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O representante da Airbus alegou, nesta segunda-feira (14), ausência de responsabilidade da fabricante de aviões na queda, em 1º de junho de 2009, do voo Rio-Paris, que causou a morte de 228 pessoas, durante seu interrogatório no julgamento da catástrofe em Paris.

Julgada desde 10 de outubro por homicídios culposos, a Airbus enfrenta os questionamento de um tribunal parisiense até terça-feira (15), representada pelo ex-piloto de testes Christophe Cail.

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Hoje, ele respondeu por mais de seis horas, alegando desconhecimento em algumas questões, respondendo longamente a maioria das perguntas.

"O acidente começa com o congelamento das sondas", recordou um dos três juízes, que distribuiu na sala de audiências três sondas Pitot, finos tubos de metal fixados na parte externa do avião.

Em 1º de junho de 2009, desestabilizados pelo congelamento dessas sondas que medem a velocidade da aeronave e principalmente por suas consequências em cadeia no cockpit, os pilotos do AF447 perderam o controle da aeronave que caiu no oceano em menos de cinco minutos.

Durante os meses anteriores, obstruções semelhantes de sondas por cristais de gelo se multiplicaram, quase inteiramente em um único modelo de Pitot, o modelo Thales AA.

Por que a Airbus não assumiu a substituição dessas sondas nos aviões, aplicando um "princípio estatístico de precaução?" questionou o magistrado.

"Naquele momento, não entendíamos o que realmente estava acontecendo", argumentou Christophe Cail.

"Antes do acidente, os elementos que tínhamos não nos mostravam nenhum perigo particular, e ainda estávamos na fase de tentar entender", apontou.

A fabricante está sendo processada por ter subestimado a gravidade dessa falha e principalmente suas consequências para os pilotos.

Também é acusada de não ter alertado de forma eficaz as companhias aéreas para que treinassem suas tripulações.

Para a Airbus, ao contrário, havia três "portas de saída" que os pilotos poderiam ter usado para salvar o avião: portanto, não foi a aeronave nem sua fabricante responsáveis.

A fabricante também estima que "comunicou" amplamente sobre a falha: em sua revista "Safety First", em conferências de segurança, manutenção e durante treinamentos.

Para o juiz, "ações bastante gerais". "Não teria sido possível uma resposta mais direcionada?"

"Não fizemos uma mensagem direcionada sobre isso, exceto para a Air France e a Air Caraïbes (...)" que pediram à Airbus, admitiu Cail.

"Você considera que era da competência das companhias?", questionou o juiz.

"Nós distribuímos o Safety First, que é quase a única forma que temos de ter contato direto com os pilotos. São para as companhias aéreas que distribuímos. Cabe a elas redistribuir (...)", resumiu.

A Air France, que operava o voo, está sendo julgada com a Airbus.

Durante seu interrogatório na semana passada, o representante da companhia aérea defendeu-se de qualquer culpa, recusando-se a apontar para os pilotos ou para a Airbus.

Especialistas aeronáuticos avaliaram que o "procedimento" implementado pela Airbus para reagir ao congelamento das sondas Pitot e, portanto, à perda de indicações de velocidade no cockpit, não foi "adequado".

Ao final da audiência, Cail concluiu que a sequência de ações dos pilotos permanece parcialmente misteriosa. "Não estou dizendo que eram maus pilotos", disse ele. "Foi a tripulação que não funcionou".

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