Tópicos | redesignação sexual

O Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), é a mais nova unidade hospitalar credenciada pelo Ministério da Saúde (MS) para oferecer cirurgias de redesignação sexual pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

O HUGG já realizava cirurgia reconstrutora urogenital e, a partir do apoio da superintendência, solicitou a habilitação do novo serviço. Na última sexta-feira (23), no Mês do Orgulho LGBTQIA+, o HUGG realizou cirurgias de redesignação de sexo em três mulheres trans. 

##RECOMENDA##

Os procedimentos tiveram duração de cerca de quatro horas e foram coordenados pela equipe do Serviço de Urologia, com o apoio de cirurgiões plásticos e do urologista argentino Javier Belinky, do Hospital Carlos G Durand, de Buenos Aires. 

Em entrevista nesta segunda-feira (26) à Agência Brasil, o coordenador do Serviço de Urologia do Gaffrée e Guinle, André Cavalcanti, esclareceu que, em uma primeira etapa, o foco serão mulheres trans. Depois, o hospital vai ampliar o atendimento para outros tipos de cirurgias. 

“Porque [essa] é a maior demanda para a redesignação sexual. Tem outras filas nesse processo, como mastectomia, que é uma demanda importante do homem trans; harmonização facial. Uma série de procedimentos. Para cirurgia genital, o volume de mulheres trans é maior”. 

A partir do credenciamento pelo ministério, o HUGG está recebendo pacientes que já vêm prontas de serviços públicos ambulatoriais, ou seja, que já passaram pelas diretrizes do SUS para esse tipo de cirurgia – como a etapa de tratamento com hormônios, por exemplo.  “Ela já tem que ter passado pelos outros serviços. Na verdade, o nosso objetivo é gerar mais pacientes no sistema e gerar maior número de vagas cirúrgicas”. 

O coordenador do Serviço Urológico do Gaffrée e Guinle informou que a ideia é finalizar 2023 com dez cirurgias realizadas. Novos procedimentos já estão sendo agendados para agosto: “a agenda de agosto está sendo finalizada”. 

Etapas

Para estar apto à cirurgia, a paciente deve, inicialmente, ter sido atendida em ambulatório de transgenitalização do SUS em qualquer nível de atenção, seja municipal, estadual ou federal. No processo transexualizador, ela passa por uma etapa da questão social – que inclui mudança de nome, de registro, entre outras fases –, e pela etapa hormonal, vindo por último a etapa cirúrgica. 

“Para passar para a etapa cirúrgica, ela tem que ter o acompanhamento já dentro do ambulatório, com equipe multidisciplinar que inclua endocrinologia e saúde mental, há pelo menos dois anos”. 

O tempo de duração da cirurgia difere de paciente para paciente, variando de três horas e meia a cinco horas, em média, segundo Cavalcanti. A paciente permanece internada no hospital por cerca de cinco dias, quando recebe alta e começa um processo de dilatação da neovagina, além de uma série de processos ambulatoriais. 

A recuperação é paulatina, em casa, e requer acompanhamento ambulatorial rígido, salientou o urologista do HUGG. Segundo ele, é preciso fazer o processo de dilatação da vagina por um período longo. “Porque essas cirurgias todas têm chances de complicação e a gente tem que estar muito atento ao paciente. É um processo longo”. Geralmente, as mulheres trans operadas estão aptas à atividade sexual penetrativa em dois meses. 

Segundo Cavalcanti, todo hospital que se credencia junto ao Ministério da Saúde para este tipo de cirurgia já é considerado referência, tendo em vista que ainda é reduzido o número de hospitais públicos que fazem a redesignação sexual. 

No estado do Rio de Janeiro, além do HUGG, só realiza esse tipo de procedimento o Hospital Universitário Pedro Ernesto. Além desses, há mais quatro unidades que realiza essas cirurgias pelo SUS: Hospital das Clínicas de Porto Alegre, Hospital da Universidade Federal de Goiás, Hospital da Universidade Federal de Pernambuco e Hospital da Universidade de São Paulo, informou o Ministério da Saúde.

Mayla e Sofia se perguntavam, desde crianças, por que nasceram com genitália masculina. "Nunca nos identificamos" como homens, dizem essas duas gêmeas trans brasileiras que, aos 19 anos, se recuperam de uma cirurgia de redesignação sexual bem-sucedida.

"É o único caso relatado [de gêmeas trans submetidas a essa cirurgia juntas] no mundo", diz o médico José Carlos Martins, que realizou as operações por quase cinco horas, com intervalo de um dia.

Uma semana após o procedimento, as jovens sorriem, brincam e também choram ao relatar o caminho de adaptação que percorreram desde a infância, quando se conscientizaram sobre seu corpo.

"Percebi que sempre amei o meu corpo, mas não estava satisfeita com os meus órgãos genitais (...) Assoprava os dentes-de-leão e sempre pedi a ao papai do céu que me transformasse em menina", diz Mayla, que diz ter chorado de emoção ao se ver pela primeira vez após a cirurgia.

