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O doleiro Alberto Youssef, peça central da Operação Lava Jato, afirmou à Justiça Federal em audiência na última sexta-feira (4) que além do esquema de propinas na Petrobras ele também operava o caixa dois das empreiteiras UTC e OAS para políticos em anos eleitorais. O doleiro revelou que pedia quantias para o ex-deputado Luiz Argôlo (ex-PP e afastado do SD-BA) e seus aliados sem relação com os repasses que recebia da cota do PP no esquema de desvios na estatal. Segundo Youssef, o ex-parlamentar e seus aliados recebiam as "ajudas" de Ricardo Pessoa, dono da UTC, para o caixa 2 de suas campanhas.

"Outra situação que eu através dos empreiteiros, em época de campanha, sempre pedia para que ajudassem Luiz Argôlo", afirmou Youssef. "Uma das ajudas veio da empreiteira UTC, mas que não foi descontada do caixa que eu recebia da Petrobras, foi uma ajuda espontânea do Ricardo Pessoa (dono da UTC)", afirmou o doleiro. O juiz Sérgio Moro, então, questionou se o dinheiro foi repassado via doação oficial, mas Youssef confirmou que se tratava de caixa 2.

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Ele confirmou ainda ter solicitado, e recebido da UTC, dinheiro de caixa 2 da empreiteira para campanhas de prefeitos aliados de Argôlo na Bahia em 2012 a pedido do ex-parlamentar. "Eu fiz esse pedido (de dinheiro de caixa 2 para aliados do ex-deputado) ao Ricardo Pessoa nesse sentido, e ai ele combinou com o Luiz Argôlo e fez o repasses através de mim", contou Youssef. O depoimento do doleiro foi dado na ação penal em que Argôlo é réu acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e peculato.

A revelação do doleiro ocorre no mesmo tempo em que a Procuradoria-Geral da República investiga, no Supremo Tribunal Federal, as suspeitas de caixa 2 de campanha da UTC para o ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante e para o senador do PSDB Aloysio Nunes, sem relação com a corrupção na Petrobras.

Também delator na Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa é apontado pelos investigadores como o presidente do "clube vip" das empreiteiras que se apossaram de contratos bilionários da Petrobras entre 2004 e 2014. Em sua delação, ele afirmou ter se encontrado sete vezes com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ter entregue R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo para a campanha do petista em 2006, mas admitiu não saber se o ex-presidente tinha conhecimento que o dinheiro era ilegal.

Ao todo, ele apontou pelo menos 18 políticos com foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal (STF) que teriam recebido propinas e implicou ao menos 15 partidos, que segundo ele recebiam doações legais e também repasses ilegais "para abrir portas" no Congresso.

O doleiro Alberto Youssef, peça central da Operação Lava Jato, afirmou à Justiça Federal que a empreiteira OAS trabalhava com esquema de caixa dois. Em audiência na última sexta-feira, 4, em que depôs como testemunha de acusação do ex-deputado Luiz Argolo (afastado do SD/BA), o doleiro afirmou que 'fazia alguns trabalhos de caixa dois para a empresa', referindo-se à construtora que, segundo o Ministério Público Federal, fez parte do cartel que se apossou de contratos bilionários na Petrobras, entre 2003 e 2014.

Durante as investigações, a Polícia Federal interceptou comunicações do doleiro com Argolo. Numa delas, em março de 2014, dias antes do estouro da Lava Jato, o então deputado pergunta a Youssef, por torpedo, se ele estava com Mateus - Mateus Coutinho de Sá Oliveira, na ocasião diretor-financeiro da OAS.

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Na audiência de sexta, o juiz federal Sérgio Moro, indaga do doleiro qual o significado da mensagem. "Ele (Argolo) sabia que eu conhecia a OAS e que eu fazia alguns trabalhos de caixa dois para a empresa. Ele sempre me pedia para que eu pedisse à empresa ajuda para campanha dele."

Mateus Coutinho foi condenado no dia 5 de agosto a onze anos de reclusão junto com José Ricardo Nogueira Breghirolli, outro executivo da OAS. Os principais dirigentes da empreiteira, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente do grupo, e Agenor Medeiros, ex-diretor de Internacional da OAS, pegaram penas mais elevadas, 16 anos e 4 meses de prisão. Eles foram condenados por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

Na audiência na Justiça Federal, o doleiro Youssef que muitas vezes 'empurrou com a barriga' solicitações de Luiz Argolo. "Eu sempre disse a ele que ia pedir, mas essa situação, como já detalhei no meu interrogatório (no processo da OAS), isso não aconteceu porque, na verdade, fui empurrando com a barriga até para não criar um certo mal estar entre a empresa e a mim e tanto ao deputado. Até porque ele (Mateus Coutinho) já conhecia o deputado Luiz Argolo de infância."

O juiz Moro insistiu. "Ele (Argilo) queria dinheiro da OAS?"

Alberto Youssef respondeu. "Ele queria que a OAS ajudasse ele na campanha com valores."

O juiz: "Doação oficial?"

"Doação oficial, podia ser doação oficial, podia ser que não fosse oficial, dependia como a empresa iria solucionar."

Não é a primeira vez que o doleiro relata operar dinheiro para a empreiteira fora do esquema de corrupção na Petrobras. Em sua delação aos investigadores da Lava Jato, Youssef explicou as siglas das planilhas encontradas pela PF que revelam a movimentação de R$ 28 milhões do doleiro para a empreiteira sem ligação com os desvios na estatal.

A OAS vem negando envolvimento de seus executivos em irregularidades e não comenta o andamento das investigações da operação.

O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP) negociava as propinas dos contratos da Petrobras com o doleiro Alberto Youssef através de um email em nome de Nossa Senhora Aparecida. A santa, vista pela igreja católica como padroeira do Brasil, intitulava uma consultoria criada pelo ex-parlamentar após ter tido o mandato cassado em 2006. A informação foi revelada pelo ex-assessor do pernambucano, Ivan Veron, em depoimento ao Juiz Sérgio Moro na última quarta-feira (26).

A ferramenta eletrônica "nsa.c@uol.com.br" foi citada por Veron como a forma encontrada por Corrêa para tentar maquiar os acordos firmados com Youssef para o pagamento das verbas desviadas. Segundo o ex-assessor, antes de perder o mandato o progressista usava um endereço eletrônico com o nome dele. 

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Segundo as investigações da Polícia Federal e os autos do processo impetrado pelo Ministério Público Federal, Pedro Corrêa “recebeu para si, direta e indiretamente, a quantia aproximada de R$ 35,4 milhões correspondente a 118 repasses de R$ 300 mil mensais, no período de 14 de maio de 2004 a 17 de março de 2014, pulverizados e estruturados em valores menores, acrescida de uma quantia de R$ 5,3 milhões paga no primeiro semestre de 2010, o que totaliza a soma de R$ 40,7 milhões de vantagem indevida”.

O ex-assessor parlamentar, inclusive, foi um dos defendidos por Corrêa também na última quarta. Em depoimento à Justiça Federal, o pernambucano disse que seus filhos, a ex-deputada Aline Corrêa (PP-SP) e Fábio Corrêa, a nora Márcia Danzi e Ivan Vernon não têm qualquer envolvimento com os fatos investigados no Lava Jato. “Estou sendo acusado com outras pessoas, e eu quero dizer que essas outras pessoas não têm nenhuma responsabilidade nos fatos. Eu assumo a responsabilidade de todos os fatos”, assumiu o ex-deputado.

Delação premiada

O ex-deputado federal estaria negociando um acordo de delação premiada com o MPF. A opção por colaborar com as investigações pode amenizar a pena do pernambucano, caso seja condenado. Se for aceito como delator, Pedro Corrêa será o primeiro político preso pela Operação Lava Jato a colaborar com a revelação do esquema de corrupção. 

Em julho, uma especulação de que Corrêa havia proposto delação foi negada pelo advogado de defesa Michel Saliba. Procurado pelo Portal LeiaJá, Saliba não atendeu as ligações desta vez.  

Preso pela Operação Lava Jato desde abril, o pernambucano já cumpria pena por condenação do Supremo Tribunal Federal no caso do Mensalão. A expectativa é de que além de detalhes do esquema na Petrobras, Corrêa também fale da ligação com o escândalo do Mensalão que gerenciou a troca de apoios entre parlamentares e o PT durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula (PT). 

A acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, marcada para a tarde desta terça-feira (25) na CPI da Petrobras, poderá frustrar os deputados. É que Youssef obteve um liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) que dá a ele o direito de não responder às perguntas dos parlamentares em caso de autoincriminação.

No pedido encaminhado à Corte, os advogados do delator da Operação Lava Jato alegaram que a acareação não era necessária, pois a mesma já tinha sido feita pela Polícia Federal. O ministro Teori Zavascki, que concedeu a liminar, entendeu que, mesmo Youssef tendo feito acordo de delação premiada, não pode ser obrigado a dar provas contra si na CPI. "Agarantia constitucional de não autoincriminação permanece e, portanto, o direito de permanecer em silêncio”, sustentou o ministro.

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O documento também permite que a defesa de Youssef se manifeste durante a sessão e que ele se retire em caso de ofensa.

O colegiado ainda não confirmou se irá cancelar a reunião. Os parlamentares tentaram, em agosto, fazer outra acareação entre o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-gerente da área Pedro Barusco, mas a audiência foi cancelada pelo Supremo Tribunal Federal a pedido de Barusco, que alegou problemas de saúde.

Youssef e Paulo Roberto Costa são os principais delatores da Operação Lava Jato. Os deputados querem esclarecer contradições nas delações premiadas deles. Costa diz, por exemplo, que operacionalizou pagamentos para a campanha de Dilma Rousseff em 2010, atendendo ao pedido do ex-ministro da Fazenda Antonio Pallocci. Yousseff, no entanto, nega.

A CPI da Petrobras reúne-se, nesta terça-feira (25), para a acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Essa será a segunda vez que a comissão tenta colocar os dois frente a frente.

Eles são os principais delatores da Operação Lava Jato. Os deputados querem esclarecer contradições nas delações premiadas deles. Costa diz, por exemplo, que operacionalizou pagamentos para a campanha de Dilma Rousseff em 2010, atendendo ao pedido do ex-ministro da Fazenda Antonio Pallocci. Yousseff, no entanto, nega.

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O colegiado também já tentou fazer uma acareação entre o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-gerente da área Pedro Barusco, mas a audiência foi cancelada pelo Supremo Tribunal Federal a pedido de Barusco, que alegou problemas de saúde.

A CPI também irá se reunir nesta semana para votar novos requerimentos de convocação, como o do ex-ministro José Dirceu que deve ser ouvido na próxima semana em Curitiba, onde está preso.

Um dos delatores da Operação Lava Jato, Rafael Ângulo Lopez, confirmou ao juiz federal Sérgio Moro que fez pagamentos em dinheiro ao ex-deputado federal Pedro Corrêa, que está preso em Curitiba. Outro delator, o doleiro Alberto Youssef, confirmou que, além disso, doou a Corrêa R$ 7 milhões para a campanha do ex-parlamentar à Câmara dos Deputados em 2010.

Corrêa foi condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão, e cumpria prisão em regime aberto antes de ser preso. No depoimento, Lopez disse que viajava com dinheiro preso ao corpo para entregá-lo a pessoas indicadas pelo doleiro Alberto Youssef, para quem ele trabalhava. O doleiro é um dos operadores financeiros do esquema de corrupção na Petrobras. No depoimento, o delator também relatou pagamentos para Aline e Fábio Correa, filhos do ex-parlamentar.

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Lopez, que assinou acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), disse que entregou dinheiro pessoalmente a Corrêa. Os pagamentos ocorreram na residência dele, no Recife, no apartamento funcional, em Brasília, e no escritório de Youssef. Segundo o delator, os pagamentos eram feitos uma ou duas vezes por mês e variavam entre R$ 150 mil e R$ 200 mil, somando valores que eram destinados ao ex-parlamentar e a terceiros, indicados por ele.

Em uma planilha entregue aos investigadores, o delator disse que identificava os pagamentos feitos com os dizeres "BAND" e as iniciais do recebedor. Segundo ele, "BAND" significava bandidos, e era utilizado para se referir a pagamentos para políticos. Em outro depoimento, prestado nesta segunda-feira ao juiz Sérgio Moro, o doleiro Alberto Youssef, disse que os pagamentos ao ex-deputado ocorreram mesmo após a condenação no STF. O doleiro também afirmou que doou R$ 7 milhões para a campanha política de Corrêa à Câmara dos Deputados em 2010.

A defesa do ex-deputado informou que só vai se pronunciar nos autos. O juiz Sérgio Moro marcou para a próxima quarta-feira (26) audiência presencial para que Corrêa possa se defender das acusações.

A CPI da Petrobras cancelou a acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, prevista para a próxima quinta-feira, 6.

A defesa de Costa apresentou um atestado médico e, por determinação do juiz Sérgio Moro, o delator só poderá se apresentar à CPI em 15 dias, a partir de 30 de julho. O comunicado do juiz não informa qual é o problema de saúde de Costa.

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A comissão busca agora preencher a data com um novo depoimento. Com a prisão do ex-ministro José Dirceu, membros da CPI pregam o agendamento da oitiva do delator Milton Pascowitch ou do empreiteiro da UTC Ricardo Pessoa. No entanto, os depoimentos só seriam "produtivos" para os trabalhos da CPI se o conteúdo das delações fossem divulgados oficialmente pela Justiça. Se os depoimentos dos delatores vierem à público, eles não poderão ficar calados na oitiva.

Amanhã, dia 5, a CPI retoma os trabalhos com uma "maratona" de depoimentos. Estão previstos as oitivas de J.W.Kim, da Samsung Heavy Industry no Brasil, e de Shinji Tsuchiya, da Mitsui. Também vão depor quatro policiais federais: o agente Sérgio Ramalho Rezende e os delegados José Navas Júnior, Ricardo Hiroshi Ishida e Sérgio de Arruda Costa Macedo.

Na semana em que mais uma fase da Operação Lava Jato foi deflagrada, a CPI da Petrobras retorna aos trabalhos, depois do recesso branco. Dois encontros estão marcados. O mais esperado é o que haverá a acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Eles serão postos frente a frente na quinta-feira (6), às 9h30. Os deputados querem esclarecer contradições nas delações premiadas deles. Costa diz, por exemplo, que operacionalizou pagamentos para a campanha de Dilma Rousseff em 2010, atendendo ao pedido do ex-ministro da Fazenda Antonio Pallocci. Yousseff, no entanto, nega.

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Na quarta (5), às 14h, a CPI ouvirá dois executivos asiáticos que estão à frente de empresas mencionadas como fontes de pagamento de propina na Petrobras. J. W. Kim, da Samsung, e Shinji Tsuchiya, da Mitsui, não são acusados de irregularidades, mas as empresas foram envolvidas pelo ex-representante das duas no Brasil Júlio Camargo. Ele, inclusive, acusa o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ser beneficiário das propinas. Cunha nega e acusa o Ministério Público de pressionar Camargo para fazer tal declaração.

No mesmo dia, também serão ouvidos os delegados de Polícia Federal, José Navas Júnior, Ricardo Hiroshi Ishida e Sérgio de Arruda Costa Macedo; e o agente de Polícia Federal, Sérgio Ramalho Rezende.

 

O doleiro Alberto Youssef, delator da Lava Jato que indicou dezenas de deputados e senadores supostamente beneficiários do esquema de propinas que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014, chamou por meio de seus advogados de defesa de 'retaliação sórdida' a iniciativa da CPI da Petrobras de quebrar o sigilo bancário e fiscal de sua família. Cinco criminalistas que fazem a defesa de Youssef, sob coordenação de Antonio Augusto Figueiredo Basto, também se voltou contra a convocação da ex-mulher e das filhas do doleiro para prestarem depoimento na CPI. "O mal continua a proliferar em larga escala", afirmam os advogados de Youssef.

O desabafo do doleiro ocorreu em alegações finais em um dos processos em que ele é acusado por corrupção passiva. Youssef pede perdão judicial sob argumento da 'eficácia da colaboração judicial - suas revelações foram decisivas para as investigações que desmontaram o cartel de empreiteiras e a corrupção na estatal petrolífera.

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Ao apontar para a CPI da Petrobras e criticar aqueles que condenam a delação, a defesa parafraseia Duque de Wellington (general e estadista britânico: 1769-1852) em suas memórias sobre a batalha de Waterloo. "O baile existiu e os convidados dele participaram."

"Portanto, não causa estranheza a reação dos demais acusados e investigados. Agem como crianças que desejam uma coisa, mas não suas consequências. Ameaçam o Poder Judiciário e o colaborador com 'um troco'. Cientes do poder econômico e político que desfrutam deixam no ar um lembrete - Hoje condenado, amanhã faço a lei': basta ver que a CPI chegou ao ponto de convocar as filhas e a ex-exposa de Youssef e também quebrou o sigilo bancário e fiscal da família,quando elas jamais foram investigadas pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal, uma retaliação sórdida que demonstra que o mal continua a proliferar em larga escala."

Subscrevem as alegações finais os criminalistas Antonio Augusto Figueiredo Basto. Luis Gustavo Rodrigues Flores, Rodolfo Herold Martins. Adriano Sérgio Nunes Bretas e Tracy Joseph Reinaldet. Eles abordam uma questão importante nessa etapa crucial da Lava Jato: divergências nos relatos de Youssef e do primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

"Youssef não mentiu, não tergiversou com as provas", afirma a defesa. "Eventuais contradições entre Youssef e Paulo Roberto Costa, se algo provam é a idoneidade da colaboração, demonstrando que não houve arranjos ou conchavos para harmonizar versões e criar uma falsa imputação. Sobre esse aspecto podemos dizer que cada colaborador descreveu sua participação nos eventos criminosos sob uma ótica própria, dentro de sua participação e dos contatos que tinha dentro do grupo."

Os defensores invocam "os inúmeros termos da colaboração processual de Youssef e minucioso detalhamento do esquema de corrupção descrito na denúncia".

"Fica claro que sua palavra tem credibilidade e foi corroborada por vários colaboradores e também por outros meios de prova."

A defesa do doleiro mira também em personagens do universo jurídico que criticam a delação. "Ninguém desconhece as críticas que Youssef vem recebendo diariamente por ter colaborado com o Ministério Público Federal, são das mais variadas cataduras, até pareceres encomendados tem sido usados para deturpar de forma grosseira o instituto da colaboração processual, a ponto de sugerir que em razão de seus antecedentes Youssef não poderia colaborar, quando na verdade não a lei 12.850/13 não traz qualquer impedimento de ordem pessoal para a colaboração."

Figueiredo Basto e seus quatro colegas de equipe assinalam, ainda, que "a avaliação da credibilidade e dos atributos pessoais do colaborador devem ser avaliados após o término da colaboração, isto é na sentença".

"O passado de alguém não se confunde com seu destino. Com a devida licença :- Não existe nada mais desprezível do que o paradoxo de "uma defesa engenhosa do indefensável."

Ao pedir perdão judicial para Youssef, os criminalistas buscam amparo na Lei que define punição para organização criminosa. Também pedem a transferência do doleiro da Custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR) para um 'regime diferenciado'. "É justo que Youssef obtenha do Poder Judiciário um benefício proporcional à extensão e eficácia de sua colaboração, a começar pela possibilidade de ser removido para um regime prisional diferenciado e também lhe seja concedido o perdão judicial nessa e em outras ações penais."

Quanto ao mérito da acusação, a defesa assinala que Youssef 'não é e não foi o líder da organização criminosa descrita nos autos'.

"Sua participação foi subsidiária às ordens de agentes políticos e públicos, maiores responsáveis pelo esquema que desviou fabulosas quantias dos cofres da Petrobras visando a manutenção de um projeto de poder bem definido: vontade de submeter partidos, corromper ideias e subverter a ordem constitucional."

"Embora esse projeto de poder não seja novo, haja vista já ter sido implementado antes em outros órgãos públicos conforme restou provado no julgamento da Ação Penal 470/MG, conhecido como "Mensalão"¸ no caso vertente foi superlativo quer pelo requinte dos malfeitos quer pela audácia e desmedida ganância dos agentes políticos, que incrustados no poder fizeram movimentar a máquina pública para atender suas exigências desviando valores vultosos da Petrobras. Nenhuma das condutas descritas na denúncia foi obra isolada de Youssef, ele não tinha poder para determinar o favorecimento de qualquer empresa ou pessoa junto à Petrobras, somente atuava quando os acertos entre políticos,agentes públicos e empresas já haviam sido premeditados e executados."

A defesa chama a atenção para o fato de que 'nenhum dos colaboradores destoa, todos são unânimes em afirmar que Youssef somente atuava após o acerto das propinas que era feito entre os empresários e agentes políticos e públicos'.

