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O Ministério Público afirma haver "indícios concretos" de que funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) ajudaram empresas acusadas de cartel na licitação da Linha 5-Lilás do Metrô, uma das concorrências investigadas por diversas autoridades após ter sido denunciada pela Siemens.

A afirmação foi feita pelo promotor Marcelo Mendroni em uma das cinco denúncias criminais oferecidas à Justiça na segunda-feira passada contra 30 executivos e ex-executivos de 12 multinacionais acusadas de participar do cartel em projetos na CPTM e no Metrô de São Paulo. As fraudes teriam ocorrido entre 1998 e 2008 nos governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB.

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Na acusação relativa à Linha 5, em 37 páginas o promotor denuncia 12 executivos - contra cinco deles requereu à Justiça decreto de prisão preventiva sob alegação de que saíram do Brasil prejudicando a investigação. A Linha 5 foi construída pela CPTM, mas, em 2001, a operação foi transferida para o Metrô.

Mendroni sustenta haver "indícios de má-fé no comportamento de agentes da estatal". Ele critica procedimentos da CPTM no âmbito da licitação, cujo valor foi orçado em US$ 289,2 milhões, correspondentes a R$ 511, 01 milhões, considerado o câmbio de 1.º de março de 2000 - véspera da publicação do edital e da expedição das cartas-convite às empresas pré-qualificadas em consórcios.

Mendroni não cita nome de nenhum funcionário da estatal. Ele argumenta que a eventual participação de agentes públicos é apurada em outro feito investigatório criminal. Sua apuração se concentrou exclusivamente na formação de cartel e fraude a licitações no Metrô e na CPTM.

À época da licitação, entre 1999 e 2000, a CPTM era presidida por Oliver Hossepian e tinha como diretores João Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio de Araújo. Os três foram indiciados pela Polícia Federal em outubro de 2013 pelos crimes de corrupção, crime financeiro, lavagem de dinheiro e formação de cartel.

Na denúncia, à página 5, Mendroni diz que, "segundo apurado, o acordo anticompetitivo teria sido celebrado a partir da primeira decisão da CPTM sobre a pré-qualificação das empresas/consórcios". Ele critica a permissão que a CPTM deu para que houvesse um reconsorciamento de empresas entre a primeira e a segunda fase da licitação. Avalia ainda que a permissão foi dada com "injustificável rapidez". À página 11 da denúncia, o promotor assinala: "A Comissão de Licitação não aguardou eventual manifestação do Consórcio Metrô Cinco e, desrespeitando o prazo de 5 dias concedido, proferiu decisão de deferimento do reconsorciamento".

A CPTM aprovou a formação do consórcio Sistrem (Alstom, Alstom Transport, Siemens, Siemens AG, CAF e Daimler Chrysler Rail Systems Brasil). "Com a aprovação, apenas o Consórcio Sistrem e o Consórcio Metrô Cinco permaneceram na disputa da licitação. O Metrô Cinco apresentou proposta pro forma, apenas para simular a concorrência e, ao final, sair perdedor."

Fraudes

Segundo Mendroni, "a decisão da comissão de licitação (de aval ao reconsorciamento) foi tomada no mesmo dia em que o consorcio Metrô Cinco (concorrente) foi intimado, via fax, para oferta de impugnação no prazo de 5 dias". Para o promotor, "diante desse quadro há indícios concretos de possível conluio entre integrantes da CPTM e das empresas do consórcio Sistrem (cartel) para implementação do acordo anticompetitivo, visando, mediante fraudes, reduzir a concorrência no procedimento licitatório".

O acusador avalia que a decisão da CPTM resultou, "de fato, em substancial redução na competição da licitação, considerando que inicialmente quatro consórcios haviam sido pré-qualificados e, após o reconsorciamento, permaneceram apenas dois consórcios na disputa, resultando em redução de 50% na competição".

À página 16 da denúncia, o promotor acusa. "A CPTM não agiu corretamente ao deferir a dissolução dos consórcios Alstom, AdTranz Total Rail Systems e Sicaf para formação de único consórcio, o Sistrem, o que possibilitou a implementação do acordo anticompetitivo pelo cartel. Isto porque a decisão da CPTM resultou, de fato, em substancial redução na competição na licitação. Não é razoável admitir que licitação com valor vultoso e objeto específico sofra tamanha redução da concorrência, exatamente na circunstância que possibilitou a implementação do acordo anticompetitivo pelas empresas cartelarizadas."

Mendroni sustenta que "as circunstâncias do pedido e da aprovação do reconsorciamento revelaram indícios de má-fé na conduta dos integrantes da CPTM, em possível conluio com integrantes do consórcio Sistrem, visando a implementação do acordo anticompetitivo".

O promotor ainda classifica como "estranha" a "forma peculiar" de subcontratação da empresa Mitsui por parte do consórcio vencedor. Ela constava do contrato da CPTM com o consórcio Sistrem, em vez de ter sido assinado em um contrato específico entre o consórcio e a empresa.

Linha 2

No âmbito de outra licitação, da Linha 2-Verde do Metrô, o promotor sustenta que houve benefício às empresas do cartel. Ele diz que houve "vazamento de informações sobre a licitação antes da publicação do edital e burlas à lei de licitações". Afirma que o cartel teve "acesso privilegiado e indevido" a "informações pormenorizadas sobre o procedimento licitatório, a ponto de combinar previamente os valores e analisar documentos que seriam exigidos na licitação". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Procurado para explicar a demissão de Benedito Dantas Chiaradia, o governo paulista informou por duas vezes, via assessoria de imprensa, que se pronunciaria sobre o caso. Contudo, não respondeu até esta edição ser concluída e disse, às 21h, que quem deveria se manifestar era o DAEE - a estatal também não se pronunciou.

A assessoria do conselheiro Robson Marinho, do Tribunal de Contas do Estado, foi contatada, mas ele não foi localizado para se manifestar sobre o caso.

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O criminalista Luiz Fernando Pacheco, que defende os ex-diretores da CPTM João Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio, rebateu as declarações de Chiaradia. "São meras especulações sem qualquer indício de veracidade. Zaniboni nunca recebeu propina, Zaniboni e Ademir nunca formaram cartel. Eles desafiam esse senhor (Chiaradia) a provar publicamente qualquer uma de suas acusações."

