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A Universidade de Pernambuco (UPE) implementou o Sistema Seriado de Avaliação (SSA) no ano de 2008, quando passou a avaliar continuamente os estudantes ao longo dos três anos do ensino médio, deixando a decisão do curso pretendido e a concorrência pelas vagas para o terceiro ano. Desde o vestibular tradicional, a prova era temida pelos estudantes que a consideravam difícil e conteudista, característica que se mantém até os dias atuais com o fim do vestibular clássico e mudança para o SSA.

Recentemente, após a realização, no último domingo (31), das provas da 1ª e 2ª fase do SSA 2021, um vídeo em que o professor pernambucano de biologia Ebenézer Lobão Cruz, mais conhecido como Bené, aparece fazendo diversas críticas muito duras à elaboração da prova do SSA, mais especificamente ao SSA 2, começou a circular nas redes sociais e já atingiu mais de 7 mil visualizações.   

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Em sua postagem, o professor de 37 anos, que fez vestibular no ano de 2001 e se formou em ciências biológicas pela UPE no ano de 2005, com mestrado em Biologia Animal pela UFPE de 2007 a 2009, se queixa tanto do tamanho do conteúdo programático previsto para o segundo ano como da especificidade exigida pela prova.

Na opinião dele, a prova de biologia do SSA 2 não aborda os conteúdos que são trabalhados nas salas de aula do ensino médio e não valorizam o conhecimento dos alunos que estudaram e se prepararam bem. Confira: 

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O professor Ebenézer concedeu uma entrevista exclusiva ao LeiaJá contando alguns detalhes a mais a respeito de seus posicionamento acerca da elaboração das provas de vestibular da Universidade de Pernambuco (UPE). Ele conta que desde seus tempos de vestibulando, ainda no vestibular clássico, a prova da UPE já era vista como difícil entre estudantes e professores. 

“A prova sempre foi bastante conteudista, com questões demasiadamente específicas. Na disciplina de química, por exemplo, isso era tão forte que a UPE era citada por professores de vários outros estados do Brasil. Cheguei a ver autores de livros conceituados dizerem que não colocariam questões da UPE no seu banco porque não refletiam o conhecimento do ensino médio. O SSA prometia ser uma mudança nesse paradigma porque deveria ser mais específico para cada ano do ensino médio, mas parece que a UPE até gosta dessa tradição. É verdade que aconteceram algumas mudanças, mas infelizmente essa característica se mantém.”

Em seu vídeo, o professor Bené, como é mais conhecido, deu uma ênfase maior à prova do 2º ano. Questionado, ele explica que “às vezes parece que a banca do SSA 2 é diferente das outras. Porém acredito que seja porque o conteúdo do segundo ano seja muito mais extenso. A carga sendo muito maior faz com que a característica que, na verdade, é de toda a prova, fique mais gritante nesta fase”. Para ilustrar sua afirmação de que a prova é ruim e não valoriza o conhecimento dos alunos, o professor usa como exemplo uma questão aplicada no último domingo. 

“Caiu uma questão sobre fungos, um grupo importantíssimo, mas exigia que o aluno soubesse algo que não é o foco do estudo desses seres. Ela citava duas espécies, a Candida albicans e o Tricophyton rubrum, e pedia que o aluno soubesse qual é o Filo a que essas espécies pertencem. Eu tenho exatamente esses dois exemplos no meu slide desse conteúdo, porém estou aqui em mãos com quatro livros de ensino médio usados nas escolas do nosso Estado (e do Brasil). Sabe em quantos o fungo Tricophyton é citado como exemplo de ascomiceto? Nenhum! É um nível de especificidade que não valoriza o aluno que estudou tudo que tem no livro, porque isso nem tem no livro. A UPE faz questões que levam o aluno a errar”, disse Bené.

O professor também citou uma das bibliografias da prova, o livro Biologia de Campbell, que segundo ele trata-se de um material “realmente muito bom, mas não é usado como livro base em nenhuma escola do Estado. Sabe por quê? Porque ele é intermediário entre o nível médio e o superior. Específico demais. Nas escolas em que trabalho, às vezes, até tem alguns exemplares na biblioteca, mas até hoje só conheci três alunos (entre centenas) que tinham o livro. Afinal ele é bem caro”. 

Diante disso, ele tece mais uma crítica: “Fazer uma prova difícil é colocar perguntas com alto nível de interpretação. A UPE coloca informações que muitos sequer poderão ter acesso em toda sua vida. Isso é desleal.”

Perguntado sobre como a prova poderia ser modificada para atender melhor ao que é trabalhado pelos professores nas salas de aula do ensino médio, o professor Bené sugere tanto a retirada de questões “impossíveis” e específicas demais, quanto uma melhor distribuição. 

“Eu sugeriria conter uma questão muito fácil, três questões fáceis e três médias. Que fossem questões elaboradas com o intuito de fazer o bom aluno acertar. Assim, todos os que se esforçaram mais chegariam pelo menos a tirar a nota 7,0. As outras três questões seriam mais difíceis e isso seria o diferencial na classificação dos alunos realmente mais bem preparados. Mas que a banca não colocasse mais questões que os alunos consideram ‘impossíveis’. No SSA 3, normalmente aparecem algumas assim também. No mais, a banca deveria ser formada por professores que lecionam no ensino médio, até para que possam saber exatamente o que deve ser cobrado. As questões precisam ser mais contextualizadas, preocupadas com o dia a dia dos estudantes, considerando sempre o fator social.”

