Tópicos | Chantal Akerman

Intitulada como uma das quatro maiores diretoras de filmes da língua não inglesa de todos os tempos em um relatório recente da BBC, a cineasta Chantal Akerman (1950-2015) ganhou uma exposição inédita no Brasil para celebrar seu legado. A obra de Chantal - baseada em elementos como a passagem do tempo e temas do mundo feminino - ocupa três andares do centro cultural Oi Futuro, no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro, até o dia 27 de janeiro. A entrada é franca.

A mostra é a primeira a reunir tantas obras após o falecimento da diretora, em 2015, e é composta de quatro videoinstalações. Além de ser uma das cineastas mais influentes e originais da história do cinema mundial, Chantal Akerman foi uma pioneira no olhar para o feminino, valorizando as questões de gênero durante toda a sua carreira.

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Nascida do desejo do produtor cultural Beto Amaral de contemplar perspectivas femininas de atuação no cinema, a exposição "Chantal Akerman – Tempo Expandido" teve seus primeiros rascunhos delineados ainda em 2014. Mas a notícia da morte da cineasta em 2015 adiou a montagem.

Em entrevista ao LeiaJá, o produtor cultural contou que, em suas conversas por e-mail e Skype, Chantal foi muito clara ao exigir que a curadoria de sua exposição fosse realizada por uma mulher.

A responsabilidade ficou a cargo de Evangelina Seiler, que, ao lado de Claire Atherton - uma das colaboradoras mais próximas de Chantal - trabalhou para aproximar o público brasileiro da estética, do estilo e sobretudo da visão particular da artista.

"A Chantal foi uma cineastra que abriu caminhos novos para o olhar feminino no cinema, e acho que olhares femininos são muito importantes no momento que a gente está vivendo. Acho muito importante que as pessoas venham e tenha a oportunidade de ver a primeira exposição dela em muito tempo e tenham a possibilidade de se inspirar com o trabalho dela", disse Beto Amaral.

O Oi Futuro recebe quatro videoinstalações da cineasta: In the Mirror (1971-2007), La Chambre (2012), Maniac Summer (2009) e Tombée de Nuit sur Shanghai (2009). Nas paredes do Oi Futuro, as salas de exibição adornadas por frases marcantes de Akerman.

"Em geral, as pessoas vão ao cinema exatamente para fugir do cotidiano. Se eu tenho uma reputação de ser difícil, é porque adoro o cotidiano e quero apresentá-lo", diz uma das frases expostas nas paredes. O curador do Oi Futuro no Rio de Janeiro, Alberto Saraiva, destaca a importância da exposição, não só no seu contexto cultural, como também político. 

"Realizar a exposição da Chantal nesse momento é de fato um acontecimento positivo para gente, como algo de qualidade, porque é um trabalho que tem um significado muito amplo para a cultura internacional, não só do cinema, mas também para a posição das mulheres em relação a arte", ressaltou.

*A jornalista viajou a convite do Oi Futuro

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A diretora de cinema belga Chantal Akerman morreu nesta segunda-feira, em Paris, aos 65 anos, anunciou seu produtor, sem revelar a causa da morte.

A cineasta, que sofria de transtornos maníaco-depressivos, iniciou a carreira no fim dos anos 1960.

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Entre seus principais filmes estão "Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles" (1975) e "La captive" (2000).

Seu filme mais recente, "No Home Movie", dedicado a sua mãe, uma sobrevivente dos campos de concentração nazistas, foi exibido este ano no Festival de Locarno (Suíça).

"Era uma grande cineasta que, por sua singularidade, renovou algumas facetas do cinema internacional", declarou o produtor Patrick Quinet.

Chantal Akerman, descendente de uma família judaica da Europa central, que se mudou para a Bélgica nos anos 1930, dirigiu quase 50 filmes, de documentários até comédias.

Em sua obra abordou como grandes temas o tempo e a memória.

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