia havia me acertado em cheio. Mas tal qual não foi a minha surpresa ao testemunhar um filme ágil, denso, sob a direção do habilidoso Matthew Vaughn. A sequência turbinou minhas esperanças na retomada dos bons ventos sob o crew de mutantes liderados pelo Professor Xavier. Bryan Singer retornou ao comando da saga em “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” (2014). Com mais acertos do que erros, o longa apagou de vez da memória dos fãs o malfadado filme de Brett Ratner. Singer também dirige o aguardado “X-Men: Apocalipse”, que estreia nesta quinta (19) nos cinemas do mundo inteiro. Ansioso em apresentar os novos rumos que a franquia tomará a partir de então, o longa desperdiça a oportunidade de desenvolver personagens importantes para a cronologia dos mutantes e incomoda pelos visual requentado.

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Tudo começa com En Sabar Nur (Oscar Isaac). Clássico personagem das HQ`s da Marvel, o Apocalipse data como o primeiro mutante, sendo detentor de poderes incomensuráveis, dentre eles o de tomar a alma de outros mutantes e extrair-lhes suas habilidades. Sua existência aliena a presença de quatro seguidores, conhecidos como “Os quatro Cavaleiros do Apocalipse”. O filme parte do Império Egípcio, onde En Sabar Nur é venerado. Entretanto, eventos inesperados acabam trancafiando-no desacordado, no elixir de seu poderio, nas ruínas piramidais da cidade de Cairo. Soterrado, permanece em hibernação durante cinco mil anos, até ser invocado de volta à vida em 1983. Em pouco tempo de projeção, tudo isso acontece. E mais, Erik/Magneto (Michael Fasbender), Raven/Mística (Jennifer Lawrence), Professor Xavier (James McAvoy), Jean Grey (Sophie Turner) e Scott Summers/Ciclope (Tye Sheridan) retornam à saga, no caso dos dois últimos, sob a pele de estreantes no elenco.

Apesar de bem em tela, os novatos são subutilizados pelo roteiro durante dois terços do filme. Dentre os principais, Fassbender e Lawrence centralizam as atenções. Mesmo com o mais novo astro hollywoodiano Oscar Isaac (Star Wars: O Despertar da Força) no papel de Apocalipse - vencendo a direção de arte pouco criativa do longa com uma atuação segura - a Fox decidiu manter a dupla supracitada como verdadeiro motor da trama. Inclusive, não é exagero dizer que o sexto filme da franquia eleva Lawrence (e não Mística) ao holofote central. Fassbender, que quase nunca erra, entrega aqui mais uma atuação certeira na desconstrução da personalidade de Erik, na luta incessante contra o desencanto com a humanidade, e no desenvolvimento da crescente em que Magneto insurge voraz - sendo recrutado por Apocalipse e tornando-se um de seus súditos.

Se o roteiro de Simon Winberg atrapalha a intensidade de todos os arcos dramáticos do filme (inclusive os conflitos de Mística e Jean Grey), a inserção de novos personagens, ou reinserção de antigos, é um aperitivo. Entretanto, são tantas informações transmitidas a torto e a direito - em ritmo de montagem semelhante a um dos maiores pesadelos da Fox nos últimos anos; lê-se “Quarteto Fantástico” (2015) -  que, afora a demonstração de poderes e uma ou outra frase de efeito, os novos (ou renovados) filhos do átomo pouco adicionam ao contexto global dos X-Men, e se o fazem é forçosamente. Nisso também inclusos três dos quatro Cavaleiros do Apocalipse - Tempestade, Anjo e Psylocke. Mercúrio (Evan Peters), protagonista de uma das cenas mais instigantes do filme anterior da franquia, retorna, eficiente, com a mesma função de escape cômico da trama. Até o final cresce, porém sem intensidade, assim como toda a narrativa do filme.

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Visualmente, o filme repete parte das decisões de “Dias de um Futuro Esquecido”, principalmente no que tange à paleta de cores de Newton Thomas Sigel, que investe no amarelo e marrom das locações no Egito e Canadá. Mas dessa vez Bryan Singer peca no excesso de computação gráfica, interferindo gravemente no design de produção do longa que veste-se da artificialidade azulada de uma pós-produção aparentemente feita “nas coxas”. Singer, que é também diretor de “Jack: O Caçador de Gigantes” e “Superman: O Retorno”, intenta criar tensão com o cataclisma “universal” provocado por Apocalipse e seus discípulos, mas o resultado é bem inferior ao que versa o roteiro, já cambaleante. A montagem - novamente ela - enfraquece ainda mais a força das cenas de ação do filme, com evidentes deslizes de continuidade, principalmente no embate final dos personagens.

Com pouquíssimas cenas realmente interessantes e extremamente didático, o longa não sabe fazer bom proveito de seus 124 minutos, que passam como se fossem 180 ou mais. No fim, “X-Men: Apocalipse” serve apenas para “justificar” a reunião entre “novos” e “velhos” mutantes, provar que Singer consegue fazer um filme da franquia não liderado pelo Wolverine (que aliás faz uma ponta milimétrica na produção - claro), continuar a história (queimando, para isso, o filme de um dos personagens mais icônicos das HQ’s) e que, se bobear, após um belo acerto como “Deadpool”, a Fox pode voltar a fazer coisas como “X-Men 3”, “Quarteto Fantástico” ou esse “Apocalipse”. Que não seja a gênese de mais produções de mesmo nível e que o estúdio ache soluções mais inovadoras do que copiar os erros do passado com a roupagem dos anos 90.

Confira os destaques entre os lançamentos do cinema desta semana no "Estreia Já". Assista dando play no vídeo abaixo:

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