Tópicos | 3º trimestre

A combinação entre demanda fraca, juros altos e real desvalorizado derrubou o resultado das empresas de capital aberto no terceiro trimestre de 2015. Levantamento da empresa de informações financeiras Economática, com 218 companhias negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), mostra que o lucro líquido das empresas caiu 81% no período comparado ao terceiro trimestre de 2014, de R$ 12,5 bilhões para R$ 2,4 bilhões.

O balanço não inclui Petrobras, Vale e Eletrobras, cujos resultados distorcem os números gerais do estudo. Quando incluídas essas empresas, o resultado sofre uma deterioração ainda maior: o lucro líquido de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre do ano passado vira um prejuízo de R$ 12 bilhões este ano.

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Segundo o gerente de relacionamento institucional da Economática, Einar Rivero, responsável pelo levantamento, o fator que mais contaminou o resultado trimestral deste ano foi a despesa financeira, que cresceu 151% - de R$ 26 bilhões para R$ 65 bilhões.

Nessa conta estão contabilizados os juros sobre a dívida e a variação cambial - com a cotação do dólar saindo de R$ 2,45 em setembro de 2014 para R$ 3,97 em setembro de 2015. Com isso, a dívida bruta das 218 empresas de capital aberto subiu de R$ 549 bilhões para R$ 716 bilhões - alta de 30%. Se consideradas Vale, Petrobras e Eletrobras, a dívida sobe de R$ 991 bilhões para R$ 1,4 trilhão - crescimento de 40%.

Receitas

No lado operacional, o resultado também foi fraco. As receitas tiveram alta nominal de 12,9%, mas, descontando a inflação do período, que foi da ordem de 9%, o avanço foi pequeno. "As empresas voltadas ao mercado doméstico tiveram uma redução mais forte do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) e do lucro por causa da redução da demanda", afirma o economista chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira.

Segundo ele, setores como siderurgia e metalurgia, por exemplo, sofreram o efeito duplo da alta do dólar e da queda na demanda doméstica e internacional. No ambiente interno, diz ele, as áreas de construção e de automóveis estão com a demanda muito fraca, o que impacta na produção de aço.

No mercado internacional, com a China crescendo menos, há um excesso de aço no mundo, o que prejudica as exportações nacionais. Junta-se a isso o fato de o setor ter um endividamento alto - segundo a Economática, de R$ 66 bilhões.

Despesas

Outro fator negativo no balanço das empresas de capital aberto foi o aumento dos custos (15,9%), afirma o professor e coordenador de cursos da Fundação Instituto de Administração (FIA), Marcos Piellusch. Segundo ele, com o crescimento de despesas, como combustíveis e energia elétrica, houve uma diminuição da margem Ebit das empresas, que representa o lucro antes dos juros e do Imposto de Renda.

O professor destaca ainda que o balanço do terceiro trimestre mostra uma posição mais conservadora das empresas de capital aberto. Exemplo disso é que houve um aumento de 30% no caixa das companhias, de R$ 175 bilhões para R$ 228 bilhões. Esse aumento, no entanto, não é positivo. Pelo contrário. "Isso significa que as empresas seguraram investimentos e podem ter se endividado mais", afirma Piellusch. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O aumento dos calotes pesou no resultado dos grandes bancos de capital aberto no terceiro trimestre e, associado à tímida expansão do crédito e ao adiantamento do impacto do reajuste salarial, fez com que o crescimento dos lucros desacelerasse para apenas um dígito. Embora o esforço dessas instituições no garimpo de margens financeiras e receitas com serviços e tarifas maiores tenha compensado em partes, a sinalização é de que a recessão econômica vai impactar de forma mais intensa o desempenho dessas instituições.

Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander registraram lucro líquido contábil de R$ 14,654 bilhões de julho a setembro, montante 7,53% maior que um ano. Nos trimestres anteriores, os crescimentos foram de 14% e 19%, nesta ordem. Se considerados efeitos extraordinários, o resultado foi de R$ 14,978 bilhões, 15,64% superior em relação ao terceiro trimestre de 2014.

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As despesas com provisão para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, pesaram no resultado dos grandes bancos e também no BB que divulgou nesta semana seus números do trimestre. A instituição elevou seu saldo em mais de R$ 4,5 bilhões de junho para setembro, para mais de R$ 34 bilhões, fazendo com que seus gastos para calotes crescessem quase 16% no trimestre e mais de 40% em um ano. Parte entrou como um reforço adicional pegando uma carona no ganho contábil com a majoração da CSLL.

Apesar de o montante de provisão refletir o ambiente econômico atual, o vice-presidente do BB, José Mauricio Coelho, admitiu que a linha tem impedido o banco de entregar um retorno melhor. Isso fez, inclusive, a instituição revisar para baixo sua expectativa deste ano. Agora, espera algo entre 13% a 16% ante intervalo de 14% a 17%. Ao final de setembro, ficou em 13,7%.

Reforços nas provisões também foram feitos por Bradesco, Itaú e Santander. O saldo, considerando o BB, foi a R$ 115,5 bilhões ao final de setembro, cifra 27,3% maior em um ano e 16,6% no trimestre. Os gastos com calotes, por sua vez, aumentaram cerca de 21% e 12%, nesta ordem, para quase R$ 19 bilhões.

O maior conservadorismo dos grandes bancos, antecipando-se a uma piora dos calotes, refletiu no índice de cobertura que ultrapassou a barreira dos 200% ao final de setembro. Para um afrouxamento do indicador, segundo essas instituições, só uma mudança significativa no cenário econômico, o que não deve se materializar tão cedo. "Se um cliente nosso atrasar um crediário, identificamos isso e já modificamos seu risco e também a provisão", exemplificou Coelho, do BB.

