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Em meio à crise estabelecida na base aliada ao Planalto esta semana será repleta de votações polêmicas na Câmara. Além das seis medidas provisórias que trancam a pauta, o Código Florestal aguarda análise dos parlamentares. Enquanto isso, o PMDB – maior partido aliado ao governo – formula um manifesto exigindo protagonismo da legenda no governo da presidente Dilma. Na última semana, a petista chorou ao defender uma gestão de coalizão.

Na fila de votação, está a MP 547/11, que deixou de ser apreciada na última quarta-feira (29) por falta de acordo. A proposta cria o cadastro nacional de municípios com áreas sujeitas a escorregamentos geológicos nas encostas, sob responsabilidade do executivo federal. O parecer do deputado Glauber Braga (PSB-RJ), que reformulou o Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec) e instituiu uma política pública de prevenção, não agradou a base governista. O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que não apoiará várias mudanças feitas por Braga. O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), demonstrou insatisfação com o adiamento. Para ele, o relator transformou o texto em um “instrumento do bem”.

A análise da versão do Senado para o projeto que altera o Código Florestal (PL 1876/99) também está prevista para os próximos dias. O tema será definido em reunião de líderes nessa terça-feira (6), às 10h. Há intenso debate em relação às áreas consolidadas – regiões produtivas em locais de preservação ambiental. O texto foi aprovado em maio pelos deputados e revisado pelos senadores em dezembro.

Do lado de fora do Congresso, na Esplanada dos Ministérios, a presidente chorou por coalizão no governo. Durante a cerimônia de posse do novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella, na última sexta-feira (2), ela se desculpou pela saída de Luiz Sérgio e justificou a troca como uma aliança entre partidos. Na contramão do apelo presidencial, o PMDB deve entregar amanhã (6) documento exigindo maior protagonismo do partido. O material deve ser recebido por Michel Temer por conta da viagem de Dilma à Alemanha.

O impasse do comando das comissões permanentes da Casa também deve ser definido nessa quarta-feira (6). Em reunião dos líderes partidários na semana passada, o PT pediu mais tempo para decidir os grupos que pretende comandar este ano.

A votação do novo Código Florestal brasileiro, marcada para a próxima terça-feira (6), na Câmara dos Deputados, vai enfrentar fortes resistências dos setores ambientalista e científico. Mesmo assim, o governo não abre mão de ver a matéria aprovada definitivamente, como está, nesta semana.

A primeira batalha a ser enfrentada pelos defensores do texto será com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que já se manifestou contrária à proposta da forma como saiu do Senado. Os cientistas da SBPC querem mudanças na matéria e o veto de alguns trechos colocados pelo senador Jorge Viana (PT-AC) – que foi o relator do projeto no Senado.

Um dos pontos que mais preocupam os cientistas é a redução das áreas de preservação permanente (APP) nas margens de rios. Um documento entregue pela SBPC ao relator da matéria na Câmara, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), e apoiado pela deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), aponta que as APPs serão reduzidas em 50% com o novo texto.

Esse e outros trechos teriam que ser suprimidos pelo relator, na opinião dos cientistas. Caso isso não ocorra, a SBPC fará uma movimentação social para pressionar a presidenta Dilma Rousseff a vetar o projeto.

Paulo Piau, por sua vez, explicou à Agência Brasil que não pode incluir novas mudanças no projeto, uma vez que ele já passou pela Câmara e pelo Senado, e, agora, será apenas revisto. “Recebi um documento deles. Tudo aquilo que for importante para a gente colocar dentro do que foi negociado e que for permitido pelo regimento, a gente pode colocar. Mas eles pedem muita coisa que não é mais possível”, justificou.

Segundo o relator, as discussões sobre o novo código não serão encerradas com a votação de terça-feira. Uma série de outros projetos relacionados ao assunto deverá surgir, segundo o relator. É o caso, por exemplo, de proposições que tratam da agricultura irrigada, setor que não recebeu atenção especial no código que está para ser votado. Para Piau, os parlamentares deverão “rever [o tema] após a revisão”. “Muita coisa vai continuar sendo discutida. A discussão não se esgota agora”, avaliou.

Sobre a promessa de manifestações em todo o país pedindo que a presidenta Dilma vete o projeto, caso ele seja aprovado, Piau diz que é uma posição política e não acredita que a pressão dê resultados. Ele também não deve mexer no texto para atender aos parlamentares do Amapá sobre a redução das reservas legais em terras indígenas no estado.

Independentemente de os deputados suprimirem alguns dispositivos ou manterem integralmente o texto enviado pelo Senado, a matéria terá votação conclusiva na Câmara e será encaminhada, na sequência, para sanção presidencial.

A morte do deputado federal Moacir Micheletto (PMDB-PR), ocorrida ontem na rodovia PR-239, no trecho entre Toledo e Assis Chateaubriand, no Paraná, não deve interferir na votação do novo Código Florestal, prevista para março. Titular das comissões de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente e integrante da bancada ruralista, o deputado atuou na elaboração do novo código e era uma das lideranças nos debates.

Segundo o presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB-SP), que compareceu ao velório de Micheletto em Assis Chateaubriand, o processo de votação não deve ser alterado. "Todos vão lembrar com muita saudade, especialmente quando entrar em votação o Código Florestal. Micheletto foi daqueles que ao lado de tantos outros companheiros trabalhou intensamente pela aprovação. Haverá saudade, mas essa saudade será mobilizadora para a própria votação", disse Temer, que juntamente com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR), do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PC do B) e do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, formou uma comitiva de Brasília para homenagear o parlamentar.

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O corpo do deputado foi velado durante 24 horas no Salão Paroquial Nossa Senhora do Carmo, em Assis Chateaubriand, de onde partiu para Toledo. Ele foi enterrado às 17h30 no Cemitério Municipal, onde estão os corpos de seus pais. Eleito pela sexta vez consecutiva com 121 mil votos, o corpo foi visitado por milhares de eleitores da cidade, base eleitoral de Micheletto. Com sua morte, o suplente Odílio Balbinotti deve assumir a vaga.

Na opinião de Gleisi Hoffmann, que transmitiu mensagem da presidente Dilma Rousseff, em visita a Cuba, o Estado perdeu um aliado. "Com certeza perdeu muito o Paraná. Micheletto, além de ser um excelente deputado que defendia o nosso Estado, a região, a agricultura, era um amigo que eu tive a oportunidade de caminhar junto durante a minha campanha eleitoral, da presidenta Dilma. Hoje eu falei com ela, que chegou em Cuba e pediu para transmitir os sentimentos para a família, para o povo do Paraná, que ela sempre teve um deputado, um aliado de primeira hora, uma pessoa que contribuiu e ajudou muito o Brasil. Então venho aqui trazer meus sentimentos à família, ao povo de Assis, da região, pois vai fazer muita falta o Micheletto para nós, com certeza", disse a ministra.

Na opinião do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, Micheletto demonstrava espírito público. "Ele era um homem do diálogo, extremamente articulado, ele era incapaz de pensar em si, tinha um espírito público maravilhoso, era para somar, caso contrário não contassem com ele, que nasceu para somar. Ele sempre pensava isso, "tu faz pela agricultura", e acho eu esse era o pedido para todos nós", resumiu. Por causa da morte de Micheletto, o governador Beto Richa (PSDB-PR), que também foi a velório do deputado, decretou luto oficial no estado por três dias.

A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva disse hoje (7) em Durban, durante a 17ª Conferência do Clima da ONU (COP-17), que a lei que altera o Código Florestal aprovada pelo Senado "dificultará em muito as metas" assumidas pelo País de cortar emissões de gases-estufa e pode alterar o cenário de redução do desmatamentos.

Para Marina, a lei faz com que o Brasil perca a posição de liderança que assumiu entre os países emergentes nas negociações climáticas. "O Brasil tem papel muito importante nessa COP. É fundamental continuar com sua posição pró-ativa. Os países estão olhando para o Brasil para ser uma inspiração. Obviamente que (com essa aprovação) isso fica enfraquecido", disse ela.

