Desde cedo, algumas crianças desenvolvem o gosto pela musicalidade. Geralmente, o estímulo vem de casa e acaba gerando aulas particulares de música ou a criança passa a aprender por conta própria. O que poucos sabem é que, a Lei 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, torna o ensino de música obrigatório dentro da grade curricular nas escolas públicas e particulares. Conforme a norma, os ensinamentos podem acontecer tanto como a música sendo uma disciplina como as tradicionais, quanto sendo integrada à matéria de artes. Muitos são os benefícios do aprendizado, como a melhora na concentração, na desenvoltura e na coordenação motora dos mais jovens. Entretanto, nem todas as escolas possuem as aulas musicais.
O presidente do Sindicato dos Músicos, Eduardo de Matos, levanta a bandeira do ensino obrigatório das disciplinas nas salas de aula. Para o ano de 2015, segundo Matos, um dos focos do Sindicato é a insistência para a realização de aulas. “Nó vamos conversar com diretores de escolas públicas e privadas, além de fazer reunião com os gestores da educação em Pernambuco para realizar a regulamentação e fiscalização das aulas”, afirma. Matos diz que o ensino de música é fundamental para o desenvolvimento intelectual e até mesmo físico dos alunos. “O estudo da música estimula as habilidades e a sensibilidade das crianças. Temos que cuidar e preservar os valores essenciais do ser humano, e a música faz isso”, explica.
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A estudante do 6º ano do ensino fundamental, Vitória Kassiana Silva, 11, afirma que não tem aulas de música na escola estadual Maciel Pinheiro, localizada no bairro da Torre, no Recife. Para a criança, ter as aulas poderia se tornar uma diversão. “As aulas iriam me estimular mais. Eu gosto de estudar, mas seria mais divertido vir para a escola caso eu tivesse aulas de música também”, diz a menina, que confessou ter vontade de aprender a tocar violão.
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O adolescente Davi Coutinho, 13, estuda o 8° no do ensino fundamental em uma escola na cidade de Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR). Ele também confessa que não tem aulas regulares de música e nem de artes. “Eu acho que se é Lei, deveria ter. Seria um tipo de aprendizado diferente, uma aula diferente e divertida”, opinou.
Já o Colégio Saber Viver, localizado no bairro do Espinheiro, Zona Norte da Cidade, apresenta a disciplina de música na grade curricular regular da instituição. A coordenadora pedagógica da instituição, Luciana Lima, afirma que desde 2008 a escola leciona regularmente a musicalidade. A educadora afirma, ainda, que através da música as crianças apresentam um bom rendimento e desenvolvimento na socialização dos pequenos. “Com as aulas formamos o coral da escola, que participa de eventos de fim de ano em um shopping”, acrescenta. A escola dá aulas de música uma vez por semana, por turma, do 1º ao 5º anos do ensino fundamental.
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O professor Wilson Soares é um dos responsáveis por ensinar aos pequenos as habilidades musicais no Saber Viver. Para o educador, que leciona há oito anos, a música é um estímulo a sociabilização e a organização do aluno. “Estudos comprovam que o ensino de música ajuda a desenvolver partes executivas do cérebro, que estimula a desenvoltura em outros ramos. O objetivo não é tornar um especialista, mas ativar percepções rítmicas e coordenação motora”, afirma.
A aluna Alice Helena, 10, diz que gosta muito das aulas de música e afirm que fica concentrada durante as aulas. “A aula é muito divertida, o professor é legal e eu aprendo a tocar flauta doce”, conta a menina.
Aulas de música no Estado
Apesar de a reportagem do LeiaJá apurar informações de estudantes de escolas públicas que afirmam não ter aulas de música, a Secretaria de Educação de Pernambuco informou que as aulas estão incluídas na disciplina de artes, que também envolve segmentos como artes cênicas e dança. Atualmente, 622 escolas do ensino fundamental e 803 do ensino médio oferecem a disciplina, que atende cerca de 400 mil estudantes. As aulas acontecem uma ou duas vezes por semana. Das escolas de ensino fundamental, 353 são desenvolvidas pelo Programa Mais Educação, do Governo Federal, com ofertas de aulas de canto de coral, hip-hop, inicialização à flauta doce e iniciação musical de instrumentos de corda e percussão.