- Alívio -

Mayla e Sofia nasceram em Tapira, cidade mineira de apenas 4.000 habitantes.

"O medo dos nossos pais não era do que a gente é, era que a sociedade nos maltratasse", disse Mayla durante entrevista à AFP, realizada por videochamada.

Seu avô paterno vendeu uma propriedade para pagar as cirurgias, que custaram quase 100.000 reais.

"Quando se assumiram, foi um alívio para mim (...) Nem me lembro que um dia foram eles, para mim sempre serão elas", diz sua mãe, Mara Lúcia da Silva, 43 anos.

Mara levou Mayla e Sofia a psicólogos e médicos desde pequenas.

"Meu coração sempre soube que elas eram meninas e que estavam sofrendo", diz ela.

Mãe de duas outras filhas, esta secretária escolar apoiou-as durante as terapias hormonais e os tratamentos cirúrgicos e psicológicos, mas ainda sente alguns remorsos.

"Sofro como mãe por não ter lhes dado bonecas e vestidos, por não ter feito elas mais felizes enquanto eram crianças".

"Quando passávamos por alguma coisa na rua, o que mais queríamos era chegar em casa, contar para a mamãe e que ela nos abraçasse, porque ela era como uma leoa, sempre nos protegeu com unhas e dentes", explica Mayla.

- Orgulho de ser mulher trans -

Sofia estuda Engenharia Civil em São Paulo e Mayla, Medicina na Argentina. Atualmente solteiras, já tiveram relacionamentos passageiros.

Elas pretendiam fazer a cirurgia na Tailândia, mas Mayla descobriu uma clínica em Blumenau, Santa Catarina.

O Transgender Center Brasil foi fundado em 2015 pelos médicos José Martins e Cláudio Eduardo para atender pacientes do exterior.

"Os pacientes da Europa e dos Estados Unidos ainda predominam, mas atualmente 30% são locais", afirmou à AFP Martins, que também destaca o aumento de pacientes jovens, como as gêmeas e da terceiraidade.

A redesignação de sexo pode ser feita no Brasil a partir dos 18 anos. A cirurgia está incluída na rede pública de saúde por lei desde 2011, mas apenas cinco hospitais realizam o procedimento. A longa espera incentiva a alternativa privada.

A demanda permitiu que o Transgender Center Brasil crescesse mesmo durante a pandemia, mas Martins esclarece que, estatisticamente, "3% a 5% [das pessoas trans] têm necessidade ou indicação de cirurgia genital".

Com 175 pessoas trans assassinadas em 2020 (uma a cada dois dias), o Brasil lidera o ranking mundial da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

O saldo divulgado em janeiro mostra um aumento de 41% em relação a 2019. "Estou indignada. Vivemos no país mais transfóbico do mundo", lamenta Sofia.

O medo, diz ela, é uma constante para as irmãs e sua família.

"Tenho orgulho de ser uma mulher trans. Vivi com medo da sociedade e o que peço é respeito", acrescenta Mayla, que carrega uma imagem de São Sebastião, presente de seu avô.

Sofia, que também é religiosa, acredita que "Deus criou as almas e não os corpos", e espera que a sua história sirva para enfrentar preconceitos: "Quero ajudar as pessoas a verem que também somos seres humanos".

Thammy Miranda foi ao Altas Horas e conversou sobre o reality de sua família, e, é claro, sobre a maior questão envolvendo seu nome já há alguns anos. Serginho Groisman, é claro, questionou Miranda sobre esse assunto:

As questões do gênero tem permeado as reflexões a respeito da sua vida. Isso pra você é tranquilo?

##RECOMENDA##

Ele respondeu então:

Estou muito bem resolvido comigo mesmo. Cada ano que passa, que atinjo mais o objetivo de ser quem eu sou - não só no físico - menos vai me atingindo o que as pessoas acham, pensam ou falam. Só chega pela internet, a pessoa escondida pelo computador, e aí fala o que quer, não sei nem se é o que pensa ou se fala para chamar a atenção ou disseminar ódio gratuito.

Mas, na rua, felizmente, Thammy não sofre com o preconceito ou ódio:

É engraçado, esse tempo todo, as pessoas me encontram na rua e ninguém nunca chegou na minha cara e falou nada de ruim.

Thammy também explicou porque não mudou de nome durante seu processo de transição de gênero:

Ainda me chamam de a Thammy. Não troquei primeiro por um pedido do meu pai, que fez uma coisa mística com o meu nome, mas tirei o Cristina de Thammy Cristina.

Mas a parte em que os outros convidados ficaram mais intrigados foi quando, após a exibição de um trecho de Os Gretchens onde ele discutia a questão da cirurgia de redesignação sexual com a tia, Sula Miranda, Otaviano Costa indagou:

Não passa pela sua cabeça fazer a cirurgia, mesmo?

Quem disse que eu não fiz. Só quem vai saber é a Andressa [sua esposa].

O mistério ficou no ar!

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando