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Nesta sexta-feira (2), o delegado Osias Tibúrcio, responsável pelas investigações sobre o caso da mulher decapitada na comunidade de Suvaco da Cobra, Jaboatão dos Guararapes, no dia 10 de dezembro de 2017, apresentou o suspeito de cometer o crime. Alefy Richardson da Silva, 22 anos, teve sua prisão preventiva deflagrada no último dia 30 de janeiro, sendo encaminhado nesta quinta-feira (1º) para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). Segundo afirmações do delegado, Alefy, após arrancar a cabeça de Maria Aparecida dos Santos Fidelis, de 52 anos, ainda fez a parte do corpo da vítima de “bola”.

De acordo com o Osias, o suspeito afirmou em seu depoimento que a doméstica, Maria Aparecida, queria manter relações com ele; ao negar, ele acabou levando um tapa e, em resposta à agressão, acabou matando a vítima enfiando uma faca peixeira em seu pescoço. “Após isso, ele foi para um ponto de drogas, contou o que fez ao traficante (identificado como Fernandinho), que indagou se realmente ele tinha matado a mulher. Para confirmar isso, eles voltaram ao local do crime”, relata o delegado titular da delegacia de Piedade, Oseias Tibúrcio.

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Segundo a versão dada pelo Alefy Richardson, o traficante Fernandinho foi o real responsável por incentivar e realizar, junto com ele, a decapitação da mulher que já estava morta - conforme perícia. “Eles ficaram chutando a cabeça dela como se fosse bola de futebol, depois foram até o quintal para dar a parte do corpo para os cachorros comerem. Richardson revelou que pegou a cabeça e colocou em cima de um muro, que divide a casa da vítima da casa dos familiares”, informa o delegado titular. Os parentes foram surpreendidos pelo o que havia acontecido justamente por conta dessa cabeça que estava exposta.

O delegado confirma ainda que, mesmo identificando o suspeito em tempo hábil, a polícia não conseguiu prendê-lo em flagrante delito porque ele evadiu-se do local. “O inquérito foi concluído dez dias depois, mas não conseguimos o mandado de prisão na época porque o Judiciário estava em recesso. Só no dia 2 de janeiro que conseguimos a ordem de prisão”, ratifica.

O caso não foi caracterizado como feminicídio porque, segundo assegurado pelo delegado, “o que caracteriza o feminicídio é a morte da mulher em razão do gênero. Se fosse um homem que tivesse dado um tapa na cara dele, drogado do jeito que estava, ele teria esfaqueado ou não? Pra mim, durante as investigações, ficou claro que ele teria reagido da mesma forma”, pondera. Oseias Tibúrcio é contundente em falar que "a morte não aconteceu porque ela era uma mulher".

Mas o titular exclama que a caracterização atual do crime, como "homicídio qualificado e destruição de cadáver", ainda pode ser modificado e caracterizado, também, como um feminicídio, se por algum acaso testemunhas confirmarem que já havia contra o Alex Richardson casos de agressões contra mulheres.

Sobre o caso

Os familiares informaram com exclusividade para o LeiaJá que o caso de Maria Aparecida ganhou tímida repercussão, se comparada com o caso da fisioterapeuta Tássia Mirella, que foi degolada pelo vizinho, em um flat de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A morte de Mirella resultou em manifestação, ágil ação policial, além da data do crime virar o Dia do Combate ao Feminicídio em Pernambuco.

Em entrevista, a coordenadora da Associação de Moradores de Novo Horizonte - onde a comunidade está inserida -, Dayse Medeiros, suspeita que a diferença de intensidade na repercussão de casos semelhantes está relacionada com o poder aquisitivo. “A gente mora numa comunidade carente, historicamente esquecida, com poder público ausente. Acredita-se que nas comunidades a banalização da violência é comum, como se essas vidas que estão nas comunidades carentes, na periferia, não importassem”, avaliou Dayse.

Manifestação

Familiares e amigos pretendem fazer uma manifestação para trazer foco para o que aconteceu. "O ato é uma resposta política no sentido de dar mais visibilidade ao assassinato de Cida, e ao mesmo tempo para a gente organizar as mulheres aqui da comunidade que estão muito vulneráveis com a violência", responde Dayse Medeiros.

Segundo afirmado em coletiva, pelo delegado Oseias Tibúrcio, as investigações não acabam até que o "Fernandinho" seja reconhecido, encontrado e preso pelo crime de Destruição de cadáver. O traficante foi apontado como participante do crime pelo, agora preso, Alefy Richardson. 

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Mais uma semana sem a prisão do responsável por assassinar e decapitar a costureira Maria Aparecida dos Santos Fidelis, conhecida como Dona Cida, de 52 anos. O crime aconteceu no dia 10 de dezembro na comunidade Suvaco da Cobra, em Barra de Jangada, Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR). Após duas semanas, família da vítima segue questionando a falta de providências da Justiça e da Polícia Civil de Pernambuco.

Em entrevista ao LeiaJá.com, Maurílio José, filho de Maria Aparecida, informou que os familiares já sabem quem é o autor do crime e onde ele reside, mas cobram mais empenho e agilidade no trâmite judicial. “Na semana passada eu falei com o delegado e ele me disse que estava aguardando o resultado do pedido de prisão do suspeito. A papelada já havia sido enviado a um juiz”, conta Maurílio.