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Ela lembrou que os 11% de redução no desmatamento da Amazônia neste ano, comparado ao período anterior, foram obtidos com a atual legislação. "Com sua remoção, as coisas podem ficar bem diferentes". Marina afirmou que o texto aprovado anistia desmatadores, reduz a proteção e ampliará o desmatamento, além de suspender as autuações em todas as ocupações ilegais feitas até julho de 2008. De acordo com ela, a nova lei reduzirá Áreas de Preservação Permanente (APPs), como topos de morro e margens de rios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, considerou o novo Código Florestal, aprovado ontem à noite no Senado, "como a melhor coisa já feita pela agricultura brasileira". O projeto agora segue para a Câmara dos Deputados, onde terá de ser aprovado ainda antes do recesso parlamentar.

Ramalho considerou o novo Código Florestal como "equilibrado", pois mudanças foram feitas para atender a pressão de ambientalistas em detrimento do projeto original desejado pelos ruralistas. "Um exemplo é o prazo de cinco anos para o agricultor se adequar às novas regras ambientais, o que vai incluir na legalidade os produtores rurais", disse. "O Código dá tranquilidade ao produtor que sustenta o país desde sempre, especialmente nos momentos de crise, como ocorre a partir de 2008", concluiu.

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O forte lobby de produtores de camarão garantiu a expansão da atividade em parte dos manguezais na principal concessão feita em troca da aprovação da reforma do Código Florestal que não agrada integralmente nem ruralistas nem ambientalistas. O acordo, que prevê a recuperação de parte das áreas já desmatadas, foi negociado com o aval do governo.

O texto básico foi aprovado no Senado por 59 votos a favor e sete contra. Pelo acordo selado, os produtores de camarões poderão ampliar sua atividade por até 10% das áreas dos chamados apicuns da Amazônia e 35% dessas áreas no Nordeste. A produção de sal também ficou liberada nesses limites. A expectativa era terminar a votação ainda nesta terça-feira, para levar a reforma do código novamente ao plenário da Câmara na semana que vem e concluir, assim, um debate que se arrasta há 13 anos.

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O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão, Itamar Rocha, acompanhava as negociações do cafezinho do plenário, lugar reservado a parlamentares e convidados. Defendia a liberação completa da atividade, conforme previa o texto aprovado pela Câmara, mas gostou do acordo. Segundo ele, o negócio movimenta R$ 1 bilhão por ano.

O relator Jorge Viana (PT-AC) estima que o novo código exigirá a recuperação de cerca de 20 mil km2 de vegetação nativa por ano, nos próximos 20 anos. Os números não são precisos, porque dependem de informações do futuro Cadastro Ambiental Rural, que todos os produtores rurais ficarão obrigados a preencher no prazo de um ano, prorrogável por mais 12 meses.

Brasília - O plenário do Senado aprovou hoje (30) o requerimento de urgência para votação do novo Código Florestal. Com isso, o substitutivo do senador Jorge Viana (PT-AC) entrará na pauta de votações na terça-feira (6). Ontem (29), uma manobra do PSOL impediu a votação do requerimento, que possibilitaria a votação do projeto ainda nesta semana.

Se for aprovada, a matéria voltará para a Câmara dos Deputados, onde foi criada. Na Câmara, os deputados poderão acatar integralmente o texto do Senado, aceitar apenas algumas das alterações feitas por Viana, ou rejeitar completamente o substitutivo, retornando ao projeto original.

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O mais provável, no entanto, é que o texto de Jorge Viana seja aprovado na Câmara, porque foi negociado com o governo e com a bancada ruralista. Apesar disso, ainda há polêmica em torno do substitutivo porque os ambientalistas consideram que o projeto da forma como está é prejudicial para a preservação ambiental.

A votação do projeto do Código Florestal terá início na próxima terça-feira, dia 6, e não hoje, como esperava o relator da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Jorge Viana (PT-AC). Isso significa que o líder no governo, Romero Jucá (PMDB-RR), concorda com o dispositivo constitucional que exige unanimidade entre os partidos para suprimir prazos.

O voto contrário do PSOL, portanto, inviabilizaria o acordo dos governistas com os líderes do PSDB e DEM para apressar a votação do Código. Na sessão de hoje, será lido o requerimento de urgência que, pelo regimento, terá de ser aprovado em outra sessão, ou seja, amanhã.

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Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram uma nova alta de desmatamento na Amazônia, nas proximidades das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em construção no rio Madeira. A movimentação das motosserras levou o Estado de Rondônia ao topo do ranking do desmatamento.

