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O ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos Larry Summers criticou nesta sexta (31) governantes que atacam a independência dos bancos centrais de seus países. Segundo ele, bater nessas instituições buscando redução da taxa de juros é um "jogo de tolos". A declaração foi feita durante a 9.ª edição da Brazil Conference, que ocorre na Universidade Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT), até hoje. Organizado pela comunidade brasileira de estudantes em Boston, o evento tem parceria do Estadão, que faz a cobertura e a transmissão dos painéis.

Summers participou de debate sobre os desafios para o desenvolvimento econômico da América Latina. O americano afirmou que o sucesso de uma economia pode ser aferido pela sua capacidade de evitar mudanças bruscas nos preços ao consumidor. "A melhor forma que encontramos para manter os preços estáveis, e que são uma espécie de âncora, são os bancos centrais independentes e as formas como eles funcionam, capazes de isolar a si mesmos", afirmou o ex-secretário americano. "Os bancos não ouvem, então você não consegue baixar a taxa de juros, mas o mercado ouve."

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As falas do economista ocorreram em meio aos ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes do governo e do PT à independência do Banco Central brasileiro e aos juros praticados no País. O ex-secretário não citou diretamente a gestão petista.

Democracia

Summers fez ainda um paralelo entre os atos golpistas em Brasília, no dia 8 de janeiro, e o que aconteceu no Capitólio, nos Estados Unidos, ressaltando os desafios à democracia. "Não acho que seja preciso muita imaginação das ciências sociais para ver paralelos importantes entre o que acontece no meu país e o que acontece no seu."

O ex-secretário chamou atenção para o cenário de inflação elevada, que atinge a América Latina, da qual o Brasil é a maior economia, e para preocupações globais como mudanças climáticas e riscos geopolíticos. "Há o fluxo de preocupação com a inflação e o desafio de restaurar a estabilidade de preços, que é um tanto perene na América Latina." E enfatizou a importância do desempenho do Brasil. "O Brasil assume grande importância como a maior e mais influente nação na região", disse.

No mesmo evento, o presidente do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, afirmou que restrições fiscais são importantes para controlar a inflação no pós-pandemia, mas ponderou que elas dificultam a entrega de benefícios sociais para a população, como melhorias na saúde e educação.

"O governo não tem os recursos necessários para satisfazer essas demandas que a sociedade está pedindo, e está perdendo a paciência pedindo, porque os recursos que eles têm normalmente são limitados e a região enfrenta restrições fiscais", afirmou o ex-presidente do Banco Central. "Os bancos centrais estão reagindo à inflação alta e, portanto, a gente tem hoje no mundo taxas de juros mais altas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O pré-candidato tucano à Presidência, João Doria, reforçou no domingo sua determinação de disputar a eleição deste ano. Durante sabatina na Brazil Conference, Doria disse ser um "especialista" em romper com as resistências dentro do PSDB.

A disposição de Doria coloca em xeque a articulação envolvendo alas da sigla tucana, MDB e União Brasil por uma chapa que reúna o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) e a senadora Simone Tebet, pré-candidata emedebista. Depois de migrar do Podemos para o União Brasil, o ex-juiz Sérgio Moro já não é mais visto como potencial candidato pelos nomes do centro político.

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Em um recado aos demais postulantes de uma candidatura única em torno da "terceira via", Doria pregou consenso entre as siglas, mas indicou que não deve abrir mão de ser o candidato escolhido pelo grupo.

"Em 2016 eu disputei prévias para a prefeitura de São Paulo. A maioria expressiva do PSDB não me queria como candidato", disse o ex-governador. "Não era uma parte, era a maioria expressiva. O partido teve que fazer prévias. A minha probabilidade de vencer as prévias era praticamente nenhuma. Vencemos as prévias e depois vencemos as eleições. Em 2018 mais uma vez prévias do PSDB, fui colocado por deputados estaduais que não representavam a maioria", destacou. "O então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, por quem tenho respeito, se posicionou contra mim, apoiando a candidatura de Márcio França, do PSB (...) Disputei as prévias com pouca probabilidade de vencer. Vencemos as prévias e as eleições. Estou me tornando um especialista em romper com essas tradições."

Evento

Doria venceu as prévias em novembro do ano passado, superando o ex-governador gaúcho. A disputa dentro do PSDB é considerada central para uma articulação que reúna os três partidos em uma mesma chapa. Leite e Simone participaram também do evento realizado em Boston e apoiado pelas universidades Harvard e MIT - que tem o jornal O Estado de S. Paulo como parceiro na cobertura dos debates.

"Estou na pista para negócios", disse Leite no último painel da conferência após ser provocado pela colunista do jornal O Estado de S. Paulo Eliane Cantanhêde.

Já Simone Tebet afirmou que se sente preparada para liderar a candidatura presidencial organizada pelo que chamou de "centro democrático" e disse que considera Moro atualmente fora do páreo. "Me desculpe o ministro Sérgio Moro, mas hoje ele não é, por enquanto, o pré-candidato do União Brasil, que vai ter um pré-candidato que é o Luciano Bivar."

Em sabatina realizada no sábado, o ex-juiz falou como presidenciável e disse seguir com disposição para a candidatura presidencial. "Óbvio que todos nós nos sentimos preparados. Eu me sinto preparada para liderar essa legião que existe por trás de nós que não quer nem o atual governo nem voltar ao passado", afirmou.

Partidos

Os dirigentes do PSDB, MDB, Cidadania e União Brasil decidiram lançar uma candidatura conjunta à presidência, cujo nome será anunciado no dia 18 de maio.

Entre as propostas discutidas para um possível governo liderado por ela, Tebet defendeu que questões referentes à segurança pública precisam ser coordenadas pelo governo federal. Neste contexto, sugeriu a criação de um ministério da Segurança Pública separado do Ministério da Justiça.

Em meio a diversas críticas ao governo, a senadora aproveitou, ainda, para levantar a bandeira de uma reforma tributária que, segundo ela, poderia diminuir a desigualdade de renda no Brasil. Ela propôs, por exemplo, a readequação de tributos para a faixa mais rica da população.

Já o debate em que Leite participou passou por diferentes temas da área econômica. Ao ser questionado sobre a atual política de preços de combustíveis, ele disse que a Petrobras "precisa ser conduzida a um processo de privatização responsável".

Lemann afirma que País terá 'novo presidente' em 2023

O bilionário e megainvestidor Jorge Paulo Lemann afirmou que o Brasil terá "um novo presidente" em 2023. A declaração foi dada no sábado, 9, em um painel da Brazil Conference que discutia inovação nos modelos de trabalho pós-covid.

Durante o debate, ele foi questionado sobre seus planos e metas para 2023.

Na resposta, Lemann disse desejar que o País melhore seu sistema de educação e sinalizou que espera mudanças no Executivo federal: "Temos uma eleição em curso no Brasil e teremos um novo presidente."

Lemann acrescentou ainda que, em sua visão, o avanço da educação no País deve ser prioridade nas próximas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou neste domingo (10) ser necessário restabelecer o "poder da verdade" no Brasil, diante de um cenário de desinformação, "mentiras deliberadas" e teorias conspiratórias. Como exemplo de verdades factuais e que, portanto, não são contestáveis, Barroso citou o golpe de Estado vivido pelo País em 1964 e a instauração da ditadura militar que se estendeu por mais de duas décadas. A observação vem dias depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, enaltecer o regime militar e dizer que "nada" ocorreu em 31 de março de 1964, dia do golpe que derrubou o então presidente João Goulart.

Entre outras verdades "factuais", Barroso destacou que o País conviveu com uma "posição negacionista" em relação à pandemia, que ignorou medidas científicas e, como consequência, vitimou mais vidas. "É um fato. A partir daí, qualquer um pode interpretar como quiser", disse o ministro em painel da Brazil Conference.

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Criticando ataques "infundados" à integridade do processo eleitoral, Barroso afirmou que a democracia no mundo, e no Brasil, se encontra sob ataque do "populismo autoritário" e citou episódios considerados preocupantes que envolveram diretamente o presidente Jair Bolsonaro - sem, no entanto, citá-lo.

"No Brasil houve comício na porta do Quartel General do Exército, pedindo a volta do regime militar, fechamento do Congresso e Supremo. Isso não é natural. Houve manifestação no 7 de setembro e afirmação de descumprimento de decisões judiciais, isso não é natural", afirmou Barroso.

Em 2020, Bolsonaro discursou em uma manifestação de apoiadores que pediam uma intervenção militar no Brasil.

No último 7 de setembro, em 2021, o presidente fez ameaças ao STF e ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, em frente a uma multidão em Brasília.

Outro assunto frequente de Bolsonaro, o lançamento de suspeitas sob a integridade do sistema eleitoral também classificado por Barroso como anormal. "Continua a existir ataques infundados, sobre a integridade do processo eleitoral, que nunca registrou fraudes. E nesse momento se está articulando os mesmos ataques. Isso não é normal", citou o ministro, que estava à frente da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até fevereiro.

O ministro do STF disse ainda que é preciso ter uma percepção de que o mundo vive uma conjuntura "desfavorável à própria democracia".

Na visão de Barroso, por sua vez, as instituições têm sido capazes de resistir. "Mas têm sido capazes, o Congresso, o Judiciário continuam funcionando, a imprensa é atacada, mas continua livre, não quero minimizar os riscos, mas quero dizer que até aqui os limites têm sido traçados e de certa forma têm sido preservados", afirmou Barroso.

"Eu não gostaria de ter uma narrativa de que tudo está desmoronando. Precisamos de compreensão crítica de que há coisas ruins acontecendo, mas é preciso não supervalorizar o inimigo. Nós somos a democracia. O mal existe e precisamos enfrentá-los, mas o mal não pode mais do que o bem", completou o ministro.

O pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, disse que o modelo econômico adotado pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT), Dilma Roussef (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) é o mesmo. "Qualquer que seja a retórica é o mesmo modelo econômico: câmbio flutuante, meta de inflação. Quem tentou foi FHC. A política de Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro foi a mesma, agravada por excrescência teórica que é o teto de gastos com status constitucional e idade congelada de 20 anos, como se fosse método de garantir sanidade fiscal", criticou Gomes há pouco, durante sabatina a 8ª Brazil Conference, evento organizado pela comunidade brasileira de estudantes em Boston (EUA) e transmitido pelo Estadão.

Ciro afirmou também que estes governos usaram o mesmo modelo de governança política. "Bolsonaro está filiado no partido de Valdemar Costa Neto (PL) que vem a ser o cara que o Lula deu o DNIT, foi condenado e preso do mensalão. Roberto Jefferson, que está em prisão domiciliar e defende Bolsonaro, estava nos Correios no governo Lula", afirmou.

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Na avaliação de Ciro, o Brasil vive hoje a "mais grave crise social e econômica de sua história". "O Brasil fracassou em desenhar um plano de desenvolvimento econômico e social. São o modelo econômico e de governança política do Brasil que traz crise", afirmou.

A universidade americana de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) abriram três vagas para levar estudantes de graduação brasileiros para participar da segunda edição da Brazil Conference. O evento será realizado nos dias 22 e 23 de abril nos Estados Unidos, e as inscrições devem ser feitas até a próxima quinta-feira (25).

Para participar, o candidato deve gravar um vídeo de 30 segundos com uma pergunta sobre um dos seguintes temas, que serão abordados na conferência: "People", "Globe", "Foundations" e "Imagination".

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Passagens aéreas, alimentação e hospedagem serão pagos pela organização do evento. Como retorno, os alunos deverão realizar painéis de discussão sobre os temas da conferência em suas universidades.

O Brazil Conference é organizado por alunos brasileiros que estudam nas duas instituições americanas e terá como tema central a busca de soluções para os problemas no Brasil. Inscreva-se pelo link http://www.greenrecord.co.uk/brazil-conference.

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