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A insônia que afetava o papa Bento XVI foi o "motivo central" de sua renúncia em 2013, revelou o líder religioso em uma carta enviada semanas antes de sua morte a seu biógrafo, e divulgada nesta sexta-feira (27) por uma revista alemã.

O papa emérito, que faleceu em 31 de dezembro aos 95 anos, enviou uma carta em 28 de outubro a seu biógrafo, o alemão Peter Seewald.

No texto, divulgado pela revista Focus, Joseph Ratzinger explica que "o motivo central" de sua renúncia à liderança da Igreja Católica em fevereiro de 2013 foi a "insônia que (o) acompanhava sem interrupção desde a Jornada Mundial da Juventude de Colônia", em agosto de 2005, meses depois de ter sido eleito sucessor de João Paulo II.

O médico particular do pontífice receitou na ocasião "remédios potentes", que em um primeiro momento permitiram a manutenção da carga de trabalho.

Mas, de acordo com o papa emérito, os soníferos atingiram seus "limites" com o tempo.

Tomar remédios para dormir também teria provocado um incidente durante uma viagem ao México e a Cuba em março de 2012.

Na primeira manhã da viagem, Bento XVI encontrou seu lenço "totalmente encharcado de sangue", segundo a carta citada pela revista Focus. "Devo ter batido em alguma coisa no banheiro e caído", escreveu.

Depois de um atendimento médico, os ferimentos não ficaram visíveis. Um novo médico insistiu, depois do incidente, por uma redução do uso de pílulas para dormir por parte de Bento XVI. Também recomendou que ele só participasse de eventos matinais durante as viagens ao exterior.

Na carta, Ratzinger afirma que tinha consciência de que as restrições médicas "seriam possíveis apenas por um curto período de tempo".

A constatação o levou a renunciar em fevereiro de 2013, poucos meses antes da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, que ele não se considerava capaz de "enfrentar".

Desta forma, ele renunciou ao posto de líder da Igreja Católica com antecedência suficiente para permitir que seu sucessor, o papa Francisco, cumprisse a visita ao Brasil.

O papa emérito Bento XVI, que surpreendeu o mundo com sua renúncia, morreu no mosteiro dos jardins do Vaticano, onde passou os anos de sua aposentadoria.

Seu pontificado foi marcado por várias crises, como o escândalo Vatileaks em 2012, que revelou uma ampla rede de corrupção no Vaticano, ou os casos de abusos sexuais contra menores de idade cometidos por religiosos em vários países.

As visitas ao túmulo do papa emérito Bento XVI, sepultado nesta quinta-feira (5) nas criptas da Basílica de São Pedro, no Vaticano, não devem começar antes do próximo domingo (8).

Questionado por jornalistas sobre a abertura da visitação, o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, disse que ainda é preciso concluir as obras no local. "Não acho que será antes de domingo", afirmou.

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A Basílica de São Pedro será reaberta ao público já nesta quinta, mas não será possível descer até as criptas para ver a tumba de Bento XVI.

Joseph Ratzinger foi sepultado no mesmo túmulo que antes pertencia a São João Paulo II, cujo corpo foi levado para a parte de cima da basílica após sua beatificação, em 2011.

Da Ansa

O papa Francisco se despediu nesta quinta-feira (5) de seu antecessor Bento XVI, falecido no sábado (31) aos 95 anos, em funeral solene realizado diante de milhares de fiéis e de personalidades do mundo todo reunidos na Praça de São Pedro.

"Bento (...) que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente, e para sempre, a voz" do Senhor, pediu o papa durante a missa presidida em cadeira de rodas.

No último adeus, Francisco destacou sua "entrega contínua nas mãos de seu Pai. Mãos de perdão e compaixão, de cura e misericórdia, mãos de unção e de bênção", pouco antes de o caixão ser transportado para o interior da Basílica de São Pedro para sepultamento.

O papa argentino falou diante do caixão de madeira, onde jaz o corpo de Joseph Ratzinger, com uma cópia dos Evangelhos em cima e colocado no átrio da Basílica.

A presença de um papa no funeral de seu predecessor não tem precedentes na história recente da Igreja.

Francisco esteve rodeado por cinco cardeais no altar instalado no átrio que domina a imensa esplanada.

Terminada a missa, de pé, apoiado por uma bengala e sem paramentos, Francisco abençoou o caixão e tocou-o com a mão para se despedir.

- "Santo subito" -

Entre os fiéis que assistiram à cerimônia estavam muitos padres e freiras, que fizeram fila desde a madrugada para entrar na Praça.

"Para mim, ele é um grande 'doutor' (título para santos eruditos) da Igreja. Sempre pensei assim", disse à AFP a freira mexicana Erica Merino Peña, uma das primeiras a entrar.

Um cartaz com "Santo subito" se destacava entre a multidão, lembrando os cânticos da multidão, em 2005, que pedia a rápida canonização de João Paulo II.

O funeral do pontífice alemão, que renunciou ao trono de Pedro em 2013 após oito anos de pontificado, foi "solene, mas sóbrio", como desejava Bento XVI.

A cerimônia teve início às 9h30 (5h30 de Brasília). Durou uma hora e 20 minutos e foi concelebrada por pelo menos 4.000 religiosos, entre cardeais e bispos de todo mundo.

Entre os presentes, estavam vários chefes de Estado e de Governo, incluindo os presidentes de Itália, Polônia, Hungria, Portugal, o rei Felipe da Bélgica e a rainha emérita espanhola Sofia, além de diplomatas de várias nacionalidades.

Cerca de 50.000 pessoas compareceram, segundo fontes do Vaticano.

No total, 195 mil pessoas passaram durante três dias pelo velório, de segunda a quarta-feira. O corpo de Joseph Ratzinger foi colocado em um catafalco coberto por um pano dourado, rodeado por dois guardas suíços vestidos de gala, em frente ao altar-mor da Basílica de São Pedro.

Bento XVI, que nos últimos dez anos se manteve afastado da vida pública em um mosteiro no Vaticano, será sepultado na cripta da Basílica.

- Medalhas -

Como Joseph Ratzinger renunciou ao ministério antes de morrer, seu funeral respeitou parte da liturgia reservada aos papas, mas "com algumas diferenças", observou o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni.

Manteve-se a tradição de colocar sobre o caixão de cipreste as medalhas e moedas cunhadas durante seu reinado, bem como os pálios.

Um breve resumo do pontificado também foi colocado dentro do caixão, antes de ser selado e colocado em um de zinco.

Nesta quinta-feira, o Vaticano divulgou o texto, no qual se refere a Bento XVI como "papa emérito" e cita a frase em latim por ele pronunciada durante sua renúncia em 11 de fevereiro de 2013.

Será sepultado nas Grutas do Vaticano, no túmulo que pertenceu a João Paulo II até que ele fosse transferido para uma capela em São Pedro, após ser beatificado.

Na Alemanha, a conferência episcopal convidou as igrejas do país a tocarem os sinos às 11h, em homenagem ao primeiro papa alemão da era moderna.

Nascido em 1927, Joseph Ratzinger ensinou teologia por 25 anos na Alemanha, antes de ser nomeado arcebispo de Munique.

Após um pontificado marcado por múltiplos escândalos e intrigas e tendo passado os últimos dez anos de sua vida rezando e estudando, Bento XVI foi acusado no início de 2022 de ter acobertado quatro padres pedófilos quando era arcebispo na Alemanha. Ele negou este caso até o fim de sua vida.

Centenas de fiéis fazem fila nesta terça-feira (3) para o segundo dia de velório público do papa emérito Bento XVI, morto no último dia 31 de dezembro, aos 95 anos de idade.

A despedida acontece na Basílica de São Pedro, no Vaticano, até esta quarta (4), sempre das 7h às 19h (horário local). Já o funeral será celebrado na quinta-feira (5) pelo papa Francisco, que se tornará o primeiro pontífice na história a presidir o rito fúnebre de um antecessor.

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O primeiro dia de velório público de Joseph Ratzinger, na última segunda (2), reuniu cerca de 65 mil pessoas, de acordo com o Vaticano. Já nesta terça, começaram a chegar em Roma as primeiras delegações e personalidades estrangeiras, como o líder da Igreja Católica Siríaca, Inácio José III Younan.

"Sempre tive a convicção de que Bento XVI era um verdadeiro homem de Deus, um exemplo para todos que foram chamados a seguir Jesus", disse o patriarca.

Bento XVI morreu no último dia de 2022, após uma piora em seu estado de saúde no período de Natal, quando ele começou a apresentar problemas respiratórios.

Nascido na pequena cidade de Marktl am Inn, no estado alemão da Baviera, em 16 de abril de 1927, Ratzinger governou a Igreja Católica entre 2005 e 2013, quando se tornou o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos.

Da Ansa

Dezenas de milhares de fiéis passaram pelo corpo de Bento XVI, exposto na capela funerária da basílica de São Pedro, no Vaticano, para se despedir, nesta segunda-feira (2), do papa emérito, falecido no sábado aos 95 anos.

A longa fila chegou até a imensa Praça de São Pedro e rodeava as famosas colunas de Bernini, guardadas por um importante dispositivo de segurança e também por centenas de jornalistas do mundo inteiro que foram cobrir o enterro do papa.

Após o fechamento das portas da Basílica, às 19h locais (15h em Brasília), o Vaticano informou que cerca de 65 mil pessoas foram se despedir do papa emérito.

"Foi um grande papa, profundo e único", afirmou a italiana Francesca Gabrielli, que viajou da Toscana para visitar a capela ardente.

O corpo de Joseph Ratzinger jaz em um catafalco coberto por um tecido dourado e cercado por dois guardas suíços com trajes de gala, em frente ao altar mor da basílica, dominado pelo baldaquino em bronze preto com imponentes colunas retorcidas, desenhadas pelo mestre do barroco Gian Lorenzo Bernini.

Vários cardeais e membros da Cúria Romana velam o morto, enquanto o secretário particular por anos do papa emérito, o bispo Georg Gänswein, recebe as condolências das autoridades.

"Senhor, eu te amo". Estas foram as últimas palavras pronunciadas em italiano pouco antes de Bento XVI falecer, no sábado, na presença de uma enfermeira, relatou o bispo Gänswein.

Os fiéis entravam em silêncio pelo corredor central do maior templo católico do mundo, a maioria fotografando com seus celulares o corpo do papa emérito, vestido de branco com uma casula vermelha, cor do luto papal, uma mitra branca com borda dourada e um rosário nas mãos. Seu rosto está quase irreconhecível.

Alguns rezavam ou faziam o sinal da cruz ao passar em frente ao corpo.

Um círio alto, junto de muitas velas, iluminam parte do recinto, enquanto o cheiro de incenso perfuma o ambiente.

Entre os primeiros a chegar para se despedir de Bento XVI estava a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o presidente da República, Sergio Mattarella.

O corpo do primeiro pontífice alemão da era moderna foi trasladado durante a madrugada da capela privada do Mosteiro Mater Ecclesiae, onde residiu desde sua renúncia, em 2013, nos jardins do Vaticano, até a basílica em uma cerimônia privada.

Na terça e na quarta-feira, os fiéis ainda poderão visitar a basílica das 3h às 15h de Brasília (06h às 18h GMT) para velar Joseph Ratzinger, o teólogo brilhante e fervoroso guardião do dogma, conhecido por suas posições conservadoras, que renunciou ao cargo após oito anos de pontificado, alegando não ter mais condições para chefiar o Vaticano.

O papa Francisco prestou várias homenagens públicas ao "amado" Bento XVI, "fiel servidor do Evangelho e da Igreja", recordando sua "bondade", "nobreza", "testemunho de fé e de oração, sobretudo, nestes últimos anos de vida de afastamento".

- Funeral de um papa sem funções -

Francisco presidirá na quinta-feira os funerais solenes de Bento XVI na Praça de São Pedro.

O funeral de um papa emérito, ou seja, sem funções, não tem um protocolo específico, motivo pelo qual se decidiu seguir alguns dos passos a serem adotados no caso do falecimento de um pontífice em exercício.

Esta é a primeira vez na história que um papa preside o funeral de seu antecessor.

Inédita e sóbria, a cerimônia começará às 5h30, horário de Brasília (08h30 GMT), conforme anunciado pelo Vaticano.

A casa real espanhola confirmou a presença no sepultamento da rainha Sofia, esposa do rei emérito Juan Carlos I. O presidente polonês, Andrzej Duda, também irá na quinta-feira.

Com este ato, terminará a saga dos "dois papas", os dois vestidos de branco, que conviveram por quase uma década no menor Estado do mundo.

Ao fim da cerimônia, o caixão do pontífice emérito será enterrado nas grutas vaticanas, debaixo de São Pedro, na mesma cripta onde o corpo de João Paulo II esteve até 2011, informou nesta segunda-feira o porta-voz do Vaticano, Matteu Bruni.

Após oito anos de pontificado marcados por múltiplas crises e escândalos, e tendo passado os últimos dez anos de sua vida rezando e estudando, Bento XVI foi acusado, no início de 2022, de ter acobertado quatro padres pedófilos quando era arcebispo na Alemanha. Uma mancha que maculou seu papado e que ele negou até o fim de sua vida.

"Sabia de muitas coisas. Uma pena que não ajudou a expor esses escândalos", lamentou a alemã Valeria Michalak, depois de prestar-lhe sua homenagem na basílica.

Com a abertura, nesta segunda-feira (2), do velório de Bento XVI, falecido no sábado (31), aos 95 anos, centenas de fiéis poderão velar o papa emérito durante três dias, na Basílica de São Pedro.

No caixão, as vestes do corpo em exposição indicam que não estava reinando. A Igreja Católica, que costuma se comunicar por meio de seus símbolos sagrados, anuncia, assim, que o pontífice reinante não faleceu.

Por isso, o corpo de Bento XVI não porta a Férula, espécie de bastão em forma de cruz e chamada de cruz pastoral.

Segundo fontes religiosas, para determinar os paramentos com que será sepultado na quinta-feira (5), em uma cripta na Basílica de São Pedro, o primeiro papa emérito da história, ou seja, sem funções, foi necessário estabelecer novas regras.

Por isso, não usa o pálio pontifício, fita circular com cruzes que os papas carregam nos ombros.

