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O movimento "Por um Novo Parque Dois Irmãos" denunciou nesta segunda-feira (1º) que as últimas três araras-azuis-grandes do Zoológico de Dois Irmãos, administrado pelo Governo do Estado, foram encontradas mortas no cativeiro no domingo (30). Segundo os integrantes, haviam nove exemplares da espécie dois anos atrás. O grupo responsabiliza a direção do parque estadual porque já haviam sido constatadas diversas irregularidades em uma vistoria feita em setembro do ano passado. A Secretaria de Meio Ambiente confirmou a morte das aves e afirmou que os animais serão enviados para um laboratório para que seja investigada a causa.

Segundo Márcio Silva, um dos veterinários do Parque Dois Irmãos, uma outra arara da mesma espécie havia morrido no início do mês de novembro, mas o material não foi mandado para análise, mesmo sendo um "procedimento de praxe", segundo ele. "Não temos como dizer detalhes sobre as causas. Os animais estavam 'normais', sem doença. Tem animais que morrem por velhice mesmo, o que pode ter sido o caso da primeira. Como desta vez foram três há indícios de que não foi este o motivo, mas pode ter sido uma infeliz coincidência", afirmou Silva. Ainda segundo o especialista, há exames que não podem ser feitos em Pernambuco, por isso, é provável que o resultado só saia depois de 15 dias.

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Para Igor Oliveira, integrante da Sociedade Brasileira de Zoológicos e Aquários (SZB), a direção do Zoo Dois Irmãos tem sido irresponsável e a vistoria realizada em 2013 encontrou problemas em quase todos os recintos do local. Ele lamentou a morte das araras e explicou a situação da espécie. "A arara-azul-grande é uma espécie considerada ameaçada de extinção, na categoria 'vulnerável', em nível nacional e internacional. De acordo com a União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), uma entidade responsável pela Lista Vermelha Internacional das Espécie Ameaçadas, as populações desta ave estão em declínio na maior parte de seu habitat natural", afirmou.

O LeiaJá teve acesso ao relatório da visita citada, que foi solicitada pelo Promotor de Meio Ambiente, Ricardo Van der Linden Coelho. O documento explana diversas irregularidades e "remendos de última hora", que teriam sido feitos, inclusive, por estagiários do Zoo. Ainda de acordo com o relatório, haviam diversos recintos em péssimas condições, que ocasionaram a morte de alguns animais, segundo depoimento de funcionários e ex-funcionários. 

Erros no manejo cometidos pela equipe veterinária do local também teriam ocasionado o falecimento de outros espécimes.Um cervo-nobre e um cervo-sambar teriam sido vítimas do trabalho mal executado pelos funcionários do Parque. Um outro animal. o waterbuck (antílope africano) havia morrido depois que uma das paredes do seu cativeiro ter desabado sobre ele.

Na área de quarentena, onde os animais doentes deveriam estar sendo tratados, a comissão que fez a vistoria encontrou sinais de descaso (foto à direita). Algums viveiros eram mantidos fechados por pedaços de madeira ou até cabos de vassoura e as telas em péssimas condições, dando a impressão de que iriam cair. Um ex-funcionário relatou à comissão que jaguatiricas e gatos-do-mato, que vivem na reserva de mata atlântica do parque, já haviam invadido a área e pela fragilidade das gaiolas teriam matado quatro mutuns, aves consideradas ameaçadas de extinção. Segundo o relatório, o Dois Irmaõs era referência até 2007 da preservação desta ave, tendo a maior diversidade de espécies do Brasil.

O relatório também apontou que o Zoológico da capital pernambucana não havia implantado nenhuma espécie de inovação - a exemplo de diversos lugares do mundo - em suas instalações, o que não indicava qualquer preocupação com a saúde dos animais. Os ursos, por exemplo, estavam apresentando o comportamento denominado “pacing”, uma estereotipia que consiste no movimento de ir e vir sem sentido algum, e cuja freqüência é um "indicador de estresse provocado pelas condições inadequadas do recinto e/ou ausência de estímulos neste".

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