Do lado do crédito, o impulso extra veio do câmbio. BB, Bradesco, Itaú e Santander cresceram suas carteiras, fruto do perfil mais seletivo dessas instituições e menor demanda de indivíduos e empresas. Os guidances foram mantidos, com exceção do BB que revisou para baixo a projeção para pessoa jurídica. Raul Moreira, vice-presidente do banco, explicou que o ajuste reflete o menor apetite das empresas. Garantiu, porém, que o BB não está mais restritivo na liberação de recursos nem afrouxando suas políticas.

O BB além do impulso cambial também teve um reforço da troca da dívida da Petrobras de US$ 1 bilhão por outra operação no valor de R$ 4,075 bilhões. Apesar disso, no acumulado do ano, a carteira cresceu no piso do guidance anunciado, de alta de 7% a 11% para 2015. Nos privados, a expectativa também é de que a expansão do ano fique na ponta menor das projeções.

Ganhos gordos com a tesouraria, com exceção de alguns, aproveitando a volatilidade de setembro, quando o Brasil perdeu um dos selos de bom pagador, e receitas crescentes foram os pontos altos do terceiro trimestre. Ainda há esperança dos grandes bancos que haja algum espaço de reprecificação das carteiras, o que pode continuar melhorando as margens no próximo trimestre, ainda que a selic esteja estável por ora. Um reforço adicional virá do aumento dos juros do consignado INSS, mas em menor escala já que o saldo de todo o sistema é em torno de R$ 86 bilhões, segundo o Banco Central.

O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, afirmou, durante teleconferência com jornalistas nesta quinta-feira, 12, que "o pior cenário ficou para trás", uma vez que a companhia já se adapta ao atual cenário econômico e dimensiona sua operação de modo a aumentar sua eficiência.

"É completamente impossível cravarmos o cenário macroeconômico para o próximo ano, mas a nossa percepção é que a volatilidade vista em 2015 não se repetirá em 2016", disse Kakinoff. "Porém, tampouco prevemos uma forte recuperação da economia."

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Segundo o presidente da Gol, a empresa sentiu a velocidade da deterioração do cenário macroeconômico na transição entre o primeiro e o segundo trimestre desse ano. "Evidentemente, a readequação da malha ocorre numa velocidade menor que as variações abruptas que todos experimentamos na economia brasileira no período".

O executivo ressaltou que a Gol tem agido na reestruturação do tamanho da frota e da malha, além de trabalhar para a redução da estrutura de custos. "Isso nos permite afirmar que o pior cenário ficou para trás."

Kakinoff ainda destacou que a Gol encerrou o terceiro trimestre de 2015 com caixa total, incluindo aplicações financeiras e caixa restrito, totalizando R$ 3,073 bilhões, equivalente a 31,2% da receita líquida dos últimos doze meses.

Segundo o executivo, essa posição de caixa dá tranquilidade à empresa para lidar com as obrigações de amortização da dívida no curto prazo, entre o quarto trimestre de 2015 e o final de 2016. Dos R$ 9,489 bilhões da dívida bruta da Gol no terceiro trimestre de 2015, R$ 1,347 bilhão vencem no curto prazo, enquanto R$ 8,142 milhões vencem no longo prazo.

"As obrigações de curto prazo, comparadas ao tamanho do caixa, nos dão um alto grau de segurança para enfrentar a crise, ainda que o cenário de dificuldade tenha algum tipo de acentuação adicional", disse Kakinoff.

A demanda doméstica por voos da Gol caiu 3,3% em setembro, levando a taxa de ocupação nos aviões da empresa para 76,6%, informou nesta terça-feira (27) a empresa. No trimestre, a demanda cresceu 1,8%, com uma taxa de ocupação de 79,3%, representando uma expansão de 1,0 ponto porcentual.

A oferta doméstica da Gol apresentou redução de 2,7% em setembro e expansão de 0,6% entre julho e setembro e de 1,6% no acumulado de 2015. O aumento no trimestre na comparação anual, segundo a empresa, reflete o ajuste feito pela companhia no mesmo intervalo do ano passado quando sua capacidade foi reduzida durante a Copa do Mundo de Futebol, realizada no Brasil.

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No mercado internacional a empresa reduziu a capacidade em 0,2% em setembro frente a 2014. A demanda, por sua vez, apresentou aumento de 2,8%, registrando uma taxa de ocupação de 73,4%. No trimestre, a demanda internacional subiu 6,3%, com taxa de ocupação de 74,4% (+1,9 p.p.).

"A companhia está adequando sua malha internacional, alterando frequências e, remanejando a oferta para novos destinos com o objetivo de capturar as oportunidades de mercado e se adequar ao atual cenário econômico brasileiro", informou a aérea.

A demanda total por voos da Gol (doméstica e internacional) caiu 2,6% em setembro ante igual mês do ano passado e subiu 2,4% no terceiro trimestre do ano. A taxa de ocupação ficou em 76,2% no último mês e em 78,6% no trimestre, com recuo de 0,1% ponto porcentual e alta de 1,1 p.p., ambos na comparação com igual período do ano passado.

Yield

No terceiro trimestre, o recuo da receita de passageiro por assento-quilômetro oferecido (Prask) líquido foi de 1,6% e do yield 3,0% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, reflexo da menor atividade econômica no País, informa a companhia.

A companhia aérea informa ainda que o combustível de aviação (QAV) no terceiro trimestre ficou entre R$ 2,11 e R$ 2,16 por litro, o que representa uma queda de aproximadamente 14% frente a 2014.

Conforme a empresa, o QAV em reais no trimestre foi parcialmente beneficiado pela queda dos preços internacionais (jet fuel) de 48,5%, porém, impactado pela depreciação média do real em 55,5% no mesmo período, além do deslocamento temporal médio de 45 dias devido os critério da formula de precificação do QAV no Brasil.

As demissões no setor da construção podem ser a principal razão por trás do grande aumento no número de trabalhadores por conta própria, afirmou nesta terça-feira, 29, Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No trimestre até julho, 365 mil pessoas perderam o emprego no setor da construção em relação a igual período de 2014.

"As construtoras demitem, os pedreiros perdem o emprego. Agora, se ele perdeu emprego, vai fazer um bico e trabalhar por conta própria", explicou Azeredo. "Então, a construção pode ser a grande responsável por aumento de conta própria", acrescentou. Esses bicos podem ser no próprio setor ou em outro segmento.

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Além da construção, a indústria registrou perda de 249 mil vagas no trimestre até julho ante igual período de 2014. Nesse intervalo, agricultura e pecuária fecharam 188 mil postos. Nas demais atividades, houve contratações: comércio (196 mil), transportes (107 mil), alojamento e alimentação (237 mil), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (207 mil), administração pública (190 mil), outros serviços (79 mil) e serviços domésticos (44 mil).

A perda de estabilidade no emprego tem levado cada vez mais pessoas a buscar trabalho, afirmou nesta terça-feira (29) Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ele, a extinção de quase um milhão de postos formais no trimestre até julho ante igual período do ano passado impacta essa decisão.

"Isso significa perder plano de saúde, fundo de garantia, emprego que tem a garantia de seguro-desemprego. Tudo isso se traduz em perda de estabilidade", disse Azeredo. "Na falta de opção de um emprego estável, além de buscar se inserir no mercado de trabalho, você leva pessoas do domicílio junto com você para tentar recompor essa estabilidade", acrescentou.

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O processo é o mesmo já visto desde o início do ano, lembrou o coordenador. A novidade, segundo ele, é que o crescimento no número de desocupados não parou, um sinal de que as pessoas seguem sentindo dificuldades para compensar as perdas. "Atingimos números ainda maiores", afirmou Azeredo. No trimestre até julho, o Brasil tinha 8,622 milhões de desempregados, o maior nível já visto na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012.

Um mercado de trabalho em que as pessoas perdem estabilidade tende a incentivar a busca por emprego e, muitas vezes, resulta em subemprego ou trabalho não registrado, alertou Azeredo. Prova disso é o aumento de 883 mil no número de trabalhadores por conta própria no trimestre até julho ante igual período de 2014. "O aumento de conta própria não é favorável, é trabalho não registrado", ponderou o coordenador.

Além disso, Azeredo lembrou que os trabalhadores que tinham carteira assinada e foram demitidos ainda contam com uma "rede de proteção", com recursos do FGTS e do seguro-desemprego. "Uma hora rede de proteção vai acabar, FGTS não dura para a vida toda. Tendemos a estar num quadro não favorável", disse.

O avanço de 26,6% na população desocupada no trimestre até julho em relação a igual período de 2014 é o maior já visto na série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, iniciada em janeiro de 2012. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Diante desse crescimento, 1,810 milhão de pessoas engrossaram a fila por uma vaga nesse intervalo. Com isso, o Brasil tinha, no trimestre até julho, 8,622 milhões de pessoas desempregadas, o maior número da série.

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A taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,6% no trimestre até julho de 2015, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta terça-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é maior do que o observado em igual período do ano passado, quando ficou em 6,9%. No trimestre móvel até abril deste ano, a taxa havia sido de 8,0%.

A renda média real do trabalhador foi de R$ 1.881,00 trimestre até julho de 2015. O resultado representa alta de 2,0% em relação ao período de maio a julho de 2014 e recuo de 0,9% ante os três meses até abril deste ano. A comparação é feita com o trimestre até julho ante o trimestre até abril para que não haja repetição das informações coletadas, segundo o IBGE, já que a cada mês são visitados 33% dos domicílios da amostra.

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A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 164,1 bilhões no trimestre até julho de 2015, alta de 2,3% ante igual período do ano passado e recuo de 0,9% ante o trimestre até abril deste ano.

Desde janeiro de 2014, o IBGE passou a divulgar a taxa de desocupação com periodicidade trimestral para todo o território nacional. A nova pesquisa tem por objetivo substituir a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrange apenas seis regiões metropolitanas, e também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) anual, que produz informações referentes somente ao mês de setembro de cada ano.

A taxa de desemprego de 8,6% no País para o trimestre até julho é a maior da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em janeiro de 2012. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa cresceu 1,7 ponto porcentual em relação a igual período do ano passado, quando estava em 6,9%. Trata-se também da maior diferença já vista na série neste tipo de confronto.

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As vendas de tablets no Brasil entre os meses de julho e setembro totalizaram 2,3 milhões de unidades, de acordo com pesquisa divulgada nesta sexta-feira (12), pela consultoria IDC. O montante representa alta de 18,1% em relação ao mesmo período do ano passado e crescimento de 18,3% na comparação com o segundo trimestre deste ano.

A consultoria observou que as vendas se recuperaram após o esfriamento nos meses anteriores por causa da Copa do Mundo. "Apesar do baixo desempenho da economia e das eleições presidenciais, as vendas retomaram fôlego no terceiro trimestre", afirmou Pedro Hagge, analista de mercado da IDC.

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O estudo da consultoria mostrou também que 95% dos tablets comercializados têm sistema operacional Android; 88% dos aparelhos possuem tela de até 8 polegadas; e 78% custavam até R$ 500, sendo 51% abaixo dos R$ 300. "O tablet continua sendo o dispositivo mais barato para quem quer acessar a internet e os produtos de entrada continuam se destacando no mercado", disse Hagge.

A IDC prevê que o mercado termine o ano de 2014 com 17% de crescimento, somando mais de 10 milhões de unidades vendidas. Já em 2015, a consultoria prevê alta de 10%.

No entanto, o porcentual do próximo ano pode ser influenciado positivamente pela definição futura do volume de tablets a ser adquirido pelo governo federal em projetos de educação que ainda serão implementados.

O abate de bovinos no terceiro trimestre de 2014 atingiu 8,457 milhões de cabeças sob inspeção sanitária, uma redução de 4,5% em relação a igual trimestre de 2013. O resultado, divulgado nesta quinta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), interrompeu uma sequência de 11 aumentos consecutivos na comparação anual de trimestres iguais. Em relação ao segundo trimestre deste ano, também houve queda de abates, de 1,0%.

O peso acumulado de carcaças no terceiro trimestre de 2014 (2,037 milhões de toneladas) foi 1,3% maior ante o trimestre imediatamente anterior, mas 4,1% menor do que o registrado no terceiro trimestre de 2013.

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Na comparação do terceiro trimestre deste ano com igual período de 2013, o abate de 402.579 cabeças de bovinos a menos foi puxada pelas regiões de Mato Grosso (-217.187 cabeças), Rondônia (-114.723), Mato Grosso do Sul (-102.922) e Goiás (-86.349). Entretanto, parte da diminuição foi compensada por aumentos em outros Estados, como Paraná (+30.392), Minas Gerais (+28.727) e São Paulo (+16.315)

No ranking nacional do abate de bovinos, Mato Grosso continua na liderança, a despeito da queda nos abates. Já São Paulo assume a segunda posição com as reduções em Mato Grosso do Sul e Goiás.

Além do inédito adiamento do balanço da Petrobras, a temporada de balanços do terceiro trimestre deste ano foi marcada por resultados fracos. O cenário macroeconômico desfavorável, com dólar, juros e inflação em patamares altos e desaceleração da atividade, fez com que muitas empresas reportassem prejuízo ou queda do lucro. Levantamento realizado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, mostra que, de 154 empresas de capital aberto analisadas, 81, ou 53% do total, registraram na última linha do balanço números piores que os verificados no terceiro trimestre do ano passado. Destas 81 companhias, 41 tiveram queda no lucro líquido, 27 reverteram o lucro obtido um ano antes para prejuízo e 13 aumentaram o prejuízo.

"O cenário macroeconômico ruim afetou fortemente o resultado de diversas companhias", comenta Daniel Utsch, head da área de análise da Fator Corretora. Em sua avaliação, o cenário interno adverso pesou mais nos números de julho a setembro das empresas brasileiras, enquanto questões globais influenciaram os resultados de empresas ligadas a commodities, como é o caso da Vale.

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O preço mais baixo do minério de ferro no mercado internacional afetou o resultado da mineradora, que reportou prejuízo líquido de US$ 1,437 bilhão no terceiro trimestre deste ano - o maior entre as companhias brasileira de capital aberto -, ante um lucro de US$ 3,502 bilhões no mesmo período do ano passado. O resultado negativo, entretanto, também foi consequência do impacto não caixa das variações cambiais e perdas monetárias em dívidas e derivativos devido à depreciação do real em relação ao dólar - ante o segundo trimestre, a taxa ptax subiu cerca de 11%; em um ano, a alta foi de aproximadamente 10%.

O excesso de oferta e a baixa demanda por aço, sobretudo no mercado interno, por sua vez, prejudicou os resultados das siderúrgicas - que também passaram a repensar seus projetos em mineração. Usiminas e CSN registraram prejuízo, enquanto o lucro da Gerdau caiu 59%. O câmbio também foi responsável por números ruins no setor. o resultado financeiro da Usiminas, por exemplo ficou negativo em R$ 232,5 milhões, 97,9% maior que no terceiro trimestre de 2013, principalmente em decorrência do câmbio.

Outras exportadoras, apesar de o dólar em patamar mais alto beneficiar as vendas externas, também tiveram impacto dessa valorização em suas dívidas na moeda norte-americana. No setor de celulose, O resultado da Fibria ao final do terceiro trimestre de 2014, com prejuízo de R$ 359 milhões, foi impactado diretamente pela desvalorização do real ante o dólar. Segundo o presidente da empresa, Marcelo Castelli, ao excluir o efeito cambial, a Fibria teria lucro de R$ 94 milhões no período.

Além do dólar, os juros elevados também aumentaram o endividamento de várias empresas, caso da CCR, cujo lucro líquido caiu 14,2% no terceiro trimestre deste ano na comparação anual. O principal item que pesou no resultado financeiro foi o Juros sobre empréstimos, financiamentos e debêntures, cuja despesa cresceu 58,5%, para R$ 235,7 milhões. Conforme destacou a CCR, o aumento se deve ao maior saldo de dívida indexado ao CDI, que avançou 25%, além da maior taxa Selic média de 10,9% no terceiro trimestre deste ano, em comparação com os 7,5% em igual etapa do ano passado.

Henrique Kleine, analista da corretora Magliano, observa que muitas empresas reduziram seus investimentos no terceiro trimestre. "O ambiente de incertezas na economia, inclusive por conta do período eleitoral, contribuiu para que os empresários adiassem investimentos", comenta. A Tegma Gestão Logística investiu R$ 7 milhões no terceiro trimestre do ano, 53,3% menos do que os R$ 15 milhões investidos no mesmo período do ano passado. Os investimentos (capex) da Telefônica Vivo somaram R$ 1,558 bilhão no terceiro trimestre, montante 16,5% inferior ao reportado nos mesmos meses do ano passado.

Copa do Mundo

"Até mesmo setores que vinham demonstrando resiliência, como os de shopping centers, foram afetados negativamente neste trimestre", comenta Utsch, da Fator. Ele lembra também que a realização da Copa do Mundo, que terminou em julho, também influenciou setores como os relacionados a consumo, que enfrentaram queda nas vendas, como nos casos de Cia. Hering e Marisa Lojas. A este cenário, somam-se crédito mais caro, inflação maior, maior endividamento das famílias e queda da confiança do consumidor.

No setor de shopping centers, a BrMalls teve prejuízo líquido de R$ 8,060 milhões no terceiro trimestre de 2014. A empresa registrou crescimento de 4,4% no indicador de vendas mesmas lojas, queda de 3,7 pontos porcentuais ante igual período do ano passado. "O crescimento de vendas foi impactado fortemente pelo baixo fluxo de pessoas no mês de julho, devido aos feriados da Copa do Mundo", diz a BrMalls.

O setor de construção foi outro que reportou muitos resultados ruins, com vendas menores, desistências de compradores e estoques altos. No terceiro trimestre, por exemplo, Gafisa, PDG Realty e Brookfield tiveram prejuízo; já CCP, Tecnisa, Helbor, Direcional, JHSF, LPS Brasil e Eztec registraram queda no lucro líquido na comparação com igual intervalo de 2013.

Para o quarto trimestre, Utsch e Kleine não esperam resultados muito diferentes, por conta da manutenção do ambiente de incertezas em relação à economia doméstica. Nesse sentido, após reportar queda de 58,4% no lucro líquido, a Randon destacou, em seu balanço, a deterioração da confiança dos investidores frente às condições adversas do mercado. A companhia do setor de transportes disse estar promovendo ajustes para lidar com o cenário e torcer "para que ajustes necessários na economia restabeleçam a confiança e tenham reflexo positivo".

A economia da zona do euro teve um crescimento um pouco maior do que o esperado nos três meses encerrados em setembro, segundo dados preliminares publicados nesta sexta-feira (14) pela Eurostat, ao mesmo tempo em que os números do segundo trimestre foram revisados para território positivo.

O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro registrou expansão de 0,2% no terceiro trimestre, em relação ao período de três meses anterior, disse a Eurostat, e avançou 0,8%, ante o igual período do ano anterior. Os ganhos foram mais fortes, ainda que marginalmente, do que as leituras de alta de 0,1% e ganho de 0,7% previstas por analistas consultados pela Market News International e pela Dow Jones Newswires.

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Os números de crescimento do segundo trimestre também foram revisados para cima, em 0,1 ponto porcentual, disse a agência de estatísticas, para ganho de 0,1% na comparação trimestral. Na relação anual, a expansão revisada foi de 0,8%, ante alta de 0,7% na estimativa anterior.

Margens ainda maiores beneficiadas pelo aumento dos spreads devem compensar o menor ritmo de expansão do crédito nos grandes bancos brasileiros e atingir o pico durante o terceiro trimestre. Ao desacelerarem a oferta de empréstimos, porém, essas instituições podem ter uma piora no índice de inadimplência, algumas a segunda alta seguida, e a revisão de guidances tão esperada pelo mercado deve tornar-se realidade, assim como já anunciou o Itaú Unibanco no início deste mês.

Caso sejam divulgadas projeções mais tímidas durante a divulgação de resultados do terceiro trimestre, será o segundo ano consecutivo no qual os bancos terão de rever suas metas para baixo. Apesar disso, analistas consideram o ciclo de crédito atual como positivo, uma vez que a despeito do crescimento baixo das concessões, a oferta conta com spreads melhores e os calotes sob controle.

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"Vemos a maioria dos benefícios de spreads mais elevados já nas margens dos bancos, com o terceiro trimestre provavelmente sendo o ponto mais alto em termos de margem financeira com clientes (NIM, na sigla em inglês). Para 2015, há riscos descendentes para NIM dos bancos, especialmente decorrentes de competição", avaliam Francisco Kops e Giovanna Rosa, do Safra.

O lucro líquido de Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil deve alcançar R$ 12,5 bilhões no terceiro trimestre deste ano, segundo a média de casas consultadas pelo Broadcast. A cifra, caso seja confirmada, vai representar elevação de 13,2% na comparação com o mesmo intervalo de 2013, quando essas mesmas instituições entregaram resultado de R$ 11,1 bilhão.

Bradesco

O Bradesco abre a temporada de balanços dos grandes bancos na próxima quinta-feira (28) antes do pregão. A média de 18 casas consultadas pelo Broadcast (Banco do Brasil, Deutsche Bank, Goldman Sachs, Bradesco, BTG Pactual, Credit Suisse, Bank of America Merrill Lynch, Brasil Plural, Citibank, Grupo Bursátil Mexicano (GBM), JP Morgan, Morgan Stanley, Safra, UBS, Santander, Votorantim, HSBC e uma casa que preferiu não ser identificada) indica lucro líquido contábil de R$ 3,355 bilhões no terceiro trimestre.

Caso a projeção seja alcançada, será 9,5% maior que os R$ 3,064 bilhões vistos em igual intervalo de 2013. O resultado será impactado, conforme antecipou o banco em agosto último, por uma baixa de R$ 356 milhões resultante de ajuste contábil não-recorrente do investimento no Banco Espírito Santo (BES) após a decisão do regulador português de intervir na instituição e dividi-la em duas.

A carteira de crédito do Bradesco deve crescer menos no terceiro trimestre ante o segundo e pode, inclusive, crescer abaixo dos 8%, na opinião de analistas que acompanham o setor bancário. Na projeção mais otimista, os empréstimos do banco podem avançar 9% no comparativo anual. Diante disso, Andre Riva Gargiulo e Gilberto Tonello, do GBM, consideram "difícil" o banco atingir a meta de alta de 10% a 14% neste ano. Com isso, a inadimplência, que subiu 0,1 ponto porcentual em junho ante março, para 3,5%, deve apresentar nova deterioração.