"Cabia a Youssef a função de criar um sistema que possibilitasse a chegada do dinheiro aos destinatários", afirmam os advogados do doleiro.

O doleiro Alberto Youssef, peça central da Operação Lava Jato, declarou à Justiça Federal nesta quarta-feira, 24, que entregou "valores em espécie", entre janeiro e fevereiro de 2014, para o deputado José Mentor (PT/SP) a pedido do ex-vice-presidente da Câmara, André Vargas (ex-PT/PR), cassado.

A entrega ocorreu, segundo o doleiro, no escritório de Mentor, na praça da Árvore, zona sul de São Paulo. Quando fez delação perante a Procuradoria-Geral da República o doleiro afirmou que repassou R$ 380 mil a Mentor. Por meio de seu advogado, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, o deputado do PT negou ter recebido propina para sua campanha eleitoral de 2014.

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Segundo Youssef, que fez delação premiada nos autos da investigação sobre corrupção e cartel das grandes empreiteiras na Petrobras, os R$ 380 mil são relativos a uma parcela de propina de R$ 2 milhões sobre contrato de uma empresa de tecnologia. Parte, disse o doleiro, foi entregue pessoalmente a Vargas em Brasília - agora ex-deputado, Vargas é réu da Lava Jato e está preso em caráter preventivo, sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Youssef depôs como testemunha de acusação no processo criminal contra Vargas, por corrupção e lavagem de dinheiro. Na audiência de ontem, ele não citou o montante repassado a Vargas e a Mentor - mas, na delação perante a Procuradoria-Geral da República, Youssef relatou ter pago R$ 380 mil a Mentor.

A operação, segundo Youssef, havia sido acertada com um irmão de André Vargas, Leon Vargas, também alvo da Lava Jato em um esquema de desvios de verbas na área de publicidade com órgãos públicos.

"Disponibilizei parte dos recursos em São Paulo e parte em Brasília para o sr., na época, deputado André Vargas", disse o doleiro, que foi ouvido na Justiça Federal em Curitiba, base da Lava Jato.

Ele disse que "em Brasília entregou diretamente à pessoa dele (Vargas) e em espécie". "Em São Paulo, entreguei na Praça da Árvore no escritório do deputado José Mentor. O Sr. André Vargas me pediu que entregasse esse valor", relatou o doleiro.

Youssef confirmou ter recebido visita de Leon Vargas por 18 vezes em seu escritório de São Paulo. "Ele (Leon) me pediu que recebesse uma empresa, emitisse umas notais fiscais e pudesse fazer reais para ele. E assim foi feito, em dezembro de 2013, senão me engano", afirmou.

O doleiro relatou, ainda, que conheceu Vargas há muitos anos em Londrina (PR), onde residiram. Em 2013 ele disse que pediu ajuda a Vargas para apresentar uma empresa sua no Ministério da Saúde.

André Vargas nega recebimento de propinas e lavagem de dinheiro.

Indignação

O criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de José Mentor, disse que o deputado petista "ficou muito indignado" com a informação. "Ele (Mentor) se dispõe a ir em qualquer foro, qualquer veículo da imprensa, a qualquer momento, narrar os fatos tais como eles ocorreram. Sua narrativa irá repor a verdade e desmentir a versão dada pelo delator (Alberto Youssef)", disse.

Questionado sobre a declaração do doleiro Alberto Youssef, que afirmou ter pago propina a fiscais paulistas, o governo de São Paulo, por meio de nota, confirmou que o doleiro foi ouvido por promotores criminais e pela Corregedoria-Geral da Administração em uma diligência em conjunto ocorrida nesta quarta-feira, 24, na carceragem da Polícia Federal no Paraná. Informou também que a investigação ainda está em fase inicial e que as informações são sigilosas. Os promotores do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec) não quiseram dar entrevista.

A fabricante de pneus Pirelli, por meio de assessoria de imprensa, informou que a Pirelli Cabos Elétricos citada por Youssef nos depoimentos foi sucedida pela empresa Prysmian Cabos e Sistemas, com sede em Santo André, no ABC Paulista. Não há nenhuma relação da investigação com a Pirelli Pneus. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo procurou a Prysmian na tarde de ontem, por telefone, mas nenhum representante foi localizado para comentar o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Na denúncia apresentada à Justiça contra o ex-deputado Luiz Argolo (afastado, SD-BA), preso preventivamente na Operação Lava Jato, na quinta-feira, 14, o Ministério Público Federal aponta que o ex-parlamentar usou recursos públicos para pagar visitas ao escritório do doleiro Alberto Youssef. Entre 10 de fevereiro de 2011 e 18 de fevereiro de 2014, menos de um mês antes da prisão de Youssef pela Lava Jato, Argôlo usou R$ 55.192,42 de sua Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) para custear 93 voos a São Paulo.

De acordo com dados apresentados pela Procuradoria da República, o valor foi reembolsado pela Câmara dos Deputados. O doleiro, um dos delatores do esquema de corrupção e propina instalado na Petrobrás e desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato, tinha dois escritórios no bairro do Itaim Bibi, região de luxo de São Paulo.

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"Neste período, o denunciado Luiz Argôlo visitou os escritórios de Alberto Youssef por ao menos 78 vezes", diz um trecho da denúncia. "Realizado o cruzamento entre as datas das passagens aéreas de ida e retorno a São Paulo pagas com recursos públicos e as datas e horários das visitas aos escritórios, verificou-se que, em ao menos 12 oportunidades em que visitou os escritórios de Alberto Youssef, Luiz Argolo chegou e saiu de São Paulo no mesmo dia; em outras 19 oportunidades, pernoitou em São Paulo por apenas uma noite, e em outras 9 visitas, pernoitou por mais de uma noite em São Paulo, totalizando 40 visitas que foram custeadas com recursos da Câmara dos Deputados."

Segundo a Procuradoria da República, as visitas tiveram 'finalidade exclusivamente particular e ilícita'. O objetivo seria 'a solicitação e o recebimento de vantagens indevidas, e portanto tinham finalidades absolutamente alheias à execução do mandato parlamentar, além de obviamente ilícitas'.

Em entrevista, o procurador Paulo Roberto Galvão afirmou que Luiz Argôlo passou a ser quase sócio nos negócios ilícitos e a ter favorecimentos nos repasses do PP. O ex-deputado foi denunciado pela prática de 10 atos de corrupção e 93 atos de peculato.

Argôlo e os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e André Vargas foram presos pela Polícia Federal no início de abril. No início desta semana, a PF concluiu os inquéritos sobre a conduta dos ex-parlamentares e os indiciou pelos crimes de corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos. Aline Corrêa (PP-PE), filha de Pedro Corrêa, também foi indiciada.

O advogado de Luiz Argôlo, Pedro Ricardo Scavuzzi, informou que só vai se manifestar após ler a denúncia.

O doleiro Alberto Youssef - peça central da Operação Lava Jato - pagou móveis, gado, cadeira de rodas e até um helicóptero para o ex-deputado federal Luiz Argôlo (ex-PP, hoje afastado do SD-BA), com dinheiro do esquema de corrupção e cartel na Petrobras alvo da Operação Lava Jato. Denúncia criminal do Ministério Público Federal, desta quinta-feira, 14, em Curitiba, mostra que o ex-parlamentar chegou a usar verba do Congresso para pagar viagens em que foi buscar propina - um total de R$ 1 milhão.

Ao anunciar a denúncia contra o ex-deputado, preso desde abril pela Lava Jato, o procurador da República Paulo Roberto Galvão listou os bens adquiridos por Argôlo a partir de sua relação especial com o doleiro.

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"O Youssef paga móveis para a casa do Argôlo, comprados em nome da esposa; paga gado para o Argôlo, bezerros, e paga ainda o fretamento desse gado; o Youssef paga cadeira de rodas em nome do pai do Luiz Argôlo que seriam disponibilizadas no interior da Bahia; o Youssef faz depósito em conta de assessor parlamentar do Luiz Argôlo e o Youssef faz também entrega de dinheiro para o Luiz Argôlo."

Segundo o procurador, "Luiz Argôlo passou a ser quase sócio nos negócios ilícitos e a ter favorecimentos nos repasses do PP." O ex-deputado foi denunciado pela prática de 10 atos de corrupção e 93 atos de peculato. Ele é um dos quatro ex-parlamentares que integram o primeiro pacote de denúncias contra o núcleo político da Lava Jato. No esquema, PT, PMDB e PP arrecadava de 1% a 5% em contratos da Petrobras, por meio de um cartel de 16 empreiteiras.

"Esse dinheiro que o Youssef usava para passar para o Argôlo vinha do esquema da Petrobras, do cartel. Mas o Youssef usava do seu próprio dinheiro para fazer esses repasses", explicou o procurador.

Segundo sustenta a força-tarefa da Lava Jato, o doleiro tinha interesses eleitorais em sua relação com Argôlo. "Ele (ex-deputado) também recebia porque o Youssef tinha interesse especial na carreira do legislador, ele fala isso expressamente", afirmou Paulo Galvão.

O Ministério Público Federal acusa formalmente Argôlo de usar verba parlamentar para ir até o escritório de Youssef para recebimento de propina. Segundo a Procuradoria da República Argôlo visitou 78 vezes o doleiro Alberto Youssef. Pelo menos 40 viagens de Argôlo foram bancadas com recursos públicos da Câmara dos Deputados.

O doleiro também teria assumido a compra de um helicóptero, que foi deixado à disposição do ex-deputado. "O que apuramos é que o Argôlo deu início à compra de um helicóptero, a gente não sabe como ele pagou a entrada, posteriormente ele ficou sem dinheiro e o Youssef vai lá e compra o helicóptero, mas deixou na mão do Argôlo por um longo período."

Por conta desse negócio, foram R$ 520 mil incluídos na lista de corrupção envolvendo Youssef e Argôlo. Ao todo, o Ministério Público Federal pediu o ressarcimento de R$ 1,6 bilhão aos acusados no processo envolvendo o ex-deputado do PP, hoje no SD.

Em mensagem divulgada nesta terça-feira, 12, em seu perfil no Facebook, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva critica, sem mencionar nome, o doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato. "É inaceitável que uma grande democracia como o Brasil, com 200 milhões de habitantes, uma das maiores economias do mundo, seja transformada em refém de um criminoso notório e reincidente, de um réu que negocia depoimentos - e garante para si um porcentual na recuperação do dinheiro que ajudou a roubar", escreveu Lula.

Em depoimento nessa segunda-feira, 11, à CPI da Petrobras em Curitiba, Youssef voltou a afirmar que Lula e a presidente Dilma Rousseff sabiam do esquema de desvios na estatal, mas disse que não teria como comprovar sua afirmação. É a segunda vez que Youssef faz um acordo de delação premiada com a Justiça. No caso Banestado ele também decidiu colaborar com as investigações sob condição de não voltar ao crime, acordo que não cumpriu. Nos termos do atual acordo de delação, firmado pela Operação Lava Jato, cujas ações são conduzidas pelo juiz Sérgio Moro, Youssef negociou uma redução da multa proporcional ao montante recuperado pela investigação sobre o esquema.

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Na mensagem, Lula afirma que é "inacreditável que um bandido com oito condenações, que já enganou a Justiça num acordo anterior de delação premiada, tenha palco para atacar e caluniar, sem nenhuma prova, algumas das principais lideranças políticas do país, legitimadas democraticamente pelo voto popular". Para o ex-presidente, é inacreditável que se "dê crédito a criminosos para apontar quem é e quem não é honesto neste País".

"É uma pena que parte da imprensa brasileira venha tratando bandidos como heróis, quando tais pessoas se prestam a acusar, sem provas, os alvos escolhidos pela oposição; quando se prestam a difamar lideranças que a oposição não conseguiu derrotar nas urnas e teme enfrentar no futuro", pontuou o petista. "O Brasil merece ser tratado com mais responsabilidade e seriedade."

Ouvida pela CPI da Petrobras em Curitiba, onde está presa, a doleira Nelma Penasso Kodama disse, nesta terça-feira (12), que não participou da operação de desvio e lavagem de dinheiro da Petrobras em benefício de partidos políticos. Quando perguntada quem comandava o esquema, ela preferiu não responder. “Vou me reservar o direito de permanecer calada”, disse ela, que repetiu a mesma frase quando os deputados questionaram sobre a participação de políticos.

Embora tenha negado envolvimento no caso da Patrobras, Kodama confirmou que operava esquemas ilegais no Brasil. "Eu sou doleira, comprava e vendia moedas no mercado negro. E isso vai constar no termo de colaboração que estou firmando", disse. Ela reconheceu os crimes, mas reclamou da pena imposta. “Eu não me sinto injustiçada, mas não concordo com a dosimetria da pena”, disse aos deputados da comissão.

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Ela foi condenada pelo juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, a 18 anos de prisão e multa por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Estima-se que ela movimentou R$ 221 milhões em dois anos, inclusive enviando para o exterior cerca de U$S 5,2 milhões por meio de 91 operações de câmbio irregulares.

O interesse da CPI sobre a atuação dela é porque ela foi companheira do doleiro Alberto Youssef, um dos principais investigados da Lava Jato, entre 2000 e 2009. Nelma foi usada por Youssef em movimentações financeiras. "Eu intermediava as operações de cambio, que é a de dólar-cabo, que é a evasão de divisas e eu estou confessando”.

Conhecida como 'Dama do Mercado', ela usava pseudônimos como Greta Garbo, Cameron Diaz e Angelina Jolie. Presa em marco do ano passado, quando tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos sob a roupa, ela negou que estivesse tentando fugir do país. "O dinheiro estava no bolso e não na calcinha".

Sobre a atuação como doleira, ela disse que não achava errado.  “Eu não via que estava fazendo nada errado. Era como compra e venda de dólares. A operação feita do doleiro acontece por causa dos impostos envolvidos no pagamento de empresas no exterior. Eu não achava isso errado porque achava os impostos muito altos”, declarou. "Quando um importador compra uma mercadoria na China, por exemplo, parte do pagamento é feito pelo Banco Central e ele usa o doleiro para pagar o que é por fora, sem impostos, que geralmente é 60% do total”, explicou.

Kodama não respondeu a muitas das perguntas dos deputados por estar negociando uma delação premiada.

Bancos

A doleira disse ainda que a corrupção acontece por falha do mercado financeiro e que envolve bancos, outras instituições financeiras e até o Banco central. "O dinheiro [usado nas operações fraudulentas] vinha das próprias instituições financeiras, dos bancos. Do Banco do Brasil, por exemplo, na agência de Rio Branco", disse, que pretende detalhar mais o envolvimento dos bancos na delação.

Kodama foi a primeira pessoa a ser ouvida nesta terça pela CPI. Nessa segunda (11), Youssef disse que o conhecimento do Palácio do Planalto - em referência à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula - sobre o esquema de corrupção na Petrobras é uma assunção dele. "A opinião é minha, agora, provas, eu não tenho", disse aos parlamentares.

Apontado como um dos responsáveis por organizar as entregas de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, o carregador de dinheiro Rafael Ângulo Lopes detalhou na última quinta-feira (7) à força-tarefa da Lava Jato como era operado o repasse de dinheiro pelo doleiro. Ele disse que utilizava planilhas com a denominação "band", em referência a bandidos, quando as entregas eram feitas para políticos.

A prática, segundo Ângulo, começou a partir de uma conversa com Youssef em que, ao questionar o doleiro sobre determinada entrega feita a um político, ele teria ouvido: "'anota pro Bando' ou 'anota pra este bandido', referindo-se a um político; que em razão disso o declarante abreviou o termo como forma de se recordar dos políticos e passou a utilizar a expressão band", disse em seu depoimento à Polícia Federal. Segundo ele, a denominação mais frequente utilizava por Youssef era a de "bandidos".

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Mais novo delator da Lava Jato, Ângulo começou a contar o que sabe às autoridades neste ano e inclusive já encaminhou à Procuradoria-Geral da República diversas planilhas com o "movimento diário de valores" no escritório do doleiro. Além da documentação, ele revelou em detalhes como era o modus operandi do delivery de propina de Youssef.

Políticos

No caso dos "bandidos", segundo a denominação utilizada pelo grupo, Ângulo revelou às autoridades que teve um contato inicialmente com José Janene, mentor do doleiro, e a partir de 2007 passou a "ter um relacionamento mais próximo com outros agentes políticos sempre acompanhado de Alberto Youssef", disse.

Além disso, ele contou que começou a ver políticos irem ao escritório de Youssef a partir de 2008 e, nestes casos, via de regra, os "bandidos" se reuniam inicialmente com o doleiro que, em seguida, pedia para ele separar determinada quantia de dinheiro e colocar em envelopes ou mesmo sacolas de shopping ou de supermercado. O dinheiro em espécie era então repassado a Youssef "na frente dos políticos" e, posteriormente, repassado para os políticos na sua frente. "Por vezes, alguns políticos já iam ao escritório portando uma maleta de viagem de boro ou pastas", relatou às autoridades.

Viagens

Os "serviços" de Youssef não se limitavam ao seu escritório na capital paulista e também envolviam viagens para entregar dinheiro aos seus "clientes". Nestes casos, segundo o delator, o doleiro avisava que ele iria viajar e pedia para ele separar uma quantia em dinheiro e que "quando se tratava de políticos, Youssef já dizia ao declarante qual era o político destinatário da quantia antes da viagem", relatou. A partir daí, Ângulo contou que pegava o dinheiro no cofre da empresa do doleiro e utilizava "sempre meias tipo meiões de futebol" para guardar o dinheiro.

Com as pernas "carregadas", ele então se dirigia ao aeroporto, "normalmente de taxi", com carro próprio ou mesmo levado por algum funcionário do doleiro. Nas viagens, segundo relatou, além do dinheiro levava apenas bagagem de mão e nunca levava o nome do destinatário ou endereço de quem receberia o dinheiro. Toda a operação era acompanhada "ponto a ponto" por meio de contato telefônico com o doleiro, a quem ele sempre avisava ao embarcar e desembarcar nos aeroportos. Com esse modus operandi, conta, nunca foi parado no aeroporto.

Ao voltar das viagens, que não duravam mais que um dia, Ângulo lançava a movimentação em suas planilhas de controle, mantidas apenas por ele. Em seu depoimento, contudo, ele cita apenas as entregas para o ex-deputado André Vargas (sem partido) no ano de 2014. Em fevereiro daquele ano, menos de um mês antes da deflagração da Lava Jato, ele fez três repasses ao então deputado. Sendo dois lançamentos no dia 19, um no valor de R$ 365 mil e outro de R$ 135 mil, e outro no dia 26 daquele mês, no valor de R$ 140 mil.

Graças a sua colaboração, agora esta e outras planilhas estão à disposição dos investigadores que poderão rastrear com mais detalhes o caminho do dinheiro da lavanderia de Youssef aos políticos.

 

Ao comentar o depoimento do doleiro Alberto Youssef à CPI da Petrobras nesta manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou à carga contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Mais cedo, Janot disse que a PGR está conduzindo as investigações da Operação Lava Jato de maneira impessoal. O peemedebista acusou o procurador-geral de criar "constrangimento" para o Supremo Tribunal Federal (STF) para não julgar seu agravo regimental contra o inquérito. "Ele (Janot) agiu comigo sim com espírito pessoal. Ele escolheu a mim para investigar", insistiu Cunha.

O presidente da Câmara disse que o doleiro apenas repetiu o que já havia dito à Justiça Federal. Youssef contou aos membros da CPI da Petrobras que participou de uma operação de pagamento de propina envolvendo o suposto operador do PMDB Fernando Soares, o Fernando Baiano, o delator Júlio Camargo e Cunha. O peemedebista ressalta que o doleiro assume que ouviu a informação de terceiros e que Júlio Camargo não confirmou o relato de Youssef. Em sua avaliação, o depoimento de Youssef foi até favorável porque ele teria dito que Cunha não seria o destinatário do pagamento de suposta propina feita por um policial.

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"Diferentemente dos outros que têm abertura de inquérito, o meu caso é o único que o procurador pegou uma pessoa falando, não tem a confirmação do outro e pediu a abertura de inquérito. Quando ele (Janot) fala que é impessoal, ele só foi impessoal com os outros, comigo ele foi pessoal", reclama o peemedebista, que voltou a questionar o arquivamento do inquérito contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS).

Cunha também acusou Janot de violar o mandato parlamentar da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), hoje prefeita de Rio Bonito (RJ). O presidente da Câmara citou um dos parágrafos do artigo 53 da Constituição, que permite aos deputados e senadores a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas no exercício do mandato. "Isso é uma invasão da prerrogativa do mandato dela, porque tem todo o direito e não é obrigado a declarar as fontes igual a vocês da imprensa", disse. Solange seria autora do requerimento que pedia explicações a uma das empresas envolvidas na Operação Lava Jato. Segundo Youssef, o requerimento serviu para pressionar o Grupo Mitsui a pagar propina ao PMDB.

Para o deputado, ao requisitar o recolhimento de provas no centro de informática da Casa, Janot teria agido de forma pessoal e com "afronta" à Câmara para "forçar uma barra". "O que ele pediu aqui, bastava ele ter mandado de ofício", afirmou Cunha, dizendo que era impossível destruir os arquivos solicitados pela PGR. "Então ele quer forçar uma prova de um fato ou de um suposto crime que aquele que seria vítima não reconhece que houve o crime, que não houve o fato. Ele está buscando uma forma de forçação de barra", declarou.

O doleiro Alberto Youssef disse, nesta segunda-feira, 11, em oitiva da CPI da Petrobras em Curitiba, acreditar que, mesmo após sua prisão, o secretário da Casa Civil da então governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB), João Abreu, recebeu a remessa de R$ 1,4 milhão que ele levava a São Luís. "Até onde eu tenho conhecimento, chegou", respondeu aos deputados.

Alberto Youssef, considerado um dos líderes do esquema bilionário de corrupção na Petrobras, foi preso em março do ano passado na capital maranhense, em meio às investigações da operação Lava Jato da Polícia Federal. Segundo o doleiro relatou à época, ele tinha feito a entrega do dinheiro momentos antes da prisão.

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Youssef disse, no depoimento em andamento hoje, que não conheceu Roseana pessoalmente. Em delação em março deste ano, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ter se reunido pessoalmente com Roseana para tratar de propina. Segundo o ex-diretor, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, foi quem solicitou R$ 2 milhões, destinados à campanha de Roseana ao governo do Estado em 2010. O valor, afirmou Costa à época, foi pago em espécie via Youssef.

O doleiro Alberto Youssef repetiu em depoimento a integrantes da CPI da Petrobras que o conhecimento do Palácio do Planalto - em referência à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula - sobre o esquema de corrupção na Petrobras é uma assunção dele. "A opinião é minha, agora, provas, eu não tenho", disse aos parlamentares.

Youssef repetiu que ouvia do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em algumas ocasiões que ele esperava "notícia do Palácio". E explicou que isso somado ao envolvimento do então ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), em desvios para campanha de sua mulher Gleisi Hoffmann (PT-PR) a senadora em 2010, e a partir do episódio em que o então presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli pediu repasse de R$ 6 milhões à agência Muranno Marketing Brasil, com anuência do então presidente Lula, são evidências claras de que a Presidência sabia do esquema do chamado petrolão.

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Pressionado pelo deputado Waldir Soares (PSDB-GO), Youssef evitou responder quem seria o líder global do esquema. Ele repetiu ser apenas uma "pequena engrenagem" e que, na parte do esquema que entregava, o líder era o deputado José Janene (PP-PR), hoje falecido. "Mas quem era o líder, quem levou Janene, quem autorizou colocar Paulo Roberto Costa (na diretoria da Petrobras)?", questionou Soares. "Quem nomeia é o Planalto, se o Planalto era o líder, aí eu não sei", respondeu Youssef.

PP
O doleiro também disse que passava recursos para lideranças do PP que então repassavam o dinheiro a parlamentares do partido. "A maioria não estive com eles (pessoalmente). Era feita uma lista com os nomes", relatou o doleiro. Perguntado quem eram as lideranças partidárias que recebiam diretamente os valores, Youssef disse que foram vários, mas que se lembrava de João Pizzolatti, Nelson Meurer e Mario Negromonte.

Youssef também confirmou que houve um jantar com diversos parlamentares do PP para agradecer ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa pelos resultados na campanha de 2010.

O doleiro foi questionado pelo deputado Julio Delgado (PSB-MG), que disse querer separar o joio do trigo. Delgado relatou que há deputados do PP que alegam ter visto Youssef e Costa apenas nesse jantar e que não sabiam do esquema de corrupção operado por eles.

Youssef disse também que ele operou doações legais a partidos e candidatos. Segundo ele, as empresas envolvidas no esquema faziam doações oficiais a partidos e comitês de campanha e apresentavam o valor a ele para descontar do montante que seria cobrado em propina referente a contratos fechados com a Petrobras. "Eu fiz doação oficial e descontei daqueles contratos, das propinas", relatou Youssef. Ele disse ter operado nesse sentido principalmente para o PP.

Youssef afirmou também que apenas parte desse mecanismo passava por ele, mas que era um procedimento comum que também passava por outros operadores. Perguntado por parlamentares se o esquema poderia passar por remessas internacionais, disse que ele não operava tal mecanismo no exterior, mas que empresas provavelmente fizeram também esse caminho, por terem operações fora do País e ser uma forma de esconder os repasses.

Ameaças

Youssef afirmou que ele e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa não usavam de ameaças ou ameaças veladas para cobrar propinas atrasadas de empresas fornecedoras da estatal. "Os pagamentos eram acertados antes, então era cobrado de forma normal, nunca teve nenhum tipo de ameaça", disse a deputados. Pressionado pelo deputado Aluisio Mendes (PSDC-MA), que chegou a chamar Youssef de bandido nos questionamentos, Youssef apenas baixou o tom de voz e repetiu que a cobrança, em caso de atrasos no repasse de desvios, era feita de maneira "normal", às vezes por ele, às vezes por Costa e às vezes pelos dois juntos.

Carceragem

O doleiro Alberto Youssef desconversou quando questionado por integrantes da CPI da Petrobras sobre o momento de fúria, quando quebrou um vidro da carceragem de Curitiba em outubro. "Foi uma questão pessoal minha num momento com o advogado", respondeu sem dar mais detalhes na oitiva realizada na capital paranaense. Depois de oito meses preso, Youssef se descontrolou em uma discussão e quebrou o vidro de um dos parlatórios da carceragem. Na ocasião, a defesa disse que foi uma reação pessoal e que o doleiro estava com a saúde debilitada.

Pastel

O doleiro foi questionado por Waldir Soares (PSDB-GO) sobre como foi de vendedor de pastel na infância, em Londrina, para operador do esquema bilionário de corrupção na Petrobras. Youssef foi evasivo e não foi pressionado a dar maiores explicações. "Tem coisas na vida da gente que não tem como explicar. Às vezes elas acontecem naturalmente e foi o que aconteceu", respondeu.

Casamento

Youssef afirmou ter ouvido relatos de que o ex-presidente Lula chamava o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa de "Paulinho". Ele também confirmou ter ouvido dizer que Paulo Roberto foi ao casamento da filha da presidente Dilma Rousseff, Paula Araújo Rousseff.

O doleiro Alberto Youssef abriu seu depoimento aos parlamentares da CPI da Petrobras, em Curitiba, base das investigações da Operação Lava Jato, nesta segunda-feira (11) falando sobre o pagamento de R$ 10 milhões para abafar as investigações de outra comissão parlamentar em 2010, que apurava irregularidades na estatal - e envolveu suposta exigência do ex-presidente do PSDB Sergio Guerra, morto em 2014.

"Em 2010, fui cobrar a empreiteira Queiroz Galvão para que ela pudesse pagar seus débitos na diretoria de Abastecimento da Petrobras e fui informado que eles teriam repassado R$ 10 milhões a pedido do Paulo Roberto Costa", afirmou Youssef, em uma das primeiras respostas dadas em questionamento feito pelo relator da CPI, deputado Luiz Sergio (PT-RJ).

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Youssef afirmou também que havia anuência do Palácio do Planalto com o esquema que operava para o PP dentro da Petrobras. Ele relatou que "em determinado momento, houve um racha no Partido Progressista". "Essa situação foi parar no Palácio (do Planalto). Paulo (Roberto Costa, ex-diretor da estatal) deixou claro para Nelson Meurer (PP-PR) que o Palácio tinha que indicar um interlocutor", disse o doleiro à CPI.

Perguntado, Youssef disse que os pontos de contato com o Planalto eram os ministros Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, e Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. "Em 2012 ou 2011 houve um racha no Partido Progressista e foi motivo de discussão entre líderes governistas, onde houve queda do Nelson Meurer. O Arthur de Lira assumiu a liderança do partido. Isso foi discutido tanto pelo líder Nelson Meurer como pelo Arthur de Lira e Ciro Nogueira, como foi discutido com Gilberto Carvalho e Ideli. Paulo Roberto Costa deixou claro que esse assunto teria que chegar através do Palácio a quem ele iria se reportar", respondeu Youssef ao ser questionado pelo deputado federal Bruno Covas (PSDB-SP).

Youssef disse que, em sua opinião, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff também sabiam do esquema, mas o doleiro afirmou que não teria como confirmar a informação.

Cunha e Renan

Alberto Youssef esclareceu que não pode confirmar a remessa de dinheiro da OAS para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Recebi da OAS para que fosse entregue o recurso nesse endereço. Não sabia quem era morador dessa residência", disse Youssef aos parlamentares. "Eu recebia o endereço, o local, a cidade e quem iria receber", disse Youssef ao argumentar que eram comum o procedimento de entregar sabendo o nome apenas do intermediário e não do destinatário final dos recursos desviados.

Youssef repetiu que quem fez a entrega foi o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Sobre o depoimento de Careca, que implicou Cunha e Antonio Anastasia (PSDB), o doleiro disse não saber se é verdade. "Não tenho ideia. Não sei se ele inventou nomes, porque quem foi ao endereço foi ele."

Youssef foi confrontado pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que disse que o doleiro não estava sendo verdadeiro. Valente argumentou não ser possível ele lembrar de nomes de quem teria recebido pelo PT, citando a cunhada de João Vaccari, Marice, e não lembrar o nome do recipiente na casa de Cunha. "Deputado, alguns eu lembro, outros não lembro", respondeu Youssef.

Youssef disse não conhecer pessoalmente Cunha nem ter repassado diretamente recursos. O doleiro disse também não conhecer ou ter feito repasses diretamente ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele, contudo, disse ter feito repasses para Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que seria o operador do PMDB no esquema.

O doleiro reafirmou repasses destinados a lideranças pepistas, como o ex-ministro Mário Negromonte, o senador Ciro Nogueira e o deputado Aguinaldo Ribeiro.

Propina PT e PP

Youssef disse ainda que PT e PP dividiram uma propina de R$ 6 milhões que teria sido paga a uma agência, a Muranno Marketing Brasil, em 2010, a pedido do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. "O Paulo Roberto Costa passou para que eu procurasse a Muranno e outra agência para que pagasse", explicou Youssef, ouvido no Paraná, onde está preso desde março do ano passado.

Youssef já havia relatado esse capítulo do esquema de corrupção na Petrobras em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, em 2014. Segundo o doleiro, o valor pago para a Muranno foi uma ordem do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, que teria sido acionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Youssef revelou ainda que quase a totalidade dos R$ 7 milhões que a Muranno e outra agência de publicidade do Rio tinham a receber foi paga com dinheiro de propina. Segundo ele, quem pagou a parte do PT foi o lobista Julio Camargo, representante no Brasil do Grupo Mitsui. "Em determinado momento, Julio Camargo fez os repasses da parte da conta do PT."

Segundo ele, "o doutor Paulo Roberto disse que o total foi R$ 6 milhões e pouco e o PT teria que dividir, R$ 3 milhões era o PT que pagaria e R$ 3 milhões era o PP". A Muranno apareceu no rastreamento de valores da empresa MO Consultoria, uma das usadas na lavanderia de Youssef. Os delatores explicaram que o valor era referente a uma extorsão que seria feita pelo dono da Muranno, Ricardo Villani, para que valores atrasados a receber da Petrobrás fossem pagos.

A Muranno prestou serviços para a Petrobrás, em provas da Fórmula Indy, nos Estados Unidos sem contrato. De R$ 7 milhões que ela teria a receber, parte não foi paga e o dono estaria cobrando o pagamento.

Palocci e Vaccari

O doleiro negou conhecer o ex-ministro Antonio Palocci ou qualquer assessor dele, assim como ter repassado R$ 2 milhões a Palocci para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. "Não conheço Antonio Palocci. Ele nunca me fez nenhum pedido para que angariasse recurso para campanha de 2010 de Dilma Rousseff", disse o doleiro aos deputados. Youssef disse que Paulo Roberto Costa não mente necessariamente, mas pode estar equivocado. "Não digo que seja mentira, pode ser que outra pessoa tenha pedido esse recurso a ele e ele tenha viabilizado esse recurso através de outra pessoa", disse reforçando que o suposto repasse não passou por ele.

Youssef repetiu partes de seus depoimentos que contrariam a defesa do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Ele afirmou que encontrou pessoalmente com Vaccari em restaurantes e disse que, em 2014, o então tesoureiro foi pessoalmente a seu escritório, mas em um momento em que não estava presente para recebê-lo. O doleiro reafirmou também ter entregado pessoalmente remessa de R$ 400 mil para a cunhada de Vaccari, Marice Lima, e ter feito outra entrega em dinheiro no diretório do PT.

Comissão

Integrantes da CPI da Petrobrás desembarcaram em Curitiba para ouvir os depoimentos de 13 acusados de envolvimento no esquema de cartel e corrupção na Petrobras, que estão presos. Entre eles os ex-deputados André Vargas (ex-PT, hoje sem partido), Pedro Corrêa (PP) e Luiz Argolo (ex-PP, hoje no SD). Youssef é o primeiro a ser ouvido nesta manhã de segunda-feira, por um grupo de 14 deputados federais da comissão, que tem audiências marcadas até esta terça-feira, 12.

Estão marcados para hoje os depoimentos do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró e do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano ligados ao PMDB no esquema de loteamento político na estatal, que envolvia ainda PT e PP. de Mário Góes, de Guilherme Esteves e de Adir Assad, outros três lobistas acusados de operarem propina na Diretoria de Serviços - que era cota do PT - também estão nessa lista.

Nesta terça (12), serão ouvidos os depoimentos dos ex-deputados. Eles estão na carceragem do Centro Médico Prisional, na Região Metropolitana de Curitiba. Os interrogatórios serão realizados no auditório da Justiça Federal, em Curitiba. Um grupo de 14 deputados já estão na capital paranaense para início dos interrogatórios.

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