A informação foi divulgada hoje pelo instituto pouco antes de o Senado adiar em mais um dia a votação final da reforma do Código Florestal. À noite, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) impediu a votação de um pedido de urgência para o projeto, que deverá entrar em pauta na quinta-feira. Uma nova concessão à produção de camarão em manguezais estava sendo acertada para garantir um acordo em plenário.

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Segundo a negociação, a produção de pescado e crustáceos passará a ser considerada atividade de interesse social e, como tal, permitida em Áreas de Preservação Permanente. A produção de camarão foi um dos principais lobbies na reta final do debate sobre as regras de proteção das florestas e demais tipos de vegetação nativa.

O desmatamento de outubro é o segundo maior do ano na Amazônia, depois de abril, quando o governo lançou um gabinete de crise para conter o novo avanço sobre a floresta. O diretor de combate do desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Mauro Pires, disse que os 90 quilômetros de floresta que desapareceram em Porto Velho estavam na área de influência das hidrelétricas do Madeira. "O aquecimento da economia local por conta das usinas fez aumentar o preço das terras e o desmatamento", disse.

Os satélites do Inpe registraram o corte de 385 quilômetros quadrados de floresta em outubro. Foram 132 quilômetros a mais do que no mês anterior. Neste ano, outubro só perde para abril, quando o desmatamento em áreas superiores a 25 hectares, detectado pelos satélites, alcançou 477 quilômetros quadrados.

A versão da reforma do Código Florestal que irá à votação provavelmente na quinta-feira não permite regularizar o desmatamento ilegal ocorrido depois de 22 de julho de 2008, data da primeira edição de decreto que regulamentava a lei de crimes ambientais. Mas o texto permite que proprietários de terras até 4 módulos fiscais (de 20 a 400 hectares, dependendo do município) não precisem recuperar a reserva legal, fatia do imóvel reservada à proteção da vegetação nativa, de 20% a 80%, de acordo com o bioma.

Esse ainda é um dos pontos mais criticados por ambientalistas, que levaram ao Palácio do Planalto hoje 1,5 milhão de assinaturas contrárias à anistia a desmatadores, a desproteção de áreas próximas a rios e a novos desmatamentos. Cerca de 200 crianças levaram balões verdes biodegradáveis para a manifestação. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) indicou que a presidente Dilma Rousseff honrará a palavra de vetar dispositivos que permitam o aumento do desmatamento.

Segundo avaliação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a reforma do Código Florestal deve ser aprovada sem maior oposição no Senado. "O que gostaríamos de aprovar era a consolidação da produção em Áreas de Preservação Permanente, mas a recuperação parcial das APPs acabou se impondo", disse Assuero Veronez, presidente da comissão de meio ambiente da CNA.

Uma ação do PSOL atropelou acordo firmado entre governistas, DEM e PSDB no Senado, cujos líderes haviam acertado votar o projeto de lei do código florestal amanhã. Hoje o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) impediu a votação do requerimento de urgência para a apreciação da matéria em plenário. Ele alegou que, pelo regimento da Casa, a votação só pode ocorrer um dia depois da leitura do pedido de urgência. Ou seja, o requerimento teria de ser lido ontem para viabilizar sua aprovação hoje. Como resultado, permanece o impasse em relação ao início da votação da matéria, que poderá ocorrer na próxima quinta-feira (1º) ou somente na semana que vem.

A senadora Marta Suplicy (PT-SP), que presidia hoje a sessão, procurou uma alternativa para viabilizar a leitura, mas desistiu após perceber que os líderes não tinham argumento para contestar o senador do PSOL. A dúvida agora é se o projeto poderá se votado na quinta-feira (1º), no mesmo dia de aprovação do requerimento de urgência, como defendem os líderes partidários, ou se terá de ser adiado para a próxima semana, como entende Randolfe Rodrigues. Ele alega que havendo a leitura do requerimento de urgência amanhã e votação do pedido no dia seguinte, o projeto do código só poderia entrar na pauta de votações em um outro dia.

