Tópicos | Paulo VI

Cerca de 70 mil peregrinos, de Roma, da Itália e do exterior, assistiram neste domingo (14), à cerimônia de canonização de sete novos santos. O texto da cerimônia apresentou a biografia de cada um, mas o papa Francisco deu destaque a dois deles, Paulo VI e monsenhor Oscar Romero, pelo exemplo atual de vida em tempos mais recentes.

"Mesmo nas fadigas e no meio das incompreensões, Paulo VI testemunhou de forma apaixonada a beleza e a alegria de seguir totalmente Jesus", disse o papa na homilia (pequeno sermão). E prosseguiu: "Hoje continua a exortar-nos, juntamente com o Concilio de que foi sábio timoneiro, a que vivamos a nossa vocação comum: a vocação universal à santidade, não as meias medidas, mas a santidade".

##RECOMENDA##

Francisco exaltou em seguida as virtudes de d. Oscar Romero, "que deixou a segurança do mundo, incluindo a própria incolumidade, para consumir a vida, como pede o Evangelho, junto dos pobres e do seu povo, com o coração fascinado por Jesus e pelos irmão".

A multidão, de 70 mil pessoas, segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, aplaudiu, enquanto o papa afirmava que o mesmo se podia dizer dos outros novos santos - Francisco Spinelli, Vicente Romano, Maria Catarina Kasper, Nazaria Inacia de Santa Teresa de Jesus e Nunzio Sulprizio. Na fachada da Basílica, painéis mostravam os rostos dos novos santos.

O papa Francisco vai canonizar hoje (14), durante a celebração de missa solene na Praça de São Pedro, no Vaticano, Paulo VI, D. Oscar Romero e mais cinco beatos europeus. Entre eles está Nunzio Sulprizio, um jovem de 19 anos que nasceu em Pescara, na Itália, e foi operário e aprendiz de ferreiro. A cerimônia está marcada para as 10h30 no horário local (5h30 em Brasília).

A Oficina para a Canonização, da Arquidiocese de San Salvador, capital de El Salvador, da qual D. Oscar Ranulfo Romero y Galdamez foi arcebispo por pouco mais de três anos, organizou uma caravana para assistir à celebração. Deverão participar quase 7 mil romeiros saídos de El Salvador, segundo o cardeal salvadorenho Gregorio Rosa Chavez. Esses peregrinos estão alojados em hotéis e casas religiosas em Roma.

##RECOMENDA##

O maior número do público será formado por devotos do Norte da Itália, da região de Brescia e de Milão, onde Giovanni Montini exerceu o apostolado, antes de ser eleito papa em 1963, quando assumiu o nome de Paulo VI. Espera-se uma multidão próxima de um milhão de fiéis, somando-se as caravanas de devotos de todos os novos santos. A cerimônia de canonização de São João XXIII e de São João Paulo II, em 2014, reuniu aproximadamente 800 mil pessoas, segundo estimativas do Vaticano.

Falecido em Castelgandolfo, aos 80 anos, em 6 de agosto de 1978, após 15 anos de pontificado, Paulo VI foi beatificado pelo papa Francisco, com a presença do papa emérito Bento XVI, em 19 de outubro de 2014. Seu corpo está sepultado na Basílica de São Pedro em um túmulo simples, como pediu em seu testamento.

Já D. Oscar Romero foi beatificado em maio de 2015. O papa Francisco empenhou-se pessoalmente em seu processo de canonização, que vinha sendo mantido em banho-maria na Congregação para as Causas dos Santos durante os pontificados de João Paulo II e de Bento XVI.

Como mártir, ele não precisaria do reconhecimento de um milagre para ser declarado santo, mas foi apresentado um: a cura uma mulher que sofria grave risco de morrer de parto.

Os bispos de El Salvador pediram que Oscar Romero fosse canonizado em San Salvador ou na Cidade do Panamá, onde Francisco participará, em janeiro, da Jornada Mundial da Juventude. Como não poderia viajar a El Salvador e não queria encaixar a canonização na Jornada, o papa marcou a cerimônia para a Praça de São Pedro.

Ao contrário dos beatos, que têm culto limitado, os santos podem ser venerados no mundo inteiro.

Concílio Vaticano II

Dos três papas canonizados após o Concílio Vaticano II - João XXIII e João Paulo II, em 2014, e agora Paulo VI -, este último foi o que tinha temperamento mais discreto e era o intelectualmente mais preparado.

