Tópicos | Néstor García Canclini

A terceira edição da Expoidea - Feira do Futuro chega ao fim na noite desta quarta (23), na Universidade Federal de Pernambuco. A programação do último dia de evento contou com a participação de Domingos Pellegrini e o antropólogo argentino Néstor Garcia Canclini.

Pelegrini, que publicou recentemente o livro Passeando por Paulo Leminski, biografia não-autorizada do poeta curitibano, na internet após a família entrar na justiça, participou da mesa de debates Onde habita a liberdade de expressão hoje, com o curador da Expoidea Schneider Carpeggiani. O autor defendeu a produção de biografias publicadas sem devida autorização. "A família tende a ter um olhar estreito sobre o biografado e o público quer um olhar amplo", argumentou Pelegrini.

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A palestra, marcada após o cancelamento da vinda do filósofo Gilles Lipovetsky, que abriria a Expoidea, acontece em meio à polêmica gerada desde o início de 2013 envolvendo o grupo Procure Saber - integrado por Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan e Roberto Carlos, entre outros artistas, e presidido por Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano, que pretende proibir a publicação dessas biografias e ainda uma participação no lucro das vendas dos livros.

"Alcoolismo, ideologias e outras coisas constroem a figura do homem. É o que dá vida ao mito. Não podemos viver à margem das biografias 'capa branca', onde o mundo só conhece o bom moço sem defeitos", pontuou Pellegrini. O encerramento dos debates acontece neste momento, com a palestra Cidades e redes: Os jovens mudam a comunicação, ministrada pelo antropólogo argentino Néstor Garcia Canclini, autor da obra Consumidores e cidadãos.

A terceira edição da Expoidea, evento que tem como motes principais a inovação e a criatividade, traz algumas mudanças substanciais em relação às edições anteriores. A primeira mudança do evento, que acontece entre os dias 18 e 23 de outubro, é física: antes sediada no Recife Antigo, a Expoidea agora terá como casa principal a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Algumas atividades acontecem também no Centro Cultural Correios.

Outra mudança importante é a adoção, pela primeira vez, de um tema que norteia todo o evento. Em tudo que eu habito é o mote central a partir do qual as discussões se estabelecem. "A ideia é pensar a cidade de uma forma mais ampla", explica o curador Schneider Carpeggiani, ressaltando não só a ocupação física dos imóveis, dos espaços públicos, mas também a das redes sociais, "Que são o lugar onde se pensa a cidade". Há espaço também para temas como a verticalização e a relação consumo-cidade.

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A Expoidea 3.0 pretende imprimir ainda, a partir de 2013, a marca de trazer os principais pensadores contemporâneos para sua programação. Nesta terceira, os destaques são o filósofo francês Gilles Lipovetsky e o antropológo argentino radicado no México Néstor García Canclini, responsáveis pela abertura e encerramento do evento, respectivamente.

Aproveitando os 80 anos do lançamento de Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, o evento traz a pesquisadora da Universidade de Cambridge Maria Lúcia Pallares-Burke, uma das principais estudiosas do autor pernambucano e autora do ensaio biográfico Gilberto Freyre - um vitoriano nos trópicos. A autora realiza palestra sobre a relação de Freyre com o Recife, usando como filtro a obra do sociólogo. A programação temática inclui uma palestra ministrada pelo professor da UFPE Anco Márcio Tenório Vieira debatendo sobre a 'democracia racial' pregada por Freyre.

Há ainda espaço para o debate sobre o surgimento de novas formas de viver a comunicação social, com a presença de Cláudio Prado, um dos criadores da Mídia Ninja, que incitou diversos debates e polêmicas durante o ano. Com um sistema colaborativo e evidenciando o sujeito comum, que não é necessariamente jornalista e está inserido na notícia que veicula, a Mídia Ninja causou até mudanças na maneira das grandes empresas de comunicação  cobrirem os grandes protestos que o Brasil tem vivido durante 2013.

Foto: Eugênia Procópio/DivulgaçãoA aproximação com a academia - fruto de uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco - promete ser uma das tônicas do evento, que quer aproximar o debate acadêmico das práticas econômicas do século 21. "A economia do conhecimento é a economia do século 21", sentencia Rogério Robalinho, produtor executivo e presidente da Cia. de Eventos, que realiza a Expoidea. O produtor ainda opina que "É fundamental colocar a juventude para produzir conteúdo".

Ideias impossíveis

Tendo como um dos focos a questão da economia criativa, a Expoidea procura inovar em sua terceira edição, ao lançar o Edital de Ideias Impossiveis. Ação que integra o Congresso Pernambucano de Empreendedorismo/Papo de universitário, o edital tem como objetivo conectar criadores, patrocinadores e voluntários para a realização de projetos que atendam à questão Qual sua ideia para o Recife que parece impossível, mas você acredita que vai melhorar a vida  dos cidadãos se for executada?

As inscrições serão feitas apenas através da internet e acontecem até o dia 19  de outubro. Seis ideias serão selecionadas com o maior potencial de realização. Essas ideias serão incluídas na rede Células Empreendedoras, que dá acesso ao curso Bota pra Fazer (Endeavor Brasil), no qual os realizadores poderão desenvolver técnicas para transformas suas ideias em empreendimentos. "A inovação surge de ideias aparentemente loucas", reflete Renata Gamelo, responsável pelo Ideias Impossíveis

As seis selecionada participam, também, no último dia do evento, de uma rodada de negócios em que poderão realizar uma apresentação no formato pitching entre os empreendedores, os  apoiadores e os patrocinadores.

Música e oficinas

A Expoidea trouxe uma maneira diferente de construir sua programação musical. Ao invés de publicar um edital ou chamar nomes conhecidos, optou por uma forma colaborativa, numa parceria com a produtora Colabor@tiva.PE. Desde março, na concha acústica da UFPE, foram realizadas seletivas com cerca de 30 bandas - de 60 que se inscreveram. Além de tocar, as bandas precisavam também oferecer contrapartidas colaborativas como a disponibilização de conteúdos autorais em licenças livres ou a troca de produtos e saberes. As dez selecioanadas se apresentam nos dias 24 e 25 na própria concha acústica.

Também fruto da parceria, as oficinas abrangem temas como fotografia, áudio, design e audiovisual. Todas as atividades são gratuitas, mas é necessário se inscrever com antecedência. Mais informações pelo email colabor@tiva.pe ou pelo telefone (81) 8897 3018.

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