Uma equipe de cientistas italianos e egípcios informou ter descoberto no sul do Cairo, no Egito, o queijo mais antigo do mundo entre corpos mumificados que datam de 3,2 mil anos a. C. De acordo com o estudo publicado no periódico Analytical Chemistry nesta terça-feira (7), apesar do queijo já ser um dos alimentos mais arcaicos, o pedaço milenário encontrado chega a atingir o nível científico.
Os pesquisadores descobriram o pedaço de queijo -mix de cabra, de vaca e de ovelha- coalhado no Egito nos tempos dos faraós. A "massa esbranquiçada" foi encontrada durante as escavações da tumba de um alto funcionário em Saqqara, no sul do Cairo. "É provavelmente o mais antigo resíduo sólido de queijo já encontrado até agora", enfatiza o estudo da Universidade de Catania e Cairo.
##RECOMENDA##A pesquisa estabelece, além disso, o período em que a produção de laticínios se desenvolveu no antigo Egito e é capaz de determinar os hábitos socioeconômicos e culturais que se derivaram dessa prática. O túmulo em que estava o queijo foi descoberto por alguns caçadores em 1885, mas a sua localização nunca tinha sido registrada e o sepulcro se perdeu embaixo das areias do deserto do Saara. Somente, então, em 2010 ele foi redescoberto por um grupo de arqueólogos da Universidade do Cairo.
O uso da proteômica -área que estuda o conjunto de proteínas em uma amostra- em resíduos de comidas antigas é ainda um campo inexplorado e poderia levar a novos desenvolvimentos em inúmeras disciplinas. O queijo encontrado era destinado à viagem eterna do proprietário da tumba: Pthames, prefeito de Tebe e oficial durantes os reinos de Seti I e Ramses II (1290-1213 a.C.). O time de pesquisadores foi coordenado pelo professor Enrico Ciliberto e a responsável pelas escavações arqueológicas foi a professora Ola el-Aguizy. As investigações também permitiram que fosse traçada uma sequência peptídica atribuída à bacteria Brucella melitensis, causadora da brucelose, doença conhecida como "febre mediterrânea". Essa infecção foi espalhada por todo o Antigo Egito.
Até agora, as provas dessa difusão derivam dos efeitos revelados nos restos de algumas múmias, mas o estudo permite também "acessar o primeiro caso absoluto da presença de brucelose na época faraônica através de provas biomoleculares", contaram à ANSA os realizadores do estudo.
Da Ansa