Esse pálio indica a jurisdição dos arcebispos metropolitanos e foi-lhe concedido três vezes: em 1977, com sua nomeação como arcebispo de Munique e de Freising, na Alemanha, em 2002, quando se tornou decano do Colégio dos Cardeais; e em 2005, quando foi eleito papa, segundo o vaticanista Francesco Grana.

O corpo de Joseph Ratzinger, que foi especialmente tratado para ser exposto na Basília de São Pedro, foi vestido com a batina branca usada desde sua eleição ao trono de Pedro, em 19 de abril de 2005, até sua morte, em 31 de dezembro de 2022.

A decisão gerou debates teológicos ainda em vida, pois alguns estudiosos e especialistas consideraram que não era correto ele usar a batina branca papal e residir no Vaticano após sua renúncia.

O falecido também veste uma casula vermelha e uma mitra branca adornada com ouro, ambos emblemas do luto papal. O rosário foi entrelaçados em suas mãos.

O que mais surpreende é o sapato preto, já que o vermelho, usado por João Paulo II, Paulo VI e João Paulo I, evoca o sangue derramado pelos mártires que seguiram as pegadas de Cristo.

Essa tradição foi quebrada pelo papa Francisco, que prefere usar vermelho apenas por baixo e optou por sapatos pretos que sempre usou e com os quais chegou ao Vaticano.

Segundo os vaticanistas, Ratzinger será enterrado com o anel episcopal, e não com o anel do pescador, usado por ele durante seus oito anos de pontificado (2005-2013). A joia foi destruída logo após sua renúncia, em 28 de fevereiro de 2013.

O Vaticano divulgou neste domingo (1°) quais foram as últimas palavras do papa emérito Bento XVI, que morreu no sábado (31). O enfermeiro afirma ter ouvido o pontífice dizer, por volta das três horas da madrugada do sábado, "Deus, eu te amo". De acordo com o relato, a frase foi proferida em italiano, com um fio de voz, porém audível.

"Foram as suas últimas palavras compreensíveis, porque sucessivamente não foi mais capaz de se expressar", afirmou o bispo Georg Gänswein, secretário do papa aposentado. Naquele momento, o enfermeiro estava sozinho com Bento XVI, que morreu às 9h34 do dia 31, no horário da Itália.

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A Santa Sé publicou um testamento espiritual de Joseph Ratzinger, redigido em 29 de agosto de 2006, em que o religioso pede, entre outros pontos, "de coração, perdão a quem ele possa ter prejudicado ao longo da sua vida".

Em fevereiro deste ano, um relatório independente alemão acusou Bento de inação diante dos abusos cometidos no arcebispado de Munique no período em que Ratzinger foi arcebispo, entre 1977 e 1982. Em resposta, três dias depois, ele afirmou que nunca encobriu casos do tipo quando tinha "importantes responsabilidades na Igreja Católica".

Seu papado - que durou de 2005 até 2013, quando renunciou e foi sucedido por Francisco - também foi marcado por denúncias de abuso sexual cometidos por clérigos. Esses escândalos elevaram a pressão sobre a Igreja Católica. Bento XVI foi o primeiro ocupante do trono de São Pedro a deixar o cargo em quase 600 anos.

Velório será aberto e vai durar 3 dias

O Papa Francisco rezou ontem em homenagem a Bento XVI, e novamente expressou gratidão por uma vida de serviços de seu antecessor à Igreja Católica, um dia após a morte do papa emérito. A Basílica de São Pedro, no Vaticano, receberá o caixão de Bento XVI a partir de hoje. Espera-se que milhares de fiéis compareçam para prestar homenagens em um rito de despedida que terá duração de três dias.

O pontífice emérito morreu na manhã de sábado, aos 95 anos, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Neste domingo, o corpo de Bento estava sobre um caixão cor de vinho na capela do mosteiro, vestido com uma mitra, e uma vestimenta vermelha semelhante a um manto. Um rosário foi colocado em sua mão. Atrás dele, visível em fotos divulgadas pela Santa Sé, estava o altar da capela e uma árvore de Natal decorada.

O corpo de Bento XVI ficará exposto em na capela da Basílica de São Pedro a partir da manhã de hoje para que os fiéis possam se despedir. A basílica ficará aberta por dez horas, mas esse período aumentará na terça e na quarta-feira, para que os fiéis possam homenageaar o papa falecido.

Na quinta-feira (5), pela manhã, Francisco presidirá o funeral na Praça de São Pedro, na presença de fiéis e delegações oficiais da Itália e do país de origem de Bento XVI, a Alemanha. Em seguida, o corpo do pontífice emérito será sepultado na cripta sob a Basílica de São Pedro, onde muitos outros papas também estão sepultados. A intenção é de que a despedida seja solene mas sóbria, respeitando o desejo expresso pelo próprio Bento XVI. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Milhares de fiéis madrugaram, nesta segunda-feira (2), para dar seu último adeus ao papa emérito, Bento XVI, na capela funerária instalada na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Bento XVI faleceu no sábado (31), aos 95 anos.

A longa fila chegava à imensa Praça de São Pedro e rodeava as famosas colunas de Bernini, guardadas por um importante dispositivo de segurança e também por centenas de jornalistas do mundo inteiro que foram cobrir o enterro do papa.

"Estou aqui desde as seis da manhã. Me pareceu normal vir homenagear o papa, depois de tudo o que ele fez pela Igreja", disse à AFP a freira italiana Anna Maria.

"Foi um grande papa, profundo e único", elogiou a italiana Francesca Gabrielli, que saiu da Toscana para se despedir de Joseph Ratzinger.

O corpo do primeiro pontífice alemão da era moderna foi transferido, na madrugada, da pequena capela privada do Mosteiro Mater Ecclesiae, onde residia desde sua renúncia em 2013, nos jardins do Vaticano, para a basílica no curso de uma cerimônia privada, informou a assessoria de imprensa do Vaticano.

Vários cardeais e membros da Cúria Romana velam o morto, enquanto o secretário particular por anos do papa emérito, o bispo Georg Gänswein, recebe as condolências das autoridades.

"Senhor, eu te amo" foram as últimas palavras pronunciadas em italiano pouco antes de ele falecer, no sábado, na presença de uma enfermeira, relatou o bispo Gänswein.

Os fiéis entram em silêncio pelo corredor central do maior templo católico do mundo, a maioria fotografando com seus celulares o corpo do papa emérito.

Alguns rezam, ou fazem o sinal da cruz, ao passar por seus restos mortais.

Um círio alto e muitas velas iluminam parte do recinto, enquanto o cheiro de incenso perfuma o ambiente.

Entre os primeiros a chegar para se despedir de Bento XVI, estavam a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o presidente da República, Sergio Mattarella.

As autoridades de Roma estimam que cerca de 30.000 pessoas por dia visitarão a capela.

As portas da imensa basílica permanecerão abertas ao público das 9h locais (5h em Brasília) às 19h (15h em Brasília) desta segunda-feira. Na terça e na quarta-feira, a visita será das 3h às 15h (ambos, horário de Brasília). O acesso é gratuito e sem necessidade de agendamento prévio, especificou o Vaticano.

O papa Francisco prestou várias homenagens públicas ao "amado" Bento XVI, "fiel servidor do Evangelho e da Igreja", recordando sua "bondade", "nobreza", "testemunho de fé e de oração, sobretudo, nestes últimos anos de vida aposentada".