Contraponto

Por sua vez, o professor de biologia André Luiz tem um posicionamento distinto sobre o tema. Para ele, “a prova do SSA tem muito da prova antiga da UPE, uma prova que tem um certo nível de dificuldade” na qual “às vezes, a forma de abordar o assunto não é muito o que muitos professores abordam em sala de aula. Daí vem muita reclamação”.

André entende a razão pela qual as queixas são feitas, apesar de não estar completamente de acordo. “Das três, a prova do SSA2 tem mais reclamação porque sempre privilegia mais uns assuntos em detrimento de outros. Eu não concordo muito com todas as reclamações do vídeo. Ao meu ver, tem muito na reclamação como a forma que os professores estão abordando os temas em sala de aula e a forma que a UPE está perguntando. Porque a UPE sempre perguntou daquele jeito. Às vezes as questões são bem diretas, bem fáceis, e às vezes são de grande dificuldade. A forma de abordar, às vezes, é única da UPE. Ela usa assuntos de outras coisas, meio que ‘viaja’ no quesito”, disse o professor. 

Falando mais diretamente da prova aplicada no último domingo (31), o professor conta que não a considerou difícil, mas “uma prova da UPE”, com “questões fáceis, questões medianas e algumas com um certo grau de dificuldade. "Uma prova que tem uma certa viagem no conteúdo, viagem na questão de pegar outros conteúdos, mas nada demais. Uma prova que um bom aluno, um aluno de boa leitura poderia conseguir, como deve ter conseguido, fazer uma boa prova”. 

Pelo Brasil, há outras instituições de ensino que, além de aderir ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para selecionar alunos, também mantêm seus vestibulares próprios para preencher parte das vagas. Questionado se o SSA é muito diferente de provas realizadas por outras universidades, a resposta de André Luiz foi positiva. 

“Ela se diferencia da Fuvest, USP, Unicamp. Ela se parece muito, hoje, no SSA, com a prova do Enem, mas com um grau de profundidade maior. O SSA é contextualizado como a prova do Enem, com um grau de informações científicas maior. Ela tem uma cara própria. Ela é muito conteudista porque o conteúdo é muito vasto. Cabe a nós, professores, vermos todo o conteúdo para que o aluno tenha condição, naquele momento, de executar bem a prova”, argumentou o docente.

Em um debate como este, a pergunta mais importante sempre é “a prova pode ser melhor do que a que temos hoje?”. Na visão de André, sim. “Não acho que o de hoje é bom, também não acho que é péssimo. Tudo precisa melhorar porque tudo se encontra em franca evolução. Inclusive a forma de elaborar as questões sempre pode ser melhor. Sempre!”. 

O professor continuou sua resposta, explicando que não é ruim ter uma prova conteudista, desde que todo o conteúdo seja trabalhado em sala. “Reclamar porque ela é muito conteudista, eu não reclamo não, eu acho bom. Isso destaca o trabalho do professor. É obrigado a comissão da prova abordar todos os conteúdos? Não. Mas a gente tem, como professor e professora, que fazer com que o aluno veja todo o conteúdo. Poderia ser melhor elaborada, tem algumas questões que ainda são anuladas, mas isso é do ser humano. A gente não pode esperar provas perfeitas. A gente pode procurar, ao longo do tempo, ir aperfeiçoando as prova”, finalizou o professor. 

O LeiaJá procurou a Universidade de Pernambuco (UPE), por meio de sua assessoria de comunicação, em busca de uma entrevista com o Pró-Reitor de Graduação, Professor Ernani Martins dos Santos, para falar sobre as críticas feitas à elaboração das provas do vestibular da universidade ao longo dos anos. 

Contudo, fomos informados que a universidade e o Pró-Reitor não desejam se pronunciar sobre o tema, pois todo tipo de queixa em relação às provas deve ser feita durante o prazo determinado para recursos. 

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O fechamento das escolas para contingência do novo coronavírus (SARS-CoV-2) impactou diretamente os estudantes que se preparam para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Longe das escolas e dependendo de meios digitais para estudar, ter atividades, aulas e apoio pedagógico dos professores.

Após um grande movimento virtual, jurídico e político pedindo mudança da data, o Enem enfim foi adiado na tarde desta quarta-feira (20). O LeiaJá ouviu professores para entender o que pensam os educadores da posição adotada pelo Ministério da Educação (MEC). Confira:

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Para o professor de química Josinaldo Lins, o adiamento foi a decisão mais acertada a se tomar nesse momento, diante das circunstâncias causadas pelo coronavírus. “O Enem não é a mais justa das provas, disso poucos talvez discordem. Mas com prazo curto de inscrições num quadro de crise econômica, para quem não conseguiu isenção, e o ponto fundamental: o aluno de escola privada retomou as aulas, ainda que EaD, o da rede pública, por decisões governamentais, não. Manter o calendário atual só tornaria a disparidade existente ainda mais flagrante, a exclusão seria a tônica absoluta dessa prova”, afirmou o professor.

Questionado se o período de adiamento anunciado pelo MEC (de 30 a 60 dias) é suficiente para os alunos, Josinaldo preferiu o termo “adequado”. “Todo um planejamento está sendo refeito nas escolas, nos cursinhos e nas universidades, um adiamento maior que o prazo máximo estabelecido gerará todo um efeito cascata de atrasos não só em 2020, mas por toda uma série de anos. Basta lembrar do que ocorre quando as instituições federais de ensino superior passavam por greves e os semestres eram reorganizados ao final da paralisação, chegando ao fato de ter três semestres letivos em um só ano”, argumentou o professor.