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O filho da vítima diz que o prazo estipulado pelo delegado responsável pelo caso, Osias Tibúrcio, para ter o mandado de prisão em mãos era até a última sexta-feira (22). Hoje, sábado (23), e o caso segue sem resolução. “O delegado não entrou em contato comigo e eu também não vou telefonar de novo para não ser inconveniente, mas na próxima segunda-feira (25), dia de Natal, voltarei a ligar”, pontua o familiar.

Para ele, a espera é seletiva e dura. “A gente fica com o coração na mão aqui, já até vimos o meliante dando umas voltas de moto enquanto a gente fica aguardando a Justiça”.

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O LeiaJa.com procurou o delegado Osias Tibúrcio, neste sábado (23), para saber quais as novidades na investigação do caso. Ele explicou que ainda não tem em mãos o mandado de prisão do suspeito e aguarda a documentação da Justiça. Tibúrcio frisou que não pode enviar diligências à casa do suspeito sem a papelada. Mais detalhes da investigação devem ficar em sigilo para não atrapalhar o andamento do caso.

Enquanto isso, a família de Cida aguarda por justiça, com a prisão do responsável, e paz para dar seguimento a vida.

Chegam os peritos. Maurílio José acompanha tudo no quintal da casa. Botam a cabeça no chão, em pé, em direção a Maurílio. Ele encara. Alguns segundos depois, a cabeça deita. Ele continua encarando. Ainda não havia conseguido parar para processar tudo, que era sua mãe ali.

O crime ocorreu na madrugada do dia 10 de dezembro, na comunidade popularmente conhecida como Suvaco da Cobra, em Barra de Jangada, Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR). Maria Aparecida dos Santos Fidelis, conhecida como Dona Cida, de 52 anos, três filhos e dez netos, foi brutalmente assassinada em sua casa. Ela foi decapitada e teve a cabeça exposta no muro da residência.  

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Mais de uma semana depois, a família da vítima está desconfiada. Teme que o caso acabe impune porque até o momento ninguém foi preso. O incômodo é maior porque eles garantem já saber quem foi o responsável pelo crime. Apesar do caso ter sido divulgado na imprensa e possuir fortes indícios de feminicídio, ganhou uma tímida repercussão, longe do que aconteceu, por exemplo, após a morte da fisioterapeuta Tássia Mirella em um flat de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A morte de Mirella, quase degolada pelo vizinho, causou grande impacto e resultou em manifestação, na circulação do termo #somostodosmirella, ágil ação policial, além da data do crime virar o Dia do Combate ao Feminicídio em Pernambuco.

No vídeo abaixo, filhos da vítima contam um pouco do drama de descobrirem a mãe morta de forma brutal:

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Cerca de dois meses atrás, o suspeito do caso de Dona Cida começou a frequentar o Suvaco da Cobra, onde a mãe morava há mais tempo. Na noite anterior ao crime, ele foi visto entrando na casa de Dona Cida, ambos bêbados – a vítima era alcoólatra. No dia seguinte, ele desapareceu. Quando a filha de Dona Cida, Cícera Fidelis, foi procurar a mãe do suspeito, ambas choraram. “Ela disse que ele confessou. Disse que estava lá no momento, mas não foi ele quem cortou a cabeça”, lembra Cícera. A versão de que ele não agiu sozinho é tratada como mentira pelos familiares da assassinada.  A mãe do suspeito, temendo uma reação da comunidade, também se mudou.  

A linha do tempo traçada pela família indica que o suspeito entrou com Maria Aparecida na casa dela por volta das 22h do sábado (9), mas saiu pouco depois, quando possivelmente deixou o cadeado aberto. Ele teria ido à casa da mãe, onde pediu dinheiro ao padrasto e pegou uma muda de roupa – esse seria o momento em que pegara também o objeto cortante.  O homem, então, voltou. Maria Aparecida estava em sua cama. Teve a boca tapada com um pano enquanto era cortada no pescoço. Vizinhos contam que ainda escutaram um ganido. “Minha mãe era uma mulher que não queria ter relacionamento sério. Ela pode ter se recusado a deitar com ele, que não aceitou”, arrisca Maurílio.

O filho da vítima tem telefonado para o delegado responsável pelo caso, Osias Tibúrcio, com freqüência, cobra celeridade e respostas. Diz que os peritos pareciam desinteressados e com má-vontade. “Faltou interesse porque a gente é humilde. Se fosse alguém com dinheiro, eles teriam vasculhado tudo. A gente já tem tudo, nome do cara, foto, sabe os locais onde ele poderia estar. Por que ainda não foi preso?”. 

A coordenadora da Associação de Moradores de Novo Horizonte, onde a comunidade está inserida, Dayse Medeiros, suspeita que a diferença de intensidade na repercussão de casos semelhantes está relacionada com o poder aquisitivo. “A gente mora numa comunidade carente, historicamente esquecida, com poder público ausente. Acredita-se que nas comunidades a banalização da violência é comum, como se essas vidas que estão nas comunidades carentes, na periferia, não importassem”, avalia Dayse. 

O LeiaJa.com procurou o delegado Osias Tibúrcio para saber sobre o andamento do caso. Ele evitou dar detalhes para não atrapalhar as investigações, mas contou que está tudo encaminhado e que novidades devem surgir nos próximos dias. 

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