Tópicos | reagir a assaltos

Conforme dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), em janeiro de 2017 foram registrados 2.713 casos de violência doméstica contra a mulher em Pernambuco. Destes, 805 só no Recife. Na capital também houve 31 casos de estupro no mesmo mês (148 no estado). Os números são alarmantes e parcela da população, principalmente as mulheres, começam a procurar técnicas de defesa pessoal em casos de abordagens criminosas.

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A Federação Sul-Americana de Krav Maga – arte de defesa pessoal surgida em Israel, na década de 40, que defende o uso do próprio corpo como a principal arma – se posiciona a favor da reação em situações de assaltos, estupros e outros crimes. Todo mês de março é realizado, na América Latina, um seminário gratuito que expõe algumas técnicas especialmente para as mulheres. Neste sábado (11) e domingo (12), o evento será realizado em vários pontos da Região Metropolitana do Recife. Em 2017, o tema do encontro é "Não seja vítima, reaja!". 

Indignados com a falta de segurança na sociedade, adeptos do Krav Maga entendem que os indivíduos devem se preparar para se defender contra a criminalidade. “Não trabalhamos sob a perspectiva de não reagir. A perspectiva é: se é necessário resguardar sua vida, sua integridade, então faça. E aí a gente dá as ferramentas.”, diz o instrutor-chefe da Federação em Pernambuco, Daniel Luz.

As diretrizes do Krav Maga são para qualquer situação e, de acordo com Daniel, definir quando aplicá-las ou não é uma decisão particular, baseada no bom senso.  Segundo o professor, não é um esporte que busca medalhas, mas uma modalidade que lida com a realidade: “Às vezes, quando você é abordado por um marginal, não tem uma segunda chance”. Ele ressalta, ainda, que para quem treina Krav Maga, “só há uma opção, que é ganhar”. 

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A procura pela defesa pessoal e a cultura do medo

A aluna Amanda Gonçalves Rodrigues, 22 anos, conta que entrou na academia pelo medo latente de andar pela rua. “Depois que eu entrei na faculdade, meu pai insistiu que eu conhecesse alguma técnica de defesa pessoal. Sempre fui muito insegura para andar na rua, mas isso melhorou depois de conhecer algumas técnicas”. Amanda já está no seu terceiro ano como aluna de Krav Maga e nunca precisou aplicar as técnicas, mas sente a sensação de segurança por saber que poderia reagir diante de uma possível agressão.  

Sabe-se que as mulheres, em particular, estão sujeitas às violências mais específicas e merecem um cuidado diferenciado. “São ensinadas técnicas focando nas violências mais comuns para as mulheres: o agarramento, o roubo de bolsa e tentativa de estupro, por exemplo. Violências cotidianas, comuns e corriqueiras”, conta Daniel.  Ele diz que, “mesmo a mulher estando numa situação diferente de força, ela inverte a situação através das técnicas”. Para o especialista, o medo de reagir é algo cultural no Brasil e existe um tabu estimulado pelas orientações da polícia.

A reportagem do LeiaJá entrou em contato com a Polícia Militar de Pernambuco e questionou quais são as orientações em casos de assalto e estupro à mão armada. Também foi indagado se a recomendação é a mesma para quem tem certo nível de conhecimento sobre defesa pessoal e se reagir às abordagens criminosas pode abrir algum tipo de precedente criminal.

De forma sucinta, a corporação mandou uma nota oficial de duas linhas na qual diz que "a orientação da Polícia Militar é que, em hipótese alguma, deve-se reagir a um criminoso, principalmente quando este estiver portando uma arma".

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