Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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Lulismo versus Dorismo

Adriano Oliveira, | ter, 21/03/2017 - 09:23
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Construir cenários para as eleições é ato necessário para políticos e estrategistas. Os cenários clarificam o futuro e contribuem para orientar as decisões dos atores. Os cenários podem ser construídos através das ações dos atores ou nascem independentes da ação deles. Mesmo que o ator não tenha o “controle” do futuro, ele precisa estar preparado para agir diante dele. Os acasos não podem ser desprezados.

Vislumbro para a próxima eleição presidencial, a disputa entre o Lulismo e o Dorismo. O Lulismo é um fenômeno que já existe. O Dorismo não. Lulismo são manifestações favoráveis ao ex-presidente Lula. Dorismo são manifestações favoráveis à candidatura de João Dória, prefeito de São Paulo, a presidente.  O Lulismo é observado intensamente nas regiões Norte e Nordeste e em diversas classes sociais. O Dorismo nasce no Sudeste e em variadas classes sociais. O Lulismo é passado e presente. O Dorismo é futuro.

O passado do Lulismo existe e está vivo na mente de parte dos eleitores brasileiros em razão do sucesso da era Lula, da falência do governo Dilma, da Lava Jato e das reformas propostas pelo governo Temer. O Dorismo surgirá (ou surge) em virtude da crise de imagem dos políticos reforçada pela Lava Jato, do antipetismo, de sentimentos de antipolítica e da possibilidade do prefeito de São Paulo conquistar popularidade.

O Lulismo sobrevive e readquiriu força em razão da Lava Jato. Inicialmente, o Lulismo perdeu popularidade. Após a divulgação das variadas delações premiadas, parte dos leitores, conforme pesquisas revelam, passou a classificar os políticos como farinha do mesmo saco. Portanto, “se todo político é igual, o Lula fez muito por nós”. Esta é uma verbalização comum entre os eleitores.

A Lava Jato contribui para que o Dorismo surja: “Se todos os políticos são farinha do mesmo saco, o Dória não é”. O Dória é empresário, não está na lista da Odebrecht e bancou a sua própria campanha para prefeito de São Paulo. Não desprezem esta narrativa a qual será ofertada aos eleitores ou surgirá naturalmente. Outra narrativa a ser criada: O Dória fez muito por São Paulo, não é político, é gestor.

O Lulismo depende da Justiça para disputar a eleição presidencial. O Dorismo depende de João Dória e da sabedoria do PSDB. O Lulismo tem cheiro de povo, o Dorismo ainda não. O Lulismo emociona, o Dorismo também. Lulismo e Dorismo têm presença de palco. Quem vencerá, caso esta disputa venha a ocorrer?

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