Tópicos | Teresa Leitão; o vice-prefeito do Recife

Com o discurso principal baseado nos 52 anos do golpe militar de 1964, pernambucanos foram às ruas do Recife, nesta quinta-feira (31), para condenar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) que está em curso na Câmara dos Deputados e defender a democracia. O ato que inicialmente ficaria apenas na Praça do Derby, começou a concentração por volta das 15h e reuniu 90 mil pessoas, de acordo com a organização, e 6 mil, segundo a Polícia Militar (PM-PE). 

Em proporção visivelmente menor que no dia 18, a mobilização foi organizada pela Frente Brasil Popular – composta por mais de 60 entidades sociais e sindicatos, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento Sem Terra (MST) –, pelo grupo Brasil Sem Medo, o PT, PSOL e PCdoB.  

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Embalados por músicas de lutas sindicalistas e que remetiam a época da ditadura, os militantes vestiam, em sua maioria, vermelho e carregavam cartazes com dizeres que pediam “fora Cunha”, “respeito à democracia” e “64 nunca mais”. Além disso, gritavam palavras de ordem como “não vai ter golpe” e “fora Cunha”. A manifestação tinha o teor de ato cultural e podiam ser vistas pessoas de diversas expressões. O Bloco Carnavalesco Eu Acho É Pouco, o Som na Rural, o Movimento Levante Popular, grupos de afoxé, tribos indígenas também participaram.

Segundo o líder do movimento Brasil Sem Medo em Pernambuco, Rud Rafael, as entidades e os partidos se uniram em torno da democracia e não apenas pelo governo petista. “O dia é marcado pela construção de uma unidade em defesa da democracia e da garantia do direito. Dentro e fora do governo vemos hoje uma ameaça aos direitos. Fora vemos no processo de impeachment de forma ilegal e dentro do governo a aprovação da Lei do Terrorismo, a proposta de Reforma de Previdência”, pontuou. “Não é uma postura em defesa do governo, mas queremos fazer esta crítica dentro do direito democrático”, acrescentou. 

Corroborando com o aliado, o vice-presidente da CUT-PE, Paulo Rocha, o país não pode permitir um mais golpe civil. “Até agora não se tem comprovação de nada, então não tem crime de responsabilidade por parte da presidente da República. Agora no Brasil está sendo tentado um golpe civil. Não podemos permitir que o país volte a viver na época da ditadura”, frisou. 

Presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, observou que desta vez o povo reage na hora certa contra o golpe. “Escolhemos o dia de hoje justamente porque é simbólico. A diferença é que nós aprendemos com a história. Em 64 a sociedade reagiu depois do golpe, agora nós vamos às ruas para evitar o golpe, defender a constituição, o estado de direito e as conquistas que o país teve. O que está em jogo não é quem preside, se Eduardo Cunha vai ser vice de Temer como eles acham que conseguem, mas o que está em jogo são os direitos”, pontuou. 

O ato contou com a participação de pessoas de todo o estado, um grupo formado alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desfilou na passeata com 30 cartazes com a silhueta de vítimas da ditadura militar. 

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Com ânimos acirrados no cenário nacional, os políticos que participaram da passeata subiram ao trio elétrico para condenar a postura dos parlamentares na Câmara dos Deputados. “O PSB [de Pernambuco] liberando secretários para votar no golpe. Isso é uma vergonha diante da luta de Miguel Arraes [deposto em 1964]”, disparou Ribeiro. 

O desembarque do PMDB também norteou o discurso dos que participaram do ato. “O PMDB é traidor. Fez a aposta errada e vai virar um partido pequenininho”, projetou o presidente do MST no estado, Jayme Amorim. “Temer que vai resolver o problema do Brasil? Me poupe. No momento que podia ajudar o país, se acovardou, traiu um projeto que ele defendeu em cima do palanque. Ele passa o recibo de total descompromisso com as regras democráticas”, asseverou a vice-presidente do PT e deputada estadual Teresa Leitão. Para a deputada, o desembarque do PMDB do Governo Federal é “um grande alerta e uma oportunidade” para Dilma alterar a rota do Governo e levar a gestão para o lado da população. 

O ato reuniu diversas lideranças políticas como o presidente da Fundaj, Paulo Rubem; a vereadora do Recife, Marília Arraes (PT); o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB); e o presidente da Sudene, João Paulo (PT). 

A passeata seguiu pelas Avenidas Carlos de Lima Cavalcanti, Conde da Boa Vista, Guararapes e Dantas Barreto. A dispersão iniciou por volta das 20h10 e de acordo com a PM-PE não houve registros de ocorrências. 

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