Tópicos | mudança de profissão

Mudar de carreira profissional pode ser algo assustador para qualquer pessoa, principalmente quando a escolha é diferente da formação ou trabalho que exerce. Quem deseja migrar para o setor de Tecnologia da Informação, por exemplo, se depara com novos desafios e experiências no percurso. No entanto, segundo a administradora Chief Operating Officer (COO) e co-founder da startup Recrut.Ai, Karol Branco, 32 anos, “todo mundo pode mudar para qualquer área, basta ela se preparar”. A Recrut.Ai é uma plataforma de recrutamento de inteligência artificial.

Da área comercial para T.I.

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Há cinco anos, a COO da startup de educação Trêsbê Educação Inovação e Eventos, Dani Bezerra, 40 anos, iniciou sua trajetória no ramo da tecnologia. Formada em Secretariado Executivo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a profissional conta que a decisão de mudar de carreira veio a partir da insatisfação com a profissão que havia escolhido.

“Nunca atuei na área de secretariado, sempre atuei na área comercial”, afirma Dani. Em contrapartida, ela revela que o secretariado lhe deu muita bagagem para gestão. "E eu percebi, depois de alguns bons anos, quase 12 anos na área comercial, que eu não sentia a questão do propósito”, disse. “E aí eu fui pensar em outras áreas em que eu pudesse atuar, e foi aí que eu conheci o Porto Digital [que é considerado uns dos maiores polos de Tecnologia da Informação e Economia Criativa do mundo]”, acrescenta.

A partir dos conhecimentos acessados no espaço, Dani encantou-se pelo novo caminho profissional que surgia à sua frente e passou a buscar mais informações para adentrar no mercado da tecnologia. Apesar disso, a jovem afirmar que “o processo de migração em si não foi fácil” devido as “suas próprias crenças limitantes e as dificuldades que você tem ao mudar de carreira, ainda tinha também as questões de: tecnologia não e uma área para as mulheres”, explica.

Agora, nessa nova fase de aprendizados e entrando de cabeça no universo da T.I., Dani conta que está indo muito mais além da área de gestão, da área de startup. "Eu estou realmente dando um pontapé final nessa fase de transição de carreira, que é aprendendo programação”, revela, em tom entusiasmado.

“Quando eu terminar o curso, vou estar completa na área de tecnologia, como uma programadora”, conclui Dani, que também é organizadora do Hackathon - evento serve para reunir profissionais para uma maratona de programação - da National Aeronautics and Space Administration (Nasa).

Thaís Yoshioka, 31 anos, que é UX Designer no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CÉSAR) (Foto: Cortesia)

Mesmo trabalhando em lugares diferentes e com funções distintas, a história da Thaís Yoshioka, 31 anos, que é UX Designer no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CÉSAR), também retrata uma mudança na carreira. Formada em Téxtil e Moda pela Universidade de São Paulo (USP), a sua experiência foI através das áreas de pesquisas e desenvolvimento de produto na capital paulista.

Ao chegar no Recife, há cinco anos, o primeiro caminho de migração foi a área de comunicação e, posteriormente, atuou como freelancer com consultorias. Ao longo do tempo, decidiu entrar em uma empresa maior que pudesse dar uma guinada na vida profissional.

“Eu percebi que queria continuar morando aqui na cidade e comecei a pensar em quais as empresas relevantes no cenário local e, que também, tivesse uma estrutura maior, pois eu queria sair desse contexto de freelancer”, relembrou. “Então, com meu repertório de pesquisa e comunicação, eu achei que poderia fazer sentido entrar em tecnologia”, completou. Ela apresentou aos recrutadores pontos de relevância da sua experiência profissional para entrar no setor de tecnologia.

“Então, não foi necessariamente uma área que eu escolhi porque conhecia”, enfatizou. Em entrevista, Thaís também explicou que não sabia o que era UX Designer -  profissional que cuida da experiência do usuário em uma determinada plataforma digital - antes de entrar no CESAR.

Em análise a esse segmento profissional que desempenha, Thaís entende que “o designer é uma área que é comum receber pessoas com repertório de outras áreas”. Na leitura de mercado, feita pela administradora Karol Branco, ela reforça que “não se deve desmerecer o que você fazia e os resultados que você alcançou”.

Karol Branco, 32 anos, afirma que T.I. é uma área em ascensão (Foto: Arthur Mota)

Dificuldades e vantagens

Quando observa o mercado, a empreendedora Dani Bezerra, fala que uma das dificuldades percebidas é que o “mercado de tecnologia ainda é muito machista e que se vê muitos homens”, distribuídos e atuado como “gestores de startups ou na área de programação”.