Se do lado do crédito o estímulo para o crescimento das receitas do Bradesco é menor, as áreas de serviços e tarifas e seguros devem seguir impulsionando os ganhos da instituição. Para Tito Labarta, do Deutsche Bank, o crescimento das receitas com serviços deve acelerar para o teto do guidance anunciado para 2014, de 9% a 13%, devido ao aumento da penetração na base de clientes. "As despesas devem permanecer sob controle e continuar a crescer mais ou menos em linha com a inflação", acrescenta ele, em relatório a clientes.

Itaú Unibanco

O Itaú Unibanco deve anunciar, no dia 04 de novembro, antes da abertura do mercado, lucro líquido de R$ 5,002 bilhões no terceiro trimestre deste ano, segundo a média de oito casas consultadas pelo Broadcast (Deutsche Bank, Goldman Sachs, BTG Pactual, GBM Brasil, Morgan Stanley, Safra, Santander e UBS). O montante, caso alcançado, será 25,2% superior ao resultado de R$ 3,995 bilhões registrado um ano antes. Na visão de Kops e Giovanna, do Safra, o banco entregará o melhor conjunto de resultados no terceiro trimestre entre os pares de capital aberto.

Apesar de algumas casas projetarem crescimento da carteira de crédito do Itaú próximo dos 10%, piso do guidance para 2014, cujo teto é de avanço de 13%, o banco já anunciou que não vai conseguir alcançá-lo. Em reunião Apimec-MG com analistas e investidores, o diretor de Relações com Investidores do banco Itaú Unibanco, Marcelo Kopel, informou que o banco não vai conseguir alcançar o guidance para crédito que deve avançar cerca de 8% neste ano. As demais projeções, contudo, foram mantidas.

A inadimplência do Itaú, que no segundo trimestre ainda teve melhora na contramão dos pares privados, também pode ter leve deterioração, segundo analistas que ainda veem o indicador sob controle. Carlos Macedo, do Goldman Sachs, vê aumento de 0,1 p.p. nos calotes. Ele destaca ainda, em relatório ao mercado, sólido crescimento das rendas líquidas de juros e estabilidade na margem financeira com clientes (NIM, na sigla em inglês) em meio à seletividade do banco para emprestar. "O retorno sobre o patrimônio (ROE) deve permanecer robusto e acima dos 23%", destaca Macedo.

Santander

Também no dia 04 de novembro, antes da abertura do mercado, o espanhol Santander, que espera concluir na semana que vem a oferta de recompra de ações da filial brasileira, apresenta seus resultados do terceiro trimestre. A média de cinco casas consultadas pelo Broadcast (Deutsche Bank, Goldman Sachs, BTG Pactual, GBM Brasil e Safra) aponta lucro líquido gerencial, que corresponde ao resultado societário somado à reversão da despesa de amortização do ágio, de R$ 1,379 bilhão de julho a setembro. O montante representa declínio de 2% ante cifra de R$ 1,407 bilhão identificada em igual período do ano passado.

No terceiro trimestre, o Santander pode voltar a acelerar o crescimento dos empréstimos depois de reduzir o ritmo de avanço da carteira nos três meses anterior, segundo os analistas do mercado. A expectativa mais otimista aponta incremento de 5% do volume em um ano e de 3% na comparação trimestral. "A qualidade dos ativos pode melhorar devido à mudança no mix da carteira de crédito do Santander após a surpresa negativa no segundo trimestre (aumento de 0,3 ponto porcentual)", avalia Labarta, do Deutsche.

O retorno do Santander, conforme analistas, deve continuar pressionado e abaixo dos pares. Gargiulo e Tonello, do GBM, porém, veem melhora, com o indicador avançando de 9,3% para 9,6%. Antes da divulgação de resultados do Santander, o mercado aguarda o desfecho da oferta de recompra de ações da filial brasileira do banco espanhol, que tende a ser influenciado pelo resultado nas urnas devido ao impacto no preço dos papéis. O banco estima que se todos os minoritários aceitarem a troca (ela não é obrigatória), a operação vai envolver R$ 14 bilhões. Não haverá, contudo, desembolso de dinheiro, pois os minoritários que aceitarem a oferta vão receber ações do Santander Espanha em troca.

Banco do Brasil

Como de costume, o Banco do Brasil encerra a temporada de balanços dos grandes bancos de capital aberto ao divulgar seus números no dia 05 de novembro, antes da abertura do mercado. A instituição deve registrar lucro líquido ajustado, que desconsidera efeitos não-recorrentes, de R$ 2,807 bilhões, de acordo com a média de nove casas consultadas pelo Broadcast (Deutsche Bank, Goldman Sachs, BTG Pactual, GBM Brasil, Morgan Stanley, Safra, Santander, UBS e uma casa que preferiu não ser identificada). Se confirmado, o montante representará alta de 7,5% ante um ano, de R$ 2,610 bilhões.

"Esperamos que o Banco do Brasil entregue bons resultados no terceiro trimestre de 2014, com um retorno de 16,9%, e a maior parte das tendências do segundo trimestre se replicando também neste período", analisam Kops e Giovanna, do Safra.

Segundo eles, a carteira de crédito do BB deve apresentar "fraco" crescimento, podendo ficar abaixo da orientação do banco para este ano, de avanço de 14% a 18%. Os analistas do Safra esperam que os empréstimos cresçam 13,2% no ano e 2,0% no trimestre. Macedo, do Goldman, é um pouco mais otimista e projeta incremento de 14,6% e 3,0%, respectivamente. Ele vê o retorno do banco estável, mas acima do patamar visto no ano passado.

Também deve permanecer sem alterações a inadimplência do BB. " O banco continua a se beneficiar de uma taxa de crescimento de crédito muito maior do que seus pares, ajudando a manter as taxas de inadimplência sob controle", concluem os analistas do GBM.

O jornal britânico Financial Times publica na edição desta quarta-feira (4), texto sobre o fraco desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre. Com o título "Queda do investimento atinge economia brasileira", a reportagem destaca a volatilidade do ritmo da economia nacional e comenta que a atividade ainda pode prejudicar a popularidade do governo Dilma Rousseff.

"A economia do Brasil sofreu a maior queda trimestral em quase cinco anos como resultado da queda do investimento e da fraqueza do setor agrícola", diz o texto, que destaca a volatilidade recente da atividade no País. "O Produto Interno Bruto teve contração de 0,5% em três meses até setembro na comparação com o segundo trimestre, continuando uma trajetória volátil em que o crescimento acelerou e desacelerou de trimestre para trimestre."

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A reportagem lembra que o governo Dilma Rousseff "tem lutado para gerar aumento consistente dos investimentos enquanto tenta reequilibrar a economia, vista como muito dependente dos gastos públicos e do crédito".

O jornal nota ainda que o fraco crescimento ainda pode afetar a popularidade da presidente, "que está se recuperando desde os protestos populares de junho". "Economistas preveem que Dilma Rousseff pode enfrentar desafios se o desemprego aumentar antes das eleições do próximo ano", segundo o jornal.

O economista e Prêmio Nobel Joseph Stiglitz diz que a contração do PIB brasileiro não é apenas resultado da crise global. Segundo ele, problemas domésticos também são responsáveis pela queda na economia. Em entrevista a dois jornais brasileiros em Genebra, o americano deixou claro que o Brasil terá de reformar seu sistema financeiro e reduzir os juros.

"É preocupante", disse Stiglitz sobre a contração de 0,5% no PIB brasileiro. Segundo ele, não existem garantias de que os grandes eventos esportivos nos próximos anos criem um boom na economia. "Após a Olimpíada, vem a crise", declarou.

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"As pessoas sempre disseram que o Brasil é o país do futuro. Mas acho que esse é um momento especialmente difícil para a economia global. A Europa está em recessão, os EUA estão em estagnação, a China se desacelera", disse. "Para mim, a surpresa é o tamanho da contração no Brasil. Mas devo dizer que não entendo totalmente. Estou um pouco surpreso."

Stiglitz deixa claro que não é apenas a situação internacional que explica a contração no Brasil. "Parece que existem fatores internos também. O Brasil foi afetado pela entrada e saída de capitais que desestabilizam qualquer economia e pode ter um impacto negativo. O Brasil aparentemente foi um dos países que mais sofreram com a política americana que, portanto, se infiltrou no sistema financeiro", explicou.

Para o economista, o Brasil tem hoje um sistema financeiro com pouca capacidade para agir como colchão contra um impacto internacional. "Há problemas na estrutura do mercado financeiro no Brasil. Tem sido preocupante ha tempos."

Sua avaliação é de que o País não terá outra opção senão a de reformar seu sistema financeiro. "O Brasil vai ter de eventualmente pensar em reformar seu sistema financeiro. Porque você tem esse sistema com taxas de juros reais muito altas para o sistema bancário, e taxas de juros mais razoáveis no BNDES, portanto vocês têm um mercado financeiro muito segmentado. Isso normalmente não é uma boa forma de operar um sistema financeiro. As taxas de juros do sistema bancário privado são das maiores do mundo."

Para Stiglitz, nem mesmo a Copa do Mundo de 2014 ou os Jogos Olímpicos de 2016 são garantias de crescimento para o País nos próximos anos, ainda que alguns países tenham conseguido usar esses momentos para impulsionar suas economias. Na sua avaliação, a realização em si dos grandes eventos não gera o crescimento. Tudo depende de como esses torneios são usados.

O economista admite que parte do crescimento dos últimos anos no Brasil pode também estar relacionada à alta nos preços de commodities. Mas aponta que a economia brasileira é diversificada e poderia resistir. "O sucesso do Brasil vai além disso e as exportações não são apenas de minérios. Também vemos a Embraer. Cada vez que você sobe num avião nos EUA é um Embraer." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O longo inferno astral da equipe econômica, momentaneamente amenizado pelo PIB do segundo trimestre, voltou a se confirmar na terça-feira (3), com o resultado do terceiro trimestre. Vindo na sequência da confusão armada em torno do reajuste da Petrobras, a divulgação de ontem deve representar mais uma grande dor de cabeça para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e seus auxiliares.

Para Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central (BC) e sócio da Mauá Sekular, "a mensagem é que a economia está parada e o investimento, que veio mais forte no primeiro semestre, retroagiu." A Mauá Sekular projeta crescimento de 0,1% no último trimestre, com alta do PIB de 2,15% este ano e algo entre 1,6% e 1,7% em 2014. Figueiredo nota que, como seu número para o último trimestre de 2013 está perto de zero, não é inconcebível um resultado negativo, o que, tecnicamente, configuraria uma recessão.

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O economista vê como causas do baixo desempenho o crédito mais apertado, inclusive no caso dos bancos públicos, e o nível de confiança muito baixo. O tema da confiança também é central na análise de Carlos Kawall, economista-chefe do banco de investimentos J. Safra. Mas, para ele, a questão crucial são as incertezas em relação à trajetória fiscal.

"É algo que coloca a espada do downgrade (pelas agências de rating) sobre a cabeça do Brasil", diz. Ele vê algumas sinalizações corretas, como a contenção dos bancos públicos, mas acrescenta que "só com uma sequência de dados fiscais mais favoráveis, depois dos números ruins de setembro e outubro, nós teremos condições de vencer essas incertezas."

Os comentários de Figueiredo e Kawall ilustram a situação desconfortável da equipe econômica. Por um lado, há um problema de perda de confiança na política econômica, que deriva do fiasco da chamada "nova matriz econômica" tentada no início do governo Dilma. Do outro lado, com a economia combalida às véspera de um ano eleitoral, é difícil para o governo abandonar as armas que tentou usar para dar mais gás ao PIB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar nesta terça-feira (3), ao comentar os resultados do PIB do terceiro trimestre, que este ano o Brasil terá um crescimento maior do que o do ano passado. "Nosso crescimento de 2012 será de 1% e este ano estaremos crescendo mais do que o ano passado", disse Mantega, mencionando o dado de 2012 revisado pelo IBGE. "Portanto, a economia brasileira está numa trajetória de crescimento gradual que deve continuar nos próximos trimestres."

Com a revisão, o Brasil foi um dos países do G-20 que mais cresceu no segundo trimestre, enfatizou o ministro. Segundo ele, o Brasil estaria crescendo mais ou menos no ritmo da economia mundial. "O crescimento da economia mundial está sendo revisto e provavelmente vai ficar abaixo dos 2,9%, 2,7% que vem sendo estimados", completou Mantega, que prevê uma expansão entre 2,3%, 2,4%.

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Ele informou ainda que o IBGE está iniciando uma reformulação da estatística de serviços e, em relação ao PIB de 2012, foi feito um "ensaio interno" que mostra que poderia haver um acréscimo de 0,4 a 0,6 ponto porcentual do PIB do ano passado.

Resultado fiscal

Em relação à gestão das contas públicas, o ministro disse que será cumprido "rigorosamente" o que está na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ele afirmou ainda que, em novembro, haverá um "excelente resultado fiscal do primário". "Com isso, podemos terminar o ano dentro das expectativas que temos tido." Mantega disse também que haverá uma "despesa na conta de energia de dezembro". "Em 2014, teremos um aumento da arrecadação, o que poderá ter um resultado fiscal melhor", completou.

Mantega avaliou que em 2013 o País está tendo um "bom desempenho do investimento", que deve crescer de 6% a 7%, e considerou bom também o consumo das famílias, apesar de prejudicado pela falta de crédito.

O IBGE divulgou hoje os resultados do PIB do terceiro trimestre, que recuou 0,5% em relação ao segundo e cresceu 2,2% sobre o mesmo período de 2012.

As vendas de tablets no terceiro trimestre deste ano somaram 1,8 milhão de unidades no Brasil, alta de 134% sobre o mesmo período de 2012, mas um recuo de 2% em comparação ao segundo trimestre de 2013, segundo dados da consultoria IDC.

Para o quarto trimestre, a expectativa dos analistas da consultoria é de que as vendas atinjam 2,6 milhões de unidades, o que levaria o segmento a fechar o ano com 7,9 milhões de aparelhos vendidos, representando alta de 142% em relação a 2012.

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A projeção para 2014 é de que as vendas cresçam ao menos 36% sobre o ano anterior, para cerca de 10 milhões. No ano que vem, o setor enfrentará também a concorrência dos televisores, cujas vendas sobem em razão da Copa do Mundo.

"O crescimento da base instalada será muito grande nos próximos anos, porém a partir de 2014 os crescimentos devem entrar em um patamar de dois dígitos de aumento", diz o analista da IDC Pedro Hagge.

Sobre a queda das vendas na comparação com o segundo trimestre, a IDC aponta que houve um alto volume pelo Dia das Mães. "O setor pode passar por um período de sazonalidade, assim como ocorre com o mercado de celulares", aponta o gerente de pesquisas da IDC Bruno Freitas.

Entre os dispositivos vendidos, 95% foram comercializados com sistema operacional Android e 63% custaram menos do que R$ 500. Os tablets com preços entre R$ 500 e R$ 1000 representaram 22% das vendas. O preço médio dos aparelhos foi de R$ 610 no terceiro trimestre, uma queda de 2% em termos nominais frente ao segundo trimestre deste ano e de 28% sobre igual período de 2012.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o crescimento forte do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, de 1,8% na série revisada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dificultou a expansão no terceiro trimestre por causa da alta base de comparação. "Com esse resultado do terceiro trimestre, de -0,5%, favorece um crescimento no quarto trimestre", destacou Mantega.

Segundo o ministro, os dados de crescimento no quarto trimestre "certamente serão positivos, mesmo porque isso é o que se percebe pelo movimento da economia". De acordo com Mantega, a revisão dos resultados do primeiro e do segundo trimestres do ano mostra que há uma concentração do crescimento no segundo trimestre. Ele apontou ainda que o setor de serviços teve um desempenho fraco, ao crescer 0,1% no terceiro trimestre ante o segundo, e disse ainda que a alta de 2,9% do setor extrativo mineral da indústria mostra "alguma recuperação da economia global".

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Para Mantega, no acumulado dos últimos quatro trimestres ante os quatro trimestres anteriores há uma expansão de 2,3%. Segundo ele, esta análise é a que "mais se aproxima do PIB anual" e o resultado "mais concreto" sobre o PIB. "Olhando para isto, estaríamos em 12 meses com agropecuária com crescimento de 5,1%. A indústria com 0,9% de crescimento e os serviços com 2,3%", afirmou Mantega.

Ele ressaltou que com o resultado do quarto trimestre isso "poderá se alterar". "Ainda é cedo para saber o que vai acontecer no quarto trimestre", avaliou, apesar de afirmar que a expectativa é de que o resultado do quarto trimestre seja positivo, com consumo e atividade aumentando.

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