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A ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou à Justiça Federal em Brasília seis pedidos de investigação sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

As representações vão para a primeira instância porque ele perdeu o foro privilegiado ao deixar o cargo. A prerrogativa garante que, enquanto estão na função, autoridades sejam investigadas e processadas nos tribunais superiores. A condição é que o caso tenha relação com o exercício do cargo.

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A decisão cita a 'perda superveniente do foro' e reconhece a incompetência do STF para conduzir e julgar os casos. As ações serão enviadas ao presidente do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1), desembargador José Amilcar Machado, para a distribuição na Seção Judiciária do Distrito Federal.

"Consolidado é, pois, o entendimento deste Supremo Tribunal de ser inaceitável em qualquer situação, à luz da Constituição da República, a incidência da regra de foro especial por prerrogativa da função para quem já não seja titular da função pública que o determinava", escreveu a ministra.

As representações transferidas envolvem os ataques do ex-presidente aos ministros do STF e ao tribunal no feriado do 7 de setembro de 2021. Bolsonaro discursou a apoiadores em Brasília e em São Paulo e ameaçou descumprir decisões da Corte.

Outra ação pede que o ex-presidente seja investigado por crime de racismo, após ter associado o peso de um homem negro a arrobas, unidade comumente usada para medir o peso de gado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu o arquivamento do caso, mas a transferência abre margem para que o posicionamento seja revisto na primeira instância.

Essas são as primeiras ações que atingem Bolsonaro a serem encaminhadas para a primeira instância. Carmen Lúcia também é relatora da investigação sobre o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação (MEC). O ex-presidente é investigado sob suspeita de interferência no inquérito. O caso ainda não foi declinado.

A PGR já havia encaminhado para a primeira instância, nesta semana, o pedido do ministro Luís Roberto Barroso para investigar Bolsonaro por descumprir decisões do STF sobre a proteção a comunidades indígenas.

O ex-presidente responde ainda a quatro inquéritos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes. As investigações envolvem as acusações feitas pelo senador e ex-ministro Sérgio Moro de interferência indevida na Polícia Federal (PF); o vazamento de uma investigação sobre o ataque ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); a disseminação de notícias falsas sobre o processo eleitoral e sobre a pandemia; além do inquérito sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro.

O juiz Vallisney de Souza Oliveira decidiu nesta quinta-feira (4) manter ação penal que apura a suposta "compra" de medidas provisórias editadas pelo governo federal na 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília. O magistrado, no entanto, decidiu enviar informações dos autos para análise do Supremo Tribunal Federal (STF).

As defesas dos réus argumentam que o caso é de competência da corte suprema, devido à menção a possíveis irregularidades cometidas por congressistas.

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No diário de um dos investigados na Operação Zelotes, João Batista Gruginski, a Polícia Federal encontrou registros sobre suposto pagamento de propinas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), fora o ex-senador Gim Argello (PTB-DF).

Em depoimento, o investigado reafirmou que, numa reunião, o lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, um dos réus da Zelotes, disse que os três haviam negociado pagamentos de R$ 45 milhões, sendo R$ 15 milhões para cada um, em troca de aprovar emendas de interesse de montadoras de veículos. Essas provas foram colhidas em inquérito da Polícia Federal que foi anexado à ação penal em curso na 10ª Vara.

Os três políticos negam irregularidades. Atualmente preso, APS foi questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo durante uma audiência na Justiça e disse que não fez a afirmação.

Por lei, congressistas só podem ser alvos de inquéritos criminais perante o STF. Vallisney entendeu que o caso é de competência da primeira instância, na 10ª Vara, mas determinou a remessa do depoimento de Gruginski e de outros documentos sobre o episódio ao STF. Caberá à corte suprema analisar os papéis e, eventualmente, decidir se cabe avocar o caso.

Em ofício, o delegado Marlon Cajado, da Zelotes, argumentou que não há elementos suficientes, por ora, para remeter o caso ao STF. "A nosso ver, se trata de única menção de nome de parlamentares cuja corrupção em princípio não encontra amparo em outros documentos juntados aos autos, o que denota a prática de mais um crime de tráfico de influência atribuível aos acusados", justificou.

Cajado não descartou, contudo, o envio da investigação à "instância adequada", caso seja necessário. As defesas também pediram o trancamento do inquérito que cita os parlamentares. O Ministério Público ainda vai se pronunciar a respeito para posterior decisão do juiz.

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