Filho de uma família de classe média alta, com traços de nobreza de parte da mãe, nasceu em 1897 na cidadezinha de Concesio, perto de Brescia, na Itália, e recebeu no batismo o nome de Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini. Era de saúde frágil, tanto que, ao se matricular no seminário em 1916, foi autorizado a morar em casa.

Enviado a Varsóvia como adido na Nunciatura Apostólica em 1923, três anos após a ordenação sacerdotal, foi chamado a Roma porque não suportou o inverno polonês. Formado em Direito Canônico pela Universidade Gregoriana, foi professor na Accademia dei Nobili Ecclesiastici e funcionário da Secretaria de Estado, onde trabalhou por 30 anos.

Em 1937, Montini foi nomeado substituto para Assuntos Comuns, sob o então secretário de Estado, cardeal Eugenio Pacelli. Foi reconfirmado no cargo, em 1939, quando Pacelli foi eleito papa com o nome de Pio XII. Era um colaborador eficiente e muito próximo do papa, que em 1954 o nomeou arcebispo de Milão. João XXIII lhe deu o título de cardeal em 1958. No conclave de 1963, sucedeu a João XXIII e escolheu o nome de Paulo. Reabriu o Concílio, que havia sido fechado com a morte de João XXIII prometeu levar adiante as reformas propostas para renovação da Igreja.

Em 1968, abriu a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellín, na Colômbia. Seguiu uma linha conciliadora entre as expectativas conflitantes dos vários grupos, na interpretação e implementação de documentos revolucionários. Foi um papa de pulso forte, apesar da aparência de fragilidade.

Diálogo

Paulo VI foi também um homem de diálogo. Quando era arcebispo de Milão, aproximou-se dos trabalhadores e da Democracia Cristã, de Aldo Moro, de quem foi amigo. Pregava a doutrina social da Igreja, base de sua encíclica Populorum Progressio, sobre o desenvolvimento dos povos, de 1967, e da carta apostólica Octogesima Adveniens, de 1971, no octogésimo aniversário da Rerum Novarum, de Leão XIII. Outros documentos importantes foram as encíclicas Sacerdotalis Caelibatus, de 1967, sobre o celibato dos padres, e a Humanae Vitae, de 1968, sobre o uso de métodos anticoncepcionais e aborto. Dois documentos polêmicos, porque havia expectativa de abertura, mas Paulo VI manteve a doutrina tradicional.

'Eu entrevistei um santo'

Era uma sexta-feira, 21 de março de 1980, véspera de minha partida de El Salvador, após uma semana de trabalho para uma série de reportagens sobre a violência no país. Guerrilheiros e militantes de esquerda lutavam contra uma junta militar, empenhados em derrubar uma ditadura de centro-direita, instalada cinco meses antes com apoio dos Estados Unidos. Marquei uma entrevista com D. Oscar Romero, arcebispo de San Salvador, a capital. Ele me recebeu em seu escritório no Seminário São José com mais dois jornalistas, um americano, do jornal Dallas Times Herald, e um alemão, da agência de notícias DPA.

"O senhor não tem medo de morrer?", perguntei ao arcebispo, quando ele se referiu à sua ação pastoral como mediador, que denunciava os extremismos de direita e de esquerda e lia, nas missas dominicais, a relação de mortos e de desaparecidos da semana anterior. A igreja ficava sempre lotada. Havia ameaças contra ele, e eu queria saber se não temia ser assassinado.

"Em Salvador, todos temos medo. Eu prego a verdade e a justiça. Prego um Evangelho que é o Cristo, solução por caminhos de paz e de amor. Pode parecer ridículo pregar isso, mas é a solução. As soluções violentas não são dignas do homem nem são estáveis. A violência é uma espécie de operação cirúrgica para que o doente se cure logo. A Igreja admite a violência quando não há outro caminho, mas é preciso que seja apenas uma passagem. A insurreição como insurreição não tem sentido", respondeu D. Oscar.

O arcebispo admitiu o risco de ser morto e, três dias depois, levou um tiro no peito, por volta das 18h30 da segunda-feira, 24 de março, enquanto celebrava a missa no Hospital da Providência. Foi um único disparo, ninguém percebeu de onde saiu a bala. O assassino fugiu, após um ronco do motor de um carro que escapou em disparada.

A polícia atribuiu o crime a um atirador contratado pela extrema direita. A Comissão da Verdade da Organização das Nações Unidas (ONU) apurou que o mandante do assassinato foi o major Roberto d' Aubuisson, fundador da Alianza Republicana Nacionalista, em 1981.

No fim da entrevista ao Estado, D. Oscar escreveu um cartão, pedindo-me para entregá-lo a D. Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo. O cardeal revelou o conteúdo da mensagem em sua autobiografia, Da Esperança à Utopia, publicada pela editora Sextante em 2001. O arcebispo de San Salvador dizia "que nunca esquecia o Brasil e as vítimas do governo ditatorial em suas preces e particularmente em sua missa". Os dois arcebispos eram amigos desde 1979, quando se conheceram durante a Conferência do Episcopado Latino-Americano de Puebla, no México.

Tranquilo e afável. D. Oscar Arnulfo Romero y Galdamez, então com 62 anos, nasceu em Ciudad Barrios, a 138 quilômetros de San Salvador. Era um homem tranquilo e afável que não se alterava nem quando falava da terrível situação de seu pequeno país, de 21.040 quilômetros quadrados e cerca de 4,5 milhões de habitantes em 1980. Combatia os extremismos, cuja luta custou mais de 75 mil mortos em 13 anos de guerra civil. A direita o odiava, a esquerda o olhava com desconfiança.

"Critiquei as organizações populares (de esquerda), mas a reação do governo é desproporcional e as vítimas são mais numerosas nas esquerdas. A resposta às provocações não deve ser somente militar. É preciso ouvir a voz que clama por justiça. Nos últimos dias, houve vítimas que não morreram em choques, mas em suas casas, após sequestros e torturas", disse d. Oscar. "Dou números comprovados, temos documentos em nosso Socorro Jurídico: foram mais de 600 os mortos em janeiro e fevereiro", acrescentou.

Apesar de tudo, d. Oscar ainda confiava na Junta Revolucionária que tomou o poder em outubro de 1979, porque dela participava o Partido Democrata Cristão. Mantinha um diálogo com o governo para solução de problemas. "Chamam-me, às vezes, da Casa Presidencial, ou eu recorro, quando necessário, a membros do governo. Sou um mediador em favor do povo. Quando há ameaças de um massacre, por exemplo, entro em contato com o governo. Mas eles também costumam recorrer a mim."

A fama de santidade, primeira condição para a abertura do processo de beatificação e canonização, alastrou-se por El Salvador e outros países imediatamente. Chamado de mártir das Américas por ter dado a vida em defesa dos direitos dos pobres e perseguidos, D. Oscar ganhou devotos pelo mundo afora. O papa João Paulo II rezou junto de seu túmulo, quando visitou San Salvador em março de 1983. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O papa Francisco beatificou neste domingo (19) na Praça São Pedro seu antecessor italiano Paulo VI, saudando também o fim de um polêmico sínodo sobre a família, o Concílio Vaticano II (1962-1965) e o espírito de criatividade na Igreja.

Sob um belo sol de outono, Francisco pediu que todos os participantes do sínodo "vençam o medo diante das surpresas de Deus". "Deus nos conduz por caminhos imprevistos", disse Francisco, referindo-se aos debates a respeito de aspectos sociais espinhosos para a Igreja (uniões livres, divórcio, homossexualidade) que dominaram o sínodo.

Na presença do papa emérito Bento XVI - calorosamente saudado - e diante de uma Praça São Pedro lotada, Jorge Bergoglio pediu em latim que "o venerável servidor de Deus, Paulo VI, seja feito bem-aventurado". Ele anunciou que seu dia será o 26 de setembro.

Uma grande imagem de Paulo VI sorridente e abrindo os braços foi exibida na basílica. "A este grande papa, este corajoso cristão, este apóstolo incansável, podemos dizer hoje diante de Deus apenas uma palavra tão simples quanto sincera e importante: obrigado!"

Interrompido pelos aplausos da multidão, ele prosseguiu: "Obrigado querido e amado papa Paulo VI! Obrigado por seu testemunho humilde e profético!"

Paulo VI, que concluiu o Vaticano II iniciado por seu antecessor João XXIII e instituiu o "sínodo" - um órgão colegiado -, foi beatificado ao final do sínodo sobre a família convocado por Francisco, na presença de cardeais de todo o mundo. Em abril, Francisco havia canonizado João XXIII (1958-1963) e João Paulo II (1978-2005).

Francisco cita com frequência Paulo VI, um papa de aparência frágil que, como ele, promoveu um diálogo sincero com o mundo "como ele é". Ele é respeitado por ter estabelecido muitos fundamentos da Igreja moderna, embora tenha sido criticado, até mesmo dentro da Igreja, por sua rejeição à pílula anticoncepcional em 1968.

Jorge Bergoglio tinha entre 26 anos e 41 anos durante o pontificado de Paulo VI. Ele foi fortemente influenciado por esse período, em que acompanhava em Buenos Aires os acalorados debates em torno da Teologia da Libertação na América Latina.

Cura no ventre materno

No início de 2014, a Congregação Vaticana para a Causa dos Santos reconheceu um primeiro milagre para permitir a sua beatificação: a cura de uma criança americana em 2001 vítima de uma má-formação dentro do útero. Os médicos achavam melhor que a mãe abortasse, mas ela se recusou, rezando para Paulo VI. A criança tem hoje treze anos e está bem de saúde.

A beatificação pode abrir o caminho para uma canonização, se um outro milagre for reconhecido. A Fraternidade Sacerdotal São Pio X, grupo ultra-conservador que rompeu com Roma, considera que esse papa "introduziu na Igreja um liberalismo doutrinal marcado por erros como a liberdade religiosa, a colegialidade e o ecumenismo".

Em oposição, o movimento de contestação "Nós somos a Igreja" criticou a sua encíclica Humanae Vitae que se pronuncia contra a contracepção: "o papado e os ensinamentos da Igreja sobre a sexualidade perderam sua credibilidade".

Em março, consultado pelo jornal Corriere della Sera sobre a "Humanae Vitae", o papa Francisco elogiou "a coragem" que Paulo VI demonstrou a "se opor ao neomalthusianismo presente e futuro".

O avanço do ecumenismo, as encíclicas sobre a paz, a justiça social e a desigualdade Norte-Sul, o apoio à Ostpolitik na Alemanha Ocidental, o diálogo com os artistas e com os não-católicos, as viagens intercontinentais, uma primeira reforma da cúria: todas essas questões estão relacionadas a esse papa intelectual, de voz hesitante, incompreendido.

A relíquia de Paulo VI apresentada aos fiéis é uma vestimenta manchada com o sangue do pontífice depois que ele sofreu uma tentativa de assassinato em novembro de 1970, em Manila, Filipinas.

Seu túmulo em mármore branco, simples, não será transferido para o nível principal da cripta de São Pedro, uma decisão tomada de acordo com a sua humildade.

O Vaticano informou neste sábado que a cerimônia de beatificação do papa Paulo VI foi marcada para 19 de outubro, após o reconhecimento de um milagre atribuído a ele. Esse é o primeiro passo para a elevação do pontífice, morto em 1978, à santidade.

O aparente milagre identificado pela Congregação para as Causas dos Santos - órgão da Igreja Católica responsável pelos processos de santificação - foi a cura de um feto que estava com uma doença relatada pelos médicos como incurável.

##RECOMENDA##

Paulo VI, nascido Giovanni Montini na Itália em 1897, governou a Igreja Católica entre 1963 e 1978. Ele foi o responsável por dar continuidade ao Concílio Vaticano II, encontro das autoridades eclesiásticas convocado pelo antecessor João XXIII e que tinha como objetivo modernizar o catolicismo.

O papado dele foi marcado por seus esforços para buscar laços mais estreitos com outras denominações cristãs, mas sua encíclica Humanae Vitae, de 1968, foi controversa em falar da proibição de todas as formas de contracepção artificial.

O trâmite da Igreja Católica exige que um milagre seja reconhecido para que haja a beatificação e dois milagres para a elevação à santidade. Fonte: Dow Jones Newswires.

O Papa Paulo VI, que comandou a Igreja Católica de 1963 a 1978, será beatificado no final do Sínodo dos Bispos em outubro, indicou nesta terça-feira uma fonte próxima ao caso.

O Vaticano ainda não anunciou oficialmente a informação, que tem sido cogitada como provável há algumas semanas, com o Papa Francisco citando em várias ocasiões o seu predecessor italiano como uma de suas referências.

De acordo com a agência de notícias italiana Ansa, a cura inexplicável de um feto, atribuída ao Papa Paulo VI, foi confirmada pela Congregação para as Causas dos Santos como um milagre para a sua beatificação.

Giovanni Battista Montini, nascido em 1897, tornou-se Papa em junho de 1963 com o nome de Paulo VI.

