Tópicos | pastor Gilmar Santos

Com um perfil mais midiático, diferente dos pastores mais “tradicionais”, o pastor Gilmar dos Santos, pastor presidente do da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil e envolvido no lobby do Ministério da Educação sobre a distribuição de verba para os municípios, divulga em seu Instagram que está há 40 anos pregando o evangelho. 

Apesar de ser influente no Ministério da Educação, o pastor não tem nenhum cargo na pasta - nem ele e nem o pastor Arilton -  e a maioria das suas publicações no Instagram, com 154 mil seguidores, é com pregação e momentos das pregações feitas por ele. Além disso, ele também oferece um curso online teológico para pregadores e vocacionados, com “o objetivo de preparar jovens, obreiros, pregadores e líderes com vistas à formação bíblica e teológica. Contribuir para o aperfeiçoamento do ministério, para a pregação do ensino da Palavra de Deus”. 

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Ele é casado com a pastora Raimundinha há 38, que não aparece muito nas suas publicações do Instagram, e mora em Aparecida de Goiânia, em Goiás.

Em setembro de 2021, o pastor Gilmar realizou um culto que convocou a igreja para clamar “em favor de Bolsonaro” e, em dezembro do mesmo ano, ele teria prometido ao ministro da Casa Civil, Sérgio Nogueira, que apoiaria a campanha para a reeleição de Bolsonaro. 

Pastor Arilton Moura

Diferente do pastor Gilmar, o pastor Arilton Moura tem um perfil mais discreto e, em uma das suas contas nas redes sociais, se identifica como morador do Pará. Ele preside o Conselho Político da entidade da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo Para Todos. 

Em maio de 2018 ele chegou a ser nomeado para o cargo de secretário estadual extraordinário de Integração de Ações Comunitárias, pelo então governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), e foi exonerado do cargo em 1º de novembro do mesmo ano. 

No entanto, em 2020, Arilton passou um mês em cargo de confiança na Liderança do MDB na Câmara dos deputados e, em registros do Tribunal Regional do Pará (TRE-PA), ele aparece como presidente estadual do antigo PHS, incorporado pelo atual Podemos. 

Mencionado no lobby do suposto gabinete paralelo do MEC, Moura esteve 24 vezes no Palácio do Planalto durante o primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL), segundo o Jornal Nacional com base em informações do gabinete da presidência. 

A agenda do presidente Bolsonaro mostra que ele, Arilton e Gilmar estiveram juntos pelo menos quatro vezes entre 2019 e 2021. 

Ao menos 44 prefeitos foram recebidos pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, em reuniões com os pastores evangélicos Arilton Moura e Gilmar Santos, envolvidos no lobby da liberação de recursos federais para prefeituras em todo o Brasil. As agendas constam no registro do Ministério da Educação. 

Dados mostram que as reuniões com o ministro, acompanhado dos pastores, começaram a acontecer pouco antes de Ribeiro completar dois meses no cargo, ainda em setembro de 2020. Em 15 meses, os nomes dos religiosos aparecem em 19 registros públicos da agenda do ministro, de acordo com informações da CNN. 

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De visitas de “cortesia”, os encontros evoluíram para participação em agendas de “alinhamento político”. A participação de prefeitos não se deu apenas nos encontros que tinham a política como pauta, os chefes dos Executivos municipais também participaram de agendas marcadas como “cumprimentos” e debates sobre “obras” nas cidades, afirma a CNN. 

Os pastores, com grande influência no MEC, se apresentaram como ligados à Assembleia de Deus e participaram de encontros que as pautas eram as escolas cívico-militares e até uma entrevista de Ribeiro a um jornal. O caso colocou o ministro na mira do Congresso, que quer explicações da Justiça e da bancada evangélica. 

A Procuradoria-Geral da República (PGR), por sua vez, deve pedir ainda nesta quarta-feira (23), a abertura de uma investigação sobre o caso, revelado em reportagens da Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo. Em áudios, o ministro diz ter recebido um “pedido especial” do presidente Jair Bolsonaro (PL) para que a liberação de verbas do colegiado seja direcionada para prefeituras específicas a partir da negociação feita por dois pastores evangélicos que não possuem cargo no governo. “Minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, diz o ministro em reunião. 

Os pastores Arilton e Gilmar são citados nos áudios e, de acordo com o veículo de comunicação, os dois têm negociado com as prefeituras sobre a liberação de recursos federais para obras em creches, escolas e compra de equipamento de tecnologia. 

Ao se posicionar sobre o assunto na terça-feira (22), o ministro Milton Ribeiro não chegou a contestar a veracidade do áudio divulgado, apenas negou que as suas falas tivessem relação com a influência de aliados evangélicos. 

“Diferentemente do que foi veiculado, a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação [FNDE]. Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar a alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”, afirma o ministro em nota enviada. 

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