Primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 em Pernambuco, a técnica de enfermagem Perpétua do Socorro Barbosa dos Santos, de 52 anos, chegou a receber ofensas nas redes sociais após tomar o imunizante. "Eu recebi bastante críticas por conta da idade, por conta da cor. A maioria achando que eu era fake, que não era técnica, que eu não trabalhava na linha de frente", ela disse. Pernambuco completa um ano da primeira morte por Covid-19 nesta quinta-feira (25).

Segundo Perpétua, algumas pessoas chamavam ela de "negra" e "preta" em tom pejorativo. "Eles diziam 'essa negra aí tomando a vacina', 'essa preta', e meu genro é quem respondia, chamava palavrão com eles", afirmou.

A técnica de enfermagem optou por não se envolver com as mensagens e não quis fazer boletim de ocorrência. "Eu não absorvia. Se eles tivessem continuado com as mensagens, eu teria feito o boletim de ocorrência, mas eles pararam. Como estacionou, você fica de boa", comentou ela, em tom tranquilo. “São pessoas que entram nas redes sociais só para fazer críticas.”

De licença desde janeiro, Perpétua quer voltar aos trabalhos no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife, mesmo diante do aumento de casos de Covid-19 em Pernambuco. "Minha vontade é voltar, ajudar quem está precisando", disse. Ela trabalha há 30 anos no Huoc, tendo lidado com pacientes com tétano, leptospirose e HIV. Passou também a cuidar de pessoas com Covid-19 após a chegada da pandemia ao estado.

A primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans, também relatou ter recebido ofensa racista nas redes sociais após receber a dose. A mulher contou que uma das mensagens dizia que 'se continuarem vacinando macacos, não vai sobrar para os seres humanos'.