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Como uma das medidas para garantir a fixação do teto dos gastos do governo, o Ministério da Fazenda quer acabar com o abono salarial. O benefício, criado há 46 anos, é dado hoje aos trabalhadores que recebem até dois salários mínimos (R$ 1.760).

A mudança nas regras consta no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o teto de gastos públicos, a que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, encaminhado ao Palácio do Planalto pela equipe econômica. De acordo com a PEC, assim que ela for promulgada, fica revogada a vinculação constitucional do PIS e do Pasep para financiar o pagamento abono.

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A proposta ainda vai passar pelo crivo do presidente em exercício, Michel Temer, que deverá avaliar a viabilidade política de encaminhá-la, como foi proposto pelo Ministério da Fazenda, para votação dos congressistas. Uma reunião das equipes do governo envolvidas no tema deve ocorrer nesta terça, 14. A apresentação do texto final às lideranças partidárias deve ocorrer na quarta-feira em um encontro que contará a presença de Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

A equipe econômica da presidente afastada Dilma Rousseff também chegou a propor, logo após as eleições presidenciais de 2014, medidas mais duras para o acesso ao benefício social. Na época, foi defendido que para ter o direito ao abono era necessário a pessoa ter trabalhado ao menos seis meses com carteira assinada, no ano anterior.

No Congresso, essa proposta foi abrandada, por pressão dos sindicalistas, e o prazo de carência fixado em apenas um mês. Os parlamentares mantiveram, no entanto, a proporcionalidade no pagamento do benefício, assim como o 13º salário.

Prazos

Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo na edição desta terça-feira, o texto da PEC encaminhado pelo Ministério da Fazenda ao Palácio do Planalto prevê a fixação de um teto para os gastos públicos por 20 anos.

Pela proposta, esse limitador do crescimento das despesas do governo poderá ser alterado a partir do décimo ano de vigência do novo regime fiscal. Mas apenas por lei aprovada pelo Congresso Nacional. É vedado o uso de Medida Provisória, instrumento usado pelo Poder Executivo que entra em vigor de forma imediata. Na prática, essa revisão significa que o prazo inicial para o teto será de dez anos.

O texto, que ocupa apenas três páginas, estabelece também, como espécie de penalidade, uma sequência de sete "travas" a novas despesas no caso de o teto ser descumprido. Entre elas está a proibição de reajuste salarial de servidores públicos; criação de novos cargos ou funções; mudanças na estrutura de carreira; contratação de pessoal, e realização de concurso.

Além disso, as despesas com subsídios concedidos pelo Tesouro Nacional não poderão superar os gastos do ano anterior. Também será proibida a concessão de novos incentivos tributários.

O Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) divulgou nota questionando atraso no pagamento do abono salarial dos servidores, uma das principais propostas acordadas com a instituição para o fim da greve. O pagamento de 28,6% do salário, em uma única vez, ficou acordado para ser feito "em 10 dias após eventual acordo", de acordo com a ata da última audiência de Conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2).

Os trabalhadores retomaram os postos no dia 22 de setembro - portanto afirmam que o valor deveria ter sido pago na última semana, dia 2 de outubro. "Nós voltamos a trabalhar, mas eles não cumpriram o acordo", afirmou o diretor do Sintusp, Magno de Carvalho.

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A USP, em nota, afirmou que o acordo ainda não foi homologado pela Justiça, mas que fará o pagamento até o dia 10.

Para o professor Cesar Minto, da Associação de Docentes da USP (Adusp), trata-se de uma "questão menor", mas desnecessária. "No meio de todo o contexto havido nesses três meses de uma longa greve, é uma questão menor. Mas mesmo assim, é uma postura incompreensível por parte do gestor público", disse.

O abono salarial foi sugerido pelo TRT-2 em uma das audiências de conciliação entre os servidores e a USP para encerrar a greve. O valor foi oferecido para compensar a defasagem salarial entre a data-base da categoria, que é em maio, e o momento em que foi dado o reajuste, em setembro.

Os 14 mil funcionários ativos e inativos da prefeitura de Santo André-SP não receberão o benefício concedido nos três anos anteriores da administração do prefeito Aidan Ravin (PTB), que perdeu as eleições municipais deste ano. Entre as justificativas, um dos motivos apresentados é o impasse no pagamento das horas extras.

Segundo o secretário de Orçamento e Planejamento da cidade paulista, Edson Salvo Melo, não há recursos destinados para o abono e o governo não vai arriscar ultrapassar a margem de segurança financeira. "Diante do cenário (desfavorável), acredito que não vamos conseguir pagar. Não vejo que será possível até pelos problemas com as horas extras", declarou o secretário que mencionou ainda que os pedidos de aposentadoria de funcionários de carreira nos últimos dois meses deixaram os cofres municipais sem condições de realizar o pagamento.

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De acordo com o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos (Sindserv), Wagner Nascimento, a negativa ao abono fecha a gestão petebista de maneira melancólica. "Eles (Prefeitura) não deram até agora nenhuma resposta. Fica ruim ver essa precarização do governo, o que pode ser até por motivação política (pelo insucesso de Aidan nas urnas). Isso é resultado da má gestão da verba pública", criticou, afirmando em seguida que o sindicato fez a sua parte ao requerer o benefício.

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