Para o professor de linguagens e redação Diogo Xavier, o adiamento do Enem é importante, mas não vai, necessariamente, configurar um benefício aos estudantes. “É uma tentativa de compensar para aqueles alunos que não têm condições de se preparar adequadamente para a prova, seja por falta de estrutura física, de dispositivos e internet de qualidade, seja pela dificuldade de manter a concentração devido à rotina da casa. Isso sem contar aqueles que, independentemente do poder aquisitivo, têm o psicológico afetado por esse bombardeio de notícias sobre a pandemia e pelo próprio isolamento”, disse ele.

João Pedro Holanda, professor de filosofia e sociologia, também avalia que o adiamento do Enem, embora necessário, não resolve de fato o problema enfrentado pelos estudantes que precisam fazer a prova em 2020 sendo, para ele, uma medida paliativa.

“Alunos de bons cursinhos e escolas particulares com acesso à internet conseguem, mesmo aos trancos e barrancos, manter a sua rotina de estudos razoavelmente confortável. Mesmo assim, sofrem de ansiedade, desesperança e tristeza. A realidade do aluno da escola pública é infinitamente mais desesperadora. Quanto mais tempo a gente passar nessa situação, mais o abismo social e educacional se aprofunda”, afirma o professor.

Benedito Serafim, mais conhecido como Bené, é professor de geografia e atualidades e tem uma posição um pouco diferente. Para ele, o adiamento das provas, mesmo que por um período de 30 a 60 dias, já faz diferença para os estudantes que vinham aflitos com o cronograma anunciado e até então mantido pelo MEC.

“Isso é uma boa proposta e os alunos ganhariam esse tempo a mais para estudar. É de grande importância esse adiamento para esses alunos de periferia, de interior, que não têm acesso à internet, mais afastados das grandes metrópoles, tenham um certo equilíbrio. Dois meses a mais é uma certeza de que vão ter um pouco mais de estudos, e isso ainda não iguala eles aos alunos de grandes metrópoles, de escolas particulares, mas pelo menos ajuda a equilibrar um pouco mais essa balança da desigualdade não só econômica como social em nosso país”, disse o professor.

O professor também contrariou uma fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmando que uma das características do Enem, desde que deixou de ser uma prova apenas avaliativa do ensino médio e passou a também selecionar estudantes para universidades públicas, tem a função de auxiliar na redução de desigualdades sociais do país por meio da inserção de pessoas de mais baixa renda nas universidades.

“É de grande importância esse adiamento para esses alunos de periferia, de interior, que não têm acesso à internet, mais afastados das grandes metrópoles, tenham um certo equilíbrio. Dois meses a mais é uma certeza de que vão ter um pouco mais de estudos, e isso ainda não iguala eles aos alunos de grandes metrópoles, de escolas particulares, mas pelo menos ajuda a equilibrar um pouco mais essa balança da desigualdade não só econômica como social em nosso país”, argumentou Bené.

Cristiane Pantoja, professora de história, julgou a decisão pelo adiamento pertinente. Na opinião dela, os estudantes que conseguirem se adaptar e aproveitar o tempo a mais para estudar, podem se beneficiar. “Em relação ao adiamento eu acho que é pertinente. Faz parte da gestão política do Ministério da Educação (MEC) junto com o Inep e órgãos responsáveis adiar mediante ao atual cenário, em que momentos de transição de aula presencial para aula on-line leva tempo de adaptação. O benefício está se o aluno souber aproveitar o tempo que é dado para o estudo apesar desses momentos de adaptação, se o aluno realmente se empenhar em se adaptar a essas novas condições. Tem muitos alunos que vêm me falar da ansiedade que está aumentada por causa desse calendário”, declarou ela.

Para Thais Almeida, que ensina história, filosofia e sociologia, a mudança no calendário do Enem beneficiará os alunos que têm passado por dificuldades para estudar durante o período de quarentena. “Sabemos que não são todos os alunos que têm acesso a aula on-line e mesmo assim, entre os que têm, nem sempre as aulas ou os professores e as instituições de ensino têm todo o equipamento que possa melhorar o processo de aprendizagem a partir desses métodos digitais. Diante disso a isonomia que é prevista para o exame é quebrada”, afirma Thais.

Para a professora de linguagens e redação Lourdes Ribeiro, apesar de o período de adiamento não ser o suficiente, o fato de ter sido tomada a decisão de mudar a data do exame já configura uma vitória para os estudantes que farão as provas do Enem 2020.

“É uma vitória para os estudantes porque a gente sabe que dentro desse contexto que a gente está vivendo a questão dos privilégios sociais ficou muito mais clara e a maior parte das pessoas que realmente precisam prestar essa prova do Enem e realmente precisam da universidade pública não estão tendo acesso a videoaulas, muitas vezes não têm nem energia em casa. Tem a questão da merenda, falta de comida, ‘n’ fatores que fazem com que essas pessoas não tenham condições de prestar a prova na data que ela tinha sido determinada. É uma vitória, mas ainda assim algo para ser pensado para adiar ainda mais devido ao fato de a gente não ter previsão de quando isso vai acabar. Eu acredito que o mais prudente seria esperar esse cenário passar para poder se pensar em uma nova data, mas a princípio é uma vitória, sim, para esses estudantes que não são privilegiados”, declarou ela.

Já o professor de história Everaldo Chaves vê benefícios para os estudantes na mudança da data pois, para ele, além de questões relacionadas às possibilidades de conexão e acesso à internet, há também muitos alunos que mesmo conectados ainda não se adaptaram ao formato de ensino com aulas não presenciais. “Acho que [o adiamento] é algo benéfico até porque ainda tem aluno que não está conseguindo se adaptar à rotina de aula on-line. A gente precisa lembrar que a nossa cultura, principalmente na educação, é muito conservadora. Então o grande alunado é habituado a assistir aula presencial, sem contar que milhares de alunos não têm acesso à internet, não têm acesso a recursos de aparelho eletrônico, então muitos alunos estão sem aula. Esse adiamento com certeza dará oportunidade a esses alunos que ainda não se adaptaram às aulas on-line e dará tempo para que esses alunos que estão sem aula possam buscar formas e estratégias de tentar superar essa dificuldade”, disse o professor.

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Durante todo o ano de estudos, uma das atividades necessárias à rotina de alunos que vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é atenção às notícias do Brasil e do mundo.

Com a aproximação do primeiro dia de aplicação das provas do Enem, com questões das disciplinas de Ciências Humanas e Linguagens, além de uma redação, se torna ainda mais importante estar atento a questões de geopolítica. Elas são base tanto para resolver questões quanto para ter mais argumentos, informações e dados para escrever. Confira, a seguir, alguns temas de atualidades e geopolítica internacional comentados pelo professor de geografia e atualidades Benedito Serafim:

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Saída do Reino Unido da União Europeia - BREXIT

Para Benedito Serafim, o estudante precisa prestar atenção, por exemplo, às discussões sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o BREXIT. “Aconteceu em 2016, no governo do primeiro ministro David Cameron. O grupo conservador, principalmente os mais idosos, começaram a contestar pontos negativos de se estar na União Europeia”, explicou ele. 

Entre os pontos listados pelo professor como reivindicação dos conservadores britânicos está a questão financeira, pois para os conservadores o dinheiro investido na União Europeia foi maior do que o que o Reino Unido ganhou em retorno. A crise migratória também entra na lista de Serafim, visto que foi causada pela Primavera Árabe no auge da Guerra da Síria. A explicação vem do fato de que no Reino Unido se falava que como a União Europeia não tinha tomado uma atitude no sentido de barrar imigrantes do Oriente Médio, estariam entrando terroristas. 

Ainda de acordo com o professor Benedito Serafim, na questão da legislação, os conservadores do Reino Unido falavam que a maioria das leis que regiam o país vinham da União Europeia e não do Parlamento Britânico. O professor também explicou o contexto em que a população britânica foi consultada através de um plebiscito em 2016.

“Teve muita fake news e venceu o voto pela saída total do Reino Unido da União Europeia até outubro de 2019. Para sair, tem que fechar alguns acordos, nisso caíram dois primeiros-ministros, David Cameron e Theresa May. O atual é Boris Johnson, que é mais agressivo, mas também conservador e está tentando articular os acordos para saída da União Europeia”, disse Benedito.

Crise na Venezuela

O professor começa a dica explicando que a crise pela qual passa a Venezuela, país vizinho do Brasil, começa com a morte de Hugo Chávez, em 2013, em decorrência de um câncer após ter sido eleito, sendo substituído pelo seu vice, Nicolás Maduro. “A oposição tentou impedir a posse de Maduro. Na época, ele convocou um plebiscito, ganhou a eleição e assumiu o poder”, explicou o professor. Benedito também lembra que, ao assumir o cargo de presidente, Maduro encontrou uma Venezuela partida e politicamente polarizada. 

“Por não ter a diplomacia e popularidade que Chávez tinha, Nicolás Maduro passa a ter atitudes autoritárias como censurar a imprensa. Na eleição parlamentar, ele perde a maioria no parlamento, lembrando que na Venezuela não tem deputados e senadores, é uma única câmara. Maduro passa a não reconhecer o congresso. São atitudes ditatoriais”, disse o professor. 

Benedito Serafim explicou também que o problema se aprofunda quando a crise política chegou à economia. “Entre 2014 e 2015 os Estados Unidos e a Arábia Saudita começam uma guerra comercial por petróleo e quando a produção aumenta, o preço do barril cai e países que tinham sua economia baseada apenas no petróleo quebram. É o caso da Venezuela”, disse ele.

Diante da crise política e econômica, segundo o professor, Maduro não consegue manter o controle do país. “Ele tenta controlar a política por decretos, quando os empresários tentam aumentar o preço de alguns produtos, ele impede e faz com que alguns empresários deixem de produzir, levando a uma crise de abastecimento que gerou uma crise migratória. A maior da atualidade na América Latina ”, explicou o professor de geografia e atualidades. 

Governo Trump

No que diz respeito à política dos Estados Unidos, o professor começa a dica lembrando que Donald Trump, atual presidente do país, é formado em economia e fez sua fortuna investindo e jogando com a economia americana. “Ele tem popularidade na TV, era o apresentador do programa ‘O Aprendiz’ e dono do concurso de Miss dos Estados Unidos. Vale ressaltar que não se cogitava que ele virasse presidente apenas agora, mas desde o final dos anos 90 ele já falava que queria virar presidente”, disse o professor.

No que diz respeito à economia, o professor Benedito Serafim afirma que os alunos devem se lembrar do que há de positivo no governo americano “porque se cair na prova, vai cair os pontos positivos”. O professor explica que a política de Trump segue uma lógica de austeridade (ou seja, corte de gastos públicos), políticas protecionistas e diminuição de impostos para pessoas e empresas. 

“Nos Estados Unidos o corte de impostos gera um maior investimento das empresas. Pagando menos imposto o empresário gera, inclusive, mais emprego. Vale lembrar que no governo Trump é quando se tem o menor índice de desemprego das populações hispano e afro-americanas, claro, entre as pessoas legalizadas pois uma das bandeiras do governo é contra a imigração ilegal”, disse o professor. 

Sobre o protecionismo de Trump, o professor lembra que umas das medidas dele para gerar empregos é obrigar ou pressionar para que empresas americanas que estejam em outros países, como Japão e México, voltem para os Estados Unidos e gerem emprego lá. Então, há a contestação dos blocos econômicos Transpacífico e NAFTA, dizendo que eles faziam as empresas norte-americanas migrarem em busca de mão-de-obra mais barata. 

Outro ponto polêmico sobre o governo de Donald Trump é a questão climática, vista por ele como entrave ao crescimento dos Estados Unidos. “Trump quando diz que não acredita em aquecimento global, é para dar embasamento para reabrir as minas de carvão que Barack Obama tinha fechado”, explicou o professor. 

Estado Islâmico/ISIS

O professor Benedito Serafim explicou que o Estado Islâmico (ou ISIS na sigla em inglês) é um grupo fundamentalista, religioso e extremista do Islamismo, da parte Sunita e descendência salafita que prega a criação de um califado, regime político onde quem domina é o califa, um chefe político e religioso descendente direto de Maomé. O ideal do ISIS é estabelecer um califado nos territórios do Iraque e da Síria. 

Benedito contou que o grupo surgiu quando operações dos Estados Unidos no governo de George W. Bush, em guerra contra o terrorismo, deixaram dois grupos sem líderes, levando a uma posterior união e crescimento. “Depois do ataque ao World Trade Center, o presidente americano George W. Bush implementa a ‘Doutrina Bush’, na qual barra imigrantes, invade o Afeganistão em 2001 em busca de Osama bin Laden e o Iraque em 2003, em busca de Saddam Hussein. Quando esses dois líderes caem, suas tropas ficam sem liderança, se juntam soldados do Iraque e mercenários da Al-Qaeda, organização do Osama bin Laden, e se forma o Estado Islâmico. Era um grupo pequeno que cresce muito usando redes sociais”, disse o professor.  

O crescimento do ISIS, segundo o professor Benedito Serafim, se deu em decorrência da crise imobiliária dos Estados Unidos em 2008, criando uma crise econômica mundial que causou desemprego e xenofobia contra muçulmanos e seus descendentes, imigrantes ou não, em toda a Europa. “Esses jovens muçulmanos que sofrem xenofobia, conectados às redes sociais e vendo a ideologia do Estado Islâmico, se inscrevem. O ISIS tem membros no mundo inteiro”, disse ele.

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A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (27) a 11ª fase da Operação Acrônimo em três estados e no Distrito Federal. O empresário Benedito Oliveira, o Bené, delator da Acrônimo e apontado como 'operador' do governador de Minas Gerais Fernando Pimentel em esquema de corrupção e fraude eleitoral, é alvo desta fase.

Bené é suspeito de ter omitido informações da Polícia Federal e foi conduzido coercitivamente - quando o investigado é levado para depor e liberado. A Acrônimo investiga recebimento de vantagem indevida pelo governador quando era ministro da Indústria e Comércio Exterior.

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A Federal informou em nota que estão sendo cumpridos 20 mandados judiciais, sendo 10 buscas e 10 conduções coercitivas. Os mandados foram autorizados pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leite da 10ª Vara Federal de Brasília.

A operação está focada em dois inquéritos policiais que apuram eventos distintos da investigação. Um deles refere-se à cooptação e pagamento de vantagens indevidas para que empresa de publicidade elaborasse campanhas educativas do Ministério da Saúde, Ministério das Cidades e Ministério do Turismo nos anos de 2011 e 2012.

A outra parte da apuração nesta fase mira em fraude em licitação da Universidade Federal de Juiz de Fora, vencida pela gráfica de um dos investigados.

"Posteriormente, o Ministério da Saúde utilizou a mesma ata fraudada", informou a Federal.

As ações desta quinta-feira são um desdobramento da investigação que tramita no Superior Tribunal de Justiça. O magistrado relator do caso determinou o encaminhamento de parte da apuração à Justiça Federal de primeira instância, por não envolver investigados com prerrogativa de foro naquela Corte.

OS MANDADOS

Distrito Federal - 4 buscas e 6 conduções coercitivas

Rio de Janeiro - 1 busca e 1 condução coercitiva

São Paulo - 1 busca

Minas Gerais - 4 buscas e 3 conduções coercitivas

A defesa do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), afirmou desconhecer a acusação do contador Roberto Trombeta. Delator da Operação Lava Jato, Trombeta afirmou aos procuradores da República que o governador estava na residência do dono do Grupo Caoa, numa reunião, em agosto de 2014, em que lhe foi solicitado a participação no repasse de R$ 3 milhões, em espécie, para o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, dono da Gráfica Brasil.

Bené, como é conhecido o amigo de Pimentel, é acusado de ser o operador de propinas do governador e está preso desde abril.

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"É fundamental registrar, antes de qualquer observação, que o referido Sr. Roberto Trombeta é acusado pelo Ministério Público Federal de mentir e ocultar documentos prometidos por ele na negociação do acordo de delação premiada no âmbito da assim chamada Operação Lava Jato. Por esta razão, a delação pode ser anulada. Como a defesa de Fernando Pimentel, que não é investigado na referida operação, desconhece por completo os assuntos narrados, só pode se basear nas informações repassadas pela reportagem, que não deixa sombra de dúvida: nada do que foi relatado liga Pimentel a essas supostas tratativas. Nada a não ser a palavra de alguém que é acusado de mentir em sua delação. Nada além de "ter avistado" alguém que poderia, em sua avaliação, ser Fernando Pimentel em um desses supostos encontros", diz o advogado Eugênio Pacelli.

Em nota, a Caoa negou as acusações. "A CAOA desconhece a existência e eventual conteúdo das delações premiadas de Roberto Trombeta e seu sócio Rodrigo Morales que lhe faça qualquer menção, sendo curioso que tal suposta informação, coberta por sigilo legal, venha parcialmente ao conhecimento público, sem possibilidade prévia da empresa saber e contrapor os seus termos", diz a nota.

"A CAOA sempre desenvolveu suas atividades com recursos de origem lícita e privada, dentro e fora do Brasil e, ademais, desconhece os negócios e as empresas de Trombeta e Morales no exterior, as quais não fazem ou fizeram parte dos negócios da CAOA. A CAOA repele com veemência qualquer irregularidade", conclui o texto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Delator da Operação Lava Jato, o contador Roberto Trombeta afirmou aos procuradores da República que o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), estava na residência do dono do Grupo Caoa, numa reunião, em agosto de 2014, em que lhe foi solicitado a participação no repasse de R$ 3 milhões, em espécie, para o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, dono da Gráfica Brasil.

"Chamou a atenção do declarante Roberto Trombeta haver avistado no interior daquela residência a pessoa de Fernando Pimentel, então candidato ao Governo de Minas Gerais, não mantendo contato com o mesmo além do visual", contou Trombeta aos procuradores da República, em Curitiba, nos autos da Lava Jato.

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Bené, como é conhecido o amigo de Pimentel, está preso desde abril, como operador de propinas do petista. Os dois foram denunciados na Operação Acrônimo pelo recebimento de valores ilícitos do Grupo Caoa. Foi identificado o repasse de R$ 2 milhões para empresas de Bené, que teriam o governador e sua campanha como beneficiários - valor esse também citado por Trombeta como um "repasse oficial".

Repasses

Trombeta narrou três encontros com Bené e executivos da Caoa, entre julho e agosto de 2014, para tratar do repasse dos R$ 3 milhões ao amigo de Pimentel. Detalhou ainda as datas e as circunstâncias de entregas das notas na sede da empresa. "Em reunião na casa do controlador do Grupo Caoa, Dr. Carlos Alberto Oliveira Andrade, convocada pelo presidente Sr. Maciel Neto, soube o declarante Roberto que a Caoa pagaria, diretamente ao senhor Benedito Rodrigues de Oliveira, a importância de R$ 3 milhões em dinheiro", afirmou Trombeta. Essa reunião teria ocorrido em agosto de 2014. "Este pagamentos seriam feitos semanalmente na sede do Grupo Caoa."

O primeiro dos três encontros narrado pelo delator teria ocorrido em julho. "O declarante Roberto Trombeta foi chamado para uma reunião a pedido do presidente do Grupo Caoa, sr. Antonio Maciel Neto. Nesta reunião foi apresentado a Benedito Oliveira." O delator diz que o executivo da Caoa "solicitou ajuda" para uma "demanda que posteriormente lhe seria explicada".

O segundo encontro teria ocorrido em 6 de agosto no escritório de contabilidade de Trombeta, em São Paulo. Foi após esse encontro que Trombeta diz ter ocorrido a reunião na casa do controlador da Caoa, em que ele diz ter visto Fernando Pimentel. O delator conta que "por motivo de sigilo na empresa", ele e seu sócio Rodrigo Morales foram incumbidos de destacar um funcionário de seu escritório de contabilidade para "retirar certa 'encomenda' no departamento financeiro (da Caoa) e que a entregasse ao representante" indicado por Bené. Os valores teriam sido repassados para um emissário de Bené, que ia na sede da Caoa, e pegava o dinheiro das mãos de um funcionário do escritório de Trombeta - que se deslocava ao local com essa única função.

Segundo Trombeta, foram quatro repasses de R$ 500 mil nos dias 22 de agosto, 5, 19 e 25 de setembro. "O restante do valor acordado entre o presidente do Grupo Caoa Sr. Antonio Maciel Neto e o Sr. Benedito Oliveira não foram pagos em razão da prisão do Sr Bendito no dia 7 de outubro."

Em outubro de 2014, Bené foi detido com R$ 116 mil em espécie chegando no aeroporto de Brasília, em um jatinho particular. Ele acabou sendo liberado. O criminalista Antonio Figueiredo Basto, que defende Trombeta e seu sócio Morales, disse que não comentaria o caso.

Acrônimo

Bené já confessou que atuou em nome de Pimentel em delação premiada, no processo da Operação Acrônimo. Segundo ele, o Grupo Caoa teria feito ao todo o repasse de R$ 20 milhões para o governador, entre 2013 e 2014. Pelo menos R$ 7 milhões teriam ido para contas no exterior do petista e o restante abastecido campanhas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, afirmou em delação premiada que o ex-ministro das Cidades do Governo Lula Marcio Fortes recebeu R$ 1 milhão de um esquema que resultou na contratação da agência de publicidade Propeg, em 2010.

Segundo o delator, outro ex-ministro da pasta, Mário Negromonte - hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia -, sucessor de Fortes, e o ex-deputado e ex-líder do PP na Câmara Pedro Corrêa teriam recebido valor equivalente a 10% do contrato de publicidade.

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A delação de Bené foi homologada na semana passada pelo Superior Tribunal de Justiça, no âmbito da Operação Acrônimo - investigação da Polícia Federal que atribui crime de corrupção ao governador de Minas Fernando Pimentel (PT), ex-ministro do Desenvolvimento do governo Dilma.

Em sua delação, Bené afirmou que o Grupo Caoa, do setor automotivo, teria pago R$ 20 milhões a Pimentel. A Caoa nega categoricamente o repasse ilegal. A delação do empresário preenche 20 anexos. Um deles é dedicado aos ex-ministros Marcio Fortes e Mário Negromonte e ao ex-deputado Pedro Corrêa - este também delator, mas de outra operação, a Lava Jato.

Bené afirmou que por volta de 2010 Negromonte o procurou. Segundo o delator da Acrônimo, Negromonte pretendia "influenciar" em licitação da área de publicidade do Ministério das Cidades. O plano seria beneficiar a Propeg.

Negromonte e Pedro Corrêa - na época, réu do mensalão - iriam receber, segundo Bené, 10% do "resultado" da operação. O acordo previa que o ministro Márcio Fortes, que ocupou o cargo entre 2005 e 2011, e um assessor dele, conhecido por "Alcione", ficariam com uma parte do valor do contrato, desde que a Propeg fosse a escolhida.

Segundo Bené, Mário Negromonte e Pedro Corrêa receberam total de R$ 1 milhão cada. O ex-ministro Marcio Fortes também teria recebido R$ 1 milhão, valor pago, segundo ele, "durante mais de um ano"

Defesas

"É falso o enredo por meio do qual se tenta envolver a Propeg em assuntos que são inteiramente estranhos à agência. Jamais, em tempo algum, houve pagamento a políticos por meio da empresa", disse a assessoria da companhia.

"Em 2010 a Propeg e outras três agências de propaganda venceram licitação para atender ao Ministério das Cidades. O certame escolheu aquelas que apresentaram as melhores propostas nas modalidades técnica e preço - como rege a lei."

O criminalista Carlos Fauaze, que defende o ex-deputado Negromonte, informou que não vai se manifestar por não ter tido acesso à documentação constante nos autos do processo. Mário Negromonte afirmou que a empresa Propeg é da Bahia, seu Estado, e que ele não precisaria da intermediação de Bené para tratar de qualquer assunto envolvendo a empresa. "A Propeg é da Bahia. Eu ia precisar do Benedicto para fazer alguma intermediação de conversa?Não tem sentido. Jamais procurei ele para esse tipo de contato", afirmou.

O ex-ministro Marcio Fortes também se defendeu. "Nego veementemente as acusações, e me coloco à disposição das autoridades competentes para esclarecimentos que eventualmente forem necessários."

A publicitária Danielle Fonteles, sócia da agência Pepper Comunicação Interativa, que prestava serviços ao PT, confirmou em depoimentos prestados a investigadores da Operação Acrônimo que o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, atuava como uma espécie de "provedor" da primeira campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010. Conforme fonte com acesso ao caso relatou ao jornal O Estado de S. Paulo, ele providenciava recursos e estrutura para o QG montado em Brasília pela coligação da petista naquele ano.

Dono de uma gráfica e de empresas de eventos em Brasília, Bené é investigado por desvio de recursos de contratos com o governo federal. Nas gestões petistas, as empresas ligadas a ele faturaram mais de R$ 500 milhões por serviços supostamente superfaturados e não prestados.

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Em 2010, o empresário atuava como "colaborador" da campanha de Dilma, mas teve de deixar a função após a revelação de que participava da montagem de dossiês para atingir o candidato adversário de Dilma, o hoje senador José Serra (PSDB-SP). O escândalo também resultou no afastamento do atual governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), que era um dos coordenadores da campanha. Os dois são amigos e se tornaram, mais tarde, alvos da Acrônimo.

A delação premiada de Danielle, que aguarda homologação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deve ser levada em conta no relatório final da Acrônimo, que está em fase avançada. A Polícia Federal pretende interrogar os investigados, entre eles Pimentel, para depois indiciá-los. Os investigadores sustentam haver indícios de que o petista cometeu os crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Nos depoimentos, Danielle confirmou também ter recebido R$ 6,1 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez, em 2010, para cobrir despesas da campanha de Dilma. O valor teria sido pago por meio de contrato simulado. Esse trecho, no entanto, por envolver a presidente da República, será investigado perante o Supremo Tribunal Federal.

A Acrônimo também se aprofundou sobre a atuação de Bené na campanha de Pimentel em 2014. A suspeita é de que ele tenta atuado como um "tesoureiro" informal do petista para obter recursos de caixa 2.

Emissário

Num depoimento prestado à Operação Lava Jato, revelado pelo Estado em junho do ano passado, o empresário Gerson Almada, da Engevix, disse ter recebido um emissário de Pimentel em 2013, que se identificou como "Bené" e lhe pediu dinheiro para a campanha do petista no ano seguinte. A defesa do governador afirma desconhecer o fato e sustenta que a única pessoa autorizada a tratar de arrecadação era o tesoureiro oficial da campanha.

O inquérito da Acrônimo, que corre em sigilo no STJ, sustenta que Pimentel recebeu "vantagens indevidas" de empresas que mantinham relações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que ele comandou de 2011 a 2014.

A investigação diz que Bené pagou despesas de Pimentel e teria atuado como operador do petista na obtenção de propina durante sua gestão como ministro do Desenvolvimento, entre 2011 e 2014, e na de seu sucessor no cargo, Mauro Borges. Duas empresas do empresário receberam recursos de uma montadora de veículos, supostamente em troca de portarias da pasta que lhe asseguravam benefícios fiscais. Pimentel e Borges negam irregularidades.

Defesa

O advogado de Bené, José Luís de Oliveira Lima, afirmou que não tem conhecimento da delação de Danielle, que não é oficial. Ele disse que não comentaria os depoimentos da empresária, pois os autos são sigilosos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Empresário ligado ao PT, Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, conhecido como Bené, contratou a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra para defendê-lo em processos no Tribunal de Contas da União nos quais é suspeito de superfaturamento em serviços prestados ao governo federal. Bené ganhou notoriedade em 2010 ao ajudar a pagar o aluguel de uma casa em Brasília onde funcionou um núcleo da pré-campanha de Dilma Rousseff. Ele é dono de empresas que já receberam R$ 272 milhões das gestões petistas no Palácio do Planalto.

Já Erenice foi braço direito de Dilma na Casa Civil. Depois, substituiu a petista no cargo de ministra. Ela deixou o posto em 2010 ao se ver envolvida em suspeitas de tráfico de influência. Em 24 de agosto de 2012, Bené autorizou o escritório Guerra Advogados, de Erenice, a defender uma de suas empresas no TCU, a Due Promoções e Eventos, que recebeu R$ 68 milhões durante os governos Lula e Dilma.

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Em um dos processos o tribunal pede que a empresa devolva aos cofres públicos R$ 1,8 milhão, ou 32% dos gastos em 2009 na 3.ª Conferência de Agricultura e Pesca, do Ministério da Pesca. O processo só aguarda um parecer do Ministério Público e análise da relatora, Ana Arraes, para ser levado a plenário. Nele, a área técnica do tribunal rejeita os argumentos da Due e dos demais responsáveis pelo evento.

Sem fazer

Segundo o relatório do TCU, ao menos R$ 809 mil em serviços que não foram prestados acabaram pagos à Due de Bené. Além disso, foi apurado superfaturamento de até 750% em itens do contrato. O aluguel de uma toalha de mesa, por exemplo, custou R$ 63 por dia, ante os R$ 7,40 cobrados, em média, no mercado.

O ex-ministro da Pesca Altemir Gregolin é um dos cobrados a devolver recursos por suspeita de autorizar de forma ilegal três prorrogações de contrato com a empresa - a última delas aumentou em 100% o valor.

Em outro caso com atuação da banca de Erenice, o tribunal atribui à Due responsabilidade pelo superfaturamento de contrato com o Ministério das Cidades para vários eventos entre 2007 e 2009. Numa decisão de 2012, determina a abertura de uma tomada de contas especial (TCE) e impõe à empresa e a outros envolvidos a devolução de R$ 2,7 milhões. Ainda cabe recurso. Também nesse caso, o TCU requer o ressarcimento dos recursos.

Em outros quatro casos em curso, o tribunal investiga o mesmo padrão de irregularidades em órgãos como a Secretaria de Promoção de Igualdade Racial, o Ministério do Turismo, o Instituto Chico Mendes e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Parte dos problemas foi identificada pelos próprios ministérios e pela Controladoria-Geral da União (CGU) na época em que Erenice era uma dos principais autoridades no Planalto. A CGU registra que, nas Cidades, a empresa recebeu até pelo aluguel de cadeiras para evento realizado em auditório com poltronas fixas. Bené nega haver desvios.

A ex-ministra fez do TCU um de seus principais campos de atuação depois de afastada da Casa Civil sob suspeita de tráfico de influência envolvendo um de seus filhos. Conforme o Estado revelou em outubro do ano passado, ela visita ministros da corte em agendas não registradas.

Questionada, se recusa a falar sobre os trabalhos. Só nas duas últimas semanas, foram dois encontros no gabinete de José Múcio, relator de um processo de interesse da Gráfica Brasil - empresa da família de Bené, dono da Due, que recebeu R$ 204 milhões da União de 2004 a 2013.

Nos bastidores, a discreta atividade da ex-ministra rende comparação com um medalhão da advocacia na capital federal. "Ela é o Kakay do TCU. Se você quer resolver algo por lá, contrate-a", diz uma fonte ligada a Bené, referindo-se a Antônio Carlos de Almeida Castro, requisitado advogado de políticos.

A Due é a antiga Dialog, que mudou de razão social após se envolver em irregularidades. A exemplo da Gráfica Brasil, ascendeu rapidamente no governo Lula. Além de Bené, é sócio da empresa o filho dele, Paulo Eduardo Pitrez, de 19 anos, nomeado no fim de 2012 assessor do deputado Gabriel Guimarães (PT-MG) - o salário, de R$ 12.940, é o maior do gabinete. O congressista é filho do ex-deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), que introduziu Bené nos círculos petistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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