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O PSOL é o único partido que se opõe aos termos da proposta do Código Florestal. "Temos divergências total ao texto do código e vamos fazer todo tipo de resistência para impedir sua votação", avisou Randolfe. Um dos motivos do desagrado alegado por ele é a crença de que o código institui o desmatamento no seu Estado, o Amapá, ao reduzir a reserva legal de floresta de 80% para 55%.

Brasília - Com a promessa do governo de apresentar uma proposta que viabilize a votação da chamada Emenda 29, na próxima terça-feira (6), os senadores da oposição concordaram hoje (29) em votar amanhã (30) o projeto de lei do novo Código Florestal, aprovado na semana passada na Comissão de Meio Ambiente.

De acordo com líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), será lido hoje no plenário o pedido de urgência para votação do código. Pelo regimento, seria preciso aguardar 48 horas para votação. "A posição do governo é tentar apresentar uma alternativa à Emenda 29 e, até terça, vamos definir essa questão. Se houver um acordo de procedimento para a Emenda 29, haverá um acordo de procedimento para votação da DRU [Desvinculação de Receitas da União]", disse Jucá, após entregar ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o parecer sobre o código aprovado na Comissão de Meio Ambiente.

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Já o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), disse que o Código Florestal é um tema de interesse do país e não do governo. "Mantemos nossa posição. O governo tem até terça-feira para definir sobre a Emenda 29. Se o governo não concordar, vamos usar todos os expedientes para impedir a votação da DRU”, disse. “Em relação ao Código Florestal, não há da parte da oposição qualquer propósito de retardamento. Sabemos que é preciso oferecer segurança jurídica para quem produz e atender também os ambientalistas", completou.

Um dos relatores do Código Florestal no Senado, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), argumentou que com o texto produzido pela Casa "todos ganham". "Colocamos nossas convicções abaixo do interesse nacional. Fizemos tudo o possível diante de posições tão divergentes."

Movimentos sociais e entidades que se reuniram hoje com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), no Palácio do PLanalto, saíram do encontro confiantes de que a presidente Dilma Rousseff manterá o compromisso de campanha, quanto ao polêmico Código Florestal.

Em carta enviada ao PV após o primeiro turno das eleições do ano passado, na tentativa de conquistar o apoio de Marina Silva, Dilma disse expressar "acordo com o veto a propostas que reduzam áreas de reserva legal e preservação permanente, embora seja necessário inovar em relação à legislação em vigor". "Somos totalmente favoráveis ao veto à anistia para desmatadores", afirmou Dilma, na carta.

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"Uma das qualidades (de Dilma) é que aquilo que ela prometeu ela cumpre", assegurou Gilberto Carvalho, segundo relato do vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Belisário da Silva, que participou da reunião, no Planalto. "Reconhecemos alguns pontos positivos (no texto do Código Florestal), como a diferenciação já introduzida da agricultura familiar de outras formas de trabalhar a terra. Há muitas preocupações, uma delas a preocupação com a anistia dada a quem desmatou até 2008. A discussão do Código Florestal é um debate ético, antes de ser somente técnico e econômico", disse Belisário à imprensa, após a reunião.

Para a ex-senadora Marina Silva, que participou da audiência, o texto que tramita no Senado aumenta o desmatamento e reduz a proteção nas áreas de preservação permanente. "Ele (Gilberto Carvalho), obviamente, não podia dar garantias em nome da presidente, falou que há um estilo da presidente de manter os compromissos assumidos e nós entendemos isso como respaldando ao compromisso que ela assumiu no segundo turno", afirmou Marina.

Um grupo de ambientalistas, estudantes, artistas e representantes de entidades sociais se reuniu na manhã de hoje na Praça dos Três Poderes, em Brasília, para cobrar alterações no Código Florestal, que tramita no Senado. Entre as organizações envolvidas estão a CNBB, Greenpeace, WWF, Via Campesina e SOS Mata Atlântica.

Em junho, durante cerimônia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma disse que "não negociaremos e não tergiversaremos com a questão do desmatamento". "Vamos cumprir os compromissos que assumimos e não permitiremos que haja uma volta atrás na roda da História", garantiu.

