Cabeça de mulher decapitada foi feita de "bola de futebol"

por Jameson Ramos | sex, 02/02/2018 - 13:23
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Foto: Divulgação/Polícia Civil Alefy Richardson da Silva, 22 anos Alefy Richardson da Silva, 22 anos

Nesta sexta-feira (2), o delegado Osias Tibúrcio, responsável pelas investigações sobre o caso da mulher decapitada na comunidade de Suvaco da Cobra, Jaboatão dos Guararapes, no dia 10 de dezembro de 2017, apresentou o suspeito de cometer o crime. Alefy Richardson da Silva, 22 anos, teve sua prisão preventiva deflagrada no último dia 30 de janeiro, sendo encaminhado nesta quinta-feira (1º) para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). Segundo afirmações do delegado, Alefy, após arrancar a cabeça de Maria Aparecida dos Santos Fidelis, de 52 anos, ainda fez a parte do corpo da vítima de “bola”.

De acordo com o Osias, o suspeito afirmou em seu depoimento que a doméstica, Maria Aparecida, queria manter relações com ele; ao negar, ele acabou levando um tapa e, em resposta à agressão, acabou matando a vítima enfiando uma faca peixeira em seu pescoço. “Após isso, ele foi para um ponto de drogas, contou o que fez ao traficante (identificado como Fernandinho), que indagou se realmente ele tinha matado a mulher. Para confirmar isso, eles voltaram ao local do crime”, relata o delegado titular da delegacia de Piedade, Oseias Tibúrcio.

Segundo a versão dada pelo Alefy Richardson, o traficante Fernandinho foi o real responsável por incentivar e realizar, junto com ele, a decapitação da mulher que já estava morta - conforme perícia. “Eles ficaram chutando a cabeça dela como se fosse bola de futebol, depois foram até o quintal para dar a parte do corpo para os cachorros comerem. Richardson revelou que pegou a cabeça e colocou em cima de um muro, que divide a casa da vítima da casa dos familiares”, informa o delegado titular. Os parentes foram surpreendidos pelo o que havia acontecido justamente por conta dessa cabeça que estava exposta.

O delegado confirma ainda que, mesmo identificando o suspeito em tempo hábil, a polícia não conseguiu prendê-lo em flagrante delito porque ele evadiu-se do local. “O inquérito foi concluído dez dias depois, mas não conseguimos o mandado de prisão na época porque o Judiciário estava em recesso. Só no dia 2 de janeiro que conseguimos a ordem de prisão”, ratifica.

O caso não foi caracterizado como feminicídio porque, segundo assegurado pelo delegado, “o que caracteriza o feminicídio é a morte da mulher em razão do gênero. Se fosse um homem que tivesse dado um tapa na cara dele, drogado do jeito que estava, ele teria esfaqueado ou não? Pra mim, durante as investigações, ficou claro que ele teria reagido da mesma forma”, pondera. Oseias Tibúrcio é contundente em falar que "a morte não aconteceu porque ela era uma mulher".

Mas o titular exclama que a caracterização atual do crime, como "homicídio qualificado e destruição de cadáver", ainda pode ser modificado e caracterizado, também, como um feminicídio, se por algum acaso testemunhas confirmarem que já havia contra o Alex Richardson casos de agressões contra mulheres.

Sobre o caso

Os familiares informaram com exclusividade para o LeiaJá que o caso de Maria Aparecida ganhou tímida repercussão, se comparada com o caso da fisioterapeuta Tássia Mirella, que foi degolada pelo vizinho, em um flat de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A morte de Mirella resultou em manifestação, ágil ação policial, além da data do crime virar o Dia do Combate ao Feminicídio em Pernambuco.

Em entrevista, a coordenadora da Associação de Moradores de Novo Horizonte - onde a comunidade está inserida -, Dayse Medeiros, suspeita que a diferença de intensidade na repercussão de casos semelhantes está relacionada com o poder aquisitivo. “A gente mora numa comunidade carente, historicamente esquecida, com poder público ausente. Acredita-se que nas comunidades a banalização da violência é comum, como se essas vidas que estão nas comunidades carentes, na periferia, não importassem”, avaliou Dayse.

Manifestação

Familiares e amigos pretendem fazer uma manifestação para trazer foco para o que aconteceu. "O ato é uma resposta política no sentido de dar mais visibilidade ao assassinato de Cida, e ao mesmo tempo para a gente organizar as mulheres aqui da comunidade que estão muito vulneráveis com a violência", responde Dayse Medeiros.

Segundo afirmado em coletiva, pelo delegado Oseias Tibúrcio, as investigações não acabam até que o "Fernandinho" seja reconhecido, encontrado e preso pelo crime de Destruição de cadáver. O traficante foi apontado como participante do crime pelo, agora preso, Alefy Richardson. 

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