Há exatos sessenta dias depois do acidente que ficou conhecido como “a tragédia da Tamarineira”, um dos sobreviventes, o advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, 46, falou pela primeira vez à imprensa. A coletiva, que aconteceu nesta terça-feira (24), foi marcado pela mistura de emoções e agradecimento pelas pessoas que se envolveram direta e indiretamente na resolução inicial desse caso, que deixou outras três pessoas mortas, o Miguel, por várias vezes chorou ao lembrar dos que partiram e pela filha que continua lutando pela recuperação plena.
Marcela Guimarães da Motta Silveira, 5 anos, atualmente (mesmo tendo um estado crítico) - segundo informado pela neurocirurgiã Debora Pinho - já come pela boca; está bem nutrida; respira sem a ajuda de aparelhos; abre os olhos e toma banho com o suporte de duas pessoas. “Ela passou do primeiro capítulo, uma cirurgia onde fizemos a retirada de parte frontal do osso do crânio, para que conseguíssemos reduzir a pressão (cerebral), que fez com que ela estivesse viva hoje”, informou a médica. Com a necessidade da recolocação dessa parte do crânio, Marcelinha, como é chamada pela equipe, vai precisar passar por uma outra cirurgia. “Esses ossos vão ser elaborados por uma companhia e serão repostos de forma artificial; a partir desse molde, depois da colocação, o cérebro dela vai se acomodar naturalmente. Após essa colocação é que virá uma melhora (plena)”, informa a neurocirurgiã.
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Mas, essa melhora, segundo a equipe técnica, ainda é uma incógnita, já que “em maioria dos casos as pessoas não resistem. O mundo não sabe como colocar essa prótese numa criança de dois anos, já que é pouco frequente esse tipo de cirurgia”, pondera.
Debora Pinho assegurou que Marcela terá alta nesta terça (24) e irá para a sua casa, seguindo na espera dessa intervenção. “Seguirá com o acompanhamento de uma fonoaudióloga, fisioterapia, terapia ocupacional e outros cuidados médicos - se necessário - com acompanhamento neurológico. Ela não tem nada que a impeça de estar em casa; se tivesse necessidade de ficar no hospital, ficaria”, diz a doutora.
Entenda o caso
João Victor Ribeiro Leal foi o motorista que provocou esse trágico acidente no bairro da Tamarineira, no dia 26 de novembro, ao avançar o sinal vermelho a 108km/h, segundo a Polícia Civil. Miguel Arruda dirigia sua caminhonete a 30km/h; 78 km/h menos que o João. A velocidade máxima permitida na Rua Cônego Barata, local onde aconteceu a colisão, é de 60km/h. A colisão causou a morte de três pessoas - Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, de 3 anos; Maria Emília Guimarães, mãe das crianças; e Rosiane Maria de Brito Souza, que estava grávida de quatro meses e era babá da família.
Assistência a Babá das crianças
Miguel Arruda informou que mantém contato com a família da babá Rosiane Maria, que deixou uma filha de 3 anos. Ele assegura que tem dado um suporte financeiro para a mãe de sua empregada falecida e auxilia no trâmite para que a filha da Rosiane seja a “receptora” do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT).