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No portão de uma humilde casa, na Avenida Norte, bairro de Casa Amarela, um cartaz chama a atenção de quem passa pelo local. “Senhor arrombador, não arrombe mais a minha casa, pois o outro já levou tudo que tinha”. A casa é da aposentada Libânia Medeiros Leite, de 71 anos. Também 71 anos é o tempo em que a senhora mora lá. Nunca morou em outro lugar, nunca quis, até a última terça-feira (1°).
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A aposentada havia saído com a família, ao voltar, às 16h, encontrou sua residência arrombada. Levaram ventilador, cafeteira, perfumes, cortina e R$ 210 em dinheiro.
O cartaz no portão da residência é uma maneira de chamar a atenção, como foi feito na Igreja de São Sebastião no mês de março. O furto, mesmo considerado de pequenas proporções, comoveu os moradores da região, que conhecem bem Dona Libânia. Uma conversa com a idosa é sempre interrompida por trabalhadores, moradores, e até motoristas de ônibus que a cumprimentam. “Eu que peguei ele, e peguei aquele anterior também”. “Pegar” para Libânia significa realizar o nascimento. Ela foi parteira por 33 anos. “Muitas pessoas me chamam de mãe e madrinha por aqui”, comenta.
A aposentada diz que os conhecidos ficaram revoltados, alguns prometeram protegê-la e ela já ganhou um ventilador . “Eu faço muitas boas ações e é por isso que tenho esse retorno”. Segundo a senhora, um garçom de um estabelecimento próximo disse ter visto um rapaz sair com uma sacola da casa dela.
Libânia foi à delegacia de Casa Amarela e fez um boletim de ocorrência. “O delegado disse que vai investigar, mas que é muito difícil porque não há imagens. Além disso, ele disse que é um crime afiançável, porque é furto”, relata.
A idosa está com medo de dormir em sua casa e teme que o ladrão volte ao local. “Se eu estiver aqui quando ele voltar com certeza vou ser morta”. Uma mulher tão querida e madrinha de tanta gente não se sente mais segura no local que conhece há mais de sete décadas. Ela torce agora que os senhores arrombadores respeitem seu pedido.