As paródias em vídeo criadas por um brasileiro estão movimentando as redes sociais. Baseadas em campeões de bilheteria como "O Rei Leão" (1994), "Titanic" (1997) e "O Diabo Veste Prada" (2006), a edição de imagens elaborada pelo mestre em cinema Henrique Acquaviva, 35 anos, apresentam sátira e reflexão sobre o momento conturbado da política nacional.
Com o apoio de dubladores que abraçaram a ideia e a criatividade do cineasta, as imitações dos clássicos ganharam os títulos de "O Mito Leão", "Pandemic" e "O Diabo Veste Farda" em diversos canais da Internet.
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A primeira criação de Acquaviva foi "Pandemic". Publicadas há uma semana, as versões dublada e legendada foram vistas cerca de 1,6 milhão de vezes só no Twitter. Segundo o cineasta, a ideia surgiu após assistir a outra sátira em vídeo, o "Já faz 84 anos", no canal da Ale Morais no YouTube, que usa a fala de uma personagem de Titanic para "trollar" a demora do pagamento do auxílio emergencial pelo Governo Federal.
De acordo com o criador, o fato de ser fã incondicional do filme dirigido pelo canadense James Cameron ajudou muito na inspiração, mas o insight surgiu de modo espontâneo. "Estava pronto para dormir, quando comecei a associar os personagens na cabeça, então levantei e passei a noite editando para não perder a ideia", conta. "Fiz uma versão de 5 minutos, postei no Facebook e 'viralizou' naturalmente, depois me sugeriram publicar no Twitter e como lá teria que ser mais curto, reduzi e publiquei", acrescenta Acquaviva.
Dali em diante, a repercussão veio de diferentes personalidades dos cenários político e artístico brasileiros. "Em poucas horas, comecei a ver o vídeo repostado em canais como Sensacionalista, Mídia Ninja, a atriz Fernanda Paes Leme, a apresentadora Astrid Fontenelle, o cineasta Pablo Villaça, recebi até mensagem do deputado Tulio Gadelha (PDT-PE)", relata o criador.
Segundo ele, a participação do time de dubladores foi fundamental para o sucesso da paródia. "As dublagens foram feitas sem sair de casa, cada ator gravou do jeito que deu e funcionou porque são muito bons", ressalta.
Ainda de acordo com Acquaviva o elenco, que tem entre as dubladoras a atriz Ângela Dip, todo o trabalho é voluntário. "Todos fizeram de graça, não estamos ganhando nada com isso, é pela causa democrática", explica.
Ainda de acordo com Acquaviva, a repercussão negativa foi menor do que ele esperava e não preocuparam o cineasta. "Os poucos que criticaram foram bem agressivos, mas nada fora do esperado pois tenho uma paciência enorme de rebater com argumentos e fatos", comenta. Segundo o cineasta, um dos que poderiam ofendê-lo nas redes era um amigo que votou no presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas o eleitor se arrependeu e virou inspiração para a segunda criação, "O Mito Leão".
"Foi uma atitude louvável pois errar todos erramos, o problema é não assumir e insistir no erro", realça. A paródia da animação "O Rei Leão" coloca o chefe do executivo como Scar, vilão do desenho da Disney, e relaciona o momento político do Brasil com cenários de um passado recente.
Já no terceiro vídeo do cineasta, o "Diabo Veste Farda", faz um compilado dos últimos desmandos do Governo Federal e aproveita trechos da famigerada reunião ministerial divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último fim de semana.
Com o número de seguidores triplicado nas redes, o cineasta acredita que a missão está sendo bem executada. Abastecido pela criatividade e apoiado pelo time de dubladores, Acquaviva garante que o objetivo será atingido. "Estou montando o 'Gabinete do Amor' em oposição ao Gabinete do Ódio que se dedica a espalhar difamação e prejudicar opositores", complementa.