Tópicos | Skate

Pâmela Rosa conquistou no domingo o bicampeonato mundial de skate no street, modalidade que utiliza degraus, rampas e corrimões para fazer manobras ousadas. Ela ganhou a medalha de ouro, ficando à frente de Rayssa Leal, outra brasileira, no evento disputado nos Estados Unidos.

Já de volta para casa, ela foi recebida com festa em sua cidade, São José dos Campos, no interior paulista, e conversou com exclusividade com o Estadão e contou um pouco de seus projetos de carreira e de como o segundo título mundial ajuda a minimizar a frustração de ter saído dos Jogos Olímpicos de Tóquio sem medalha - ela competiu machucada.

##RECOMENDA##

Qual a sensação de conquistar o bicampeonato mundial de street?

É uma sensação de missão cumprida! Todo esforço valeu a pena. Cada sessão e sacrifício na fisioterapia foi recompensado. Trabalhei muito para me recuperar após a frustração dos Jogos Olímpicos.

Quais as semelhanças e diferenças entre o título de 2019 e este agora?

 

São momentos bem distintos. Em 2019 foi em São Paulo, na minha casa, e eu estava acompanhada da família e amigos. Na Flórida estava apenas com meu técnico, o Hamilton. Além disso, estava quase quatro meses fora de casa sem ver meus pais. Realmente foi algo muito especial para minha carreira e também para meu crescimento pessoal.

Como você conseguiu deixar para trás a frustração de não ter conquistado uma medalha em Tóquio por causa de lesão para confirmar seu ótimo momento no Mundial?

 

Nós atletas precisamos trabalhar nosso psicológico para as pressões que recebemos dentro e fora das pistas. Não tenho vergonha nenhuma em falar que faço terapia com a Carla Pierro. Sempre tive apoio do Hamilton (técnico) que está comigo há nove anos e me conhece muito bem. Acredito que se o meu treinador tivesse comigo em Tóquio, mesmo lesionada, poderia ter tido um resultado muito melhor. O Hamilton, inclusive, brincou comigo um dia antes da final. Disse que eu faria 21 pontos e foi justamente o que aconteceu (risos).

 

Coincidentemente, a Rayssa Leal ficou com a prata nas duas vezes que você ganhou o ouro. Como está a relação de vocês?

A Rayssa tem um baita talento além de ser muito técnica. Não somos melhores amigas, mas da minha parte tenho muito respeito como skatista e também brasileira que representa nosso País com orgulho no exterior.

A Rayssa é bem jovem, assim como você. Acredita que vocês duas vão manter o alto nível por muito tempo?

Espero que sim! Principalmente porque dessa forma cada uma puxa a outra indiretamente e ninguém fica acomodado. O nível dessa final em Jacksonville foi altíssimo. Isso só fortalece o esporte feminino.

O que esse título nos EUA te ajuda para a campanha olímpica até Paris-2024?

Mostra que estou no caminho certo! Foi um título da superação da minha lesão e da frustração por não ter conseguido uma medalha em Tóquio. Tenho muita esperança que em Paris será diferente. Só depende de mim.

Logo você vai embarcar para o Pan Júnior, na Colômbia. Qual sua meta?

 

A meta é vencer! Independentemente da competição que participo, entro sempre para vencer e representar meu país com orgulho.

O título mundial acaba te dando uma projeção internacional. Como está sua situação financeira e de patrocínios?

Felizmente tenho bons patrocínios, mas não sou rica (risos). Banco BV, Nike, TNT, Panasonic, MVituzzo, Prefeitura de São José dos Campos são alguns que me apoiam e acreditam no projeto. O mais importante neste momento é que consegui dar uma casa para os meus pais. Isso só me orgulha!

E o projeto de carreira para os próximos anos? Ficará treinando no Brasil mesmo?

Infelizmente neste momento não tem condição técnica de treinar no Brasil. As pistas nos Estados Unidos são ótimas e não dá nem para comparar com as do Brasil. Além disso, nos EUA tem várias opções de pistas, podendo variar o treinamento. Em 2022 certamente estarei treinando nos Estados Unidos para as etapas da SLS.

O Brasil segue sendo uma das referências no skate street mundial. Se Pâmela Rosa e Raíssa Leal dominaram no feminino, Lucas Rabelo representou o País na etapa masculina. Após ultrapassar o compatriota e medalhista olímpico Kelvin Hoefler na última manobra, o cearense brilhou nas duas manobras finais para ser vice-campeão mundial em Jacksonville, na Flórida. O título ficou com Jagger Eaton, dos Estados Unidos.

Lucas Rabelo disputou a fase final com os americanos Jagger Eaton e Nyjah Huston, além do português Gustavo Ribeiro. Enquanto seus adversários erraram nas duas manobras, o brasileiro brilhou, ganhou 9.3 e 9.1 dos jurados e levou o Brasil para a segunda colocação na última etapa da Street League Skateboarding (SLS).

##RECOMENDA##

Os demais brasileiros não tiveram tanta sorte. Kelvin Hoefler, que deixou o top-4 justamente para dar lugar a Lucas Rabelo, terminou na quinta colocação. Já Felipe Gustavo terminou na sétima posição.

Lucas Rabelo foi o melhor entre os brasileiros na volta de 1min45s, com uma nota 7.7. No entanto, foi brilhar apenas nas últimas manobras, terminando com 25.3 pontos, ultrapassando Kelvin Hoefler, que somou 24.7. Felipe Gustavo foi eliminado com 13.3 pontos.

Apesar da ascensão de Lucas Rabelo nas manobras finais, Jagger Eaton teve apenas que administrar sua vantagem conquistada nas primeiras cinco manobras. O americano errou suas duas manobras finais e só foi ameaçado pelo brasileiro, que tinha esperança de conseguir uma nota 9.4 na última apresentação, mas o 9.1, combinado com as quedas de Gustavo Ribeiro e Nyjah Huston, deram o triunfo a Eaton.

Com a confiança recuperada depois de muito tempo sofrendo com uma lesão no tornozelo esquerdo, Pâmela Rosa mostrou segurança na tarde deste domingo (14), em Jacksonville, na Flórida, e garantiu o bicampeonato mundial de skate street ao vencer a final da Super Crown, última etapa da Street League Skateboarding (SLS). Logo atrás dela, Rayssa Leal ficou com o vice, seguida pela campeã olímpica japonesa Momiji Nishiya.

Presente em todas as finais desde que começou a disputar o circuito, Pâmela entrou na pista defendendo o título, já que foi campeã em 2019, também com a pequena maranhense como vice. No ano seguinte, o torneio não foi realizado em razão da pandemia de Covid-19. Já Rayssa, que não precisou disputar as semifinais porque assumiu a liderança do ranking ao vencer as duas etapas anteriores, esperava bater um novo recorde e se tornar a mais jovem campeã da SLS, mas não conseguiu. Assim, a marca segue com Nyjah Houston, campeão aos 15 anos em 2010.

##RECOMENDA##

Apesar de não ter alcançado o objetivo, a menina de apenas 13 anos teve uma ótima apresentação, assim como a grande campeã. Ambas, no entanto, encontraram dificuldades no começo. Na volta de 1min45s antes das rodadas de manobras únicas, Pamela chegou a cair, mas se recuperou e somou 4.6 pontos. Já Rayssa caiu e até saiu da pista, em uma volta bastante empolgada, que, apesar de conter boas manobras, rendeu apenas 3.8 em razão dos erros.

As duas conseguiram se recuperar na apresentação de manobras. Rayssa foi muito consistente e somou 6.0, 6.9 e 6.3 em suas melhores voltas, avançando ao final four, etapa em que as quatro melhores fazem mais duas exibições para decidir o título. Pâmela também passou, em quarto lugar, ao somar 6.0, 6.9 e 6.3.

Quem terminou a primeira parte mais animada, contudo, foi a japonesa Momiji Nishiya, que fez 8.0, a maior nota do dia até aquele momento, na última volta, mas pontuou menos que Rayssa na soma das outras duas notas e ficou em segundo, acima de Samarria Brevard, que fechou a classificação.

Pâmela abriu o final four somando 7.7, antes de Brevard e Nishiya não completarem suas manobras, assim como Rayssa, na sequência. Confiante após a excelente nota, a brasileira correu até o meio da pista e passou vela no corrimão antes de partir para a rodada final. Na hora da decisão, encaixou um frontside smith que a deu 8.1 pontos e garantiu o bicampeonato, já que nenhuma das oponentes conseguiu alcançar seu 21.8 pontos na soma.

Rayssa Leal conquistou, neste sábado, mais um troféu. Dessa vez, na etapa de Lake Hanasu, no Arizona (EUA), a decisão foi mais difícil, e a brasileira precisou superar uma nota 8 da campeã olímpica Momiji Nishiya. Na última manobra, a nota 6.3 garantiu o lugar mais alto do pódio no Campeonato Mundial de skate street. Em agosto, Rayssa já havia ficado em primeiro lugar na etapa de Salt Lake City.

Na primeira volta, Gabriela Mazetto e Pâmela Rosa não tiveram resultados tão bons e falharam em algumas manobras, o que custou alguns pontos. Gabi teve 2.3 como nota, enquanto Pâmela somou 2.8. Rayssa Leal, por sua vez, repetiu o bom desempenho da semifinal, teve erros tímidos e ganhou nota 4.7.

##RECOMENDA##

Na fase das manobras, após a segunda tentativa, as três brasileiras despontavam nas três primeiras posições após um erro da medalhista de bronze nos Jogos de Tóquio, a japonesa Funa Nakayama. Na quarta tentativa, Gabriela Mazetto falhou e acabou fora da etapa final, em sexto lugar, somando 13 pontos. A campeã olímpica Momiji Nishiya emplacou boas manobras e avançou.

Assim, a fase final contou com uma disputa entre Brasil e Japão. Rayssa Leal passou com a melhor somatória, 17.7. Pâmela Rosa passou na quarta posição, com 14.4. As competidoras do "Final Four" puderam realizar mais duas manobras para decidir a grande vencedora.

Na penúltima tentativa, Pâmela Rosa até ameaçou roubar um lugar no pódio, mas Nishiya respondeu à altura na rodada decisiva e conquistou a maior nota da etapa, 8.0. Com isso, a japonesa tomou inclusive a liderança de Rayssa Leal. A maranhense, no entanto, precisava de uma nota acima de 5.7 para levar o troféu. E foi o que aconteceu, a manobra feita com perfeição deu à brasileira seu segundo troféu seguido da Liga de skate street (SLS), com a nota 6.3.

Assim, Rayssa terminou a etapa com 19.2. Momiji Nishiya ficou em segundo lugar, com 18.5, enquanto sua compatriota Funa Nakayama finalizou em terceiro, totalizando 16.1, mesmo número de pontos de Pâmela Rosa, quarta colocada.

Os Jogos de Tóquio foram um conto de fadas para Rayssa Leal, medalha de prata no street skate com apenas 13 anos, tornando-se a brasileira mais jovem da história a subir ao pódio numa Olimpíada. Ela foi para o Japão como uma criança no Time Brasil e voltou como inspiração para milhares de pessoas de todas as idades.

"Mudou muita coisa na minha vida. Antes não gostava tanto de sair, agora gosto. As pessoas pedem fotos, abraços, autógrafos. E as viagens estão mais constantes", diz a menina ao Estadão. "Almejo poder inspirar mais garotas e outras pessoas a andarem de skate. Quero ver o sorriso no rosto de todas elas, ter bons resultados nos campeonatos e continuar me divertindo", ressalta.

##RECOMENDA##

Não só a vida dela mudou, como a de toda família foi transformada em três meses. A situação financeira da garota de Imperatriz, no Maranhão, é bem diferente de anos atrás, quando as dificuldades eram enormes. Agora ela é cobiçada por multinacionais e pode se dar ao luxo de escolher em qual marca prefere estampar seu rosto de acordo com seu gosto pessoal.

Por trás desse prodígio do skate está Tatiana Braga, que vem gerenciando a imagem da atleta nos últimos anos. Para ela, o mais importante nesse processo é Rayssa se sentir à vontade com a situação. "A Rayssa não é atriz, não é influenciadora, não está acostumada com todos esses holofotes. Ela é uma atleta e tem 13 anos. Então quando sentem que tem uma exigência muito grande ou algo que vai pesar no dia a dia dela, ou tirar a essência dela como criança, os pais seguram", revela.

A mãe Lilian, que também é uma espécie de técnica, acompanha a Fadinha para todo lado, seja em eventos de patrocinadores ou disputas. Ela estava em Tóquio. Quando podem, pai e irmão mais novo vão juntos. Na última semana todos vieram para São Paulo a fim de levar a atleta para participar do congresso Liga Nescau Summit em um debate ao lado de Falcão, ícone do futsal.

"Quando a gente fala de uma família que vem do interior do Nordeste, com todas as dificuldades que passaram, que é a realidade de muitos atletas, a gente sabe o quanto uma proposta comercial pode ser atrativa. Mas eles sabem avaliar quando não é o momento, para não ser estressante para ela como criança", diz Tatiana.

O talento precoce está sendo lapidado para que o esporte seja uma diversão e não um trabalho. A família deixa isso claro a todo momento e Tatiana faz questão de garantir o caminho. "O propósito é fazer a jornada da Rayssa até 2024 mais leve. Nossa estratégia é trazer parceiros de negócio que entendam que ela é uma criança e que isso é a primeira coisa a ser levada em consideração. Tem a agenda dela de escola, são as vontades dela", explica.

O Time Rayssa possui uma gestão integrada de carreira, com parceiros de confiança que ajudam a família como assessor de imprensa, advogado especializado em contratos de atletas, entre outros. Fadinha tem patrocínios para as peças do skate, como lixa, shape, roda, truck e rolamentos, mas também tem outros contratos de imagem. Se para o ciclo até Tóquio ela tinha quatro marcas ao seu lado, agora já tem quase o dobro até os Jogos de Paris - fora apoiadores que se envolvem em campanhas esporádicas por período menor.

PISTA NO QUINTAL - Muitos skatistas de ponta costumam deixar o Brasil para poder treinar com mais qualidade. Isso inevitavelmente vai ocorrer com Rayssa, mas não agora. No momento, todos os esforços estão sendo feitos para construir uma pista profissional em Imperatriz. "Lá, ela treina na praça da cidade, não tem um local apropriado. Então a ideia é dar a melhor pista para ela. A família ainda quer ficar lá por mais tempo e só estamos buscando um lugar para construí-la. Tenho certeza de que isso vai ajudar a Rayssa a ter um nível de competitividade ideal. E tomara que venham outras Rayssas de lá", comenta Tatiana.

Enquanto sua pista não chega, Rayssa vai conquistando novos fãs com seu carisma. Ela sabe o quanto a medalha olímpica projetou sua carreira. "Em todos os campeonato que eu ia, os amigos da escola mandavam boas energias. Fico grata por ter amigos que me apoiam a fazer o que amo. Eu me inspiro todos os dias nas meninas que mandam mensagens, na Leticia Bufoni (skatista como ela), fico feliz e vou aprendendo novas manobras. Saber que sou inspiração aos 13 anos é muito gratificante", diz.

A atleta já vem se preparando para os Jogos de Paris, quando estará com 16 anos. Para a menina que teve um vídeo viralizado quando era pequena, andando de skate vestida de fada e mostrando uma desenvoltura impressionante, o conto de fadas está apenas começando. "Não só acredito, como sou uma fada. Sempre acreditei e a primeira vez foi quando minha mãe falava que se colocasse o dente que caiu debaixo do travesseiro poderia ganhar algo. Desde então sempre acreditei", diz a Fadinha do skate.

Mesmo com apenas 13 anos de idade, Rayssa Leal segue trabalhando para se manter entre as melhores skatistas do mundo. A medalhista de prata olímpica em Tóquio-2020, que costuma publicar vídeos de seus treinos nas redes sociais, surpreendeu os seus seguidores no domingo ao revelar uma nova manobra no skate street.

Nas imagens, Rayssa Leal sobe uma rampa e salta girando no ar, em seguida pousa com a base invertida no corrimão, deslizando até sair do aparelho. "The new one" - "A nova", em tradução literal" -, escreveu a skatista.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Divulgado no Instagram, o vídeo já tem 957 mil visualizações e mais de 2.100 comentários até a manhã de segunda-feira. Com 6,8 milhões de seguidores, a brasileira desbancou a ginasta americana Simone Biles e foi a atleta mais influente dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, sendo a que mais viu os números crescerem nas redes e a que mais gerou engajamento.

No Japão, Rayssa leal se tornou a medalhista brasileira mais jovem da história a subir ao pódio em uma Olimpíada. Ela ficou com a prata na disputa feminina da categoria street, ficando atrás apenas da japonesa Momiji Nishiya.

A "Fadinha do skate" seguiu em grande fase após a competição na capital japonesa e venceu a etapa de Salt Lake City, nos Estados Unidos, do Mundial de skate street no final de agosto. A vitória veio com uma nota 8,5 na última manobra da decisão.

As manobras sobre o skate que fizeram de Rayssa Leal a mais jovem medalhista olímpica da história do Brasil levaram meninas e adolescentes às pistas do país, onde até recentemente eram exceção.

Na estreia do esporte em Tóquio-2020, Rayssa se superou a cada canto do percurso na modalidade street para banhar de prata o árduo caminho do skate feminino no país. "Se eu estou aqui hoje, é porque o skate brasileiro tem história", escreveu no Instagram a garota de 13 anos, natural do Maranhão, no dia de sua vitória.

##RECOMENDA##

Apelidada de "Fadinha" após um vídeo que viralizou em que realizava fantasiada manobras experientes aos sete anos de idade, Rayssa foi uma das seis meninas da equipe verde e amarela que deu presente e futuro a essa história e inspirou muitas jovens.

"Quase chorei. Eu fiquei muito feliz. Porque, tipo assim, uma menina de 13 anos, minha idade, é bem... Você não espera", diz Giovanna Alves Farias à AFP, em uma pista de skate de São Bernardo do Campo, São Paulo, onde se aventurou recentemente.

"Na verdade, antes das Olimpíadas eu já era interessada. Só que pra, tipo assim, ter mais força de vontade para começar a andar, depois que eu assisti às Olimpíadas eu olhei pro meu pai e falei: ‘Meu, andar, né’".

"Missão cumprida"

Sobre as ondas da pista, outras garotas buscam ganhar confiança em suas manobras.

Ana Clara Agostinni começou a treinar há muito tempo com o skate do pai, mas depois dos Jogos passou a fazê-lo com maior dedicação. "Penso como ficaria lá, aí venho treinar. Penso em participar das Olimpíadas", conta.

Protegida por um capacete e munhequeiras, a menina de 12 anos aproveita a adrenalina que esse esporte lhe oferece: "Prefiro a velocidade, sentir, sabe? Gosto de pegar mais altura, aí vou pegando coragem e vou virando, tentando fazer uns negócios."

Também há garotas ainda mais jovens, como Júlia de Souza Lima Martins, de oito anos, que anda de um lado para o outro testando manobras.

"Minha tia gravou um pouquinho (os Jogos Olímpicos) e me mostrou, daí eu assisti, tentei prestar bem atenção e comecei a tentar fazer", diz.

A presença dessas meninas na pista é uma "missão cumprida", afirma Dora Varella, outra das representantes brasileiras em Tóquio.

Quando voltaram, elas perceberam que "o skate realmente teve um boom", comenta a jovem de 20 anos. "Tem lugar que está com mais meninas tendo aula do que meninos, e isso foi o mais legal das Olimpíadas".

Quando ela começou, aos 10, Varella era um caso incomum. "Mas não me sentia envergonhada (...) A comunidade do skate é muito legal porque você chega na pista e todos estão lá por um amor em comum, então você pode ter cinco anos de idade ou 40, o que for, homem, mulher, vai ser tratado igualmente", garante.

Um passado não tão fácil 

No entanto, nem sempre foi assim, ressalta Renata Paschini, de 46 anos. Quando jovem, "passei por diversas situações de discriminação. 'Ah, chegou a menina que vai atrapalhar'", lembra ela, que foi uma das duas únicas juízas em Tóquio.

Na década de 1980, os obstáculos começaram em casa. "Minha família era muito tradicional, então eu não podia envergonhá-los andando de skate (...) E também o skate não era visto como esporte, era tipo um brinquedo, e não tinha mulheres praticando", conta.

Isso a forçou a esconder o equipamento em sua mochila, em vez de colocá-lo debaixo do braço.

Em 2009, com o esporte já mais estabelecido no país, Paschini co-fundou a Associação Feminina de Skate, a fim de aproximar mais mulheres dessa paixão. Promoveu campeonatos e medidas concretas, como um horário exclusivo feminino na pista de São Bernardo do Campo.

Apesar da ausência de dados recentes, segundo um relatório do instituto Datafolha, o número de praticantes do gênero feminino disparou de 10 para 19% entre 2009 e 2015 no Brasil, totalizando cerca de 1,6 milhão de mulheres.

"Ser alguém"

Ao longo dos anos, o skate também encontrou um objetivo de inclusão, ao dar a crianças e jovens de baixa renda a oportunidade de fugir das drogas e do crime, como é o caso do município de Poá, na Grande São Paulo.

A escola da ONG Social Skate, criada em 2012, conta com 150 aprendizes, entre eles 44 meninas que se permitem sonhar. "Eu treino para conseguir ir numa Olimpíada, (...) pra ver se consigo ser alguém na vida", diz Keila Emilyn Amaro da Silva, 13 anos.

Rayssa Leal, medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, ganhou no último fim de semana a etapa de Salt Lake City do Mundial de skate street. Mas os prêmios da skatista não param por aí. Nesta quarta-feira (1°), ela recebeu um presente especial de Ronaldo Fenômeno. O ex-jogador está em São Paulo, se encontrou com a maranhense e fez um registro nas redes sociais.

Ídolos de diferentes gerações, Rayssa e Ronaldo têm como grande diferencial tornar suas conquistas um meio de apoio e incentivo para a prática de esporte, atraindo mais torcedores e fãs.

##RECOMENDA##

Rayssa presenteou Ronaldo com uma skate branco, com sua assinatura e uma dedicatória. Mas não saiu sem nenhum mimo, tendo recebido das mãos do ex-jogador de Real Madrid, Corinthians e Inter de Milão uma camisa da seleção brasileira e uma bola de futebol, ambas autografadas e com uma mensagem para a skatista.

Em suas redes sociais, Ronaldo escreveu elogios a Rayssa Leal e agradeceu o presente recebido na capital paulista. "Um prazer conhecer esse fenômeno de talento e simpatia! Parabéns por todas as suas conquistas e muito obrigado pelo presente. Ainda bem que veio sem rodinha", brincou o campeão mundial de 2002. A skatista respondeu: "Obrigada por esse encontro, Fenômeno. Nunca vou esquecer", disse Rayssa.

Com apenas 13 anos, Rayssa já brindou os brasileiros com muitas emoções nos últimos meses e tem carregado consigo uma multidão de fãs, principalmente nas mídias digitais. Seus objetivos seguem sendo o título mundial e trazer o ouro olímpico para o Brasil nos Jogos de Paris-2024, quando ainda terá 16 anos.

[@#video#@]

Desde Tony Hawk, jogo de skate do Playstation 2 que ficou famoso no Brasil no início dos anos 2000, a modalidade não chamava tanta atenção. As medalhas de prata de Rayssa Alves, Kelvin Hoefler e Pedro Barros nas Olimpíadas de Tóquio fizeram do esporte a nova febre do Brasil. Mas, antes disso, um projeto encabeçado por um pai que sentia e sente na pele a falta de estruturas já captava ‘novos skatistas’. 

[@#video#@]

##RECOMENDA##

Larinho é pai de Maytê Pires, que aos 10 anos de idade se sagrou campeã brasileira. Inspirada em Rayssa, a pequena sofria a procura de um lugar para treinar e isso acabou dando início ao projeto "Skate Radical". 

“O projeto começou na falta de espaço para andar de skate, a gente tentou fazer uma rampa de skate em cima de casa; a gente viu que o espaço dava, mas ia fazer muita zuada, ai eu soube de uma rampa que estava para ser vendida e essa rampa era de uma igreja, falei com pastor, vi o valor e dei o pontapé inicial vendendo um colar que eu tinha”, conta.

Pai e filha ainda venderam uma rifa de uma prancha de surf e um skate. Apesar do esforço em conseguir dinheiro, a condição da pista era ruim e até hoje não foi reparada. Em busca de outro lugar, Larinho foi convidado para dar aulas na Estação Cidadania, projeto do Governo Federal que tem locais para a prática esportiva. 

Com apoio do município do Cabo de Santo Agostinho e com uma pista pequena no local, Larinho deu início ao projeto que chega a atender cerca de 60 crianças que, enquanto aprendem manobras no skate, estão longe dos perigos das ruas. “Estamos com mais de sete meses, tem mais de 60 crianças e essas crianças passaram na minha mão sem nenhum acidente, estão se desenvolvendo bem na escola, no skate e até dentro de casa”, relata. Segundo ele, a ideia não é só formar um cidadão, mas “um esportista, mas uma pessoa de bem”, completou.

Apesar de servir para o Projeto Skate Radical, a pista da Estação Cidadania é pequena, segundo Larinho. Foto: Rafael Bandeira\LeiaJáImagens

E mesmo sem o apoio necessário, Maytê Pires, conquistou o Brasil em 2019 no Campeonato Brasileiro Street infantil. E lá também conheceu sua grande ídola, a medalhista de prata nas olimpíadas, Rayssa Alves, a "Fadinha”. "A gente tem que acreditar sempre nos nossos sonhos e o meu sonho era ser campeã brasileira, mundial e eu realizei um dos meus sonhos", diz Maytê.

E nada de pensar pequeno, pois Maytê já sabe bem qual seu próximo sonho: “Ir para as olimpíadas de Paris”. O ciclo olímpico já começou, mas ela ainda se lembra do feito de Rayssa.

“Eu fiquei muito feliz por ela, porque é uma coisa muito bonita. Como ela é nordestina, sofreu muito aqui, porque não tem pista para treinar e porque tem pouquíssimas meninas, não tem um incentivo muito grande para gente treinar”, diz Maytê, ao lembrar do dia que conheceu a Fadinha.

Perguntada sobre o que conversaram, ela disse que mais andaram do que falaram. No último sábado (28), Rayssa venceu a etapa do circuito mundial. 

Maytê treina semanalmente, mas reclama da falta de apoio. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens

Larinho ainda reclama que a pista disponível na Estação Cidadania para as ambições de Maytê é pequena e que, por isso, precisa se deslocar, como faz com frequência, para a Rua da Aurora, área central do Recife. Por isso, ele ainda sonha grande com uma pista de melhor qualidade no Cabo.

Para as crianças da região do Cabo de Santo Agostinho que tiverem interesse em participar do projeto, basta entrarem em contato por meio das redes sociais do Skate Radical.

[@#podcast#@]

Rayssa Leal venceu a etapa de Salt Lake City do Mundial de skate street neste sábado. Com uma nota 8.5 na última manobra, a brasileira superou a japonesa Funa Nakayama e a holandesa Roos Zwetsloot e ficou com a primeira posição.

Com apenas 13 anos, Rayssa vem da conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio e teve grande apoio da torcida brasileira no local de competição. É a segunda vez que ela vence uma etapa da SLS. Outra brasileira na final, Pâmela Rosa terminou na quarta posição, somando 16.4.

##RECOMENDA##

Rayssa Leal obteve um total de 21 pontos, três décimos a mais que Funa Nakayama, medalhista de bronze em Tóquio. A holandesa Roos Zwetsloot, que ficou na quinta posição na capital japonesa, conquistou a pontuação de 19.6 e chegou a sonhar com a segunda colocação.

"Obrigada por tudo, amo todos vocês. Bora, Brasil", gritou a brasileira após a conquista em Salt Lake City. Havia várias bandeiras brasileiras espalhadas pelo local de competição e a torcida apoiou fortemente as compatriotas durante a disputa.

Rayssa Leal e Pâmela Rosa se classificaram para a final da primeira etapa da SLS, a Liga Mundial de Skate Street, realizada em Salt Lake City, nos Estados Unidos. As outras duas brasileiras na disputa, Letícia Bufoni e Marina Gabriela, não conseguiram vaga e ficaram pelo caminho na fase preliminar, realizada nesta sexta-feira.

Esbanjando talento, Rayssa, medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, fez grandes manobras e se garantiu na decisão com a segunda maior nota entre as competidoras (17,7). Pâmela ficou em quinto, com 13,4 pontos, e se colocou entre as oito melhores do torneio.

##RECOMENDA##

Ao todo, 18 atletas se dividiram em duas baterias para que fossem conhecidas as oito classificadas. Em formato semelhante ao da Olimpíada, cada skatista pôde realizar uma volta de 45 segundos, e depois, quatro manobras para formar a pontuação final. A estreante Maria Gabriela foi a primeira a ir para a pista, recebendo 2,2 dos juízes em sua primeira tentativa. Apesar do belo flip na última manobra, que rendeu à paulista 5,4 pontos, ela não conseguiu ir para a final.

Na segunda bateria, o Brasil teve Rayssa, Pâmela e Letícia na briga. A vencedora do torneio de exibição em Paris há uma semana fez uma boa volta, com 3,6 pontos, mas cometeu erros nas últimas duas manobras e terminou a preliminar em décimo lugar. Rayssa teve desempenho impressionante e ganhou nota 6,0 na volta inicial. Pâmela tirou 3,6.

Nas manobras, Fadinha acumulou 5,8 e 5,9 em seguida e se garantiu na decisão. A campeã mundial em 2019 foi menos espetacular, mas conseguiu vaga na final com notas 4,2, 5,6 e 3,0, somando 13,4.

Medalhista de bronze em Tóquio, Funa Nakayama registrou o maior somatório do primeiro dia, ainda na primeira bateria, com 18,3 pontos. Momji Nishiya, campeã da competição de estreia do esporte na Olimpíada, fechou as preliminares em quarto lugar (14,1).

A final feminina está marcada para este sábado, às 17h30. Antes disso, Kelvin Hoefler, prata no Japão, Felipe Gustavo, Luan Oliveira, Tiago Lemos, Lucas Rabelo e Filipe Mota tentam se classificar para a decisão do masculino, programada para às 19h desta sexta.

A SLS, liga mundial de skate street, tem início programado para esta sexta-feira, em Salt Lake City, estado americano de Utah. O Brasil conta com 11 representantes, incluindo os principais nomes da modalidade, como Letícia Bufoni, Pâmela Rosa e os medalhistas de prata na Olimpíada de Tóquio-2020, Rayssa Leal e Kelvin Hoefler. A turma toda vai se juntar novamente numa competição.

Há pouco mais de uma semana, Bufoni foi campeã de um torneio internacional em Paris, sede dos Jogos em 2024. Pâmela, que assim como a compatriota, não se classificou para a final no Japão, revelou uma lesão no ligamento do tornozelo. Recuperada, a líder do ranking mundial está preparada para competir nos Estados Unidos. A primeira etapa da SLS vai até este sábado.

##RECOMENDA##

Embora tenha 11 skatistas escalados para a disputa, o Brasil não terá a paulista Gabriela Mazetto. O time feminino é formado pelas três atletas que estiveram no Japão (Letícia, Pâmela e Rayssa) e Marina Gabriela, de 18 anos. A equipe masculina conta com Felipe Gustavo, Kelvin Hoefler, Luan Oliveira, Tiago Lemos, Lucas Rabelo e Filipe Mota. Apenas Felipe e Kelvin integraram a delegação do street nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Apesar das ausências por lesões de Aori Nishimura, número 3 no ranking mundial feminino, e da carismática filipina Margielyn Didal, a concorrência das brasileiras deve ser forte. As japonesas Funa Nakayama e Mojomi Nishiya, que dividiram o pódio com Rayssa Leal em Tóquio, estão confirmadas e devem dar trabalho ao trio brasileiro.

Yuto Horigome, campeão olímpico em casa, e Aurelian Giraud, francês que terminou o evento de estreia do esporte em Olimpíadas na sexta colocação, não competem no masculino. Estão confirmados na etapa o também francês Vincent Milou, quarto em Tóquio, o americano Nyjah Huston, tetracampeão mundial e penta do X-Games, e Shane O'Neill, vencedor do Campeonato Mundial em 2016.

A SLS é o principal campeonato de skate street no mundo e oferece a maior premiação aos atletas. Cada etapa é disputada em um país ou cidade diferente. O Brasil tem três títulos desde que a categoria feminina foi introduzida em 2015. Na ocasião, Kelvin e Letícia, que tiveram trocas de farpas nos Jogos de Tóquio, foram os vencedores do torneio.

Quatro anos depois, foi a vez de Pâmela se consagrar como campeã do evento, com Rayssa ficando com o vice. A edição de 2020, prevista para acontecer entre março e maio do ano passado, foi cancelada devido à pandemia do novo coronavírus.

Atriz, cantora, dançarina e agora skatista. A colombiana Shakira ganhou as redes sociais no fim de semana, após postar um vídeo mostrando bastante desenvoltura em cima de um skate. Nos comentários, vários famosos ficaram impressionados com ela e alguns fãs pediram a presença da cantora nas próximas olimpíadas.

A postagem com a artista andando de skate chegou a mais de 600 mil curtidas e diversos comentários exaltando as capacidades da artista. “Rainha de fazer tudo bem”, disse um fã. Já outra afirmou que "todos deveriam ser como Shakira".

##RECOMENDA##

[@#video#@]

A Confederação Brasileira de Skate (CBSk), através de uma parceria envolvendo a Prefeitura Municipal de Campinas (SP) e o Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Especial do Esporte, assinou um acordo para a construção do primeiro Centro Olímpico de Skate no Brasil.

Com previsão de inauguração para o segundo semestre de 2022, o Centro Olímpico de Skate em Campinas contará com mais de 3.100 metros quadrados com pistas de street e park, modalidades que trouxeram três medalhas de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, um half pipe (Vertical) e estrutura para as atividades administrativas e multidisciplinares como academia, vestiários, fisioterapia, centro de convivência e alojamentos.

##RECOMENDA##

"O Centro Olímpico nos permitirá trabalhar com um planejamento mais assertivo e de acordo com os objetivos para a seleção brasileira de skate e o ciclo de Paris-2024. Devido à necessidade de pistas adequadas e de um ambiente mais seguro em relação à pandemia, houve um desgaste muito grande nessa logística nos últimos anos, além do investimento financeiro, para que conseguíssemos oferecer a melhor estrutura para os skatistas se prepararem para os Jogos em Tóquio. É uma conquista importantíssima para o skate brasileiro e suas futuras gerações", destacou Eduardo Musa, presidente da CBSk.

Segundo informações do site da entidade, a CBSk será responsável pelo projeto, que será doado ao município de Campinas para a devida licitação. Também caberá à entidade a administração do espaço, a ser estabelecida em contrato de 10 anos com renovação pelo mesmo período.

"Proibição" e "skate" são duas palavras que comumente andam juntas em regramentos de condomínios brasileiros. Por décadas, o esporte foi em grande parte vetado e até motivo de discórdia entre vizinhos, mas a situação tem mudado. A prática não só conquistou mais reconhecimento, chegando até às olimpíadas, como vem ganhando espaços dentro de empreendimentos e virou um atrativo para moradores - e de diferentes idades.

A dona de casa Alana Rodrigues Sales, de 31 anos, conta, por exemplo, que o filho João Guilherme, de 13, começou a praticar skate há três meses, quando a família se mudou para um edifício com pista. "Eu acho bom porque tirou ele do celular", brinca. O garoto, a mãe conta, ficou acordado até de madrugada para acompanhar o skate nas olimpíadas. Ele pratica a modalidade quase exclusivamente no condomínio, com vizinhos. "Se deixar, fica 24 horas", conta a mãe.

##RECOMENDA##

Há quase 30 anos no mercado de espaços para a prática desta modalidade, o arquiteto e skatista George Rotatori vê diversificação de interessados, incluindo representantes das classes média e alta. "É um despertar. O público está crescendo naturalmente, e isso tem reflexos em todos os lugares, nos condomínios, nos clubes. Estão abrindo escolinhas", explica. "Com as olimpíadas, o mundo volta os olhares para o skate definitivamente, como se as portas de todo o planeta fossem abertas para ele entrar. Como um dia o grafite saiu das ruas e foi para as galerias. É um superpasso. Dos anos 80 para cá, ele viveu muitos movimentos."

Um exemplo é um projeto que Rotatori participou para um novo condomínio entregue no Brás, no centro expandido de São Paulo, no segundo semestre do ano passado. A pista de skate foi desenhada para atender tanto iniciantes quanto praticantes já experientes, com uma diferença de altura que vai de 30 centímetros a 2 metros. Coordenadora de Desenvolvimento da incorporadora Gamaro, a arquiteta Maria Carolina Altheman Pierini explica que a pista foi pensada para atender todas as idades, como costumeiramente ocorre com piscinas. "Colocamos em um espaço afastado das áreas privativas (para reduzir problemas com ruído)", comenta.

Coordenadora da construtora Porte, Nádia Bigliassi avalia que mesmo empreendimentos que detinham área suficiente antes não englobavam o skate. Mas isso tem mudado. Um dos projetos mais recentes da empresa incluiu um espaço para a prática, após a identificação de que ele poderia atrair o público jovem adulto. "O carro-chefe é a academia, a quadra poliesportiva e, agora, o skate."

A situação se repete em outras empresas. Para um condomínio que começará a ser construído no ano que vem na zona sul paulistana, a MAC Incorporadora incluiu uma pista de skate pela primeira vez em pelo menos dez anos, afirma Andrea Possi, diretora de incorporação. Proprietário da empresa de construção de pistas Skate Center, Edson Tuffi Junior conta que a demanda não é somente de novos empreendimentos, mas também de condomínios já existentes. Por vezes, a medida é vista como uma forma de organizar a prática, a fim de evitar conflitos, incidentes e afins. "Com a pandemia, chegou a parar (a demanda), mas voltou a ficar bombado de novembro para cá."

Características

Arquiteto e skatista, Fabio Lander explica que uma espaço para a modalidade pode ter diferentes tamanhos e características, com obstáculos, rampas e bowls (semelhantes a piscinas esvaziadas). A depender do uso, o espaço pode ser tanto móvel quanto fixo, embora as opções de concreto tenham maior durabilidade do que as de madeira.

Ele cita o caso de um condomínio que o procurou para criar um lugar para a prática do esporte. Como a área era estreita (um pouco mais larga do que uma calçada padrão), o arquiteto criou um "percurso skatável", com obstáculos, como corrimãos, bancos e minirrampas. "As possibilidades dependem do que o cliente pode (espaço, investimento, público-alvo)."

Sócio-proprietário da empresa Overall e também skatista, o engenheiro civil Raphael Humberto Silva comenta que hoje há um entendimento maior do mercado de que esse tipo de projeto precisa ser planejado. Ele cita exemplos de obras públicas de pistas recentes que precisaram ser refeitas, porque eram quase impossíveis de usar ou até perigosas. "Tem de pensar no fluxo da pista, quais vão ser as linhas que vão ser executadas, para o pessoal não se trombar", exemplifica.

Popularidade

Professor da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e autor do livro Para além do esporte: uma história do skate no Brasil, o historiador Leonardo Brandão percebe que a implementação de espaços em condomínios mostra como a prática está em um novo momento. "Nas propagandas, esses empreendimentos destacam ter pista de skate, acaba virando um cartão de visitas, um atrativo, mostra que o skate atende também aos anseios de uma classe média, da classe média alta..." Ele aponta que o skate ganhou novos públicos também por meio da internet, com o compartilhamento de vídeos em redes sociais e afins. "Eles (os adeptos) filmam manobras, editam, colocam uma música", descreve.

Hoje, Brandão avalia, o esporte está em todas as capitais e em grande parte do interior. "A juventude atualmente está mais atraída pelo skate do que muitos dos outros esportes. Diferentemente de outras práticas tradicionais, ele está mais ligado à ideia de liberdade, que é um conceito-chave para a juventude", aponta. "O skate não tem regras. Você vai tentar fazer o que quiser ou o que acha que consegue." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Letícia Bufoni participa na próxima quarta-feira (18) do primeiro evento de skate street pós-Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. As brasileiras vão desafiar Aori Nishimura, Nyjah Huston e outras estrelas da modalidade em uma competição em Paris, próxima sede olímpica, na Praça do Trocadero, com vista para a Torre Eiffel.

"Acredito que agora as competições vão ser mais leves, mais tranquilas do que antes, porque os Jogos Olímpicos tinham um peso muito forte", disse Bufoni. "É uma cidade que gosto muito e vai ser incrível competir em frente à Torre Eiffel", completou.

##RECOMENDA##

Quarta melhor do mundo, Letícia Bufoni era uma das principais esperanças de medalha do Brasil em Tóquio, mas a skatista caiu na classificatória. Líder do ranking mundial, Pamela Rosa volta às pistas após revelar que competiu no Japão com uma lesão no tornozelo, o que a atrapalhou na busca por uma vaga na final da modalidade.

Apesar de não ser oficial, o evento conta com 36 skatistas, desde os principais nomes do esporte até uma nova geração visando Paris-2024. Entre os confirmados, estão o peruano Angelo Caro - que ganhou notoriedade por celebrar a prata de Kelvin Hoefler -, o francês Vincent Milou, quarto em Tóquio, e o português Gustavo Ribeiro, melhor europeu no ranking mundial.

O Red Bull Paris Conquest acontece a partir das 12h30 (de Brasília) e pode ser acompanhado ao vivo pelo site oficial da marca.

A Olimpíada de Tóquio acabou no domingo, mas Rayssa Leal segue brilhando. A jovem skatista ganhou nesta quinta-feira o prêmio Visa Award, que é concedido ao atleta que melhor representou os valores olímpicos nos Jogos, segundo votação popular. A honraria é entregue pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em parceria com um dos seus patrocinadores.

"Visa e COI parabenizam Rayssa Leal por ter mostrado que a amizade e a esportividade aos seus oponentes tem maior significado do que ganhar a medalha de ouro", anunciou a entidade responsável pela organização da Olimpíada. Em Tóquio, a skatista de apenas 13 anos faturou a prata na modalidade street.

##RECOMENDA##

O prêmio celebra a amizade, a inclusão, a aceitação e a coragem, valores que foram "exemplificados" por Rayssa, segundo o COI. A brasileira foi escolhida em votação popular, no próprio site oficial da Olimpíada. "Do início ao fim, a brasileira demonstrou verdadeiras qualidades de espírito esportivo. Ela se manteve próxima das suas adversárias, deu abraços e comemorou enquanto elas faziam suas performances na Olimpíada pela primeira vez", registrou o comunicado da premiação.

"Mesmo quando Nishiya Momiji finalmente derrotou Rayssa no dia da medalha de ouro, a brasileira expressou o verdadeiro poder do espírito olímpico ao correr para ser a primeira a abraçar a rival japonesa e dar os parabéns", afirmou.

Como prêmio, Rayssa ganhou a oportunidade de escolher uma instituição para receber uma doação de US$ 50 mil (cerca de R$ 260 mil). Pelas redes sociais, ela afirmou que vai direcionar o valor para a ONG Social Skate, da cidade de Poá, em São Paulo.

"Hoje fui reconhecida, como a atleta que mais representou os valores Olímpicos durante os Jogos! E, como prêmio, iremos ajudar a @ongsocialskate, que transforma a vida de várias crianças através do Skate! Obrigada pelos votos galerinha! Essa conquista é nossa! Juntos somos mais fortes!", declarou a jovem skatista.

Rayssa Leal é medalhista de prata dos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas, fora das competições, tenta ser uma criança comum. A skatista, de 13 anos, registrou sua volta às aulas nesta quarta-feira (4) em Imperatriz, no Maranhão, sua cidade natal. "Fadas também estudam", disse a mais jovem medalhista do Brasil em uma Olimpíada.

A "fadinha", como é conhecida, foi recebida com uma homenagem pelos amigos de classe e da escola. Eles dedicaram a ela um mural pintado com a frase: "If you can dream, you can make it happen", ("Se você pode sonhar, você pode fazer isso acontecer", em tradução livre), palavras que a skatista falou após conquistar a prata em Tóquio.

##RECOMENDA##

"Eu estava morrendo de saudade da minha escola, dos meus professores e dos meus amigos! Hoje, quando voltei, fiquei muito emocionada com essa surpresa linda! Uma parede todinha para mim", festejou Rayssa depois de ver a homenagem.

"A minha escola sempre me incentivou e estiveram ao meu lado durante toda a minha trajetória. É muito bom estar de volta. Vocês foram essenciais para a conquista desse sonho", completou.

Fenômeno do skate, Rayssa fez história na semana passada ao se tornar a mais jovem medalhista do Brasil em uma Olimpíada. A Fadinha ganhou a prata na modalidade street, que também teve Pamela Rosa e Letícia Bufoni entre as representantes brasileiras. O skate deu outras duas pratas ao País em Tóquio, uma de Kelvin Hoefler no street e outra de Pedro Barros no park.

 [@#video#@]

E o skate brasileiro ganhou a terceira medalha nos Jogos de Tóquio, nesta quinta-feira (5), com a prata conquistada por Pedro Barros, na modalidade park.

Depois da prata de Kevin Hoefler e Rayssa Leal, ambos no street, foi a vez catarinense de 26 anos de dar ao Brasil a 16ª medalha nas Olimpíadas no Japão.

##RECOMENDA##

Com uma pontuação de 86.14, o brasileiro ficou atrás do australiano Keegan Palmer (95.83), dono do ouro, enquanto o bronze foi para o americano Cory Juneau (84.13).

Na final no Centro de Esportes Urbanos de Ariake, o Brasil contou ainda com outros dois representantes, Luiz Francisco, que foi o quarto colocado (83.14) e Pedro Quintas, o oitavo (38.47).

Na véspera, a final feminina da modalidade teve duas brasileiras, com Dora Varella, terminando em sétimo, e Yndiara Asp, em oitavo. A outra representante do país na categoria, Isadora Pacheco não passou da eliminatória.

Já a medalha de ouro ficou com a japonesa Sakura Yosozumi, enquanto sua compatriota Kokona Hiraki foi prata e a britânica Sky Brown ganhou o bronze.

O skate é um dos cinco esportes que estreiam nesta edição dos Jogos Olímpicos, ao lado do surfe, escalada, caratê e beisebol.

O Japão emplacou duas atletas nos degraus mais altos do pódio do skate park nos Jogos de Tóquio, nesta quarta-feira (4), com Sakura Yosozumi conquistando ouro e Kokona Hiraki ficando com a prata, enquanto a britânica Sky Brown ganhou o bronze.

Já as brasileiras na final da modalidade, Dora Varella e Yndiara Asp, ficaram em sétimo e oitavo, respectivamente. A terceira representante do país na prova, Isadora Pacheco, não conseguiu passar da semifinal.

##RECOMENDA##

E por pouco o primeiro pódio da história do skate park nas Olimpíadas não foi todo ocupado por japonesas, já que Yosozumi, Hiraki e Misugu Okamoto, líder do ranking mundial e que havia se classificado para a decisão em primeiro entre as oito finalistas, estavam, na ordem, à frente até a última volta de Sky Brown.

Mas a britânica, que tinha como maior nota nas duas voltas anteriores um 47.53, se superou e pontuou em 56.47, u,trapassando os 53.58 de Misugu Okamoto, conquistando assim o bronze.

Em três finais do skate nas Olimpíadas na capital japonesa, os donos da casa conquistaram até agora três medalhas de ouro, duas na modalidade street (masculino e feminino) e agora essa na park, feminino.

O skate é um dos cinco esportes que estreiam nessa edição dos Jogos Olímpicos, ao lado do surfe, escalada, caratê e beisebol.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando