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Para abrigar a atriz Regina Duarte no governo federal, o presidente Jair Bolsonaro avalia recriar o Ministério da Cultura, segundo interlocutores do Planalto. A leitura do governo é que o nome da atriz é muito reconhecido para um status de secretaria, que era comandada até anteontem pelo dramaturgo Roberto Alvim. Ele foi demitido do cargo após protagonizar um vídeo com referências ao nazismo.

Bolsonaro e Regina Duarte devem se encontrar amanhã, 20, no Rio de Janeiro. O presidente já tinha agendas marcadas na capital fluminense - às 10h, ele se encontra com o prefeito Marcelo Crivella. Segundo uma fonte que acompanha as discussões para sucessão no comando da Cultura, Bolsonaro e a atriz combinaram um encontro pois querem uma "conversa olho no olho". A interlocutores, o presidente disse que a atriz pretende entender o que Bolsonaro espera dela, caso aceite o cargo.

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Bolsonaro considera que Regina foi "humilde" ao afirmar que não está preparada para comandar a cultura no governo federal. Ele comparou a frase da atriz com as próprias falas, pois já disse não ser o melhor nome a presidente, segundo a mesma fonte. Para Bolsonaro, não é um problema que Regina já tenha feito críticas ao governo, uma vez que todos teriam o direito a divergir.

A recriação do Ministério da Cultura pode ser feita por meio de Medida Provisória (MP), que passa a valer quando é publicada no Diário Oficial, mas precisa de aval do Congresso Nacional para seguir em vigor. Em 2019, os deputados rejeitaram uma emenda para recriar este ministério, apresentada sobre a MP que estruturou a administração do governo Bolsonaro, rebaixando o status da pasta de Cultura.

O Estado apurou que ainda está indefinido se apadrinhados de Alvim serão mantidos. Sérgio Camargo, que disse existir um "racismo nutella" no Brasil e teve nomeação à Fundação Palmares suspensa pela Justiça, é um destes nomes trazidos pelo dramaturgo a Brasília.

Atualmente, a Secretaria de Cultura está vinculada ao Ministério de Turismo, comandado por Marcelo Álvaro Antônio, suspeito de desviar dinheiro de verba partidária nas eleições de 2018. Se a pasta permanecer com esse status, Regina será subordinada diretamente a ele.

'Plano B'

Caso Regina não aceite o convite, uma das opções cotadas é o ator Carlos Vereza. Procurada, a assessoria de Regina afirmou que ela não pode se manifestar até amanhã.

Ontem, 18, a reunião do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro pretende criar, foi encerrada com uma oração feita pela pastora Rosa Martins. Para o momento religioso, o pastor Laurindo Shalon, coordenador da Associação Internacional Cristã Amigos Brasil-Israel (Haverimbril), foi chamado para se posicionar ao lado do presidente.

"O presidente é uma pessoa sábia. Foi sensível ao anseio da sociedade como um todo. Demonstrou o amor que ele tem para com Israel, para com a comunidade judaica brasileira. Quando alguém se manifestou daquela forma, trouxe a memória da carnificina, do holocausto", comentou o pastor, em entrevista. A comunidade judaica pressionou pela demissão de Alvim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após uma forte pressão que resultou na queda do agora ex-secretário especial de Cultura Roberto Alvim por conta de vídeo parafraseando ministro de Adolf Hitler, um advogado saiu em defesa dele e apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus pedindo a anulação do ato que o exonerou e a reintegração ao cargo.

Alvim foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (18), após aparecer em vídeo parafraseando Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler. A menção repercutiu muito mal entre chefes de Poderes, na comunidade judaica e mesmo entre auxiliares mais próximos de Bolsonaro. O presidente cedeu à pressão e optou por demitir Alvim.

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Autor do habeas corpus, Carlos Alexandre Klomfahs não atua em nome ou a pedido do ex-secretário. Conhecido por mover ações judiciais polêmicas, como contestar o reajuste salarial de ministros do STF, ele agiu em defesa de Alvim por conta própria.

O habeas corpus argumenta "constrangimento ilegal" na demissão por conta da "execração pública nacional e internacional" sem direito à ampla defesa e ao contraditório. "(O presidente) agiu em constrangimento ilegal ao não facultar a ampla defesa e o contraditório, haja vista a execração pública nacional e internacional (...) e por motivar (a exoneração) tão somente com a frase 'um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado", escreveu o advogado.

Na opinião de Klomfahs, ocupantes de cargos como os de ministro de Estado e de secretários de ministérios podem ser desligados sem que haja qualquer justificativa. Contudo, quando há uma motivação, ela não pode ser falsa ou inexistente, sob risco de tornar o ato nulo.

A demissão foi comunicada por meio de nota assinada por Jair Bolsonaro. O texto trazia como motivação para o corte a referência a um "pronunciamento infeliz" do então secretário. Para o advogado, a liberdade de expressão permite que mesmo o holocausto seja submetido "a todo tipo de revisões".

Politicamente correto

Klomfahs também defende no habeas corpus a posição de que não pode ser encarado como verdade absoluta o fato de o nazismo ter gerado milhares de mortes. Segundo ele, a expressão das "ideias dominantes" e das "politicamente corretas" desrespeita "o direito de se pensar autonomamente".

"Não se endossa apologia à guerra, extermínio físico de judeus ou qualquer ação contra grupos religiosos ou étnicos, mas tão só a liberdade de acesso à verdade histórica mundial", frisou.

Após a polêmica referência a Goebbels ganhar ampla repercussão, Roberto Alvim, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, disse, primeiro que a frase citada tinha "origem espúria", mas que "assinava embaixo". No fim do dia, pediu desculpas pelo "erro involuntário".

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, elogiou a reação contra as declarações de Roberto Alvim, demitido da Secretaria Especial de Cultura depois de copiar trecho de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista.

"Fantástica, e até emocionante, a reação de intelectuais, artistas, historiadores, professores, estudantes, militares e da nação como um todo, ao infeliz resgate de pensamentos nazistas", escreveu Heleno em sua conta no Twitter. "Mostra uma face da convicção e do apego de nosso povo à democracia e às liberdades individuais.", completou.

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O presidente Jair Bolsonaro demitiu o secretário nesta sexta após pressão dos presidentes da Câmara, do Senado, do STF, da comunidade judaica e de eleitores. O discurso de Alvim gerou a mais forte reação a um pronunciamento ideológico desde o início do atual governo.

A antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz repudia as semelhanças entre o discurso do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim e o de Joseph Goebbels.

Como avalia a essência do discurso de Alvim no vídeo?

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Não há piada alguma no fato de o então secretário da Cultura citar Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, sob uma música de fundo de Wagner, cabelos colados na cabeça e uma cruz ortodoxa da Hungria na lateral. A alusão é ofensiva a todos os cidadãos brasileiros. Inaceitável. Quem namora com o nazismo quer colher tempestade política. É preciso que nossas instituições democráticas repudiem com veemência esse tipo de paralelo histórico.

Alvim disse que foi "coincidência retórica". Afirmou ainda que "a origem é espúria, mas as ideias contidas na frase são perfeitas e eu assino embaixo".

Não há coincidência. A estrutura das frases é idêntica, não é possível se repetir um parágrafo inteiro sem ser proposital. Uma coisa é coincidência, a outra é uma citação. O significado se faz em contexto. Na live com Bolsonaro, Alvim disse que ia apoiar projetos conservadores no plano de cultura.

A sra. já disse que ditaduras começam aparelhando a área cultural...

É preocupante o aparelhamento da cultura. Regimes ditatoriais começam atacando artistas, queimando livros, defendendo projetos populistas. Ou se corrompe a grande arte ou se promovem artistas muito engajados com o governo. Esse projeto cultural proposto pelo Alvim é um atentado à nossa Constituição, ao nosso direito de cidadão.

A citação sobre Wagner poderia levar à discussão de que a obra de um grande artista deveria ser avaliada independentemente do contexto histórico?

Nesse caso, não falamos de uma ode ao Wagner. O fato de o ex-secretário se apresentar no vídeo entre uma bandeira e uma cruz húngara, e fazer um discurso em que ao menos um parágrafo é uma citação de Goebbels, não permite uma análise isolada da beleza da música de Wagner. Não estamos para julgar a música, mas o uso que Alvim faz dela.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Convidada pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria Especial de Cultura, a atriz Regina Duarte criticou no ano passado a indicação do dramaturgo Roberto Alvim para o posto. "Quem me conhece sabe que, se eu pudesse opinar, teria sugerido outro perfil. Alguém com mais experiência em gestão pública e mais agregadora da classe artística", publicou a artista em seu perfil pessoal no Instagram, em novembro do ano passado.

Agora, Regina está cotada para a vaga de Alvim, demitido do cargo após protagonizar um vídeo com referências ao nazismo. Segundo apurou o Estado/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, a ideia do Palácio do Planalto é levar um nome de peso, reconhecido no meio cultural, para assumir o posto, nos moldes da indicação de Gilberto Gil para o Ministério da Cultura no governo Lula. Caso Regina não aceite o convite, uma das opções cotadas é o ator Carlos Vereza.

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Esta não é a primeira vez que uma atriz que estrelou novelas da Globo é sondada para assumir a Cultura. No governo Sarney, Fernanda Montenegro recusou um convite para comandar a pasta, que tinha status de ministério na época.

Lava Jato

Ao longo dos últimos meses, Regina utilizou o perfil no Instagram para manifestar apoio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e ao coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol. "Somos todos Sérgio Moro", publicou a atriz.

Se por um lado endossa as investigações de um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, Regina ataca o Supremo Tribunal Federal (STF) em suas redes sociais. "STF. Guardião da Constituição ou da impunidade?" e "Lava Jato está correndo perigo nas mãos do STF" foram alguma das publicações no perfil da artista.

Ela também criticou os votos proferidos pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, e pela ministra Rosa Weber contra a execução antecipada de pena, que permitiram que o tribunal derrubasse a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância - a medida foi considerada um dos pilares da Lava Jato no combate à impunidade. O resultado abriu caminho para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse colocado em liberdade.

"Votou contra o Brasil. Lástima" e "Rosa Weber vota contra o Brasil", escreveu Regina.

Em alinhamento com Bolsonaro, Regina já se mostrou favorável à flexibilização da posse de armas, uma das bandeiras eleitorais do presidente. "Se o registro de novas armas aumentou 50% em 2019, não deveria haver uma explosão de homicídios, como previam os 'especialistas' da extrema-imprensa? Ao invés disso, houve uma redução de 22% dos homicídios", diz a publicação compartilhada por Regina.

Em meio à polêmica com a retirada da divulgação de filmes brasileiros da sede e da página oficial da Ancine, a atriz usou o perfil para publicar cartazes de produções nacionais, como "Deus e o diabo na terra do sol", Tropa de Elite" e "Carlota Joaquina", marco da retomada do cinematografia nacional.

A atriz ainda criticou o documentário "Democracia em vertigem", de Petra Costa, indicado ao Oscar na última segunda-feira (13), que retrata a queda de Dilma Rousseff. "A verdadeira história sobre o impeachment foi feita por milhões de brasileiros nas ruas e Oscar nenhum vai reescrever nossa História", postou Regina.

Em 17 de dezembro, Regina publicou no Instagram um artigo da colunista Patricia Kogut, do jornal O Globo, que lamentava o fim da TV Escola. "O triste fim da TV Escola", era o título do texto da colunista.

Financiamento

Em 2016, a peça "A visita da velha senhora", estrelada por Regina, tentou captar cerca de R$ 2 milhões via Lei Rouanet, dispositivo que tem sido alvo de duras críticas do presidente Jair Bolsonaro. Mas o sistema do Ministério da Cultura informa que nenhum valor foi efetivamente captado para financiar o projeto.

O presidente Jair Bolsonaro agiu para conter um desgaste maior com diferentes alas de sua base de apoio ao demitir o dramaturgo Roberto Alvim da Secretaria Nacional de Cultura, que parafraseou o ministro da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels. Políticos governistas e opositores avaliaram que a principal pressão veio da comunidade judaica no Brasil, de quem o presidente se aproximou na campanha, mas também houve reações de repúdio de chefes de Poderes e de outros setores da sociedade - "olavistas", evangélicos e movimentos de renovação política.

A Confederação Israelita do Brasil disse que considera "inaceitável o uso de discurso nazista pelo secretário da Cultura do governo Bolsonaro" e cobrou a demissão de Alvim. "Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a Cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente", afirmou a entidade, em nota. "Quem recita Goebbels e o nazismo não pode servir a governo nenhum no Brasil", endossou a Federação Israelita de São Paulo.

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Próximo do presidente e de seus filhos, o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, conversou com ele, mas preferiu a discrição e não fez comentários públicos. Ao jornal O Estado de S. Paulo, a representação do governo israelense em Brasília endossou a demissão de Alvim. "A comunidade judaica e o Estado de Israel estão unidos no combate a todas as formas de antissemitismo. Por esta razão, a embaixada de Israel apoia a decisão do governo brasileiro de exonerar o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim. O nazismo e qualquer uma de suas ideologias, personagens e ações não devem ser utilizados como exemplo em uma sociedade democrática sob nenhuma circunstância", diz a nota divulgada pela embaixada.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) divulgou comunicado em que afirma que a fala "é um sinal assustador" da visão de cultura de Alvim. "Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida."

A representação diplomática da Alemanha no Brasil publicou postagem sem citar Alvim diretamente, afirmando que "o período do nacional-socialismo (de onde vem a abreviação "nazi", do nazismo) é o capítulo mais sombrio da história alemã, que trouxe sofrimento infinito à humanidade". Segundo o texto, "a Alemanha mantém sua responsabilidade. Opomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo."

Antes inclinado a mantê-lo no cargo, segundo o próprio Alvim havia declarado, Bolsonaro mudou de ideia depois de manifestações dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. "Há de se repudiar com toda a veemência a inaceitável agressão que representa a postagem feita pelo secretário de Cultura", disse Toffoli. O ministro do STF Gilmar Mendes escreveu, por sua vez, que "a riqueza da manifestação cultural repele o dirigismo autoritário nacionalista".

Para o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP), Bolsonaro contornou um estrago político maior. "O presidente agiu certo e de forma ágil", afirmou Pereira, que é presidente do Republicanos e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. "A demissão do secretário resolveu o problema. Agora é atribuição do presidente encontrar outra pessoa de direita para a pasta, que é uma das mais infiltradas e aparelhadas pela esquerda", disse o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), também da bancada evangélica.

Integrantes da ala bolsonarista do PSL também afirmaram que Bolsonaro acertou. "Ele foi cirúrgico", afirmou a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). O ex-partido do presidente divulgou nota dizendo que era "inadmissível aceitar tal posicionamento partindo de um representante de um país democrático".

Parlamentares da oposição fizeram representações à Procuradoria-Geral da República para apurar eventual crime de incitação ao nazismo por parte de Alvim, além da responsabilidade do Planalto sobre "perseguições" na cultura e na educação.

O movimento de renovação política Agora! manifestou repúdio ao episódio. "Ao valer-se da estética nazista para dar seu recado nitidamente totalitário, com o selo oficial do governo federal, o sr. Roberto Alvim cruzou todos os limites da civilidade e do respeito ao Estado de direito, às instituições democráticas e ao povo."

"Lamentável que nos dias de hoje alguém faça apologia ao nazismo. Uma vergonha e deplorável, sobretudo por vir de um representante público", disse o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em rede social.

O apresentador de TV Luciano Huck também criticou. "Sou brasileiro de família judia. 6 milhões de judeus morreram por causa do nazismo. Usar a cultura para fazer revisionismo histórico é perverso e violento. O vídeo do secretário Roberto Alvim é criminoso. Revela uma conduta autoritária inaceitável", escreveu Huck em sua conta no Twitter. O apresentador tem sido apontado como possível candidato à Presidência da República em 2022. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Parlamentares da oposição fizeram representações nesta sexta-feira, 17, à Procuradoria-Geral da República contra o ex-secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, e o presidente Jair Bolsonaro, para apurar, não apenas o caso envolvendo o ex-chefe da pasta, mas também a responsabilidade do Planalto sobre perseguições na área da cultura e da educação.

Uma representação é assinada pela bancada do PSOL na Câmara, outra pelo deputado estadual em São Paulo Emídio de Souza (PT). Eles apelam à Procuradoria-Geral da República.

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Em vídeo em que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, Alvim, citou textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels.

Segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, a declaração foi uma "clara e aberta apologia ideológica do regime nazista".

Na manhã desta sexta, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a demissão do secretário de Cultura e declarou "repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas".

A representação do PSOL não leva em conta apenas o episódio, mas outras ações do governo sobre universidades, e na área da cultura.

A agremiação destaca, por exemplo, ação de improbidade administrativa contra o ministro da Cidadania, Osmar Terra, em que a Procuradoria atribui a ele a suspensão de um edital para projetos audiovisuais a serem veiculados em TVs públicas por "inequívoca discriminação por orientação sexual e identidade de gênero".

Segundo os deputados federais do PSOL, "por meio de atos e manifestações públicas, o presidente da República e seus ministros ensejam um processo alarmante de sufocamento das artes e demais áreas de conhecimento no Brasil".

"Em menos de um ano de governo, foram capazes de violar a autonomia de cátedra e universitária, de relativizar a seriedade e transparência de dados públicos relativos ao desemprego, desmatamento e políticas de drogas e de censurar abertamente produções artísticas atreladas à diversidade e a posicionamentos políticos que se apartam do apregoado pelo governo federal", afirmam os parlamentares.

Já Emídio de Souza, deputado paulista, entrou com representação contra Alvim junto à PGR por promoção e exortação "a discursos e simbologias do regime da Alemanha nazista".

Ele ressalta que "o parágrafo primeiro do artigo 20 da Lei 7.716/89 prevê reclusão de dois a cinco anos e multa para quem 'veicular símbolo', 'propaganda' para 'fins de divulgação do nazismo'".

"Tal legislação versa sobre os crimes resultantes de preconceito de raça, cor, etnia, religião e procedência nacional."

A representação é assinada, além de Emidio, pelos advogados Brunos Salles Ribeiro, Fabiano Silva dos Santos e Marco Aurélio de Carvalho, todos integrantes do Grupo Prerrogativas.

A Embaixada de Israel no Brasil divulgou nota nesta sexta-feira, 17, na qual diz apoiar a decisão do governo brasileiro de demitir Roberto Alvim do cargo de secretário especial da Cultura.

"A comunidade judaica e o Estado de Israel estão unidos no combate à todas as formas de antissemitismo. Por esta razão, a Embaixada de Israel apoia a decisão do governo brasileiro de exonerar o Secretário Especial de Cultura Roberto Alvim. O nazismo e qualquer uma de suas ideologias, personagens e ações não devem ser utilizados como exemplo em uma sociedade democrática sob nenhuma circunstância", diz a nota emitida pela representação israelense.

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A demissão de Alvim foi anunciada hoje pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais. O ex-secretário foi afastado do cargo depois de divulgar um vídeo no qual faz referências a trechos de discursos nazistas.

A Associação Juízes Para a Democracia cobrou nesta sexta-feira, 17, a responsabilização civil, administrativa e criminal, do ex-secretário Nacional de Cultura Roberto Alvim. Segundo a entidade, que reúne magistrados ativistas, o presidente Jair Bolsonaro foi "contraditório" ao demitir Alvim já que seu governo "flerta continuamente com políticas totalitárias".

Em vídeo em que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, Alvim, citou textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels.

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Segundo o presidente da OAB, a declaração foi uma "clara e aberta apologia ideológica do regime nazista". No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a demissão do secretário nacional de Cultura e declarou "repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas".

"O pronunciamento oficial de um secretário de Estado, reproduzindo, em forma e conteúdo, a política de propaganda de um regime totalitário, mundialmente repudiado pelos prejuízos causados à humanidade, é inaceitável", reage a AJD.

A entidade, presidida pela juíza Valdete Souto Severo, afirma que a "ação da Presidência da República, demitindo o referido secretário, constitui, no máximo, um sinal contraditório de um governo, cujas ações flertam continuamente com políticas totalitárias como o extermínio de populações periféricas e indígenas; intolerância com a população LGBT; censura do pensamento de oposição e destruição do ambiente".

"A AJD repudia o pronunciamento feito pelo Secretário de Cultura e bem assim a política que vem sendo feita pelo atual governo. Além disso, exige que as instituições responsáveis pela garantia da democracia promovam a responsabilização civil, administrativa e criminal de Roberto Alvim."

O governo federal já formalizou no Diário Oficial da União (DOU) a exoneração do dramaturgo Roberto Alvim do cargo de secretário especial da Cultura. A demissão de Alvim está em edição extra do documento que foi publicada na tarde desta sexta-feira, 17.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro já havia confirmado, em nota, a demissão do secretário. Bolsonaro disse que a situação de Alvim no governo ficou "insustentável" após ele gravar um vídeo com discurso quase idêntico ao do ideólogo nazista Joseph Goebbels. A fala teve ampla repercussão negativa entre autoridades do País e na comunidade judaica nesta manhã, o que contribuiu para a rápida demissão do secretário.

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"Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência", escreveu o presidente.

Alvim foi nomeado secretário de Cultura em novembro, semanas após ofender a atriz Fernanda Montenegro nas redes sociais. Ele já estava no governo desde junho, como diretor do Centro das Artes Cênicas da Fundação Nacional das Artes (Funarte).

Na curta passagem pelo cargo, Alvim ganhou brigas com os ministros da Cidadania, Osmar Terra (MDB), e do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), ao receber aval de Bolsonaro para nomear quem quisesse. Na ocasião, Bolsonaro mudou a estrutura da Esplanada para retirar a secretaria de Alvim do guarda-chuva de Terra e evitar atritos entre eles. Toda a estrutura da Cultura agora está vinculada ao Ministério do Turismo.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou nesta sexta-feira (17) que os "setores do governo testam há meses os limites democráticos", "flertam com as ditaduras de hoje e do passado", e que o secretário de Cultura, Roberto Alvim "ultrapassou todos os limites ao optar pela clara e aberta apologia ideológica do regime nazista".

Em vídeo no que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, Alvim, citou textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels.

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A posição foi defendida em nota após a repercussão gerada pela gravação divulgada por Alvim. O presidente da entidade dos advogados indicou ainda que o secretário deveria ser afastado, "sob pena de o governo brasileiro se enquadrar internacionalmente como inimigo da democracia e da civilização". "Os milhões de cadáveres das vítimas do autoritarismo nos cobram imediata e firme reação", apontou.

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