Pacheco disse que Venâncio "nega que tenha participado de qualquer reunião com Zaniboni, (Oliver) Hossepian e esse sujeito (Chiaradia)".

O criminalista Eduardo Pizarro Carnelós, que defende Arthur Teixeira, reagiu taxativamente. "Isso é de uma leviandade inaceitável. Pessoas disseram, mas que pessoas são essas? Quero saber quem são essas pessoas para saber se confirmam essa versão dele (Chiaradia). Dizer que ouviu de pessoas inominadas tem o mesmo sentido de uma denúncia apócrifa."

Carnelós observa que Teixeira "manteve contatos periféricos com Chiaradia". "Ele não atuava na área técnica. Essa afirmação não faz sentido, tanto é que não diz nome de nenhuma pessoa que tenha falado isso para ele, o que equivale a uma denúncia anônima e, portanto, sem valor. O sr. Arthur nunca pagou propinas."

O criminalista Marcelo Martins de Olvieira, defensor de Oliver Hossepian, é categórico: "Hossepian jamais recebeu propinas e sua vida modesta é a maior prova de idoneidade".

A Secretaria de Transportes Metropolitanos disse que "colabora com todos os órgãos de fiscalização, inclusive Polícia Federal e Ministério Público" e que "tem todo o interesse em apurar e esclarecer os fatos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O inquérito que investiga a formação de cartel e fraudes em licitações no sistema de trens e metrôs de São Paulo será desmembrado. O relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) ministro Marco Aurélio Mello deverá remeter para a primeira instância a investigação de pessoas sem foro privilegiado. Permaneceria no STF a investigação dos deputados federais citados no processo.

A posição de Marco Aurélio era conhecida. Ele é crítico frequente de julgamentos feitos pelo Supremo de pessoas que não têm foro privilegiado. No caso do mensalão, por exemplo, ele votou favoravelmente ao desmembramento do processo. Na opinião do ministro, apenas os deputados envolvidos deveriam ser julgados pela Corte. Réus como o ex-ministro José Dirceu deveriam ser processados pela primeira instância.

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Com a decisão de Marco Aurélio, permanecerá no STF a investigação sobre os deputados Arnaldo Jardim (PPS-SP), Edson Aparecido, José Aníbal e Rodrigo Garcia. Aparecido, Aníbal e Garcia são deputados licenciados e ocupam secretarias do governo de São Paulo. O restante da investigação retornará a SP.

A investigação desse caso chegou ao STF porque os nomes de parlamentares foram citados pelo ex-diretor da empresa Siemens, Everton Rheinheimer, durante a delação premiada feita à Polícia Federal em 14 de outubro e ratificada ao Ministério Público no início de dezembro.

Rheinheimer descreveu "contatos e reunião pessoais", além de "acordos financeiros" com parlamentares. Ele apontou como recebedores de propina o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) e Edson Aparecido (PSDB) - que também é deputado federal, mas está licenciado para exercer o cargo de secretário estadual da Casa Civil do estado de São Paulo.

Depois desse depoimento, a Justiça Federal decidiu remeter para o STF o inquérito. A decisão do juiz Marcelo Costenaro Cavali, da 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo, acolhia representação da Polícia Federal.

O inquérito aberto no STF está, desde o dia 20 de dezembro, sob análise do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O Ministério Público deverá analisar se todos os nomes de parlamentares citados devem ser investigados e quais diligências adicionais devem ser pedidas para aprofundar as apurações. O caso, por enquanto, tramita em segredo de Justiça no STF.

As suspeitas de irregularidades nas obras remontam os governos tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. As primeiras revelações sobre suposto direcionamento em licitações no setor de transporte público de massa foram feitas por dois executivos citados no acordo de leniência da empresa alemã Siemens com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), vinculado ao Ministério da Justiça.

O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, é o novo relator do inquérito que investiga a formação de cartel e fraudes em licitações no sistema de trens e metrôs de São Paulo. A relatoria do processo, remetido ao STF no último dia 12, inicialmente era de Rosa Weber mas foi redistribuído após a rejeição da ministra. As informações são da Agência Brasil.

A investigação foi remetida ao Supremo porque deputados federais, que possuem prerrogativa de foro, foram citados pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, durante a delação premiada feita à Polícia Federal em 14 de outubro e ratificada ao Ministério Público no início de dezembro.

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Rheinheimer descreveu "contatos e reunião pessoais", além de "acordos financeiros" com parlamentares. Ele apontou como recebedores de propina o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) e Edson Aparecido (PSDB) - que também é deputado federal, mas está licenciado para exercer o cargo de secretário estadual da Casa Civil do estado de São Paulo.

O ex-diretor da Siemens, falou ainda sobre "políticos envolvidos com a Procint" - consultoria de Arthur Teixeira, apontado pela PF como lobista. Entre os citados estão o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e os deputados federais licenciados e secretários estaduais de São Paulo, Jurandir Fernandes (Transportes), José Aníbal (PSDB), de Energia, e Rodrigo Garcia (DEM), de Desenvolvimento Social.

Rheinheimer cita ainda que Arthur Teixeira mantinha relação muito próxima com o deputado federal Walter Feldman (PSB) e o deputado estadual Campos Machado (PTB. Todos os citados negam as acusações.

Ao remeter os 15 volumes do inquérito ao STF, que investiga crimes de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro; a Justiça Federal ressalvou que isso não significa "reconhecimento de que há indícios concretos de práticas criminosas pelas autoridades referidas".

Ao receber o processo, Rosa Weber encaminhou os autos para o presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmando que Marco Aurélio deveria ser o relator porque ele já havia proferido decisão sobre o caso - um pedido de acesso à investigação que foi encaminhado ao ministro. De acordo com Regimento Interno da Corte, ministro fica prevento (prevenido) para os demais processos sobre o mesmo assunto quando analisa o primeiro pedido.

Cerca de 20 militantes do PSOL promoveram nessa segunda-feira (16) um protesto em frente à sede do Metrô para cobrar investigações na Assembleia Legislativa de São Paulo e na Câmara dos Deputados sobre a formação de cartel no setor metroferroviário paulista entre 1998 e 2008 - durante governos do PSDB.

Os manifestantes lavaram a calçada em frente ao prédio, no centro. O cartel dos trens é alvo de investigações nos âmbitos criminal, cível e administrativo. As investigações em curso envolvem ex-dirigentes do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), ex-diretores de empresas multinacionais e políticos.

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Enquanto alguns militantes do PSOL varriam com água e sabão a calçada da frente do prédio, outros seguravam faixas com os dizeres "Exigimos apuração do trensalão tucano". A manifestação contou com a presença de três parlamentares da legenda: o deputado estadual Carlos Giannazi, o deputado federal Ivan Valente e o vereador Toninho Vespoli.

"O que nós queremos mesmo é uma lavagem ética no governo (do Estado)", disse Vespoli durante o protesto, que durou menos de uma hora. O governor Geraldo Alckmin tem afirmado ser o principal interessado nas investigações, "doa a quem doer".

A Câmara Municipal de São Paulo é a única Casa legislativa com uma comissão para apurar o caso. Criada com outro propósito, a CPI dos Transportes colocou o cartel na pauta depois que o tema tomou o noticiário. A comissão é presidida pelo PT. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ex-executivos da Siemens disseram à Polícia Federal que Everton Rheinheimer, delator do cartel metroferroviário, tinha participação no conluio entre multinacionais do setor. Em depoimento à PF, de 7 de novembro, o engenheiro eletricista Peter Andreas Gölitz atribuiu a Rheinheimer atuação nos acordos com empresas para as licitações em São Paulo.

Gölitz é um dos seis lenientes que assinaram o acordo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em 22 de maio, para revelar os movimentos do cartel nos governos do PSDB em São Paulo, entre 1998 e 2008. Ele afirmou que "era feita uma simulação dentro da Siemens sobre o preço mínimo que a empresa poderia fazer sem levar prejuízo".

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Depois, disse Gölitz, esse estudo era repassado para Rheinheimer, seu superior hierárquico, então diretor da divisão de transportes da Siemens que, por sua vez, se reportava a Newton José Leme Duarte, também do escalão superior da companhia. Gölitz disse acreditar que "Rheinheimer se encontrava com diretores de outras empresas para ajustar a conduta de todas as empresas."

Rheinheimer fez delação premiada na PF em 14 de outubro. Ele fez revelações em cinco páginas sobre pagamento de comissões a políticos. Afirmou que as "contribuições" eram acertadas com diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô.

Segundo ele, "às vezes os repasses eram mensais, em outros casos ocorriam durante a execução do contrato". Contou que "os diretores" das estatais é que disseram a ele que as "contribuições" iam para políticos.

Rheinheimer declarou que um lobista "represava" parte dos repasses, o que "desagradava os políticos". Falou, ainda, sobre um jantar na casa do lobista, que reuniu políticos.

Outro leniente, o administrador Daniel Mischa Leibold, que trabalhou na multi alemã entre 1990 e 2008, disse à PF que Rheinheimer fazia "negociações com outras empresas do setor para a formação de consórcios ou subcontratação".

Ronaldo Cavalieri, que trabalhou na Siemens entre 1978 e 2008, relatou à PF que autorizou pagamentos para a Procint e a Constech, consultorias de Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira. As autorizações, segundo ele, sempre tinhas as assinaturas de Rheinheimer.

Segundo a PF, a Procint e a Constech eram intermediárias no pagamento de propinas a autoridades. O criminalista Eduardo Carnelós, que defende Arthur Teixeira, dono da Procint, rechaça com veemência a suspeita policial. "O sr. Arthur é um profissional de reputação, jamais foi lobista ou pagador de propinas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), será a relatora do inquérito que investiga o envolvimento de autoridades no esquema de cartel de trens suspeito de operar entre 1998 e 2008 em licitações milionárias dos sistemas de trens e metrô do governo paulista, do PSDB, e no governo do Distrito Federal, do DEM. O processo chegou ao STF na tarde desta quinta-feira, 12, e envolve ao todo 10 pessoas.

O inquérito foi encaminhado para instância superior porque durante as investigações foram citados deputados federais, que possuem foro privilegiado. O pedido foi feito pela Polícia Federal na semana passada.

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Entre os políticos que deverão ser investigados pelo STF estão o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS) e três secretários do governo de São Paulo, que são deputados federais licenciados para assumir cargos na administração estadual paulista: Edson Aparecido (PSDB), da Casa Civil; José Aníbal (PSDB), de Energia; e Rodrigo Garcia (DEM), de Desenvolvimento.

Além deles também serão investigados pelo STF o ex-diretor da CPTM, João Roberto Zaniboni e suas duas filhas, Milena Colombini Zaniboni e Mariana Colombini Zaniboni; o ex-presidente e o ex diretor da CPTM, Oliver Hossepian e Ademir Venâncio de Araújo, além de Arthur Gomes Teixeira, consultor, apontado pela PF como pagador de propinas.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) criticou nesta quinta-feira, 12, a condução das investigações sobre a formação de cartel no metrô de São Paulo que, segundo ele, tem sido feita com objetivo "nitidamente político e eleitoral". Ele defendeu uma "investigação isenta" e a punição aos envolvidos.

"Nós não temos preocupação eleitoral. Temos preocupação é com a verdade. Esse é nosso compromisso", disse o governador. Alckmin diz ser favorável a prisões de acusados, caso sejam comprovadas as denúncias. "Justiça é para todos, doa a quem doer. O que nós defendemos é investigação isenta contra mentira, contra falsidade. A Siemens fez a delação premiada em sete países, o Estado é vítima disso. Comprovado o cartel, as empresas vão indenizar o Estado. E se tiver algum funcionário, quem seja do governo envolvido será responsabilizado."

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Quatro secretários de Alckmin são citados no inquérito que investiga o cartel, entre eles Edson Aparecido (Casa Civil), apontado pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer como destinatário de "comissões". O titular do Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia (DEM), é citado como autor de "acordos financeiros" com as empresas do setor metroferroviário. Rheinheimer é um dos ex-diretores da Siemens que assinaram acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Os secretários de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes (PSDB), e de Energia, José Aníbal (PSDB), são citados como sendo próximos do consultor Arthur Teixeira, apontado como lobista do cartel. Todos negam envolvimento com irregularidades. Alckmin criticou a forma como a denúncia foi feita ao Cade. "Houve uma denúncia que era anônima, apócrifa. Investigue-se, não tem nenhum problema. Depois, se disse que a denúncia envolvia pessoas do PSDB. Foi-se verificar, o texto foi alterado. O texto, quando passou do inglês para o português, foi enxertado, com objetivo nitidamente político e eleitoral", disse o governador.

Há duas semanas, lideranças do PSDB alegaram que o deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT) adulterou trechos da carta, enviada de forma anônima e em inglês à Siemens em 2008. O petista, atual secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, é autor, como deputado estadual, de duas representações ao Ministério Público sobre o cartel. Ele nega que tenha alterado documentos.

'Onda de denuncismo'

O secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, aproveitou para criticar a abordagem da imprensa em relação a novas denúncias sobre o sistema do Metrô, ao que chamou de "onda de denuncismo". "É preciso fazer as coisas com mais calma. Primeiro, vocês da imprensa recebem todas as denúncias antes de nós. Quer dizer, nós ficamos sempre correndo atrás de vocês para dar explicação."

Ao Cade, a multinacional Siemens admitiu ter integrado esquema de combinação de preços entre 1998 e 2008 em contratos de São Paulo e do Distrito Federal. Além do Cade, há investigações em curso também no Ministério Público Estadual, no Ministério Público Federal em São Paulo e na Polícia Federal.

Chegou nesta quinta-feira, 11, ao Supremo Tribunal Federal (STF) o inquérito que investiga o envolvimento de autoridades com um suposto esquema de cartel nas licitações do metrô de São Paulo.

Entre os investigados estão o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) e os secretários estaduais Edson Aparecido, José Aníbal e Rodrigo Garcia. O STF ainda não fez o sorteio para definir qual ministro relatará o inquérito 3815.

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nessa quarta-feira (11) ser a favor de rapidez nas investigações sobre o cartel de trens e metrôs suspeito de atuar no Estado durante governos tucanos, incluindo o seu. Para ele, a agilidade evitará envolvimento de "nome de pessoas sérias" no escândalo.

"Nós queremos que a investigação se faça com seriedade e rapidez, até para não colocar o nome de pessoas sérias envolvidas", afirmou em evento na capital paulista. "Precisamos ser justos. Você não pode agir sem ser de forma justa. O que precisamos é investigar. Esclarecer rapidamente, doa a quem doer."

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Quatro de seus secretários são citados no inquérito que investiga o cartel. Os titulares da Casa Civil, Edson Aparecido (PSDB), e do Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia (DEM), são apontados pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer como destinatários de "comissões" do cartel.

Os secretários de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes (PSDB), e de Energia, José Aníbal (PSDB), são citados como sendo próximos do consultor Arthur Teixeira, apontado como lobista do cartel.

Como alguns dos secretários são deputados licenciados, a Justiça decidiu remeter na terça-feira o inquérito do cartel para que o Supremo Tribunal Federal autorize a continuidade das investigações. Isso porque os parlamentares têm prerrogativa de foro.

Na sexta-feira (6) passada, Rheinheimer, principal testemunha do caso, reafirmou em depoimento ao Ministério Público Federal o conteúdo de um relatório que chegou às mãos da Polícia Federal por meio do ministro José Eduardo Cardozo. Esse relatório, cujo conteúdo foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo no fim do mês passado, citava propina para o chefe da Casa Civil de Alckmin e para o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS), ligado aos tucanos paulistas.

No depoimento de sexta, Rheinheimer afirmou que os "acordos financeiros" envolviam outro secretário de Alckmin, Rodrigo Garcia, além do deputado estadual Campos Machado (PTB), também próximo dos tucanos. Todos negam enfaticamente envolvimento com ilegalidades.

O ex-diretor da Siemens assinou uma delação premiada com a Polícia Federal, pela qual pretende aplacar futuras punições por sua participação no cartel.

Rheinheimer também é um dos ex-diretores da Siemens que assinaram o acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão antitruste do governo federal. Nesse acordo, a multinacional alemã admitiu ter integrado um esquema de combinação de preços entre 1998 e 2008 em contratos de São Paulo e do Distrito Federal. Em troca da "confissão", a empresa também esperar ver aplacadas possíveis sanções do órgão federal. O processo do Cade deverá ser aberto só em 2014, segundo seus integrantes.

Reações

Citado como recebedor de propina no novo depoimento de Rheinheimer, Rodrigo Garcia afirmou nesta quarta-feira que "repudia com veemência as tentativas de vincular seu nome ao caso do cartel de trens". "Não tenho relação alguma com os fatos investigados. O próprio autor das acusações, após apresentar várias versões diferentes, admite não ter provas do que diz. Está evidente que tais afirmações foram requentadas por motivação política", disse em nota.

Edson Aparecido, mencionado por Rheinheimer duas vezes, classificou o ex-diretor da Siemens como "uma figura criminosa que fala de coisas que ouviu dizer". Os dois secretários de Alckmin elogiaram a decisão da Justiça em remeter os autos do caso do cartel a Brasília. Ambos afirmaram confiar no STF para a apreciação do caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Grupo Externo de Acompanhamento (GEA), criado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para acompanhar as investigações sobre cartel em licitações do sistema de trens e metrô de São Paulo, afirmou nesta segunda-feira, 09, haver "sérias vulnerabilidades" nas licitações conduzidas pelo Metrô e pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

A comissão é composta por 12 entidades da sociedade civil, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Escola Politécnica da USP, o Instituto Ethos e o Transparência Brasil.

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O GEA também recomendou às duas companhias "o desenvolvimento de métodos mais seguros de determinação de preços de referência" em licitações. Integrantes da comissão criticam o governo por formar o preço de referência com base em respostas de empresas de mercados por eles considerados "oligopolizados". O método, dizem, acarreta uma referência de oferta, do preço que as empresas desejam pagar, e não um preço de mercado.

O GEA afirma que a CPTM e o Metrô "não buscam informar-se sobre preços efetivamente praticados em mercados estrangeiros para estimar seus preços de referência, permanecendo dependentes daquilo que as próprias empresas participantes das licitações determinam".

A comissão disse que a CPTM não apresentou documentos sobre a formação de preços de referência anteriores a 2008 - o cartel, segundo a Siemens, durou de 1998 a 2008 -, e disse que os executivos da empresa informaram oralmente como se dava o procedimento. Em nota, a secretaria de Transportes Metropolitanos afirmou que "todas as sugestões são bem-vindas e criteriosamente analisadas dentro do processo de aperfeiçoamento dos procedimentos adotados". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Federal não quer que o inquérito criminal sobre o cartel de trens seja transferido para Brasília. Em manifestação à Justiça Federal, a Procuradoria da República argumentou que a investigação deve permanecer no âmbito da Polícia Federal em São Paulo.

A Justiça vai decidir agora o destino do inquérito aberto pela Polícia Federal para rastrear suposto conluio entre multinacionais do setor metroferroviário e pagamento de propinas para agentes públicos e políticos.

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O pedido de deslocamento do inquérito para Brasília foi apresentado na quinta-feira pelo delegado Milton Fornazari Júnior, da Delegacia de Combate a Ilícitos Financeiros, braço da PF. O argumento central do pedido é que dos autos constam referências a autoridades com foro privilegiado perante os tribunais superiores, inclusive parlamentares.

A citação aos políticos foi feita inicialmente em relatório produzido pelo ex-diretor de transportes da Siemens, Everton Rheinheimer. Em outubro, ele fez delação premiada na PF, na qual afirma ter provas de corrupção.

A PF já indiciou por corrupção o ex-diretor de Operações e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) João Roberto Zaniboni. Ele ocupou o cargo entre 1999 e 2003 (governos Mário Covas e Geraldo Alckmin). Documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça revelam que Zaniboni recebeu US$ 836 mil em uma conta no Credit Suisse de Zurique - os procuradores de Genebra sustentam que parte desse valor é fruto de corrupção. O criminalista Luiz Fernando Pacheco, defensor de Zaniboni, disse que ele recebeu dinheiro por consultoria prestada antes de assumir o cargo na estatal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu em reunião nesta segunda-feira, 9, pedir informações sobre o caso Siemens ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo. O pedido será encaminhado nesta tarde e Cardozo terá dez dias para responder. O caso Siemens é como tem sido chamada a série de denúncias de cartel nos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal, investigadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça.

Ao ser perguntado sobre que tipo de dado será pedido ao ministro da Justiça, o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, Américo Lacombe, disse: "Fizemos apenas o pedido de informações", mas quem decide sobre o que será informado é ele. Sobre o processo aberto para apurar a conduta da chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ideli Salvatti, que usou helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina, também utilizado para remoção de pacientes graves resgatados em acidentes e tragédias naturais, Lacombe afirmou que esse acontecimento deverá ser julgado na próxima sessão da Comissão de Ética, e que "não tem nada pronto". De acordo com ele, Ideli enviou à comissão as explicações requeridas.

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Lacombe afirmou também que ainda não foram tratados na comissão o caso da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, e o processo envolvendo dois assessores do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Magda foi nomeada no início de novembro para compor o membro do Conselho de Administração da PPSA, estatal que vai gerir os contratos do pré-sal. Mas a permanência dela no cargo foi questionada em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, uma vez que a PPSA terá, por lei, a atuação fiscalizada pela ANP. A lei que criou a empresa estabelece que a PPSA "deve fornecer à ANP as informações necessárias às suas funções regulatórias".

Já os ex-assessores de Mantega Marcelo Fiche e Humberto Barreto Alencar terão a conduta avaliada pela Comissão de Ética por terem sido acusados de receber propina de R$ 60 mil da empresa que presta serviços de assessoria ao ministério, a Partnersnet Comunicação Empresarial. A denúncia foi feita pela revista Época. Fiche e Alencar, que estão afastados dos cargos, e a empresa negam as acusações. A reunião da comissão desta segunda-feira continua nesta tarde. A próxima sessão do colegiado está marcada para 29 de janeiro.

A Justiça eleitoral barrou estratégia do presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius de Carvalho, que pretendia reconhecimento retroativo de sua desfiliação do PT para 16 de maio de 2008 - data em que afirma ter comunicado sua decisão ao Diretório Municipal do partido. Como não fez o mesmo perante a Justiça, ele continua ligado ao PT, segundo a decisão.

Para a juíza Rosângela Maria Telles, da 252.ª zona eleitoral de São Paulo, o fato de Carvalho ter informado apenas o partido não lhe confere formalmente a desfiliação no âmbito da Justiça. Ao requerer a retroatividade, Carvalho alegou que pretendia evitar questionamentos acerca da legitimidade do exercício de seu mandato no Cade, cadeira que ocupa desde 30 de maio de 2012, mas que lhe seria vedada caso não tivesse efetuado a comunicação de sua desfiliação.

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São antigos os vínculos de Carvalho com o PT. Ele trabalhou no gabinete do deputado licenciado Simão Pedro, secretário de Serviços da gestão Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo, mas omitiu esse dado de seu currículo em pelo menos 4 oportunidades. O gesto lhe custou investigação da Comissão de Ética da Presidência. Ele alegou "um lapso".

Em maio, o Cade fez acordo de leniência com a Siemens que revelou cartel no sistema metroferroviário em governos do PSDB em São Paulo (1998/2008), e no governo do DEM, do Distrito Federal. Entre os lenientes estão 6 executivos da multinacional alemã, inclusive Everton Rheinheimer, que fez delação premiada na Polícia Federal e apontou suposto esquema de propinas envolvendo parlamentares.

Em meio à polêmica sobre a folha de serviços ao PT, Carvalho bateu à porta da Justiça eleitoral. Mas não teve êxito. Em despacho de 17 de outubro, a juíza Rosângela Telles assinalou. "O requerente comunicou a sua desfiliação tão somente ao Diretório do Partido dos Trabalhadores. Contudo, nada comunicou ao Juízo eleitoral."

A juíza cita que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já se posicionou sobre a matéria. "Dessa forma, o eleitor deveria ter comunicado não apenas a desfiliação ao diretório do partido, como também ao Juízo Eleitoral. Caso não adote esta última providência, continuará a ser considerado filiado ao partido.

Isto vale para as hipóteses em que o eleitor pretende apenas a sua desfiliação, sem se filiar novamente a outro partido, como também no caso de desfiliar-se de um partido e filiar-se a outro, situação que configurará dupla filiação partidária. De sorte que não há como acolher a pretensão inicial (de Carvalho)."

Desfiliação comprovada

Vinícius Carvalho já entrou com recurso. Ele pede que a sua desfiliação, nos registros do Tribunal Superior Eleitoral, seja datada de 16 de maio de 2008. "Uma vez que desfiliação partidária é ato unilateral de vontade, e cabe ao partido e à Justiça Eleitoral apenas tomar ciência dessa vontade, o recurso pleiteia que nos registros do TSE conste a data de desfiliação de fato", diz a assessoria de Carvalho.

"Independentemente da decisão da Justiça, fato é que Carvalho já comprovou estar desfiliado desde 2008, o que, por si só, já o impediria de exercer atividade partidária, conforme a Lei 12.529/11." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo do Estado de São Paulo afirmou, em nota da secretaria de Transportes Metropolitanos, ser o "maior interessado em esclarecer denúncias de formação de cartel por parte de empresas contra a população de São Paulo", e disse considerar "precipitado noticiar o recorte isolado de um inquérito ainda em curso e sigiloso, com base em trecho de despacho de um delegado". O governo declarou que a Corregedoria-Geral da Administração "já abriu procedimentos para apurar o assunto e punirá com rigor o eventual envolvimento de servidores públicos em irregularidade".

O advogado de Roberto Zaniboni, Luiz Fernando Pacheco, disse que ele "recebeu por serviços prestados antes de assumir cargo de diretor da CPTM." O criminalista Eduardo Carnelós, defensor do consultor Arthur Teixeira, repudia taxativamente a acusação. "O sr. Arthur é especialista em sistema ferroviário, com amplas condições de trabalhar como consultor na área. Ele jamais se prestaria ao papel de lobista, muito menos de pagador de propinas."

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A Siemens afirmou que "as investigações sobre o setor metroferroviário têm como fonte denúncia espontânea e voluntária resultantes de suas investigações internas desde 2008, que não encontrou quaisquer evidências de corrupção". A Alstom declarou que "recorre a consultores especializados e de eficiência comprovada no mercado com o único objetivo de auxiliá-la na composição de suas propostas e na condução da execução de seus projetos". A Bombardier afirmou que "não participou da formação do consórcio Sistrem". "Nesse período, a companhia não possuía operações no Brasil." A Mitsui afirmou que "tem diligentemente cooperado com as investigações" do Cade". "Como a investigação ainda está em andamento, a Mitsui não comentará o caso". Nenhum representante da CAF foi localizado.

O criminalista Marcelo Martins de Oliveira, que defende Oliver Hossepian, esclareceu que o ex-presidente da CPTM encontra-se gravemente enfermo. O advogado é enfático. "Não existe nenhum tipo de responsabilidade da parte do dr. Hossepian. Ele fez toda a sua carreira profissional no serviço público, na Fepasa e na CPTM, e tornou-se especialista conceituado em transportes. Não há no inquérito nenhum elemento que possa justificar seu indiciamento, quer por ação, quer por omissão, ou por qualquer tipo de elemento circunstancial." Oliveira destaca que o patrimônio que Hossepian "amealhou em sua vida é absolutamente compatível com os seus vencimentos, bem como com o seu nível de vida". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal em São Paulo pediu o deslocamento para Brasília do inquérito sobre o cartel de trens suspeito de operar entre 1998 e 2008 em licitações milionárias dos sistemas de trens e metrô do governo paulista d PSDB no governo do Distrito Federal do DEM. O argumento central é que a investigação traz menção a autoridades com prerrogativa de foro perante tribunais superiores. Em um dos despachos que constam do inquérito, o delegado responsável pelo caso cita "provas" de pagamento de propina a "políticos vinculados ao governo do Estado de São Paulo".

O pedido foi feito quinta-feira e está sob análise da Procuradoria da República em São Paulo. A manifestação será submetida à Justiça Federal, a quem caberá decidir se caso vai para Brasília. A Justiça pode negar o pedido da Polícia Federal e manter o caso em São Paulo caso entenda que a mera citação aos políticos não justifica submeter o caso a tribunais superiores.

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Um inquérito que tramita na primeira instância pode ser remetido ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Supremo Tribunal Federal se surgir a necessidade de se investigar agente público com foro privilegiado - deputados e senadores são investigados via STF e governadores, via STJ.

Em maio, a multinacional alemã Siemens fez acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por meio do qual apontou a existência do cartel. A empresa, porém, não falou sobre propina. O executivo da Siemens Mark Gough, porém, admitiu à Polícia Federal que a empresa suspeita, sim das propinas, ‘Provas’.

O inquérito dos trens é presidido pelo delegado Milton Fornazari Junior, da Delegacia de Combate a Ilícitos Financeiros (Delefin). Fornazari diz, na página 2.818, volume XIII dos autos, que "há provas" de que "políticos vinculados ao governo do Estado de São Paulo" receberam propina de cinco multinacionais por meio de lobistas.O delegado fez a anotação no despacho de indiciamento do ex-diretor de Operações e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), João Roberto Zaniboni, por corrupção passiva, crime financeiro, lavagem de dinheiro e cartel.

A PF sustenta que os pagamentos foram realizados "por ordem das empresas integrantes do Consórcio Sistrem (Alstom, Siemens, CAF, Mitsui e Bombardier)", vencedor de licitação em 1999 para projeto da Linha 5 do Metrô - construção do trecho Capão Redondo/Largo 13 de Maio, ao preço de R$ 735 milhões em valores atualizados.

A menção a parlamentares chegou ao inquérito da PF em junho, quando o delegado Braulio Galloni, de Brasília, encaminhou a Fornazari relatório com denúncia de pagamento de propinas a políticos do PSDB e do PPS. O documento, de 17 de abril, foi produzido pelo ex-diretor da divisão de transportes da Siemens Everton Rheinheimer, que aponta "um esquema de corrupção de grandes proporções". Em 14 de outubro ele fez acordo de delação premiada na PF, que o identifica como "X" - procedimento usual para proteção do delator.

As acusações iniciais de Rheinheimer foram levada pelo deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT) - secretário de Serviços da gestão Fernando Haddad - ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Em junho, Cardozo enviou o documento à PF, a fim de que fosse feita uma análise preliminar sobre a veracidade das informações. A inclusão do relatório no inquérito provocou crise entre PSDB e PT. Os tucanos pediram a demissão do ministro. Nesta semana, advogados de sete parlamentares foram à PF pedir cópia do inquérito. Eles não foram atendidos sob argumento de que não estão sendo investigados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou ontem (5) que o escândalo do cartel de trens, que tem o PSDB como principal alvo, é maior, em termos de verbas que teriam sido desviadas, do que o mensalão federal, que tem o PT como principal alvo.

"Em São Paulo, os volumes de recursos públicos passíveis dessa acusação são muito, muito maiores do que os recursos públicos em jogo no caso do mensalão", afirmou o ministro da presidente Dilma Rousseff.

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No caso do mensalão, escândalo que causou a condenação de 25 pessoas, entre elas o homem forte do primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu, o grosso da verba pública, segundo o Supremo, saiu de contratos de publicidade do fundo Visanet, que tem participação do Banco do Brasil: foram desviados R$ 74 milhões para pagamentos da base aliada do governo.

No caso do cartel de trens, a estimativa das autoridades, a partir de informações dadas pela empresa Siemens, que admite a existência do cartel em São Paulo e no Distrito Federal, é que os cofres públicos tenham sido lesados em cerca de R$ 500 milhões. O caso do cartel, porém, está em fase de investigação - ainda não há condenações no Brasil.

A declaração de Carvalho foi feita em meio a queixas sobre a reação do PSDB em relação às investigações do cartel em São Paulo - os tucanos dizem que a investigação é partidarizada. "O PSDB está fazendo um jogo de não ir ao ponto, um teatro, se eximindo de dar respostas. Esse tratamento diferenciado é que é inaceitável. No caso do PT, nossos acusados foram condenados antes do STF, publicamente, e agora é o contrário", disse Carvalho, queixando-se também da imprensa.

"Você compara o tratamento que a imprensa tem dado ao caso de São Paulo e ao caso do pessoal do PT, veja a diferença. Tirando (o jornal) O Estado de S. Paulo, não se pergunta pelo crime, se recrimina o acusador."

Genoino

O ministro de Dilma, que esteve ontem no Rio, disse temer pela vida do ex-deputado José Genoino, condenado pelo mensalão, caso ele volte para a prisão. "Eu sei dos riscos que ele tem", afirmou. Ele ainda não visitou os companheiros do PT presos desde o dia 15 de novembro.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou um parecer ao Supremo Tribunal Federal solicitando que Genoino fique mais 90 dias em prisão domiciliar devido aos seus "graves" problemas de saúde. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cópia de e-mail em posse da Polícia Federal mostra que Jorge Fagali Neto, apontado como lobista da multinacional francesa Alstom e intermediador de propinas do cartel de trens, fez sugestões, no fim de 2006, sobre como o governo estadual deveria agir no setor metroferroviário ao tucano Aloysio Nunes Ferreira, então coordenador da campanha de José Serra (PSDB) ao comando do Estado.

Uma dessas sugestões - a busca de dinheiro externo para obras de uma linha do Metrô - acabou concretizada depois de Serra ser eleito e Aloysio assumir a Casa Civil do Estado. A obra foi tocada por um consórcio que tinha a Alstom como sócia.

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Anexada nos autos da investigação sobre o cartel suspeitos de atuar nas gestões do PSDB entre 1998 e 2008, a correspondência é de 26 de setembro daquele ano eleitoral. Faltavam cinco dias para a votação e as pesquisas demonstravam que Serra venceria no 1º primeiro turno, o que de fato ocorreu.

Na ocasião, além de coordenar a campanha de Serra, o hoje senador Aloysio era secretário de Governo de Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura paulistana.

Fagali é um dos 11 indiciados pela Polícia Federal por suspeita de ilegalidades envolvendo contratos de energia da Alstom com o governo estadual. Os investigadores afirmam que ele cometeu os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fagali nega.

Antes de se transformar em consultor do setor metroferroviário, no qual a Alstom também atua e é suspeita de formar cartel, ele havia sido secretário de Transportes do governo Luiz Antonio Fleury Filho por um ano: em 1994. Fagali sucedeu no cargo justamente Aloysio, que foi secretário de Transportes de Fleury entre 1991 e 1993. Ou seja, Fagali e Aloysio se conhecem "há muitos anos", nas palavras do próprio senador tucano, segundo quem o e-mail de 2006 foi apenas um "alerta de um amigo" sobre a situação do setor metroferroviário naquele momento.

O irmão do consultor, José Jorge Fagali, foi escolhido por Serra para presidir o Metrô, estatal do governo, cargo que ocuparia entre os anos de 2007 e 2010.

Fagali, o consultor que mandou o e-mail com as sugestões para Aloysio, está hoje com os ativos bloqueados na Suíça. São US$ 6,5 milhões travados pela Justiça do país europeu por suspeita de lavagem de dinheiro.

Mensagem. No e-mail, Fagali sugeriu, entre outras coisas, que Aloysio acionasse o Banco Mundial para angariar recursos para a Linha 4-Amarela do Metrô. "Para a linha 4, acredito ser possível um aditamento ao contrato do Banco Mundial", escreveu o consultor no e-mail.

Em abril de 2008, no segundo ano da gestão Serra, o governo assinaria com o Banco Mundial, conforme sugerido pelo consultor, um aditamento de R$ 95 milhões ao contrato de R$ 209 milhões de 2002 para a construção da linha 4-Amarela do Metrô.

O dinheiro extra foi usado para obras de ampliação da linha e aquisição de equipamentos, como trens e trilhos. Responsável pela construção da Linha 4, o consórcio Via Amarela tinha entre seus sócios a Alstom. A multinacional francesa forneceu toda a infraestrutura dessa linha do Metrô, como sistema de alimentação de energia e sistemas de controle e de comunicação.

Denunciante. O e-mail de Fagali ao tucano chegou às mãos da Polícia Federal por meio de uma ex-funcionária do consultor chamada Edna da Silva Flores. Ela foi secretária pessoal de Fagali entre 2006 e 2009 e prestou depoimento aos federais no dia 9 de outubro passado.

Edna declarou que "Fagali trocava e-mails com Aloysio Nunes acerca de licitações de metrô em SP". Ainda em seu depoimento, a ex-funcionária de Fagali fala da amizade do consultor com outros políticos, como Serra. Segundo relatou Edna, Fagali era "muito amigo" do tucano. "Jorge Fagali Neto (...) viajou com Serra para o Japão com a finalidade de tratar de assuntos financeiros do metrô de São Paulo", disse no depoimento anexado aos autos da polícia.

Edna também relatou ao delegado a relação de Fagali com os irmãos Arthur e Sérgio Teixeira, também consultores apontados como intermediadores de propinas do cartel de trens. Sérgio já morreu e Arthur está indiciado sob suspeita de atuar ilegalmente para as multinacionais do setor metroferroviário.

"Fagali tinha contato quase diário com Sergio Teixeira e Arthur Teixeira", afirmou Edna.

Em outra parte do inquérito, há um relatório não assinado, mas escrito em abril deste ano pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, em que Aloysio é citado como sendo próximo de Teixeira. No mesmo relatório, o ex-diretor da empresa alemã sugere que o chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Edson Aparecido, foi destinatário de propina. Aparecido chama a acusação de "absurda". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Senadores da oposição voltaram nesta terça-feira, 03, a cobrar informações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre o eventual uso político das investigações conduzidas pela Polícia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgãos que estão sob seu comando. O ministro compareceu voluntariamente à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, antecipando-se à aprovação de um convite do líder tucano no Senado, Aloysio Nunes (SP).

O tom da audiência foi mais ameno do que o duro embate protagonizado por tucanos e Cardozo na semana passada, quando integrantes do PSDB chegaram a pedir sua demissão. O principal questionamento foi levantado por Aloysio, que questionou o ministro sobre o rumo das investigações, que têm São Paulo e Distrito Federal como os principais alvos. O tucano levantou o fato de que os cinco executivos da Siemens que firmaram o acordo de leniência com o Cade aparecerem no Diário Oficial da União como signatários da empresa alemã em pelo menos 33 outros contratos firmados com estatais federais nos últimos dez anos. Esse acordo é uma confissão de prática de condutas irregulares para ser absolvido de futuras punições. "Essa intervenção de São Paulo deve chegar a outras praças onde essa mesma empresa atuou", ressaltou o senador.

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Sem polemizar, o ministro a Justiça pediu apenas que essas denúncias sejam levadas a ele formalmente para, então, encaminhar o caso à PF. O procedimento seria idêntico ao que Cardozo disse ter feito no caso da denúncia recebida das mãos do deputado estadual Simão Pedro (PT-SP). Segundo afirmou repetidas vezes ao longo da audiência na CCJ, os documentos que apontam a existência de um cartel de empresas nos metrôs de São Paulo e Brasília chegaram a suas mãos em maio. Em seguida, os papéis foram entregues ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, para que ele averiguasse a necessidade de realizar apurações. Isso está, segundo o ministro, dentro de suas atribuições legais.

Cardozo defendeu a autonomia e isonomia da PF e do Cade para investigar o caso. Ressaltou que cabe a ele, como ministro, prezar por tais condutas. "São órgãos republicanos, independentemente do partido que dirija, e cabe ao ministro da Justiça zelar para que isso ocorra", disse. "O ministro da Justiça não pode ser engavetador de denúncias. Não esperem de mim um comportamento juridicamente repreensível", completou.

José Eduardo Cardozo, que nesta quarta-feira, 04, vai enfrentar perguntas dos deputados em audiência na Câmara, elogiou a atuação dos senadores da oposição. Mas o embate deve ser mais acirrado. Tanto que o secretário de Energia do estado de São Paulo, José Aníbal (PSDB), pediu licença do cargo para retomar o posto de deputado federal e participar da audiência. Na semana passada, Aníbal era dos mais aguerridos nas críticas contra Cardozo.

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), afirmou nesta terça-feira, 03, que "muitas dúvidas" ainda permanecem, mesmo após o depoimento do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Cardozo prestou esclarecimento sobre as investigações de denúncias de corrupção contra políticos de partidos da oposição e formação de cartel no transporte de trens de São Paulo e em Brasília.

"As dúvidas permanecem porque esse caso foi excessivamente e indevidamente politizado a partir de divulgação politicamente orientada de documentos que deveriam estar sob sigilo", afirmou o tucano. Para ele, essas informações deveriam estar sob a guarda de órgãos ligados ao Ministério da Justiça, numa referência à Polícia Federal e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

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O líder do PSDB disse que não foi esclarecido o episódio envolvendo documentos atribuídos a um ex-diretor da Siemens - revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo" - de que políticos do PSDB e do DEM estariam envolvidos em um esquema de recebimento de propina relativo ao cartel de metrô. "Ainda há muitas dúvidas a serem esclarecidas", afirmou.

Respeito

O ministro da Justiça elogiou a atuação dos senadores oposicionistas que o questionaram. Na semana passada, integrantes do PSDB chegaram a cobrar a demissão de Cardozo, sob o argumento de que ele não teria agido de forma isenta no episódio.

O ministro disse mais uma vez ter feito o encaminhamento da papelada apócrifa à Polícia Federal nos estritos termos da lei. "Como foi um depoimento em que as pessoas foram técnicas e buscaram saber a verdade, foi possível expor detalhadamente tudo aquilo que aconteceu sem a politização, sem se transformar o depoimento numa cena de disputa partidária, o que seria muito ruim para todos", afirmou.

Cardozo disse que "não precisa xingar alguém", chamá-lo de "bandido" ou "vigarista" para discordar dele. "Eu posso discordar sendo respeitoso. Eu acho que isso é próprio de um parlamento numa sociedade democrática. Contundência, critério, rigor na arguição, mas com respeito", completou.

O ministro disse esperar o "mesmo nível" de tratamento nesta quarta-feira na Comissão de Segurança Pública da Câmara. Citado nos documentos, o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, deve reassumir o mandato de deputado federal para participar da audiência. "Eu fui deputado muitos anos, confio na Câmara dos Deputados e confio que o clima de respeito que houve no Senado será também colocado na Câmara dos Deputados", disse.

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