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Questionado por sua própria bancada no Parlamento, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson está em uma posição difícil após o revés eleitoral sofrido por seu partido e de vários escândalos que deixam sua liderança em dúvida.

Dois anos depois de sua vitoria histórica com a promessa de retirar o Reino Unido da União Europeia (UE), o fim de ano virou um pesadelo para o líder conservador.

Os britânicos enfrentam um período de Natal marcado pelo aumento dos contágios de Covid-19, com uma inflação galopante e vários escândalos que afetam o chefe de Governo.

Na quinta-feira, o Partido Conservador sofreu uma dura derrota em uma eleição parcial na circunscrição rural de North Shropshire.

Sempre controlada pelos conservadores, a circunscrição passou para o Partido Liberal-Democrata, que recebeu 47% dos votos.

Helen Morgan, a candidata vencedora, afirmou que os eleitores enviaram uma mensagem "alta e clara" a Johnson de que "o jogo acabou".

"Seu governo, dirigido pelas mentiras e fanfarronices, terá que prestar contas", disse.

O revés eleitoral sofrido pelo líder conservador, de 57 anos, reflete a irritação popular, de acordo com integrantes do próprio Partido Conservador.

"Os eleitores de North Shropshire se cansaram", admitiu o presidente do Partido Conservador, Oliver Dowden. "Penso que queriam enviar uma mensagem (...) e entendemos", acrescentou.

O jornal conservador The Daily Telegraph afirma que a derrota do Partido Conservador em uma circunscrição que controlou por quase 200 anos é uma "humilhação" para o primeiro-ministro.

Ao mesmo tempo, o jornal de esquerda The Guardian destaca que "o calamitoso colapso do apoio aos conservadores (...) assustará muitos deputados conservadores e é provável que provoque perguntas sobre o futuro de Johnson".

A possibilidade de uma moção de censura contra o primeiro-ministro, que provocaria sua substituição à frente do Executivo, não é mais tabu, embora poucos representantes tenham expressado apoio à medida até agora.

Mas para sua eventual sucessão já foram citados os nomes da ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, e do ministro das Finanças, Rishi Sunak.

- "Pesadelo" -

Além do revés eleitoral, o primeiro-ministro foi afetado por uma série de escândalos.

A revelação de que festas foram organizadas em Downing Street durante o inverno (hemisfério norte) de 2020, quando os britânicos deveriam respeitar as fortes restrições para combater a pandemia de covid, provocou uma queda expressiva de sua popularidade.

Até o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, se mostrou decepcionado e pediu que todos cumpram as normas.

Na quinta-feira, os jornais The Guardian e The Independent revelaram que Boris Johnson participou em uma festa em Downing Street, sede do governo, em 15 de maio de 2020, também durante um período de restrições sanitárias.

Olivier Dowden afirmou que a reunião aconteceu em um jardim para limitar os riscos de contágio por covid-19. "Acredito que foi perfeitamente apropriado e razoável", disse.

As revelações, no entanto, colocam em dúvida a liderança de Johnson no momento em que o Reino Unido enfrenta, segundo o governo, um "maremoto" de infecções pela variante ômicron. Desde o início da pandemia, o país registrou quase 147.000 mortes.

Cada vez mais enfraquecido politicamente, Johnson defendeu as novas medidas anticovid na quarta-feira no Parlamento, mas 99 dos 361 deputados de seu partido votaram contra a adoção do passaporte sanitário para permitir a entrada em grandes eventos.

A medida foi aprovada graças ao apoio da oposição trabalhista, mas esta foi a maior rebelião sofrida por Johnson desde sua chegada ao poder em 2019.

Na história recente do partido, apenas a ex-primeira-ministra Theresa May enfrentou um cenário pior desde a Segunda Guerra Mundial.

Para o Daily Mail, Boris Johnson vive um "pesadelo antes do Natal" e a derrota eleitoral ilustra o "elevado nível de descontentamento público contra o primeiro-ministro".

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