Tópicos | CASO SHANTAL

A 8ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) julgou nesta quinta-feira (27) procedente o recurso do Ministério Público e aceitou a denúncia de Shantal Verdelho contra o obstetra Renato Kalil por lesão corporal e violência psicológica, durante o parto da segunda filha da influenciadora digital. O médico vai responder em primeira instância pelos crimes.

"Só de relembrar o dia do ocorrido, penso no que minha filha e eu tivemos que passar e me emociono. Penso que Justiça sendo feita não alivia o que passamos nesse dia, mas muda uma sociedade que vai saber que está protegida por ela, em seu momento mais vulnerável e que deveria ser lindo e com respeito, que é o parto", disse Shantal.

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Em outubro de 2022, a Justiça negou a denúncia feita pela Promotoria de Violência Doméstica do Foro Central da capital paulista, que acompanha o caso desde a abertura do inquérito policial.

O juiz Carlos Alberto Corrêa de Almeida Oliveira, da 25ª Vara Criminal de São Paulo, afirmou, na época, que faltavam provas que justificassem no processo a imputação dos crimes alegados pela promotoria contra o obstetra. O recurso, então, foi protocolado pela defesa da influenciadora em novembro do mesmo ano.

Porém, nesta quinta-feira, por unanimidade, os desembargadores Mauricio Valala, Luiz Arruda e Sérgio Ribas anularam a decisão de arquivamento do caso. O acórdão deve ser publicado nos próximos dias. O processo corre em segredo de justiça.

Áudio vazado tornou o caso público

Um áudio de Shantal Verdelho alegando ter sido vítima de violência obstétrica durante o parto de Domenica, fruto do casamento com o modelo Mateus Verdelho, no Hospital e Maternidade São Luiz, na cidade de São Paulo, vazou em dezembro de 2021. Com a repercussão, a influenciadora digital revelou, nas redes sociais, que tinha registrado um boletim de ocorrência contra o médico Renata Kalil.

No áudio, ela falava sobre os supostos abusos sofridos durante o parto: "Descobri que ele falou da minha vagina para outras pessoas. Tipo, 'ficou arregaçada, se não tiver episiotomia, você vai ficar igual'. Ele quebrou o sigilo médico. Minha irmã descobriu (o sexo do bebê) pelo Instagram".

Em agosto de 2022, Renato Kalil foi ouvido pela polícia e admitiu que usou "palavras inadequadas" durante o parto, mas alegou que as falas foram "apenas em um momento de incentivo motivacional, pois o parto era um parto difícil".

O médico, então, negou ter cometido violência obstétrica e afirmou que "se errou, foi apenas 'verbalizando duas ou três palavras' e nada mais, pois todo o restante do seu trabalho foi correto".

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