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A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta quinta-feira por unanimidade (12 votos) a indicação de Hermano Telles Ribeiro para o cargo de embaixador do Brasil junto à República Libanesa. A indicação (MSF 87/2019) seguiu para o Plenário com pedido de urgência. 

Na sabatina antes da votação, Telles Ribeiro ressaltou os profundos laços que unem o Líbano ao Brasil, uma vez que há mais libaneses e descendentes no Brasil do que no próprio Líbano. O diplomata explicou que na diáspora libanesa — ocorrida sobretudo no século 20 — 12 milhões de libaneses deixaram o país e cerca de 8,5 milhões chegaram à América Latina, sobretudo ao Brasil.

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Um desses imigrantes foi o pai do senador Esperidião Amim (PP-SC), que relatou a indicação de Telles Ribeiro na CRE.  

“O Brasil é o maior país libanês do mundo. Tem mais libaneses aqui do que no Líbano”, disse Esperidião Amin, informando no relatório que há de 7 a 11 milhões de libaneses e descendentes no Brasil.

Em contrapartida, a atual comunidade de brasileiros no Líbano, segundo o senador, tem cerca de 17 mil residentes, dos quais 9 mil são adultos, 5,5 mil são idosos e 2,5 mil são crianças.

A balança comercial entre Brasil e Líbano alcançou, em 2018, US$ 297,5 milhões. O resultado foi 5,1% maior do que o registrado em 2017, com superavit de US$ 242,5 milhões para o Brasil. Em 2018 o Brasil se posicionou entre os maiores fornecedores de café (78% do total importado pelo Líbano), carne bovina (65,8%) e milho (29,7%) do país.

História

Durante a exposição, Telles Ribeiro destacou a história dos fenícios, o avanço desse povo nas navegações e comércio e o legado deixado pelas civilizações que passaram pela região, como egípcios, assírios, babilônicos, gregos, persas, romanos, bizantinos, árabes, francos, otomanos (que dominaram essa região por 400 anos) e armênios.

“Esse trânsito de pessoas, de capital e das culturas está no DNA do Líbano de hoje”, destacou.

Telles Ribeiro analisou o cenário turbulento ao redor do Líbano: a crise humanitária do Iêmen, a que o embaixador se referiu como “o pior desastre humanitário em curso na história contemporânea”; a desconstrução da Síria, que já dura oito anos; a instabilidade do Iraque e a crise econômica da Líbia.

“É um entorno complexo”, reconheceu.

População

Telles Ribeiro mostrou, com mapas, a complexidade da composição populacional do país litorâneo e cuja orla corresponde à metade do litoral de Alagoas. Dos cerca de 6 milhões de habitantes, apenas 4,5 milhões são libaneses e os demais são refugiados — a maioria mulheres e crianças sírias e muitos palestinos. Segundo ele, 68% da população é muçulmana xiita e sunita e 23% são cristãos. Uma minoria é drusa, mas há outras 18 religiões reconhecidas.

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) avaliou o Líbano como “um barril de pólvora, uma nação que se manifesta nas ruas, uma nação pequena mais um grande mosaico”. Pela cultura, a história e a população com laços com o Brasil, Anastasia destacou a importância da embaixada brasileira em Beirute.

Já o senador Carlos Viana (PSD-MG) questionou sobre a mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Telles Ribeiro explicou que, no contexto internacional, a maior parte dos países que fazem parte das Nações Unidas não reconhece Jerusalém como capital de Israel. No entanto, ele ressaltou que o Brasil recentemente se posicionou favoravelmente à proposta dos Estados Unidos para a paz no Oriente Médio, conhecida como Deal of the Century.

“A nota do Itamaraty é inequívoca no sentido de considerar esse um caminho possível para chegamos ao início desse processo tão importante”.

Embora reconheça que o Brasil tenha “todas as credenciais para atuar em todos os cenários”, o embaixador comentou ser preciso que as partes — palestinos e israelenses — queiram negociar.

“Não é o que está configurando neste momento”.

O embaixador saudou os 200 militares brasileiros que compõem a Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil). Eles devem ficar na região até o fim deste ano, assim como soldados do Exército brasileiro em terra.

Telles Ribeiro foi cônsul-geral adjunto em Paris (1992-1994) e Atlanta, nos Estados Unidos (2011-2016), além de servir nas embaixadas em Caracas (1995-1996), Tóquio (2001- 2005) e Paris (2005-2008) e em organismos multilaterais.

*Da Agência Senado

 

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