Foi ele quem conduziu até a conclusão o Concílio Vaticano II, iniciado por seu antecessor, João XXIII, que abriu a Igreja Católica para outras religiões e para a sociedade.

Ele tem sido frequentemente citado pelo Papa Francisco e sua obra é constantemente reavaliada.

Em 27 de abril, os Papas João Paulo II e João XXIII foram canonizados durante uma cerimônia presidida por Francisco na Praça de São Pedro.

O Papa da modernização, que enfrentou a contestação pós-Vaticano II, Paulo VI, terá seus 15 corajosos anos de serviços prestados à Igreja recompensados por Bento XVI: suas "virtudes heróicas" foram reconhecidas nesta quinta-feira, um primeiro passo para a sua beatificação.

Trinta e quatro anos após sua morte, Bento XVI assinou o decreto que torna "venerável" este Papa italiano de silhueta frágil e rosto grave.

Para que a beatificação aconteça é necessário que seja reconhecido ao menos um milagre, mas vários casos de curas milagrosas por intercessão de Paulo VI já foram apresentados pelas dioceses.

A beatificação, que é um estágio anterior à canonização, pode acontecer no fim do próximo ano, o proclamado "Ano da Fé", uma maneira de Bento XVI confirmar a importância do grande Concílio Vaticano II que Giovanni Battista Montini concluiu em 1965.

Entre todos os Papas do pós-guerra, João Paulo II (em tempo recorde) e João XXIII já são veneráveis.

Já a beatificação do "Papa sorriso" João Paulo I, que reinou um pouco mais de um mês entre Paulo VI e o Papa polaco, está em andamento. Como Pio XII, um decreto de 2009 de Bento XVI o tornou "venerável", mas, desde então, a situação está progredindo lentamente por causa das críticas à sua atitude, considerada por alguns como passiva durante o Holocausto.

O italiano Giovanni Battista Montini, ex-arcebispo de Milão e um dos maiores colaboradores de Pio XII, assumiu a liderança da Igreja em 1963, em pleno Concílio, após a morte de João XXIII. Ele dirigiu três das quatro sessões de padres conciliares.

"Pontificado atormentado", "Papa esquartejado": estas expressões floresceram após a morte deste pontífice, que os observadores ao redor do mundo criticaram por ter lidado com a crise na Igreja causando uma saída em massa de sacerdotes e o início da secularização.

Paulo VI teve um pontificado particularmente ativo, marcado pelas primeiras viagens de um Papa ao redor do mundo, da Índia à Uganda e Colômbia, das Nações Unidas à Terra Santa, e encíclicas importantes. Ele iniciou um diálogo sem precedentes com as nações e outras religiões.

Pontífice escrupuloso, prestou atenção a todas as mudanças no mundo e as situações de injustiça da guerra. Ele teve de gerir internamente o início da divisão fundamentalista, as violentas brigas litúrgicas, a teologia da libertação, a contestação dos dogmas, tudo isso no contexto da primavera de maio de 1968.

Ele enfrentou as mais duras críticas por dizer não, depois de meses de hesitação, à contracepção na encíclica "Humanae Vitae", em 1968: uma decisão que o rotulou como retrógrado, depois de construir uma imagem de abertura. O alcance da contestação na Igreja o levou muitas vezes a tomar posições rigorosas, consideradas como de direita pelos críticos.

Hoje recebeu uma homenagem: "depois de conduzir até a sua conclusão o Concílio, conseguindo uma aprovação quase unânime, foi testemunha da contestação, continuando a repetir em seus discursos e encíclicas o Credo da Igreja, sem nunca dar um passo atrás no caminho certo pelo Concílio Vaticano II ", resumiu o vaticanista do La Stampa, Andrea Tornielli.

Sinal do reconhecimento geral da Igreja, os teólogos e cardeais reunidos no "ministério" das Causas dos Santos, manifestaram opiniões favoráveis unânimes.

Joseph Ratzinger, que foi feito arcebispo de Munique e cardeal pelo Papa Paulo VI em 1977, seguiu de perto e de forma positiva todo o longo processo.

A causa foi defendida com sucesso pelo postulador da causa de beatificação, padre Antonio Mazzarro. Entre outros eventos inexplicados, uma cura na Califórnia está no caminho de ser reconhecida como um milagre de Montini. Trata-se de uma criança que teve uma doença grave detectada antes de seu nascimento. Sua mãe não quis abortar em 1996. O bebê nasceu sem nenhum problema físico e continua saudável 16 anos depois.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando