Tópicos | passarinhos

Existem torneios que servem para medir força, velocidade, inteligência e resistência. A maioria deles se aplica a seres humanos, especialmente em olimpíadas. Mas e se a ideia fosse testar quem canta mais? Não sobre o que tem a voz mais agradável, porém o que em menos tempo por mais vezes se faz ouvir. É uma ideia curiosa, e que desperta mais interesse quando os competidores são passarinhos de várias espécies. Criadores se reuniram em Pernambuco, neste domingo (22), justamente para testar quem tem a ave com o maior fôlego.

Dezenas de criadores estiveram reunidos na quadra de um colégio em Jardim Atlântico, Bairro de Olinda, para interagir entre si e com os pássaros. Reunidas em círculos, as gaiolas separavam os bichos por espécie. Apenas os semelhantes competem, já que alguns entoam músicas mais vibrantes, enquanto outros preferem um timbre mais sereno. Entretanto, não importa se é um azulão, um canário da terra, um bicudo, ou trinca-ferro, as espécies nativas da região são testadas por repetição.

##RECOMENDA##

"É um teste de resistência do animal. Existe uma qualidade de espaço em casa para eles ganharem fôlego e participar desse torneio chamado 'canto fibra'. Que marca quanto tempo eles passam cantando. A quantidade de cantos é que decide quem vence a disputa. Os próprios donos recebem contadores e observam para marcar quantos cantos a ave entoou no período que varia de 10 a 15 minutos, em cada fase. No final, a ave mais saudável e que cantar mais é vencedora", contou ao LeiaJá o presidente do Clube de Criadores de Pássaros Nativos de Pernambuco, Joaquim Torres.

Segundo os criadores, tudo é legalizado e fiscalizado pelos órgãos competentes. No caso, a Agência Estadual de Meio Ambiente é responsável por registrar as aves, catalogar os seus donos e acompanhar torneios do tipo que também contam com veterinários para garantir a saúde dos 'atletas'. Um pouco dessa rotina de preparação que inclui vôos em espaços especiais, banho de sol, ração especial, banho diário e até namoro com as fêmeas está detalhada no vídeo a seguir: 

[@#video#@]

É polêmico. Falar de criação de pássaros em ambientes domésticos costuma ser um tema que divide opiniões. Vez por outra, o assunto coloca frente a frente criadores apaixonados e quem defende a liberdade para os animais. Por isso, quando um torneio reúne diversos donos de passarinhos de várias espécies, é natural esperar que parte do público fique imediatamente contrário. Em meio ao debate, o presidente do Clube de Criadores de Pássaros Nativos de Pernambuco (CCPN) ressalta o trato com os animais.

[@#galeria#@]

##RECOMENDA##

"Na verdade esses pássaros levam uma qualidade de vida muito boa. Têm espaços grandes, comida especial, tomam banho de sol e a água é trocada com cuidado. Todos são limpos, então é uma qualidade de vida para o animal até melhor do que seria na natureza", conta Joaquim Torres, 46, que é técnico de informática e organiza os eventos da CCPN.

Neste domingo (22), ocorreu a segunda etapa do Campeonato Pernambucano do chamado 'canto fibra' para os criadores de azulão, bicudo, canário da terra, curió e trinca-ferro, espécies da região. "A ideia é uma brincadeira saudável para incentivar a criação em ambiente doméstico. É mostrar a seleção genética, entrando com espécies nativas, todos da nossa região. Os pássaros são legalizados pelo Ibama, têm suas anilhas e registro. E o espaço é liberado pelo CPRH. Fazemos uma solicitação, avisando detalhes dos eventos", disse.

No caso, cabe à Agência Estadual de Meio Ambiente o controle e fiscalização de criadores e torneios do tipo. Algo que deixa os criadores mais tranquilos para participar. "A gestão sobre essa atividade é com o CPRH. Todos os pássaros tem anilhas e estão registrados em uma lista do Sispass, que é o sistema de passeriformes. Para participar de um torneio como esse é necessário apresentar todos esses ítens. O clube realizador precisa ter um veterinário responsável justamente para verificar as boas condiões da ave em cada disputa", afirma o arquiteto, com especialização em gestão ambiental, Bruno Câmara.

O criador lembra que tudo é pensado de forma a deixar o animal o mais confortável possível. Para que não apenas os donos se divirtam. "A disputa entre os pássaros é natural. Eles delimitam território através do canto. Não fazemos mais do que trazer isso para o ambiente doméstico, o que eles fazem na natureza. É algo bem natural", garantiu.

Preservação e legalidade

O outro grande ponto que destacam os criadores está no intuito de trazer pessoas que mantêm animais ilegais escondidos para dentro das normas. Joaquim conta que para estar regularizado, é preciso cumprir normas impostas pela agência e reforça que, para algumas espécies, o papel de preservação é incentivada pelos órgãos responsáveis.

"Muita gente tem pássaros em casa e, sabendo que não tem autorização, sequer sai com eles. Esse tipo de evento também serve para que as pessoas entendam a importância que tem, o dono irregular, levar os animais ao CPRH e poder cumprir com as normas. Em alguns países, é o próprio governo que pede aos criadores para terem os exemplares para garantir a preservação de uma espécie nativa. Então, a criação, responsável, também tem o seu papel", destacou.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando