O Estaleiro Atlântico Sul, localizado no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Ipojuca, suspendeu hoje suas atividades, por tempo indeterminado, até que seja normalizada a situação de confronto criada por um grupo de funcionários. Eles não aceitam o comando do sindicato dos metalúrgicos do Estado à frente das reivindicações trabalhistas e salariais que estão sendo negociadas com a empresa.
Às 6h30, cerca de dois mil - do total de 10 mil funcionários do EAS - fizeram barricadas na Avenida Portuária, no complexo industrial e portuário de Suape, no município metropolitano de Ipojuca, impedindo o acesso ao EAS e a cerca de outras 30 empresas. Sem aceitar negociar a liberação da via, eles terminaram ateando fogo em um ônibus e depredaram - quebrando vidraças - cerca de 40 coletivos da empresa.
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De acordo com o coordenador de segurança do Porto de Suape, tenente-coronel Sóstenes Maia, os manifestantes confrontaram os policiais, sendo necessária a intervenção da tropa de choque da PM para reabrir a avenida, o que ocorreu às 13 horas. Doze dos manifestantes foram detidos e encaminhados à delegacia de Ipojuca.O fogo foi debelado pelos bombeiros. Ninguém ficou ferido.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Alberto Alves dos Santos, foi pego de surpresa com o que considerou "atos de vandalismo". "Foi um absurdo, não havia motivo para isto", afirmou ele, ao comentar que 14 das 15 reivindicações da categoria, que está em campanha salarial, haviam sido negociadas com a direção do estaleiro.
"O acordo está para ser assinado", observou, ao reiterar que o movimento é espontâneo, promovido por quem não aceita a tutela do sindicato. "Foi um episódio lamentável".
Segundo Santos, 90% dos manifestantes são da Bahia e do Rio de Janeiro. Ele disse ter tido medo de chegar ao local para tentar dissuadir os funcionários.
Em nota, o Estaleiro Atlântico Sul rejeitou o posicionamento do grupo "minoritário" e explicou a suspensão das atividades como uma forma de "garantir a integridade física dos trabalhadores e evitar transtornos à população em geral e organizações privadas e públicas".
O Ministério Público do Trabalho convocou audiência com o EAS e o Sindicato dos Metalúrgicos para amanhã.