Tópicos | Respostas para Dilma

Uma composição do músico recifense João do Morro, referente à presidente Dilma Rousseff (PT), tem sido alvo de polêmicas nas redes sociais. Na música “Respostas para Dilma”, o cantor usa palavras de baixo calão para se manifestar contra a reeleição da petista, critica seus eleitores e especula sobre a sexualidade da presidente. A secretaria das Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT) de Pernambuco, inclusive, divulgou uma nota, neste fim de semana, repudiando a música e acusando o cantor de machista. 

No mais recente lançamento, João do Morro diz que “tem gente que votou em Dilma e agora quer fazer protesto. Eu votei num cara pra ser o presidente, mas quem ganhou foi Dilma pra botar no c* da gente”. Ainda na letra, o músico pede para Santo Antônio “arrumar um macho para Dilma parar de f* com a gente” e chama a presidente de “chupa charque”. Em linguagem chula, o termo é usado em referência às mulheres lésbicas. 

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Na nota do PT, o setorial feminino alega que a composição é “de conteúdo violente, ofensivo e machista”. Além disso, o texto ainda detalha dados sobre a legislação que pune atos de violência contra a mulher.

“A violência contra as mulheres é coisa séria, senhor João do Morro. Desqualificar, insultar, menosprezar e diminuir as mulheres são formas de perpetuar a opressão e a violência vivenciada por elas no cotidiano. É essa cultura que tolhe e reprime a liberdade, a sexualidade, o direito de ir e vir que submete diariamente as mulheres a todo tipo de violência”, frisa o texto. “Violência contra as mulheres não tem graça e nem faz rir”, acrescenta.

Indagada pelo Portal LeiaJá se o PT acionaria a justiça contra a música, a presidente estadual da legenda, deputada Teresa Leitão, afirmou que os advogados estão analisando. "A música é uma agressão baixa à presidenta e a todas as mulheres. Nós estamos analisando se cabe ao partido entrar com uma medida ou se isso cabe apenas a quem foi diretamente ofendido. Ele incorre ao desrespeito a duas leis: da Maria da Penha e a do Feminicídio", explicou.

A manifestação contrária à música também pode ser vista na página do cantor no Facebook. Em uma das publicações mais recentes dele, a internauta Lidiane de Souza Monteiro usou a hashtag #MeuAmigoSecreto para rebater a música. “#MeuAmigoSecreto é cantor e acha que pode compor música para fazer apologia à violência e ofender moralmente às mulheres, incitar o crime de estupro, condicionar que política é coisa de gênero masculino e tantas outras barbaridades sob o argumento de que o governo está ruim! O que João do Morro fez é inaceitável”, diz. 

O Portal LeiaJá entrou em contato com a produção do cantor, no entanto até o fechamento desta matéria nenhuma das ligações foi atendida.

Veja a nota na íntegra:

Nota de Repúdio

Nós mulheres do Partido dos Trabalhadores de Pernambuco, através desta nota repudiamos a música de João Morro, de conteúdo violento, ofensivo e... machista, com palavras de baixo calão dirigidas à Dilma Rousseff, Presidenta da República e às pessoas que nela votaram.

No Brasil ainda é muito recente a criminalização da violência contra a mulher: em agosto de 2006 foi sancionada a lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, que cria os mecanismos para punir esse tipo de crime e coibir a violência doméstica e familiar contra as mulheres. Em março de 2015 foi sancionada a lei 13.104/2015 – a lei do Feminicídio que o classifica como um crime hediondo e com agravantes quando acontece em situações específicas de vulnerabilidade (gravidez, menor de idade, na presença dos filhos etc). 

Segundo o Mapa da Violência contra a Mulher, entre 2003 e 2013 o número de vítimas do sexo feminino passou de 3.937 para 4.762, incremento de 21% na década. Essas 4.762 mortes representam 13 homicídios femininos diários. Ainda segundo o estudo, o Nordeste destaca-se pelo elevado crescimento de suas taxas nos homicídios de mulheres no decênio: 79,3%. 

A violência contra as mulheres é coisa séria, senhor João do Morro. Desqualificar, insultar, menosprezar e diminuir as mulheres são formas de perpetuar a opressão e a violência vivenciada por elas no cotidiano. É essa cultura que tolhe e reprime a liberdade, a sexualidade, o direito de ir e vir que submete diariamente as mulheres a todo tipo de violência.

É ainda pior quando lembramos que em 2015 a Organização das Nações Unidas instituiu o 25 de Novembro como o Dia Internacional de Eliminação da Violência contra as Mulheres, data que faz parte da campanha dos 16 dias de ativismo.

Violência contra as mulheres não tem graça e nem faz rir.

Secretaria Estadual de Mulheres do PT/PE

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