Mais do que cores e folia. Por trás da alegria e brincadeira carnavalesca estampada no rosto dos cerca de 150 integrantes do Bloco da Saudade e de todo o público que lotou o Clube Náutico na madrugada deste sábado (11), é possível sentir uma força que transcende a efemeridade dos confetes e serpentinas dos quatro dias de carnaval.
Esta força é a resistência que sustenta o frevo – ritmo que fala alto no Estado de Pernambuco, mas sempre com as mesmas palavras. Getúlio Cavalcanti, homenageado na noite do seu 70º aniversário, cantou com alegria sua composição Último Regresso – que já se transformou em um dos hinos do carnaval de Recife e Olinda.
O compositor, mesmo com todo o reconhecimento à sua obra, ressaltou mais uma vez a escassez de frevos inéditos na capital pernambucana. Segundo ele, o CD do Concurso de Músicas Carnavalescas, possibilitado pela Prefeitura do Recife, não é suficiente para que o ritmo seja valorizado. “A prefeitura devia, desde dezembro, divulgar as músicas nas rádios, ela tem o poder para isso. Sofremos o problema da música que paga para ser executada. O frevo é daqui, não temos porque pagar para que ele seja executado”, desabafa Getúlio.
Suas próximas apresentações acontecem em desfiles com o Bloco da Saudade e em palcos dos polos multiculturais do Recife. No seu repertório, nenhuma novidade, ele mesmo afirma: “Tocarei as músicas mais conhecidas como Cantiga de Roda, Boi Castanho, O bom Sebastião e o Último Regresso. São as músicas que o povo canta junto, no show não há espaço para novas canções. Não enquanto não houver divulgação suficiente”, declarou.
Getúlio Cavalcanti, figura do carnaval há mais de 50 anos e membro do Bloco da Saudade há 25, encerrou a noite ditando as seguintes palavras: “Os ensaios do Bloco da Saudade representam o último bastião da música de carnaval pernambucana”.
LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.