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Um estudo brasileiro divulgado na quarta-feira (18), na revista científica internacional Scientic Reports, mostrou que o antiviral sofosbuvir, atualmente utilizado no tratamento da Hepatite C, trouxe bons resultados também contra o vírus zika, inibindo a replicação viral e protegendo as células da morte provocada pela infecção. Mais investigações ainda são necessárias antes da realização de ensaios com pacientes.

O efeito do medicamento foi verificado em testes com diferentes tipos de células, como as neuronais humanas e minicérebros, que são organoides produzidos a partir de células-tronco que reproduzem os estágios iniciais de formação do cérebro e são considerados um modelo para o estudo da microcefalia associada ao zika. Para os pesquisadores, os resultados apontam que o sofosbuvir tem potencial para se tornar uma opção no tratamento da doença.

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"Identificar a ação contra o vírus zika de uma droga que já é clinicamente aprovada é muito importante. Ainda não sabemos quando teremos uma vacina disponível contra o zika e o uso de um medicamento antiviral pode reduzir os danos provocados pela infecção. Dependendo dos resultados futuros, o tratamento poderia até ser considerado como medida profilática, como ocorre, por exemplo, no uso de certos medicamentos antirretrovirais no caso do HIV", avalia o pesquisador Thiago Moreno Lopes Souza, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).

Um dos motivos que levou os cientistas a testar o medicamento foi a semelhança entre o vírus da hepatite C e o vírus zika. Eles fazem parte da mesma família e apresentam similaridades em algumas de suas estruturas, como a enzima RNA polimerase, responsável pela replicação do material genético do vírus e alvo da ação do sofosbuvir. Segundo a Fiocruz, outros fatores levados em conta foram os efeitos colaterais reduzidos do produto para os pacientes com hepatite C, na comparação com outros antivirais, e a ausência de prejuízos para a gestão de acordo com estudos em modelos animais.

Os estudos utilizaram uma linhagem do vírus zika em circulação no Brasil. Com resultados positivos observados em estudos com diferentes linhagens celulares, os cientistas decidiram testar o medicamento em modelos mais parecidos aos cérebros dos bebês quando afetados pelo zika na fase da gestação. 

A Fiocruz explica que as células-tronco neurais de pluripotência são produzidas em laboratório a partir de células humanas extraídas da pele e são semelhantes às células que originam os principais tipos celulares do cérebro no início do desenvolvimento dos embriões.

Nos experimentos, o sofosbuvir reduziu drasticamente a replicação do vírus zika tantos nas células-tronco neurais como nos minicérebros, protegendo as células dos danos. "Observamos proteção mesmo quando as células foram submetidas a títulos elevados de vírus", destaca Thiago.

O sofosbuvir é um medicamento lançado em 2013, tendo chegado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento da hepatite C em dezembro de 2015. O medicamento não está disponível nas farmácias e sua utilização só pode ser feita com acompanhamento médico. Em maio de 2016, a Fiocruz e o consórcio BMK assinaram um acordo para produzir o remédio no Brasil.

Já o estudo da relação do sofosbuvir com o vírus zika foi realizado por pesquisadores da CDTS/Fiocruz, Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (Idor), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Inovação em Doenças Negligenciadas (INCT/IDN) e consórcio BMK.

Com informações da assessoria

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