Nas imagens divulgadas pelo Vaticano no domingo, o falecido aparece deitado sobre um catafalco, vestido de branco com uma casula vermelha, cor do luto papal, com uma mitra branca debruada a ouro e um rosário entrelaçado nas mãos.

A pequena capela privada do mosteiro, onde o pontífice emérito residia desde sua renúncia em 2013, localizado em meio aos jardins do Vaticano, é um espaço particularmente sóbrio, com crucifixo, uma árvore de Natal e um presépio, contrastando com os imponentes salões e altares barrocos da Basílica de São Pedro onde agora se encontra exposto ao público.

Na quinta-feira (5), Francisco presidirá o funeral do papa emérito na imensa praça de São Pedro.

- Funeral de um papa sem funções -

O funeral de um papa emérito, ou seja, sem funções, não tem um protocolo específico, motivo pelo qual se decidiu seguir alguns dos passos a serem adotados no caso do falecimento de um pontífice em exercício. Esta é a primeira vez na história que um papa preside o funeral de seu predecessor.

Inédita e sóbria, a cerimônia começará às 5h30 (horário de Brasília), conforme anunciado pelo Vaticano.

Com este ato, termina a saga dos "dois papas", os dois vestidos de branco, que conviveram por quase uma década no menor Estado do mundo.

Em 2005, o corpo de João Paulo II, o último papa a morrer, foi exposto no Vaticano para receber a homenagem de inúmeros chefes de Estado e de Governo, além de fiéis que ficaram horas em longas filas.

Um milhão de pessoas compareceram ao funeral do carismático papa polonês. Embora a popularidade de Bento XVI nunca tenha alcançado a de João Paulo II, o pontífice alemão, que reinou de 2005 a 2013, foi chefe de Estado e, como tal, será homenageado por altas autoridades e fiéis.

Ao fim da cerimônia, o caixão do pontífice emérito será enterrado nas grutas vaticanas, debaixo de São Pedro, onde se encontram os túmulos dos papas, informou o Vaticano em um comunicado.

Após oito anos de pontificado marcados por múltiplas crises e escândalos, e tendo passado os últimos dez anos de sua vida rezando e estudando, Bento XVI foi acusado, no início de 2022, de ter acoberto quatro padres pedófilos quando era arcebispo na Alemanha. Uma mancha que maculou seu papado e que ele negou até o fim de sua vida.

O papa Francisco inaugurou o ano de 2023, neste domingo (1º), com uma homenagem ao “amado” pontífice emérito Bento XVI, falecido na véspera (31), cujo funeral será presidido pelo argentino na próxima quinta-feira (5), no Vaticano.

"Hoje confiamos à Santíssima Madre o amado papa emérito Bento XVI para que o acompanhe em sua passagem deste mundo para Deus", disse o papa durante a missa solene do primeiro dia do ano na Basílica de São Pedro.

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"Nos unimos todos juntos, com um só coração e uma só alma, para dar graças a Deus pelo dom deste fiel servidor do Evangelho e da Igreja", afirmou o pontífice argentino da janela do palácio apostólico ao meio-dia (horário local), por ocasião do Ângelus dominical.

A multidão reunida na Praça de São Pedro, incluindo vários representantes de países em guerra com suas bandeiras, aplaudiu as palavras de Francisco, que depois fez um minuto de silêncio.

"Bento XVI foi uma grande pessoa, muito simples e humilde", disse à AFP a professora italiana Paola Filippa, de 58 anos.

Ontem, Francisco fez uma comovente homenagem a seu antecessor, o alemão Joseph Ratzinger, primeiro papa a renunciar na história moderna.

O brilhante teólogo e ferrenho guardião do dogma morreu no sábado, aos 95 anos, após vários dias de agonia no mosteiro dentro do Vaticano, onde residia desde sua renúncia, em 2013

"Com emoção, recordamos com emoção uma pessoa tão nobre e bondosa", disse Francisco durante as orações de Ano Novo na Basílica de São Pedro, evento depois do qual agradeceu ao pontífice emérito "por todo bem que fez".

"Apenas Deus conhece o valor e a força de seus sacrifícios oferecidos pelo bem da Igreja", afirmou, em suas primeiras palavras públicas sobre a morte de Bento XVI.

- Um funeral inédito -

Será a primeira vez na história milenar da Igreja Católica que um papa em exercício enterrará outro papa. Dezenas de milhares de pessoas são esperadas, incluindo chefes de estado e líderes de outras religiões, ao funeral do 265º papa da história.

A cerimônia começará às 5h30 (horário de Brasília) e será sóbria, conforme desejo de Bento XVI.

Com esse ato, encerra-se também encerrará a saga dos "dois papas", que conviveram por quase uma década no menor Estado do mundo.

Será "uma cerimônia simples", disse o diretor da assessoria de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.

A partir de segunda-feira (2), os fiéis poderão velar o corpo de Joseph Ratzinger na capela que será aberta na Basílica de São Pedro.

Ontem, muitos católicos presentes no Vaticano expressaram sua tristeza pela morte do pontífice alemão, que representava uma visão conservadora da Igreja, menos sensível aos conflitos e problemas dos mais pobres do mundo.

"É uma dor muito grande. Era uma pessoa muito reservada, mas percebemos sua profundidade, e ele fez muito pela Igreja", disse Milo Cecchetto, um romano presente na praça.

Em seu testamento espiritual, escrito em 2006 e divulgado no sábado, Bento XVI pediu "perdão de coração" a todos aqueles a quem possa ter ofendido em sua vida. Também agradeceu aos seus pais por terem-lhe dado a vida "em uma época difícil", na Alemanha em 1927, que caminhava para o nazismo.

- Nova etapa -

Sua morte provocou reações em todo mundo, desde o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aos presidentes de Estados Unidos, França e Rússia, que enviaram mensagens de pêsames.

O falecimento de Bento XVI também abre uma nova etapa para o pontificado de Francisco, de 86 anos, que confessou, em várias ocasiões, que não descarta renunciar, se ficar incapacitado. Uma opção impossível com dois papas no Vaticano, um emérito e outro reinante. Três pontífices seriam impensáveis até para os mais anticlericais.

Para muitos observadores e apoiadores do Vaticano, Francisco está empenhado em fazer uma série de reformas internas e não pensa em abdicar por enquanto. E poderia, inclusive, estabelecer normas para os papas eméritos, após o precedente estabelecido por Bento XVI, o primeiro a renunciar em seis séculos de história.

Com a confirmação sobre morte do Papa emérito Bento XVI, neste domingo (31), Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) homenagearam o sacerdote nas redes sociais. Enquanto o petista publicou fotos de dois encontros com o religioso, o ex-presidente mencionou sua defesa ao Evangelho.

O presidente eleito comentou que recebeu a notícia com tristeza e recordou a visita de Bento XVI ao Brasil em 2017. Os dois também estiveram juntos no Vaticano, onde Lula pode conhecer mais sobre o compromisso do então Santo Padre com a fé e os ensinamentos cristãos.

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Dos Estados Unidos, Bolsonaro comentou sobre o pesar pelo falecimento e reforçou que o pontificado de Bento XVI estabeleceu a busca pela verdade. O ex-presidente também destacou as críticas ao que mencionou como "erros da chamada 'teologia da libertação', que pretende confundir o Cristianismo com conceitos equivocados do marxismo."

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Presidentes, primeiros-ministros e lideranças mundiais em geral lamentaram a morte do papa emérito Bento XVI, aos 95 anos, neste sábado, 31. O pontífice será velado a partir de segunda-feira, 2, com o funeral marcado para a quinta-feira, 5.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, afirmou que o país "está de luto" por Bento XVI, cuja "doçura e sabedoria beneficiariam" a "toda a comunidade internacional". "Com dedicação, seguiu servindo à causa da Igreja em seu encargo sem precedentes de papa emérito, com humildade e serenidade."

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O presidente da França, Emmanuel Macron, homenageou o pontífice nas redes sociais. "O meu pensamento dirige-se aos católicos de França e do mundo inteiro, enlutados pela partida de sua santidade Bento XVI, que trabalhou com alma e inteligência por um mundo mais fraterno."

A primeira ministra-italiana, Giorgia Meloni, descreveu o papa emérito como "um gigante da fé e da razão" e um "um grande homem que a história não esquecerá". "Um homem apaixonado pelo Senhor, que colocou a sua vida à serviço da Igreja, que falou e seguirá falando ao coração e à mente das pessoas", declarou.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, também prestou suas condolências. "Foi um grande teólogo, cuja visita ao Reino Unido, em 2010, foi um momento histórico para católicos e não católicos em todo o nosso país. Meus pensamentos estão com os católicos no Reino Unido e em todo o mundo hoje", declarou em rede social.

Velório de Bento XVI começará na segunda e funeral será presidido pelo papa Francisco

O velório do papa emérito será realizado a partir desta segunda-feira, 2, no Vaticano. O papa Francisco presidirá os ritos de despedida do funeral, a partir das 9 horas, em horário local, da quinta-feira, 5.

"O corpo do papa emérito estará na Basílica de São Pedro, para a despedida dos fiéis", informou a Santa Sé. Bento XVI morreu às 9h34 em horário local e, segundo o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, deixou como último pedido que o funeral fosse "o mais simples possível; solene, mas sóbrio.

O porta-voz afirmou que Bento XVI recebeu a extrema unção na quarta-feira, 28, após seu estado de saúde se agravar. No momento do falecimento, estava acompanhado do seu secretário, o monsenhor George Ganswein, e das quatro leigas do instituto Memores Domini, que o acompanhavam desde a renúncia.

Um espaço na cripta localizada ao lado das catacumbas de São Pedro foi reservado para abrigar o corpo de Bento XVI, a menos que tenha deixado instruções para ser enterrado em outro lugar. Segundo as normas estabelecidas pela Constituição Apostólica Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II, em 1996, o papa Francisco decretará luto oficial.

(Com agências internacionais)

Bento XVI esteve à frente da Igreja Católica de abril de 2005 a fevereiro de 2013, quando abdicou de seu papado por questões de saúde e se tornou pontífice emérito. Nesse período, teve de se esquivar de problemas criados por suas declarações e posições em relação a pontos sensíveis para o Vaticano, assim como se tornou exemplo de humildade para os fieis ao pedir desculpas por erros da Igreja e se posicionar em favor dos jovens durante grave crise econômica que afetou a Europa.

Bento XVI morreu neste sábado, 31, aos 95 anos. Nos últimos dias, o Vaticano já havia informado que o pontífice emérito estava com a saúde frágil, por causa da idade avançada, e o papa Francisco pediu orações por ele. O velório de Bento XVI começará na segunda-feira, 2, no Vaticano.

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‘Silêncio obsequioso’ a Leonardo Boff

Antes de ser eleito papa, o então cardeal alemão Joseph Ratzinger ocupava o cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, indicado pelo Papa João Paulo II. Coube a ele analisar um caso encaminhado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Tratava-se do livro Igreja: Carisma e Poder, lançado em 1981 pelo então frade franciscano Leonardo Boff.

Nele, o religioso brasileiro - que se destacava no começo daquela década e nos anos 1970 pela defesa da Teologia da Libertação e sua militância ao lado dos mais pobres - colocava em questão a rígida hierarquia da Igreja Católica e a concentração de poder na mão de poucos clérigos. Em 1985, a decisão do futuro papa foi pela aplicação da sanção do Silêncio Obsequioso, que o proibia de falar em público e de publicar suas ideias. Acompanhado de perto pelas autoridades eclesiásticas mesmo após a suspensão da pena, Boff deixou a Igreja em 1992 após nova punição.

Primeira encíclica

A primeira encíclica do Papa Bento XVI, Deus Caritas Est (Deus é amor, em português), escrita em agosto de 2005 e publicada em janeiro de 2006, aborda o amor divino pelo ser humano. O título remete à passagem bíblica "Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele" (João 4,16).

Visita ao Brasil

Em maio de 2007, Bento XVI veio ao Brasil em uma viagem na qual abriu a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, no Santuário de Aparecida. Nessa viagem, no dia 11 de maio, o papa também fez a canonização de Santo António de Sant´Anna Galvão, o Frei Galvão.

Um documentário da rede britânica BBC, chamado de Sexo, Crimes e Vaticano, apontava a existência de um documento interno da Igreja que instruía bispos sobre como lidar com acusações nas suas paróquias. Pouco depois, Bento XVI se encontrou com vítimas de abusos e pediu desculpas em nome da Igreja, uma medida então inédita.

Em fevereiro de 2022, um relatório independente alemão acusou Bento XVI de inação diante dos abusos cometidos no arcebispado de Munique. Três dias depois da publicação do documento, o papa emérito pediu desculpas por casos de violência sexual contra crianças cometidas por clérigos, mas negou que tenha acobertado padres que cometeram abusos quando ocupou cargos de liderança na Igreja Católica.

Vazamento de documentos sigilosos

Em 2012, uma série de documentos do Vaticano que sugeriam casos de corrupção dentro da Igreja e disputas por poder veio a público. De acordo com investigações feitas à época, o material teria sido retirado do apartamento de Bento XVI. Paolo Gabriele, o mordomo do papa, foi preso e condenado a 18 meses de prisão.

A intenção de Gabriele seria levar à tona os supostos casos de corrupção e problemas do Vaticano. Após sua prisão e de outro empregado, os dois foram perdoados por Bento XVI.

Preservativos x Aids

Em 2009, na África, Bento XVI criticou a distribuição de camisinhas para impedir a disseminação do vírus HIV. "O problema da Aids é uma tragédia que não pode ser derrotada só com dinheiro ou pela distribuição de preservativos - que até pode agravar o problema", disse na ocasião.

As declarações causaram reação imediata de entidades médicas e organizações condenando a afirmação do papa. O continente africano tem mais de 70% dos casos de Aids registrados no mundo.

Empregos para jovens na Europa

Em meio a uma profunda crise econômica, Bento XVI visitou a Espanha em agosto de 2011 e defendeu que o homem seja o centro da economia. "A Europa tem a sua responsabilidade. A economia não pode ser só lucro, mas também solidariedade", disse Bento XVI.

Recebido pelo então rei da Espanha, Juan Carlos, e pelo então primeiro-ministro José Luiz Zapatero, o papa chegou ao país quando o desemprego era de quase 20%, e cobrou da União Europeia mais postos de trabalho para os jovens.

Renúncia

No dia 11 de fevereiro, o mundo foi surpreendido pelo anúncio que Bento XVI renunciaria a seu pontificado no dia 28 daquele mês. O anúncio foi feito pelo próprio papa em um pronunciamento em latim. Bento XVI disse que deixava o cargo devido à idade avançada - 85 anos - e por não ter mais força para cumprir os deveres.

"Por esta razão, e bem consciente da gravidade deste ato, eu declaro que renuncio", explicou Bento XVI. Foi a primeira vez que um papa renunciou em quase 600 anos.

Papa emérito compara casamento gay ao ‘anticristo’

Em 2020, já papa emérito, Bento XVI afirmou em uma biografia autorizada publicada naquele ano que seus opositores desejavam calar sua voz e comparou o casamento entre pessoas do mesmo sexo ao "anticristo". No livro, ele alegou ser vítima de uma "distorção maligna da realidade".

Ele afirmou no livro que vê no casamento gay uma força maléfica que busca substituir Jesus Cristo. "Há um século seria considerado absurdo falar sobre casamento homossexual. Hoje, quem se opõe a ele é excomungado da sociedade." Ele acrescenta que "acontece a mesma coisa com o aborto e a criação de vida humana em laboratório".

Piora em quadro de saúde

Em 2020, quando Bento XVI estava com 93 anos, a imprensa alemã divulgou que o papa emérito estava com a saúde "extremamente frágil". De acordo com o diário regional alemão Passauer Neue Presse, que citou o biógrafo Peter Seewald, Bento XVI sofria de erisipela no rosto, uma doença infecciosa caracterizada por placas inchadas e avermelhadas, que causam muita coceira e dor aguda. "Sua capacidade intelectual e memória não foram afetadas, mas sua voz é quase inaudível", escreveu o jornal alemão.

Morto neste sábado, 31, aos 95 anos, o papa emérito Bento XVI esteve à frente da Igreja Católica de 2005 a 2013. Durante seu papado, viajou ao Brasil em 2007. Na ocasião, passou pela capital paulista e pelo Vale do Paraíba. Meses depois, classificou a viagem como um dos destaques daquele ano. A vinda ao País ficou marcada pela canonização de Frei Galvão.

Bento XVI esteve no Brasil entre os dias 9 e 13 de maio de 2007, pouco mais de dois anos após assumir como pontífice. O então papa participou de encontros em São Paulo e nas cidades de Guaratinguetá e Aparecida do Norte.

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Na capital paulista, Bento XVI passou pelo Mosteiro de São Bento e pela Catedral Metropolitana de São Paulo, na Sé, região central da cidade.

Foi também ao Memorial da América Latina e a um encontro com jovens no estádio do Pacaembu, na zona oeste, além de ter reunido uma multidão durante missa no aeroporto Campo de Marte, na zona norte. O Frei Galvão foi canonizado durante o evento.

No Vale do Paraíba, o pontífice visitou a Fazenda da Esperança, que abriga dependentes de drogas, em Guaratinguetá, e o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, onde celebrou uma missa.

A visita de Bento XVI a São Paulo mobilizou as forças de segurança do Estado. Um efetivo superior a 20 mil homens atuou ao longo dos cinco dias de visita. A tropa era equivalente a cerca de 27% dos 93 mil policiais militares existentes à época no Estado. Os responsáveis diretos pela segurança do pontífice foram o Exército Brasileiro e a Polícia Federal.

Bento XVI classificou viagem como ‘inesquecível’

Durante audiência com a presença de cardeais realizada em dezembro daquele ano, Bento XVI reservou mais da metade de seu discurso para falar dos dias em que esteve no Brasil. O pontífice classificou a viagem como "inesquecível".

Para o então papa, aquele foi um dos eventos de destaque no balanço das realizações de 2007. Bento XVI relatou aos presentes na audiência, que também contou com autoridades do Vaticano, alguns dos momentos da viagem que considerou culminantes, como o encontro com milhares de jovens no estádio do Pacaembu.

Bento XVI classificou como inesquecível o dia em que canonizou o Frei Galvão, ao lado de bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis. Para o pontífice, o frei foi "um filho do Brasil, proclamado santo pela Igreja universal".

As horas que passou na Fazenda da Esperança também foram lembradas com "particular vivacidade", segundo o pontífice. "Ali, na Fazenda da Esperança, os confins do mundo são verdadeiramente superados e se abre um olhar para Deus, para a vastidão da nossa vida", afirmou.

O papa recordou ainda o encontro com os bispos brasileiros na catedral de São Paulo. Conforme Bento XVI, a experiência da "colegialidade efetiva e afetiva" com o episcopado brasileiro é uma prova da alegria do catolicismo.

No fim do balanço sobre a viagem ao Brasil, o pontífice destacou os momentos que passou em Aparecida e a Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe. O pontífice ressaltou que ficou particularmente "tocado pela pequena imagem de Nossa Senhora".

O papa Francisco presidirá, em 5 de janeiro, o funeral de seu antecessor Bento XVI, que morreu em sua residência dentro do Vaticano, neste sábado (31), aos 95 anos — anunciou o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni.

"Na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 (5h30 em Brasília) será realizado o funeral, na praça de São Pedro, que será presidido pelo Santo Padre", detalhou Bruni.

Pela primeira vez na história milenar da Igreja Católica, um papa em exercício, o argentino Francisco, presidirá o funeral de outro papa, Bento XVI, sem funções após renunciar ao pontificado em 2013.

O corpo do pontífice emérito estará exposto a partir de segunda-feira, dia 2, na Basílica de São Pedro para receber o último adeus dos fiéis.

"Segundo o desejo do papa emérito, o funeral será realizado com a maior simplicidade", acrescentou o porta-voz papal.

Segundo especialistas em assuntos religiosos, como não existe um protocolo específico para a morte de um papa emérito, seu funeral será muito semelhante ao de um papa ativo, "mas sem conclave" e "sem assento vago".

Durante esse tempo, o cadáver do pontífice permanecerá à vista de todos, sobre uma sóbria tapeçaria, com paramentos litúrgicos.

Algumas horas antes de seu enterro, será colocado em um caixão coberto por outros dois: o exterior, feito em madeira de olmo; o do meio, de chumbo; e o interior, de madeira de cipreste.

Um espaço na cripta localizada junto às catacumbas de São Pedro foi reservado para acolher o corpo de Bento XVI, a menos que ele tenha deixado instruções para ser enterrado em outro lugar.

Segundo as normas estabelecidas pela Constituição Apostólica Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II em 1996, Francisco vai decretar luto oficial. Cardeais de todo mundo celebrarão eucaristias para seu descanso eterno durante esses dias.

O papa Bento XVI morreu neste sábado, 31, aos 95 anos, conforme anunciou o Vaticano, que recentemente já tinha anunciado que a saúde de Bento XVI era de estado frágil e o papa Francisco estava pedindo orações para o seu antecessor.

Muito maior do que um reino/ é uma abdicação. Os versos são de Cassiano Ricardo e ajudam a explicar a atração exercida pela renúncia de Bento XVI. Desde 1294, quando Celestino V decidira descer do trono de Pedro, nenhum outro papa ousara o gesto. Mais do que procurar suas razões, importa mostrar as consequências do ato: foi a renúncia, em 2013, que revelou o papado de Joseph Ratzinger como o fracasso da construção de uma terceira via na Igreja, uma ponte entre progressistas e tradicionalistas.

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A ruptura libertou Joseph Ratzinger de ser visto apenas como o instrumento dos tradicionalistas, o papa do combate à hermenêutica que buscava no marxismo o caminho para o desenvolvimento integral do homem. Também não permitia mais que fosse só explicado como o homem das podas nas vinhas do Senhor, o da condenação ao relativismo moderno e ao secularismo, o pessimista agostiniano que via degradação na cidade dos homens.

A incompreensão foi tragédia que selou o destino do papa, sucedido pelo argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. Em um mundo sufocado pelo discurso da técnica, da eficiência e da utilidade, ele escreveu três encíclicas - Deus caristas est, Spe salvi e Caritas in veritate - para afirmar a caridade, o amor e a esperança. O alemão Ratzinger nasceu e testemunhou a maior crise da modernidade, marcada pela ascensão do nazismo e pela destruição da 2.ª Guerra Mundial.

Agostinho via o mundo marcado pelo pecado original e os que nele persistiam construiriam a cidade dosomens, enquanto os eleitos pela Graça, mediada pela Igreja, ergueriam a de Deus. Seu mundo parecia perecer, e as pessoas que o cercavam se perguntavam por que Deus permitira aquilo, assim como Ratzinger se questionaria, séculos depois, ao visitar o campo de concentração de Auschwitz: Onde estava Deus?"

A denúncia do papa era a de quem reconhecia na crise da razão moderna o drama de um humanismo sem Deus, apontado antes pelo teólogo francês Henri du Lubac. "A razão tem sempre necessidade de ser purificada pela fé; e isto vale também para a razão política, que não se deve crer onipotente. A religião, por sua vez, precisa sempre de ser purificada pela razão, para mostrar o seu autêntico rosto humano. A ruptura deste diálogo implica um custo muito gravoso para o desenvolvimento da humanidade", escreveu Bento XVI na encíclica Caritas in veritate.

Em suma, sem Deus, não há proteção contra os extremos do pensamento e sem razão, contra os extremos da fé. Ao buscar o diálogo, Ratzinger reeditava o conservadorismo com roupa nova? Ou queria superar a modernidade em uma pós-modernidade em que houvesse espaço para Deus? Aqui residia a sua terceira via: longe das concessões à modernidade dos progressistas, mas também ciente dos perigos de uma fé reacionária, fechada ao desenvolvimento humano integral.

Em torno do jovem seminarista havia uma atmosfera de götterdämmerung (crepúsculo dos deuses), a mesma que envolvera Santo Agostinho ao testemunhar as invasões bárbaras no Império Romano. Em sua obra Cidade de Deus, Agostinho, o bispo de Hipona, se esforça para mostrar aos fiéis por que a desgraça de Roma saqueada pelos godos de Alarico não devia afastá-los da fé.

Ratzinger fora o conservador que, em 2007, escrevera a exortação apostólica Sacramentum Caritatis, quando sugeriu o ensino de história da arte nos seminários bem como pediu aos padres cuidado com a arquitetura dos templos e com a música dos cultos e exaltara o canto gregoriano e o latim. Ele via na arte uma manifestação do sagrado que devia servir ao fiel que experimenta o belo como expressão do divino. Aqui a influência da teologia como estética do sagrado de Hans Urs von Balthasar.

Ao saber de sua eleição como papa, após a morte de João Paulo II em 2005, o teólogo Leonardo Boff pensou: "É um papa que vai sofrer muito, pois talvez jamais tenha abraçado pessoas, mesmo uma mulher, e se exposto às multidões". Boff conhecera o pontífice nos anos 1970, quando escrevia sua tese A Igreja como Sacramento Fundamental do Mundo Secularizado.

O brasileiro seria um dos 110 teólogos punidos pelo cardeal Ratzinger, com a deposição de cátedra e a imposição do silêncio quando ele dirigia a Congregação para a Doutrina da Fé. Para Boff, Ratzinger via a Igreja como fortaleza sitiada por inimigos - os erros e desvios da modernidade. "A centralidade era a ortodoxia e a sã doutrina, como se fossem as prédicas que salvassem e não as práticas", escreveu.

O papa manteve, assim, a punição do amigo Hans Küng, o teólogo que desafiara o dogma da infalibilidade papal. Também não fez abertura à obra do jesuíta Karl Rahner, com o cristianismo oculto e o diálogo ecumênico.

Mas Bento XVI também pode ser lido pelos símbolos que o acompanhavam. A começar pela escolha do nome Bento, que parece lembrar Bento XV, o papa que buscara acabar em 1915 com a luta entre progressistas e integralistas que marcara o papado de Pio X, inimigo do modernismo na Igreja. "Não é o combate ao relativismo o grande tema de seu papado, mas o amor", disse Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Borba acredita que isso só pôde ser percebido quando Ratzinger deixou de exercer o poder ao lado dos conservadores. De tal forma que passara despercebido o fato de sua última encíclica, Caritas in veritate, retomar e modernizar a encíclica Populorum progressio, do papa Paulo VI, que abriu as portas para a Igreja militante da Teologia da Libertação nos anos 1960.

Ele chama a atenção para o símbolo de seu escudo papal: a imagem de uma concha. Bento XVI queria esvaziar o oceano com a concha, como a criança na fábula sobre Agostinho? O papa intelectual e tímido não soube lidar com a administração da Igreja, dos escândalos de pedofilia - quando aconselhou que não se denunciasse às autoridades civis os padres pedófilos - à gestão das intrigas da Cúria.

Bento sucumbiu às coisas da terra. Renunciou e abriu caminho para o papado de Francisco. Já se disse que ele se tornou um papa difícil de ser amado, ainda mais por quem espera da Igreja o que ela não oferece: aceitação de escolhas contrárias ao que é fundamental na fé. Essa instituição com 2 mil anos de história, que tem como lei suprema a salvação das almas, precisa falar ao mundo. Ratzinger não conseguiu. Sua tragédia foi a mesma do cristianismo: devorado pela modernidade que ajudou a criar.

O papa emérito Bento XVI está lúcido, consciente e estável, mas com um estado ainda grave, disse o Vaticano nesta quinta-feira, 29. O anúncio ocorre um dia após a notícia de que a saúde do antigo pontífice, hoje com 95 anos, havia piorado recentemente.

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, declarou que o papa Francisco repetiu o pedido de orações contínuas por Bento XVI, "para acompanhá-lo nessas horas difíceis". Na quarta-feira, 28, o atual papa revelou que seu antecessor estava "muito doente" e que foi visitá-lo nos Jardins do Vaticano, onde vive após deixar o pontificado, em 2013.

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Segundo Bruni, Bento XVI "conseguiu descansar bem ontem (quarta-feira, 28) à noite, e está absolutamente lúcido e consciente hoje. Embora seu estado permaneça grave, a situação no momento é estável". "O papa Francisco renova o convite para rezar por ele e acompanhá-lo nestas horas difíceis", ressaltou.

Respondendo ao apelo, a Diocese de Roma agendou uma missa especial em homenagem a Bento XVI para esta sexta-feira, 30, na Basílica de São João de Latrão, na qual o papa emérito foi bispo de Roma.

A notícia do declínio da saúde de Bento XVI levantou questões sobre o que acontecerá quando ele morrer, diante da falta de precedentes para o funeral de um papa emérito durante o papado de outro pontífice.

A maioria dos especialistas do Vaticano espera que qualquer funeral se pareça com o de qualquer bispo aposentado de Roma, embora com a ressalva de que haveria delegações oficiais para homenagear um ex-chefe de Estado, bem como peregrinos da Alemanha, país natal de Bento XVI, e de outros lugares. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O papa Francisco anunciou nesta quarta-feira (28) que seu antecessor, Bento XVI, de 95 anos, está "muito doente.

"Eu gostaria de pedir a todos vocês uma oração especial pelo papa emérito Bento ... porque ele está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o apoie", disse Francisco durante a audiência geral.

Bento XVI se tornou em 2013 o primeiro papa a renunciar ao posto em seis séculos. Desde então ele vive afastado do olhar público.

As poucas fotografias publicadas do papa emérito mostram que sua saúde piorou nos últimos anos.

Em 2013, ele mencionou justamente seu declínio físico como uma das razões pelas quais decidiu renunciar ao cargo de chefe da Igreja Católica.

Em abril, o arcebispo Georg Gaenswein, que foi secretário de Bento XVI durante vários anos, declarou ao Vatican News que o papa emérito estava "relativamente frágil", mas de "bom humor".

O papa emérito Bento XVI pediu perdão, nesta terça-feira (8), pela violência sexual cometida pelo clero, mas negou ter acobertado padres que cometiam tais abusos quando era arcebispo de Munique.

Em uma carta divulgada pelo Vaticano, três semanas após a publicação de um relatório independente na Alemanha que acusou Bento XVI de inação diante dos abusos cometidos no arcebispado de Munique, o papa emérito afirma que nunca acobertou as agressões quando tinha "grandes responsabilidades na Igreja Católica".

"Só posso expressar a todas as vítimas de abusos sexuais minha profunda vergonha, minha grande dor e meu sincero pedido de perdão", escreveu o papa emérito.

"Em todos os meus encontros com vítimas de abusos sexuais por parte de padres (...) percebi em seus olhos as consequências de uma grande culpa e aprendi a entender que nós mesmos caímos dentro desta grande culpa quando a negligenciamos ou quando não a enfrentamos com a decisão e responsabilidade necessárias, como já aconteceu e acontece muitas vezes", afirmou na carta.

O cardeal Joseph Ratzinger foi arcebispo de Munique de 1977 a 1982, e papa de 2005 a 2013.

"Maior é minha dor pelos abusos e erros que aconteceram durante o tempo de minha missão nos respectivos lugares", acrescenta o papa emérito, que se declara "consternado".

O relatório publicado na Alemanha sobre os abusos sexuais contra menores de idade no arcebispado de Munique e Freising critica o então cardeal Ratzinger, que teria sido informado sobre as agressões cometidas por um padre, Peter Hullermann.

Em um documento também divulgado nesta terça-feira pelo Vaticano, conselheiros do papa emérito rebateram as acusações apresentadas no relatório alemão, que analisaram de maneira detalhada.

"Quando foi arcebispo, o cardeal Ratzinger não esteve envolvido em tentativas de dissimular abusos", afirmam os quatro conselheiros, antes de destacar que o relatório tem informações "inexatas".

Em sua carta, o papa emérito também agradece seu sucessor, papa Francisco, pela "confiança, apoio e orações que me expressou pessoalmente".

O Vaticano defendeu nesta quarta-feira (26) o papa emérito Bento XVI, acusado em um relatório de não ter feito nada para impedir que vários padres abusassem de menores na diocese que ele liderou nos anos 1970-80 na Alemanha e lembrou sua luta contra a pedofilia.

O diretor de comunicação da Santa Sé, Andrea Tornielli, veterano vaticanista, lembrou as medidas tomadas por Bento XVI durante seu mandato papal, além de sua luta contra a pedofilia desde que era cardeal, responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo Santo Ofício.

Depois de "combater esse fenômeno como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé", Joseph Ratzinger promulgou como pontífice "normas muito duras contra os abusadores do clero, verdadeiras leis especiais para combater a pedofilia", escreveu Tornielli em um editorial publicado no porta de notícias do Vaticano, o Vatican News.

“Bento XVI deu testemunho, com o seu exemplo concreto, da urgência de uma mudança de mentalidade, importante para combater o fenômeno dos abusos, escutando e estando perto das vítimas a quem deve sempre pedir perdão”, sublinhou.

“Foi precisamente Joseph Ratzinger o primeiro papa a se encontrar várias vezes com vítimas de abuso durante suas viagens apostólicas”, lembrou Tornielli, que ressaltou que o relatório alemão “não é uma investigação judicial, muito menos um julgamento final”.

As reconstruções contidas no relatório alemão devem “ajudar a combater a pedofilia na Igreja se não forem reduzidas à busca de bodes expiatórios fáceis e julgamentos sumários”, alertou.

"Só evitando estes riscos poderão contribuir para a busca da justiça na verdade e para um exame colectivo de consciência sobre os erros do passado", destacou.

Bento XVI corrigiu na segunda-feira as declarações dadas aos autores do relatório sobre uma reunião em 1980 dedicada a um padre pedófilo, esclarecendo que o pedido de acomodação durante sua terapia foi aceito e ressaltando que não foi tomada nenhuma decisão sobre a atribuição de uma missão pastoral.

Tanto o Vaticano quanto o papa emérito expressaram "vergonha" e "proximidade" às vítimas de abuso sexual após a publicação do relatório na Alemanha.

O Vaticano tranquilizou os fiéis nesta segunda-feira (3) sobre o estado de saúde do papa emérito Bento XVI, considerada "extremamente frágil", segundo o diário alemão Passauer Neue Presse que cita seu biógrafo Peter Seewald.

"As condições de saúde do papa emérito não são motivo de preocupação particular, além das de uma pessoa de 93 anos que superam a fase aguda de uma doença dolorosa, mas grave", anunciou a sala de imprensa do Vaticano, que citou seu secretário pessoal, o Monsenhor Georg Gänswein.

Segundo o jornal Passauer Neue Presse, Bento XVI sofre de erisipela no rosto, uma doença caracterizada por um inchaço e vermelhidão que causa coceira e dor intensas.

Segundo Seewald, o papa emérito está, no momento, extremamente frágil (...). Sua capacidade intelectual e memória não estão afetadas, mas sua voz é quase inaudível ", descreveu ao Passauer Neue Presse.

Peter Seewald se encontrou com Bento XVI em Roma no sábado para apresentar sua biografia, segundo o jornal.

"Durante essa reunião, o papa Emérito, apesar de sua doença, se mostrou otimista e declarou que, se suas forças melhorarem, talvez volte a escrever", acrescentou.

O papa emérito, o primeiro pontífice a renunciar em quase 600 anos, alegando motivos de saúde, leva uma vida reservada em um pequeno mosteiro do Vaticano desde 2013.

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