Eles são jogadores famosos, devem disputar a Copa do Mundo no Catar, mas neste meio de ano trocaram de equipe e se transferiram para uma liga fora dos principais palcos do futebol. Daniel Alves, no México, Luis Suárez, de volta ao Uruguai, e Gareth Bale, nos Estados Unidos, buscaram vitrines alternativas para se manter em alta antes do Mundial, que pode ser o último do trio veterano, todos com mais de 30 anos.
Dos três, apenas o brasileiro precisa mostrar serviço para se garantir na Copa, pois tanto Suárez quanto Bale são dois dos principais jogadores de suas respectivas seleções, o Uruguai e o País de Gales. O técnico Tite já havia avisado o lateral brasileiro de 39 anos que ele precisava estar na ativa para ser incluído entre os 26 convocados.
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Após um período de pouco mais de seis meses no Barcelona, Daniel Alves se viu com poucas opções interessantes no mercado. O Athletico-PR foi um dos pretendentes e voltar ao futebol brasileiro poderia ser uma oportunidade interessante, mas o jogador optou pelo Pumas, do México. Em sua estreia, contribuiu com uma assistência para gol. "Muito obrigado a todos pela recepção, pelo carinho e pelo respeito. O primeiro dia nunca é esquecido. Continuaremos trabalhando duro", escreveu o jogador, em suas redes sociais.
Pesa a favor do atleta a larga experiência e o currículo vitorioso, além da falta de grandes opções no setor da seleção brasileira. Para as duas vagas de lateral-direito na Copa do Catar, Danilo, da Juventus, já assegurou a sua. Ele fez 26 das 48 partidas do Brasil no atual ciclo para o Mundial e deve ser o titular.
O principal concorrente de Daniel Alves hoje é Emerson Royal, do Tottenham. O jogador de 23 anos atuou em sete partidas pela seleção, mas justamente na última delas, no empate em 2 a 2 com o Equador, em Quito, foi expulso precocemente e prejudicou suas chances com a comissão técnica. Enquanto Royal disputará o Campeonato Inglês e a Liga dos Campeões da Europa, duas das principais competições do continente, Daniel Alves estará em uma liga pouco assistida no Brasil e de menor apelo. O contrato com o Pumas é válido por uma temporada.
Na última Copa do Mundo, em 2018, a seleção contou com Renato Augusto, que à época atuava no chinês Beijing Sinobo Guoan. Quatro anos antes, o goleiro Julio Cesar vestia a camisa do Toronto quando foi chamado para defender o Brasil. O fenômeno não é tão novo na seleção, portanto. Convocados para a Copa do Mundo de 1998, a dupla de volantes formada por Dunga e César Sampaio, este hoje auxiliar de Tite, atuava no futebol japonês.
O Uruguai passou semanas acompanhando o noticiário para saber se o grande ídolo da seleção Luis Suárez retornaria ao futebol do país. Parecia um sonho. Maior artilheiro da seleção uruguaia, Suárez havia vestido a camisa do Atlético de Madrid na última temporada e, com o fim do contrato, estava livre no mercado e com várias opções de destino mais vantajosas financeiramente.
Mas as propostas europeias não o atraíram. Suárez chegou a negociar com o River Plate, mas com a eliminação precoce dos argentinos da Copa Libertadores, o Nacional bateu à porta. Dezesseis anos depois, o ídolo voltava para casa.
"Em nenhum lugar eu seria tão feliz quanto sou aqui. Tenho três maravilhosos filhos, e o sonho deles era me ver jogar no Nacional", revelou o camisa 9. "Eu vim para cá porque quero ganhar. Estou em um time grande e sei que podemos ganhar os títulos que vamos disputar. Agora temos de nos preparar, jogar futebol e nos divertir. Houve ofertas impressionantes, mas iria para a Turquia ou não sei para onde me preparar para a Copa do Mundo, mas e a minha família? Tenho certeza de que fiz a escolha certa", disse.
Amor ao clube do coração à parte, o futebol uruguaio está muito distante do nível que será visto na Copa do Mundo. Mesmo sempre revelando grandes jogadores, eles saem do país cada vez mais cedo, inclusive para o Brasil. Será um desafio grande para Suárez chegar em alta para o Mundial. Nada que um jogador de talento e experiência não possa se ajustar. O Nacional lidera o Campeonato Uruguaio e tem Liverpool na vice-liderança, com apenas um ponto de diferença na tabela.
BALE TROCA REAL MADRID PELO LOS ANGELES FC
Maior artilheiro do País de Gales, Gareth Bale já levou a seleção a disputar uma Eurocopa e, neste ano, colocou o seu país em uma Copa do Mundo, o que não acontecia desde 1958. Ídolo local, Bale também está a apenas quatro jogos de ser o atleta que mais vezes vestiu a camisa da seleção.
Sendo a principal referência do time, dificilmente a liga que o jogador fosse escolher atuar no restante do ano faria diferença quanto à definição da sua vaga no Mundial do Catar. Embora o torneio dos Estados Unidos esteja se desgarrando da visão de um campeonato de "aposentados", as chegadas de Bale, de 33 anos, e do italiano Giorgio Chiellini, de 37, ao Los Angeles FC ajudam a reforçar o estereótipo. A equipe californiana, que também conta com o brasileiro Douglas Costa, lidera a Conferência Oeste, com 48 pontos, quatro a mais que o Austin.
"Eu acho que é uma liga em crescimento e foi uma oportunidade empolgante que senti que era correta para mim e para minha família. Quero vir aqui, quero jogar, quero deixar minha marca e fazer o melhor possível para ajudar o LAFC a conquistar um troféu", afirmou Bale.
Nas últimas temporadas, a Major League Soccer (MLS) passou a investir bastante dentro e fora de campo para elevar o nível do futebol local. Cada vez mais, as equipes têm apostado em jovens atletas sul-americanos, preparando-os para o futebol europeu. Ao mesmo tempo, promessas americanas têm recebido oportunidades em grandes equipes europeias. Nesta semana, o Chelsea contratou o goleiro Gabriel Slonina, de 18 anos, do Chicago Fire. O nível da liga dos Estados Unidos evoluiu e pretende crescer ainda mais. O país vai ser, ao lado dos vizinhos Canadá e México, uma das sedes da Copa do Mundo de 2026.
Como Bale fez pouquíssimas partidas pelo Real Madrid na última temporada, a esperança é que no Los Angeles FC ganhe ritmo de jogo para se estar mais bem preparado para a disputa do Mundial do Catar.