Em contrapartida, a COO Karol Branco fala que apesar de ainda ser um setor  “majoritariamente de público masculino, as empresas estão de portas abertas para contratação de mulheres”, pontua. Ela ainda observa que “o setor reflete uma questão histórica e estrutural da sociedade, de que mulheres não são “boas” [com tecnologia]”, no entanto, há “vários programas de incentivo para ter essa diversidade”.

Para exemplificar, podemos falar sobre o programa chamado MINAs - Mulheres em Inovação, Negócios e Artes -, que tem o intuito de fomentar a participação de mulheres na área de tecnologia, operando desde o incentivo pela área de ciências e tecnologia nas escolas, como também ao dispor apoio às mães que já trabalham no Porto Digital.

Dentre outras vantagens, estão alguns fatores caracterizados por Karol como “sedutoras”. “As empresas são mais informais e passam a imagem de uma empresa mais leve, você pode trabalhar de casa ou no escritório. O estilo de trabalho é mais tranquilo, a flexibilidade nos horários e a não burocratização, são sedutores”, explica a profissional.

Segundo informações de um levantamento feito pelo Porto Digital, há uma perspectiva de abertura de mais de 3.200 mil vagas em 2020. Até o momento, o polo tecnológico abriga 339 empresas e 32% dos funcionários é composto por público feminino.

Orientação para carreira em T.I.

Diante desse apanhado de informações sobre o setor, O LeiaJá elaborou uma lista com dicas práticas para quem tiver interesse de migrar para o setor de Tecnologia da Informação. Essa relação foi construída a partir das contribuições das experiências das entrevistadas Dani Bezerra, COO da Trêsbê Educação Inovação e Eventos, e da administradora Karol Branco. Confira, abaixo, as orientações concedidas:

Qualificação

“Se a pessoa quer trabalhar na área de T.I., ela tem que aprender a linguagem de programação, pois a maior demanda é na área de desenvolvimento”, explica Karol. Neste ponto, ela indica que as qualificações podem ser feitas de forma on-line ou até mesmo por meio de “formações de curto prazo, hackathons, palestras, dentre outros”, que podem ser encontradas no Porto Digital, por exemplo.

Networking

“Busquem se envolver no ecossistema da sua cidade”, enfatiza Dani Bezerra. “Busquem quais são as redes de apoio que existem na sua cidade, no Recife nós temos a Comunidade do Manguezal, que é uma comunidade de apoio às startups locais e tecnológicas”. “Busquem essas comunidades, busquem grupos, busquem pessoas que de alguma forma possa te ajudar a galgar essa mudança”, formula.

Ainda há outras opções, como o “SoftexRecife, que é uma Associação de empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), sem fins lucrativos e com o registro de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) em âmbito federal, estadual e municipal inscrito no Comitê da Área de Tecnologia da Informação (CATI) do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI)”, explica o Community Manager, Isaías Dias, em entrevista ao LeiaJá.

“Nosso objetivo institucional é de desenvolver ações para o fortalecimento das empresas associadas - atualmente com 195”, afirmou o profissional. “Nossos eventos de conexões, são Match Day, Match Session, Investor Day, etc. São eventos com foco em criar conexões entre as nossas empresas associadas de T.I.C. com o mercado”, conclui Isaías.

A SoftexRecife faz parcerias conjuntas com o Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD), com entidades como o CÉSAR, a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (ASSESPRO),  e o Sindicato das Empresas de Processamento de Dados do Estado de Pernambuco (SEPROPE).

Ter um portifólio

“Pessoas que trabalham com tecnologia podem começar a expor [seus trabalhos] na rede  profissional para pessoas de T.I., chamada GitHub e Behance - site em que você cria e expõe suas produções e programas feitos para ter um repertório”, orienta Karol.

Desenvolva habilidades sem desespero

“Não dá pra aprender tudo o que tem de disponível”, destaca Karol. “Então, olha o que as empresas estão pedindo de específico e foca nela para aprimorar e desenvolver essas habilidades”. “Observa [também] o que o mercado está pedindo de requisito e conhecimento”, finaliza.

Aposte na trajetória

“Está chegando no tempo em que o ser humano só vai fazer trabalho de ser humano, que é usar o cérebro”, afirma Karol. Para explicar esse último ponto, vamos relembrar um dos pontos fortes comentados pelas entrevistadas durante a reportagem, que foi a questão do repertório antes de entrar na área de tecnologia.

Neste sentido, a orientação ideal para colocar no currículo é realçar competências, habilidades e resultados que se aproximem da área em que deseja migrar.

Pois de acordo com Karol, nem sempre, na área de T.I., a graduação em no curso em específico é levada como premissa fundamental para atuar no setor, seja empreendendo ou desempenhando uma função em determinada empresa. Além disso, Karol acrescenta que outras “competências são observadas, como inovação, criatividade, curiosidade intelectual, e a capacidade de resolver problemas”.

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