Governo e oposição concordaram em iniciar amanhã, no plenário do Senado, a votação do projeto de lei que institui o Código Florestal. A votação, em regime de urgência, deve se estender por mais dias porque ficaram pendentes as decisões sobre a retirada dos apicuns, parte dos manguezais onde é realizada a produção de camarões, das Áreas de Preservação Permanente (APPs), como querem senadores do Nordeste. Há ainda pendência sobre as atividades rurais em bacias hidrográficas.

Relatores da proposta e líderes partidários entregaram hoje ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o texto aprovado em quatro comissões: Constituição e Justiça (CCJ), Ciência e Tecnologia (CCT), Agricultura (CA) e Meio Ambiente (CMA).

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O relator na CMA, senador Jorge Viana (PT-AC), disse que não se trata da proposta de seus sonhos mas, sim, "uma proposta boa para o Brasil". Ele negou a existência no texto de anistia para os desmatadores. "Eu não consigo enxergar anistia, mas entendimento para trazermos de volta as florestas", alegou. Segundo ele, trata-se de uma matéria suprapartidária, que atende aos interesses do País.

Já a líder do PSOL, senadora Marinor Brito (PA) criticou o que entende ser "a preponderância no código do interesse de grandes produtores e pecuaristas". "Gostaria de ver o código sem anistiar os desmatadores que têm acabado com as florestas do País", defendeu.

Os lideres do PSDB e do DEM, senadores Alvaro Dias (PR) e Demóstenes Torres (GO), obtiveram o compromisso do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), de obter na próxima terça-feira a posição do Executivo com relação ao projeto de lei complementar que regulamenta a emenda 29, que define o porcentual mínimo de aplicação de recursos da União, Estados e municípios na saúde. O governo não concorda com a proposta, de iniciativa de seu aliado, o ex-senador e atual governador do Acre, Tião Viana, mas é possível que faça concessões para futuramente dar mais dinheiro ao setor, para não atrapalhar a votação da PEC da Desvinculação das Receitas da União (DRU).

A articulação pela votação do novo Código Florestal esvaziou a audiência pública conjunta realizada no Senado para que representantes da Chevron explicassem o vazamento de óleo ocorrido neste mês na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. O debate teve de ser suspenso momentaneamente, a fim de que o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), participasse de reunião com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para discutir a votação do código no plenário da Casa. No momento, apenas os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Eduardo Suplicy (PT-SP) acompanham o debate.

Durante o debate, o supervisor de Meio Ambiente da Chevron, Luiz Alberto Pimenta Borges, negou qualquer responsabilidade da companhia no vazamento de petróleo, afirmando que a empresa agiu rapidamente, "em quatro dias", para conter o vazamento. "Foi um resultado excelente", comentou, acrescentando que a companhia está trabalhando com transparência e se compromete a evitar futuros acidentes.

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Presente no debate, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Curt Trennepohl, ressaltou que o órgão multou a Chevron em R$ 50 milhões, complementando que poderá ser aplicada outra sanção, no valor de R$ 10 milhões, caso a empresa não cumpra o plano de emergência firmado com o governo. O Ibama também se comprometerá com a fiscalização para que esses recursos sejam revertidos à efetiva reparação dos danos ambientais.

Brasília – A Comissão de Meio Ambiente do Senado concluiu a votação do novo Código Florestal Brasileiro. O texto-base do código foi aprovado ontem (23) e os senadores terminaram hoje de votar os 77 destaques, dos quais quatro foram incorporados no texto que seguirá para o plenário do Senado. Com cartazes de protesto e uma bandeira brasileira, um pequeno grupo de manifestantes acompanhou a votação.

A expectativa agora é que o texto possa ser votado em última instância pelos senadores na próxima semana, seguindo para a Câmara dos Deputados logo depois. “É um texto muito bom para o meio ambiente, para o Brasil, e que vai dar a segurança que os produtores precisam para trabalhar dentro da lei”, declarou o relator, senador Jorge Viana (PT-AC) após a aprovação.

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O texto passou inicialmente pela Câmara dos Deputados e pelas comissões de Constituição e Justiça, de Agricultura e de Ciência e Tecnologia do Senado. Como recebeu alterações em relação ao projeto enviado pela Câmara, o novo código precisará voltar para análise dos deputados. Eles poderão rejeitar parte ou integralmente o que foi modificado no Senado, mas não poderão fazer novas alterações. O projeto terá ainda que ser sancionado pela presidenta Dilma Rousseff.

Todas as propriedades rurais que desmataram sem autorização ou licenciamento e autuadas até 2008 poderão converter as multas em serviços de recuperação ambiental. É o consta no texto base do parecer do relator Jorge Viana (PT-AC), aprovado hoje(23), na Comissão de Meio Ambiente (CMA). Defendida pelos ruralistas, a medida acatada por Viana foi proposta por 15 senadores e apresentada pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC), relator do código nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Ciência e Tecnologia (CCT) e Agricultura (CA).

Foi modificado o item que previa a conversão em multas em serviços de recuperação ambiental apenas para os agricultores familiares e donos de terra até quatro módulos fiscais, autuados até 2008. Os destaques dos senadores, propostas que podem alterar o texto aprovado, serão examinados amanhã. Suplente na CMA, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), da base aliada do governo, votou contra o relatório. O que contrariou os relatores que esperavam chegar ao plenário com um texto de consenso.

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Os senadores Randolfe Rodrigues (AP) Marino Brito (PA), ambos do PSOL, também se opuseram ao parecer de Viana. A votação no plenário do Código Florestal, que trata da conservação de florestas e o uso da terra, deve ocorrer na primeira quinzena de dezembro, após o que será reexaminado pelos deputados.

O texto acaba com as restrições em áreas produtivas de encosta, entre 25 e 45 graus de inclinação, para o manejo sustentável e o exercício de atividades agrícolas de indígenas. Uma das principais mudanças no texto trata das regras de recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APP) desmatadas de forma ilegal. O texto aprovado assegura a todas as propriedades rurais a manutenção de atividades em margens de rios, consolidadas até 2008, sendo obrigatória, para rios de até dez metros de largura, a recomposição de faixas de vegetação de no mínimo 15 metros. Isso representa a metade do exigido para APPs em margem de rio.

A proposta determina para pequenas propriedades, com até quatro módulos fiscais, a recomposição de faixas de matas correspondentes à metade da largura do rio, podendo variar de 30 metros a, no máximo, 100 metros. Para as propriedades maiores de quatro módulos fiscais que tenham áreas consolidadas nas margens de rios, foi aprovado que os conselhos estaduais de meio ambiente fixarão as dimensões mínimas de matas ciliares, também respeitando o limite correspondente à metade da largura do rio, observado o mínimo de 30 metros e o máximo de 100 metros.

Brasília – A Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou o texto-base do relatório do senador Jorge Viana (PT-AC) sobre o novo Código Florestal Brasileiro. Após discussões que duraram toda a manhã e o início da tarde, o texto de Viana foi aprovado em votação simbólica com apenas um voto contrário do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

A comissão ainda vai analisar as emendas que foram sugeridas por seus membros e destacadas para votação em separado. A votação dos destaques, no entanto, ficou para amanhã (24) de manhã. Com isso, a Comissão de Meio Ambiente concluir nesta quinta-feira a votação do novo código, cujo texto final seguirá, então, para análise do plenário do Senado.

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Ao dar parecer sobre as emendas que foram apresentadas, Viana negou ter firmado acordos durante a última madrugada para agradar à bancada ruralista. Ontem (22) a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) havia reclamado de alguns pontos colocados pelo relator no texto e ameaçou acionar a bancada ruralista na Câmara para obstruir votações de interesse do governo, caso não fossem feitas alterações no relatório.

“Não participei de nenhum conchavo ou acordo. Participei de entendimentos, sempre envolvendo muitas pessoas, senadores e senadoras, setores envolvidos com o projeto e representantes do governo. Não recebi uma única pressão do governo para incluir no meu relatório aquilo que pudesse ferir a minha consciência”, disse Jorge Viana.

Um dos pedidos dos ruralistas que Viana acolheu no texto-base é o que trata das multas para produtores que desmataram até 2008. A conversão de multas para quem fizesse a recomposição da reserva legal havia sido concedida por Viana apenas para pequenos agricultores ou fazendas de agricultura familiar. O relator, no entanto, recuou e acatou emenda dos ruralistas que estende o benefício a todos os produtores rurais que recuperarem as áreas desmatadas.

Estudantes que se dizem integrantes do Comitê Universitário de Defesa das Florestas protestam em frente ao Congresso contra o projeto do Código Florestal que está sendo examinado hoje na Comissão de Meio Ambiente do Senado.

Com batucada, gritos e exibindo faixas achacando a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), eles interromperam o trânsito em frente à chapelaria, principal ponto de acesso à Câmara dos Deputados e Senado.

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Os manifestantes fazem encenações vestidos de palhaço e gritam ameaçando tirar a roupa em represália à proibição de entrarem no prédio. Os manifestantes estão sendo vigiados por policiais legislativos e da Polícia Militar.

Iniciada às 10 horas, a votação do parecer do relator do código, senador Jorge Viana (PT-AC), pode ser adiada em decorrência do desentendimento em relação à recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APP). O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e outros parlamentares pediram, ontem à noite, o adiamento para que possam se inteirar dos acordos firmados entre os relatores e representantes do governo, e a respeito das emendas apresentadas ao texto.

Na reta final das negociações da reforma do Código Florestal, o relator Jorge Viana (PT-AC) estabeleceu uma espécie de toma lá, dá cá em relação a produtos de origem agropecuária ou florestal de outros países. Um dos artigos do projeto apresentado hoje prevê barreiras a importações de bens que não sigam padrão de proteção do meio ambiente semelhante ao da legislação brasileira.

As restrições poderão ser aplicadas pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), a quem cabe decisões desse tipo. Elas são, ao mesmo tempo, uma resposta a críticas da bancada ruralista, segundo as quais apenas o Brasil estabelece restrições ao uso do solo das propriedades rurais.

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Essa crítica já havia sido contestada por estudo feito por pesquisadores do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em parceria com a Universidade de Oxford. O estudo aponta que vários países, com exceção da Indonésia, aumentaram a cobertura florestal nos últimos anos e mantém regras rígidas contra o desmatamento.

O projeto estabelece ainda que concessionárias de energia elétrica e de abastecimento de água vão destinar 1% da receita na recuperação de Áreas de Preservação Permanentes, que também contarão com pelo menos 30% dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água.

A mais recente versão da reforma do Código Florestal não obriga o governo a conceder incentivos fiscais e de crédito à preservação e recuperação do meio ambiente. O texto diz que o governo "está autorizado" a instituir, no prazo de seis meses, estímulos como a redução do Imposto Territorial Rural da extensão de terras das propriedades correspondente às Áreas de Preservação Permanente, assim como o abatimento no Imposto de Renda dos gastos com a recomposição da vegetação nativa.

O projeto também prevê a possibilidade de os proprietários rurais que enfrentem dificuldades nos negócios por conta da recuperação do meio ambiente contarem com juros menores em financiamentos, além de linhas especiais de crédito. Esses estímulos não receberam o aval da equipe econômica do governo. Deverão impor custos, ainda não calculados pelos negociadores do Código Florestal. O relator Jorge Viana espera contar com o apoio do Planalto para esse tipo de medida, que ajudaria o governo a enfrentar resistências, sobretudo da bancada ruralista.

O Grupo de Trabalho Áreas de Preservação Permanente da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal realiza na próxima segunda-feira, 21, audiência pública sobre o tema "O Novo Código Florestal: inconstitucionalidades e impactos sobre a Rio+20 e a Política Nacional de Meio Ambiente". O evento será realizado a partir das 15 horas, no auditório da Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Segundo os organizadores, a audiência possibilitará a análise da compatibilidade do projeto, atualmente em tramitação no Senado, com a Constituição da República, além da repercussão internacional das alterações sobre os compromissos assumidos pelo Brasil.

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Um estudo feito pelo MPF concluiu que a proposta em discussão "aprofunda distorções e mergulhará o País em grande insegurança jurídica". Na opinião dos autores, caso as alterações sejam aprovadas darão origem a diversas ações diretas de inconstitucionalidade, ações civis públicas e levarão o Brasil a descumprir compromissos internacionais. O estudo também relata que "o projeto comete falhas graves ao reduzir significativamente a quantidade de área ambientalmente protegida, o que afrontaria os dispositivos constitucionais de proteção ao meio ambiente e a função social da propriedade".

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